Jason

E você deve estar se perguntando: "POR QUE DIABOS A SALLY?!". Bem, foi uma reação! Sim, eu sei. Eu fui covarde de não admitir meus sentimentos pela Sophia, mas a besteira já estava feita, o que mais eu poderia fazer?

– Sally...? - Sophia perguntou, parecendo surpresa

– S-Sim...

– Tá, mas por que veio contar isso pra mim? - Seu olhar frio voltou à tona.

– É que eu... E-eu gostaria de pedir sua ajuda para me declarar pra ela. Já que vocês se conhecem melhor e tal... - Respondi, quase me matando por dentro.

– Oras, chegue na frente dela e diga que a ama. Fim de papo.

Naquele momento, senti o ar ficando frio. A antiga "Ice Girl" estava de volta? Ou era só uma estúpida impressão?

– Por favor, Sophia. Somos amigos, não me deixe na mão. - Pedi - E-Eu prometo te ajudar quando precisar.

Ela respirou fundo. Parecia tão confusa quanto eu.

– Quer que eu diga pra Sally que você gosta dela...?

– Não! - Gritei, um tanto desesperado - Q-Quer dizer... Você só precisa me ajudar falando do que ela gosta e tudo mais…

– Ah, tudo bem... - Sophia disse, revirando os olhos - Agora se me dá licença, eu preciso ir para casa. Muito obrigada pelo jantar de hoje. Até mais.

E então ela saiu, me deixando lá plantado, com cara de idiota.

Os dois dias seguintes foram os mais torturantes da minha vida. Passar o final de semana inteiro me lamentando pelas minhas idiotices não foi legal, a ponto de eu sentir vontade de ir assistir novelas com minha mãe comendo um pote de sorvete e chorando.

Então eu decidi ir ver como andava o Action Outraged. As postagens de Sally estavam tão famosas quanto as da própria Sophia, e com certeza Action Outraged estava no auge. Mas uma coisa estava faltando. Não haviam mais publicações atuais de Sophia. Pelo visto ela havia tirado uma folga ou algo do tipo.

Sophia

E um final de semana frustrante aconteceu. Tive todas as emocões ruins possíveis em apenas dois dias: Primeiro, fiquei espantada ao descobrir que Jason gostava de Sally. Depois me senti culpada pois eu havia rejeitado Jason um tempo atrás. Me senti enciumada de pensar que Jason e Sally poderiam ser um casal perfeito. E por fim, me senti uma estúpida por ter todos aqueles sentimentos bobos e sem explicação.

Depois de um final de semana frustrante, a segunda-feira finalmente chegou. Eu saí de casa sem o mínimo ânimo, pois teria que ajudar Jason a falar com Sally.
– Aaah. Que droga. - Resmunguei.

Assim que cheguei na escola, encontrei Stela sentada sozinha em um banco no pátio. Ela estava sem seu uniforme de torcida e vestia roupas comuns, sem brilho e nem nada chamativo. Eu me aproximei dela, me perguntando por que ela estava sozinha.

– Hum... Oi? - Eu disse.

– Oi, eh... Sophia.

– Por que está sozinha?

– Por que acha? Não tenho mais meus amigos... Digo, as pessoas que eu chamava de amigos.

– Mas você só perdeu Dove e Maria. E o resto do time das LDTs?

– Dove era a capitã do time. Ela me expulsou e pôs todas contra mim. - Stela suspirou.

– E os garotos?

– Não olham mais na minha cara. Pelo visto eles só falam com garotas populares.

Eu dei um suspiro e ajeitei minha mochila em meu ombro.

– Era de se esperar que Dove fizesse isso. Afinal, ela é uma cascavel em forma humana.

Stela deu uma risada fraca, e logo disse:

– Agora eu sei como você se sente… Tudo o que passou durante esse tempo…

– Ah, é… Mas bem, eu não gostei de passar por isso sozinha. Então… O que acha de comer com a gente hoje...?

– Está mesmo me convidando para comer com vocês? - Stela riu novamente - Talvez eu vá. Talvez.

– Uhum. Agora, tenho que encontrar com Sally e Jason. Até mais. - Eu acenei e saí correndo.

Acabei encontrando com os dois na porta da sala, onde conversavam amigavelmente. Por que diabos Jason pediu minha ajuda sendo que ele conseguia falar sem problemas com Sally?

– Oi. - Eu disse, ficando ao lado de Sally

– Chegou bem na hora, Sophia! - Sally disse, entusiasmada.

– Eh? Como assim “bem na hora”? - Perguntei.

– Ah, é que Sally estava contando sobre a festa de aniversário que a mãe dela organizou. - Jason disse.

– Festa? Seu aniversário está chegando?

– Sim, sim. É semana que vem. Mas minha mãe organizou uma festa totalmente chata pra mim, e com apenas os parentes entediantes e sócios dela.

– Sério? Acho que eu já poderia esperar por isso…- Comentei.

– Sem dúvidas… Mas então eu estava tendo umas ideias de como eu poderia fazer uma festa de verdade pra mim, e aí veio a ideia de pedir a ajuda de vocês. Jason sugeriu que eu fizesse uma festa às escondidas, mas não acho que minha mãe é tão lerda a ponto de não perceber que eu sumi no meu próprio aniversário. Sugestões, Sophia?

