"this innocence is brilliant

it's the state of bliss you think you're dreaming"

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Lily embalada no colo de James não demorou a cair em um sono pesado. Ele sorriu e acariciou seu rosto levemente, ela era tão bonita dormindo quanto era acordada. Inspirou profundamente e a depositou na cama, com cuidado para não despertá-la.

O homem beijou-a na testa e deixou o seu quarto, precisava tomar um ar. Sabia que seu pai estava em casa nesse horário e desejou arduamente que eles não se encontrassem por acaso.

Uma longa história.

Mas temos tempo o suficiente para contá-la.

Tudo começou quando James ainda tinha treze anos de idade, desde então já adorava andar de skate por todo canto, jogar bola e tudo que um menino pode gostar de fazer. Ele tinha um jeito de moleque irrefutável.

James andava agarrado com seu skate, indo em busca de um copo de água na cozinha quando ouviu os primeiros sons. Eram barulhos extremamente estranhos e ele foi tomado de surpresa quando notou que eles vinham do quarto da housekeeper. A principio estranhou, não conseguia entender exatamente o que estava acontecendo. Continuou caminhando, com passos lentos, temendo o que ele veria em seguida. Quando finalmente avistou a cena, não sabia o que sentia mais do pai: raiva ou repugnância. Vê-lo em uma situação extremamente íntima com aquela maldita mulher o afetou como nada antes o fez.

James podia jurar que na hora ouviu um clique dentro si mesmo, como um vidro se estilhaçando em milhares de pequenos pedacinhos.

Possivelmente sua ilusão.

Apesar da frieza do pai, o garoto contemplava uma adoração por ele, e sempre o figurou como um homem íntegro, incapaz de ao menos pensar em trair sua mãe. Mas, ao que parecia, ele havia quebrado a cara, mais uma vez. Estava cansado de criar desculpas para si mesmo sobre o pai.

Após um longo suspiro, James correu para longe dali. Buscando refúgio na casa da árvore que, junto com sua mãe e irmã, construíra há alguns anos. Apalpou o bolso, em busca do aparelho celular e apenas discou o primeiro número de sua chamada rápida:

— Lily? - sussurrou, desolado. - Posso ir para sua casa?

E ele foi. E poderia ir sempre que quisesse. Lily Evans definitivamente era o seu porto seguro, James afincou-se a ela e depositou todas as suas frustrações no seu amor adolescente, que sorriu para ele, afagou seus rebeldes cabelos negros e disse que tudo iria ficar bem.

James cria que fora ali que seu amor por ela começara. Aquela amizade tão inocente, em que ambos construíam castelos de areia e bonecos de neve, evoluíra, pelo menos por parte do rapaz, em um amor puro e irracional.

Seu pai nunca descobriu que ele sabia do seu affair, nem sua mãe, muito menos sua irmã. Somente Lily sabia da verdade e ele sentia-se com menos um peso no ombro de ter que guardar aquele segredo sozinho.

Após esses acontecimentos, James mudou completamente de atitude, desprezava seu pai com veemência, e tudo era motivo para uma réplica malvada e irônica. Seu próprio modo de se defender era completamente egoísta e quase afastou todos de perto de si.

Foi ai que Sirius Black entrou em sua vida.

— James? - ouviu uma voz oscilante chamar-lhe a atenção, tirando-o dos devaneios.

— Ezra? - indagou surpreso. - O que te traz aqui?

— Eu vim para ver a Lethicia. Você a viu por ai?

— Hum, eu acho que ela está no quarto dela.

— Ah, obrigado.

E ele caminhou em direção ao quarto dela, deixando um rastro de seu perfume nauseante. James jamais gostara daquele garoto, ele parecia deveras malicioso e tinha certeza que queria tirar vantagem de Leth.

E ele jamais permitiria aquilo.

O moreno fizera uma promessa a si mesmo de que ira protegê-las de tudo que pudesse prejudicá-las. Ele era assim, fiel ao extremo a aquilo que ele amava e disposto a tudo para fazê-los felizes. Por vezes elas não compreendiam sua proteção exagerada, e desejava que, pelo menos Leth e sua mãe, nunca descobrissem.

Ele seria sempre aquele que se manteria forte por todos.

— Wait a sec. O que você veio fazer aqui mesmo, ein? Não é teu costume vir ver minha irmã.

— Acontece que ela não é mais só sua irmã, é a minha namorada. - exibiu, como se Lethicia fosse um prêmio.

— Namorada?! - indagou surpreso. - Desde quando?

— Desde que você mandou ela ir ter comigo, brigando com ela. - disse com um sorriso arrogante. Ah, que garoto irritante!!

Ele ouviu o barulho do chuveiro e também de uma alta música pop dentro do cômodo. James o puxou para longe do quarto de sua irmã, fechando a porta semi aberta com um baque surdo e batendo com força exagera as costas de Ezra Fitz contra a parede gélida, o que o fez gemer de dor.

— Vou ser bem sincero: detestaria ter que fazer qualquer coisa contra você. - James proferiu, entredentes. - Mas se tentar em qualquer circunstância machucar minha irmã, eu acabo com a tua raça, ouviu?

— Eu não tenho medo de você! - Falou, petulante.

Ezra não se assustava com o porte mais alto e forte que James apresentava. O enfrentaria se fosse necessário, afinal, não era todos os dias que você a chance de hook up com uma garota que nem Lethicia Potter. E ele tinha a necessidade de possuir aquele corpo delicioso a sua mercê. Seja por bem... Ou mal.

Como se pressentisse o que Ezra pensava, James começou a socá-lo. Um, dois, três, ele já havia perdido a conta de quantos já tinha lhe acertado. Realmente não queria bater no garoto, mas precisava liberar toda aquela frustração em alguém se não ele explodiria.

— JAMES! NÃO! - Uma voz rouca de sono gritou, em desespero.

— Lily, por favor, sai daqui! - o dono dos cabelos rebeldes disse-lhe em uma súplica.

— Não... Por favor James, não faz isso. - Ele piscou, encarando o pânico nos olhos verdes da sua amada.

Soltou e deixou-o cair no chão, semi inconsciente.

— Tem sorte, panaca.

E saiu, com Lily a tira a colo.

Justamente a paz em que ele precisava mergulhar.