Amy POV on

Corro o mais rápido que posso, sem conseguir ver nem o mínimo sinal de luz, apenas ouvindo o barulho de passos atrás de mim. Estão quase me alcançando, e já estou ofegante e suando frio. Sinto a dor de uma picada em minha nuca, meus músculos ficam pesados de repente e desabo no chão.

- Você achou que iria fugir de nós, Cahill? – a voz rouca e baixa diz, soltando uma horrível gargalhada – Iremos te ensinar a entender que você e sua ridícula família são inferiores a nós...

Acordo gritando e arranhando minhas próprias pernas, tique nervoso que adquiri após a caçada em busca das pistas, mas me acalmo ao perceber que estou em meu próprio quarto.

Dan chega correndo pela porta segurando um urso de pelúcia, em posição de ataque.

Começo a rir igual uma hiena ao ver a cena, nem reparando em minhas pernas que sangravam por causa do corte que minhas unhas causaram.

- Qual é a graça? Você me assustou! Achei que tinha algum Vesper no seu quarto! – disse meu irmão, já com a cara emburrada.

- E você ia me defender usando um ursinho? – retruquei, dando um sorriso de deboche.

- Foi a primeira coisa que achei! – Dan se defendeu, enquanto me encarava.

Seus olhos desceram até minhas mãos, que ainda estavam em minha perna. Finalmente percebi os cortes e tento esconder, inultimente, o ferimento.

- Você precisa parar com essa mania ridícula... – disse meu irmão com tom de deboche, porém, o que se via em seus olhos era preocupação.

Ele caminhou até meu banheiro, pegou um kit de primeiros socorros que Nelly colocou ali, caso acontecesse situações como essa, e começou a me ajudar a limpar o machucado. Ficamos em silêncio enquanto nos concentrávamos em finalizar a tarefa.

Como se nada tivesse acontecido, Dan saiu cabisbaixo do meu quarto, porém, consegui ver que ele estava com olheiras profundas... Será que ele não anda dormindo? O que o atordoa tanto? Porque ele não procura ajuda? Resolvi não perguntar nada, e ele me deixou sozinha com minhas dúvidas.

Olho as horas, são 2 da madrugada mas perdi totalmente o sono.

Começo a caminhar pelo meu quarto, prestando atenção nos detalhes. Ele ocupava metade de um andar da mansão reconstruída de Grace, onde morávamos agora. É uma suíte, tem as paredes brancas com adornos cor de jade, com uma biblioteca só para mim e um mini cinema, além de um piano que estava aprendendo a tocar e uma cama gigantesca parecida com a de princesas.

Algo me chama a atenção em uma das poltronas da biblioteca. Era um embrulho retangular vermelho, com o que parecia uma mensagem em cima. Me aproximo e pego o embrulho, mas congelo ao ler o que estava escrito no papel pregado nele:

Para Amy,

Acho que você irá gostar deste livro... Tive que procurar em várias livrarias de Londres. Por favor me ligue após lê-lo.

Abraços de seu primo,

Ian Kabra