Cafés, Canela e Primeiras impressões escrita por Dbrh


Capítulo 2
Café, Canela e as Primeiras Frustrações




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521966/chapter/2

No caminho para aula sinto aquele incomodo no estomago. Sei que as notícias não serão as melhores, mas tenho que continuar- Sempre tenho. Têm dias em que invejo Júlia, sempre despreocupada com as notas e as implicações delas. Ela pensa apenas nas festas organizadas pelos veteranos no final de cada semestre, mas Júlia não é bolsista como eu.

Vamos Eliza, já passa do horário da aula! Nunca vi você protelar tanto!- Fala rindo George em frente á porta de vidro da sala de aula, já conhecendo o motivo de minha resistência.

A professora, Caroline, entrega as provas com alegria inegável. E por este motivo tenho a confirmação de meu fracasso. Caroline, a professora, é apenas quatro anos mais velha que nós e anda pelos corredores com maestria inigualável. Sempre alegre com todos, menos comigo, mas já não me preocupo em encontrar um motivo que justifique tal comportamento nem as farpas que ela delicadamente dirige a mim, durante as aulas. Ela, finalmente, chega a minha classe e com um sorriso largo nos lábios entrega-me uma folha muito tingida de vermelho. Do fundo da sala, entre os murmúrios de alegria e frustração, começo a escutar a voz estridente de Júlia falando- Não consigo acreditar que meu resultado foi melhor que o seu. Depois, quando falo que de nada adianta se matar estudando você não acredita.

–Eliza, não tire as mãos do papel! Eliza, não responda á Júlia!- Minha boca já estava entreaberta com algumas farpas na ponta de minha língua quando George apareceu rindo com sua folha e falou com aquela voz quase inaudível de sempre. Ainda me pergunto como ele conseguiu cruzar tão rápido a sala até onde eu estava.

George é o menino franzinho do ano anterior, o rapazinho do episódio da livraria. Fiquei surpresa quando voltando para visitar Dona Carla o encontrei com uma xícara de café. Era uma figura completamente diferente daquele rapaz franzino do outro dia. Ele estava alvo, muito bem arrumado, cheio de livros ao seu redor, livros pagos por ele a propósito. Sentei a mesa em sua frente deixando meu café esfriar enquanto o fitava com assombro. Depois de alguns minutos vi que o rapaz se agitava e caminhava em minha direção, fiquei mortificada pela vergonha de ter deixado transparecer meu susto em vê-lo ali, sentado no mesmo lugar daquele senhor de outrora.

– Desculpa, mas não pude deixar de notar que você não para de olhar em minha direção e tive a impressão que já nos conhecemos. – Ele agitando os braços. Enquanto eu tentava encontrar uma maneira educada de perguntar sobre aquele episódio, mas as palavras derretiam quando chegavam a minha boca.

Com quase nenhum tato e não de propósito vomitei a pergunta que fora recebida com espanto. Enquanto falava via seu rosto transfigurar-se a cada nova palavra que saia de minha boca. - Fique quita Eliza, você esta passando dos limites da educação. – Eu repetia ao mesmo tempo em que minha boca não reconhecia o comando de ficar fechada.

O cabelo loiro contrastava com a pele cada vez mais vermelha pelo constrangimento que eu havia-o lançado. Quando recuperou o Fôlego de minhas perguntas começou-as a responder.

– A moça havia se enganado naquele dia e quando dei por estava sendo engolido por inúmeras acusações. Foi quando o Augusto apareceu, o senhor que me defendeu naquele dia, para me tirar da enxurrada de injurias que ela sem nenhum esforço de justificar atribuía a mim.

Nós ficamos horas sentados juntos conversando naquele dia. Foi assim que fiquei sabendo sobre os poemas que Augusto lia para Carlota quando eram jovens e como ele passava seus últimos dias na tentativa frustrada de tentar fazer Carlota lembrar-se dele. George não parava de falar como o rosto coberto pelas inúmeras rugas de Carlota não ocultava a beleza de sua juventude perdida ao mesmo tempo em que os olhos castanhos de Augusto não ocultavam a tristeza de ainda amar aquela mulher que era incapaz de saber quem ele foi ou é.

Eliza acorda! Em que esta pensando?- George me pergunta ao mesmo tempo em que Júlia se movimenta em nossa direção.

– Vamos a aquele café que vocês são viciados, não querem nos acompanhar? –Ela pergunta enquanto enrola o cabelo negro com a ponta dos dedos finos. Eu prontamente respondo que não, mas George consente alegre em acompanhá-los. Ele nutre uma paixão por Julia que também nutre uma por ele, mas ela ama a todos que a amam. Todos nós nos despedimos e eu vou ao laboratório acompanhar minha cultura e eles se dirigem ao café acompanhar uns aos outros.

Quando acabei meu trabalho o dia já havia se despedido e a chuva marcava presença. Sem carona e sem meu guarda chuvas espero até que a chuva diminua- o que não faz diferença- Já que um carro passa pelo estacionamento e molha-me junto com minhas folhas de pesquisa. Volto para casa molhada e frustrada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês estão achando de meu primeiro romance?