– Não me dou muito bem com festas. Mas, eu acho que conheço alguém que seria ótimo pra te ajudar com a festa.

– Quem? - Jason e Sally perguntaram ao mesmo tempo.

– Stela.

Os dois olharam para mim como se eu fosse uma doida, e então o sinal para entrar na classe bateu.

Até a hora do intervalo, Jason e Sally ficaram mandando olhares interrogativos durante a aula, mas assim que o sinal bateu, os dois saíram da sala comigo sem dizer nenhuma palavra. Chegando na cantina, encontramos Stela sentada sozinha em uma mesa, sendo encarada pelas LDTs e os JGBs ( Jogadores grandes e babacas – Nome inventado por ninguém mais ninguém menos que Sally ). Nós fomos na direção dela, que assim que nos viu, abriu um olhar esperançoso.

– Sally? Sophia? Jason? Vieram mesmo almoçar comigo? – Stela perguntou.

– Bem, nós não íamos ficar esperando você vir até nós, né? – Eu disse, no meu tom habitual.

Stela deu de ombros e nós nos sentamos juntos dela.

– Tá, Sophia. Agora desembucha suas ideias, perguntas, sei lá... Eu estou curiosa. – Sally disse.

– Bem, eu só disse pra pedirmos ajuda pra Stela. Só isso. – Falei.

– Minha ajuda? Pro quê?

– A festa da Sally. – Jason disse.

– Tá mas por que acham que eu seria a pessoa adequada para ajudar? – Stela perguntou.

– Você já foi uma LDT e como todos dessa escola sabem, vocês sempre deram as melhores festas. – Respondi.

– Tá, eu não posso discordar disso. Mas como espera que eu ajude? Eu nem sou mais uma LDT. Eu sou a pessoa mais desprezada dessa escola agora. Meu ranking de popularidade desceu de 2º para 100º lugar. – Ela reclamou.

– Não precisa ser popular. É só arrumar um lugar legal, decoração legal, atrações legais e eu pago tudo. – Sally disse – Mas temos que fazer em um lugar onde minha mãe nunca descobriria.

– Tá, mas e como fica a sua festa organizada pela sua querida mãe? – Jason perguntou.

– Esse é o problema. – Sally bufou – A não ser que alguém se vista de mim e...

– Nem vem! – Dissemos todos juntos.

– Tá, tá... – Sally deu uma longa pausa, e puxou o ar como se estivesse prestes a espirrar, mas logo deu um suspiro – Ufa. Os espirros estão melhorando.

– Por que não pede para ela cancelar? – Stela perguntou.

Sally olhou para a prima como se ela fosse a garota mais burra do mundo.

– Se eu pudesse pedir já teria pedido. Mas minha mãe se preocupa de mais com a imagem que vai passar para os ‘colaboradores’ dela, do que com minha opinião. Ela até queria me pôr em um colégio particular só para garotas, só porque eu sou a “herdeira” das Indústrias Kenson. – Sally disse última parte mais baixo. Obviamente seria ruim se alguém descobrisse isso.

– Tá, e se você simplesmente não aparecer? – Sugeri.

Todos olharam pra mim, inclusive Jason. Eu não estava totalmente “bem” com ele, mas pelo menos ele não havia pedido pra eu ajuda-lo com Sally novamente.

– Bem, o máximo que minha mãe poderia fazer é mandar tropas das forças armadas atrás de mim.

– Então esquece. Não quero ninguém me acusando de ter raptado você, Sally. – Eu disse.

– Tá, então o que acha de sabotarmos a festa da sua mãe? – Stela sugeriu.

– Hum... Não sei. Vai ser difícil... – Sally disse.

– Não custa tentar... – Jason deu de ombros.

– Bem, mas acho que iríamos precisar de mais pessoas. Só a gente não iria dar... – Comentei. – Mas não acho que o pessoal da escola iria querer ajudar...

– De fato eles nunca ajudariam... Mas existem outras pessoas. – Sally disse.

– Tipo...? – Jason perguntou.

– Não sei, não tenho muitos amigos. Mas acho que Arthur e o time de basquete iriam gostar de ajudar... – Ela deu de ombros.

Eu e Jason olhamos para Sally com um ponto de interrogação na cara.

– Quem é Arthur e quem é time de basquete? – Perguntei.

Stela soltou um suspiro enorme, como se soubesse de tudo o que não sabíamos. De fato ela sabia.

– Arthur é o cara por quem Sally é perdidamente apaixonada desde sempre. Ele é gigante e é capitão de um time de basquete. Se eu não me engano ele é só um ano mais velho que a gente, mas repetiu de ano e por isso ainda não se formou.

Nós olhamos para Sally e ela automaticamente corou.

– Não distorça os fatos! – Ela gritou.

Eu me virei para Jason e lhe lancei um olhar de “Epa”. De certa forma, Jason não demonstrou emoção alguma, parecia perfeitamente normal. Talvez estivesse escondendo a tristeza?

– Hum, legal. Poderíamos pedir ajuda para eles. – Eu disse, mudando de assunto.

– Tá, mas tem alguma ideia do que poderíamos fazer? – Jason perguntou.

– Ainda não. Mas prometo pensar em tudo durante a aula. – Stela disse. – Vai ser legal sabotar uma festa chique.

– Vai mesmo. – Sally sorriu de um jeito maquiavélico.