O Ultimo Dragão Negro escrita por Hey Heandgog
Os cabelos ruivos da Senhora Rohanne jaziam sobre o peito do marido naquela noite. Era uma noite chuvosa e seu amado sempre parecia triste em noites chuvosas. Especialmente quando estavam naquele lugar.
Se podia ouvir o barulho de um pequeno riacho que corria na escuridão próximo a eles. O vento soprava frio e por vezes quase apagava os archotes dos cavaleiros Osgrey que jaziam um pouco mais atrás...
– Daemon Blackfyre foi um bom homem... - Disse o velho Eustace Osgrey para sua esposa. - Foi a tantos anos... Chovia... Chovia como esta chovendo agora.
– Muitos bons homens morreram naquele dia... - Ela o olhou nos olhos, uma expressão triste tomou aquele rosto jovem e sardento. - Muitos homens bons morrem todos os dias.
– Sim... E pensar que o Corvo ainda esta vivo... Vivo e mão do Rei... Vivo enquanto jovens morreram naquele dia. Ele lutou sem honra... Ele...
Ela o parou com um beijo.
– O que te perturba? - Perguntou calorosamente.
– Memórias... - Balbuciou. Fazia décadas desde que Corvo de sangue matou Daemon Blackfyre no Capim Vermelho e pôs fim a rebelião. - Não as mesmas memórias de sempre, mas outras que vieram a tona agora que tantos cavaleiros andantes andam pelos Sete Reinos. Me lembra outros que eu já conheci...
– Outros cavaleiros andantes?
– Sim... Eram três. Um frio e arrogante, outro triste e melancólico, e um garoto escudeiro que parecia se entusiasmar com tudo que via. - Ele a olhou nos olhos e prosseguiu. - Eram bons homens...
– E o que aconteceu com eles?
– Morreram junto com outro bom homem.
– Todos homens devem morrer, meu amor...
– Não... - Respondeu tristemente o velho. - Todos bons homens devem morrer. - Ele passou a mão pelos seus cabelos, os ajeitando atrás de sua orelha. - Vamos voltar para o castelo...
Sor Eustace Osgrey montou em seu palafrém e olhou para a lápide de seus filhos. Que agora escureciam conforme os archotes se distanciavam.
Por meios desonrosos ou por dever e honra. Todos bons homens devem morrer. Tornou o olhar para as estrelas. As nuvens de chuva cobriam a maior parte delas, mas ainda podia vê-las. Majestosas. Brilhantes.
Se pegou pensando se em algum lugar, além daquelas estrelas tristes, cavaleiros andantes ainda 'caçavam com espadas longas' e corriam mais rápido que flechas.
Sentiu o vento do sul bater contra seus ouvidos, sussurrando milhares de nomes mortes, milhares de histórias e canções sobre o passado. Sentiu os olhos se emudecerem e o coração doer.
E por fim; sorriu.
Em algum lugar, além daquelas estrelas tristes, ele ainda podia ver os dragões negros, dançando livres no céu noturno...
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