Capítulo 2

Acabei optando por uma calça jeans com uma camisa branca em baixo de uma jaqueta de pano vermelha. Calcei meu All Star vermelho e passei meu perfume, mas não muito pois se tem uma coisa que me irrita são pessoas perfumadas demais, isso causa dor de cabeça. Olhei o relógio. 6:43. Mia é muito pontual então não tinha chances de ela chegar antes ou depois das sete. Sentei na cama e fique jogando Candy Crush no meu celular até ouvir a buzinada de seu carro exatamente às sete horas.

Desci as escadas e dei tchau para minha mãe que estava assistindo TV na sala. Mia estava lá fora mexendo no celular no assento do motorista, quando me ouviu batendo a porta de casa, virou-se para mim e acenou sorrindo, retribui. Ela vestia uma camiseta preta com uma saia preta cheias de flores rosas, calçava saltos bem altos, e usava um maxi colar no pescoço e seus cabelos estavam soltos. Entrei no carro e sentei no assento ao seu lado.

– Nossa Zac você tá lindo! – Mia disse ligando o carro e com um sorriso no rosto.

– Ah obrigado, me inspiro em você – rimos- Onde fica a casa do Austin?

– Hum não é tão longe daqui – fomos ouvindo as músicas da Mia.

********

Quando chegamos lá já havia vários carros na porta da casa de Austin. Descemos do carro e entramos na casa. A música lá dentro estava terrivelmente alta, assim que entramos Amanda e Lea, nossas amigas, vieram falar com a gente:

– Ainda bem que vocês chegaram! – Amanda disse animada – O Austin tava te procurando Mia!

– Sério? Quer dizer, o que será que ele quer comigo? – Mia disse tentando esconder sua felicidade.

– Não sei, ele disse que queria conversar a sós com você. – Lea falou checando as unhas.

– Vocês sabem onde ele tá? – Perguntou Mia às meninas.

– Pera aí... Mia você não pode ir falar com ele a sós! Você esqueceu que ele te traiu com uma amiga sua? – Eu disse tentando impedi-la.

– Na verdade eu também nunca gostei muito da Rachel... E é só uma conversa Zac, pelo amor de Deus! O que há de mal nisso? – Ela disse meio irritada.

– Ok, então vai lá ter uma “conversa a sós” com o Austin! – Eu falei meio impaciente, eu sinceramente não sabia o porquê de a Mia ainda gostar daquele cara.

Mia se virou e foi procurar Austin. Eu e Amanda fomos dançar um pouco na boate, ficamos lá por um tempo até que alguém me cutucou nas costas, eu me virei e dei de cara com Henry com um sorriso torto estampado no rosto.

– E aí? – Ele disse meio sem graça – Tá curtindo a festa?

– Tô... – Eu disse envergonhado.

– Bem... Eu também tô. – Ficamos em silêncio por um tempo.

– Hum Henry, você não tá com raiva de mim?

– Não, só meio triste, porque eu gostava muito de você sabe? Mas tudo bem, se você não quer nós podemos ser só amigos. Né? – Ele disse mais uma vez com seu sorriso torto no rosto.

– É... Claro! – Eu estava feliz, eu realmente não queria parar de ser amigo de Henry.

Nos sentamos, ficamos comendo e conversando. E eu estava pensando em onde Mia estaria até agora.

********

Henry se levantou para pegar mais um copo de cerveja pra ele. Eu fiquei ali sentado com meu copo de Coca-Cola, quando vi Mia toda descabelada e descalça subindo em uma poltrona, ela segurava um copo de cerveja em uma das mãos. Ela estava bêbada. Quando finalmente conseguiu se equilibrar na poltrona, pediu para que abaixassem o som e depois gritou:

– Ei, pessoal! Presta atenção aqui em mim! – Os convidados olharam pra ela. – Quem topa brincar de verdade ou desafio? Quero voltar aos velhos tempos! – Ela riu.

Poucas pessoas levantaram a mão. E eu não estava incluído do meio dos que levantaram. Então ela falou:

– Ah sério? Só isso? – Ela olhou pela multidão e me avistou – Ah Zac! Tava te procurando! Você não vai brincar de verdade ou desafio com a gente? – Balancei a cabeça negativamente. Nunca gostei daquele jogo.

Estava nervoso, todas as atenções estavam direcionadas à mim.

– Poxa Zac, por favor! Gente me ajudem a convencer o Zac a jogar!

Todos começaram a falar em coro “Vai Zac! Vai Zac!” então percebi que negar só iria piorar as coisas. Eu odiava a Mia bêbada!

– Tá! – Eu disse meio emburrado- Tudo bem eu vou!

Mia desceu da poltrona com um sorriso satisfeito, veio até mim e segurou meu ombro dizendo:

– Pessoal vamos brincar lá na sala! – Ela disse rindo. Ela fica bem risonha quando bebe.

Nos sentamos em um círculo no chão e pegamos uma garrafa de cerveja vazia para girar. Eram muitas pessoas então ia ser meio difícil a garrafa parar virada pra mim, então enquanto todos riam com as confissões e desafios, eu peguei discretamente meu celular e voltei a jogar Candy Crush. Meu celular estava com 10% de bateria, então não demorou muito até ele descarregar e eu ter que prestar atenção na brincadeira. Em uma das girada, a garrafa parou virada para Amanda e Mia, Amanda perguntava e Mia respondia:

– Verdade ou desafio?

– Desafio! - Ela disse rindo.

– Ok, te desafio a escolher entre o Austin ou o Zac para beijar. – Ela disse com um sorriso malicioso no rosto.

Eu estava tranquilo, porque aquilo era como um presente para Mia, era óbvio que ela beijaria Austin.

– Tá – Ela falou virando-se para a esquerda, o meu lado. O que era estranho já que Austin estava a direita do círculo. Mas vai ver que ela ia pegar impulso pra levantar ou sei lá.

Mas aí uma coisa muito estranha aconteceu! Ela não foi na direção do Austin, foi na MINHA direção, e me beijou! E uma coisa mais estranha ainda, foi que eu não fiquei com nojo ou algo parecido, eu... Eu acho que gostei. Sei lá, não sei se foi porque esse foi meu primeiro beijo mas... senti algo diferente quando ela me beijou. Depois que ela se afastou, fiquei apenas ali a encarando meio com cara de bobo, e só ouvia os comentários dos outros, coisas do tipo “Sério? Você beijou o Zac?” ou “O Zac não era gay?”. Ao contrário de mim, ela não pareceu sentir nada, só girou a garrafa novamente e continuou a brincadeira.

Já era umas 2 da manhã e eu sinceramente queria ir embora, então fui chamar Mia e ela concordou. A ajudei a entrar no carro e eu fui dirigindo. Esperava que ela falasse algo, mas então percebi que ela estava cochilando no banco. Só a acordei quando chegamos na porta de sua casa. Eu a ajudei a chegar até a porta, e na despedida fui lhe dar nosso típico beijo na bochecha, mas ela se virou e eu acabei beijando-a na boca, ela fez isso de propósito, pois deu uma risada depois. Fiquei com cara de bobo novamente, ela disse tchau, deu uma risadinha e fechou a porta.

Enquanto caminhava para minha casa, repensava minha opinião sobre a Mia bêbada.