POV - Katniss

As férias haviam acabado e um novo ano se iniciava. Segundo ano do Ensino médio.

Eu passeava pelos corredores em direção ao meu armário quando esbarro em alguém deixando todos os meus livros irem ao chão. Droga! Logo no primeiro dia! Penso olhando para aquela pessoa que tanto me irrita. Me abaixo para pegar os livros e ele me ajuda, me entrega e me segue até o armário sem dizer uma palavra. Abro-o e coloco meus livros dentro.

— Você precisa parar de esbarrar em mim. Isso já está ficando clichê.

Fecho a porta do armário e dou de cara com uma imensidão azul me olhando. Ele está parado de braços cruzados me olhando e sorrindo maliciosamente.

— Clichê? – Pergunto levantando uma sobrancelha.

— Sim, clichê. Não sabe o que significa? - Dou as costas e começo a andar, ele me segue.

— Claro que sei o que significa. Tá me chamando de burra?

— Eu não disse isso. – Parei onde estava e me virei para ele.

— Mas pensou. – Digo cruzando os braços.

— Uou! Não sabia que podia ler mentes! – Ele diz dando um sorriso sínico.

— Engraçadinho. – Digo e saio andando novamente, ele vem logo atrás.

— Agora é sério. Você vai para de esbarrar em mim?

— Só quando você sair do meu caminho Peeta. – Respondo ainda andando.

— Isso é impossível! – Ele diz. – Já que a gente é vizinho, estuda na mesma escola, na mesma sala e tem o armário no mesmo corredor.

— Nada é impossível amor.

— Bom saber. – Ele diz parando de andar. Logo faço o mesmo e me viro para olhá-lo.

— Porque bom saber? – Pergunto sorrindo.

— Porque é bom saber, oras. – Foi aí que caiu a ficha, e o sorriso que havia em meus lábios se desfez. Ele sorriu.

— Você vai usar isso contra mim não vai?

— Uhun. – Ele diz dando um sorriso malicioso.

— Droga! – Bato o pé e saio andando rápido, mas desta vez ele não me segue.

Estou com raiva e olhando pro chão enquanto ando, quando de repente bato a cabeça em alguma coisa e caio sentada no chão.

— Ai! – Digo levando a mão até o bumbum que dói devido ao impacto. – Não me lembrava de ter uma parede aqui.

— E não tem. – Uma mão se estende perto do meu rosto para me ajudar a levantar.

— Oi Finn. – Digo pegando sua mão e levantando. Depois bato as mãos na calça para limpá-la. - Minha bunda está suja? – Digo me virando de costas.

— Está. – Ele diz rindo.

— Droga! – Digo me virando. – Alguém precisa limpar esse chão.

— Tem coisas que nunca mudam não é mesmo? – Finnick pergunta rindo.

— Como o que, por exemplo? – Pergunto cruzando os braços e levantando uma sobrancelha.

— Como você e sua mania de não olhar por onde anda.

— Há!Há! Tá engraçadinho hoje hein Finn? Dormiu com o Bozo? – Digo entrelaçando nossos braços e o puxando para a sala de aula. – Vamos antes que o Cinna tenha um chilique.

Nós vamos até a sala e quando chegamos Cinna estava de costas escrevendo na lousa.

— Dá licença! Foi mal pelo atraso! – Grito entrando na sala, Finnick vem logo atrás.

Cinna se vira e cruza os braços olhando para mim.

— O que aconteceu desta vez Katniss?

— Ah! Nada não. Eu apenas bati a cabeça numa parede e caí sentada no chão. Aí o Finn tava me ajudando. – Finnick ri.

— E você está bem? – Ele pergunta.

— Estou sim. Só a minha bunda que ficou suja. Falando nisso... A Coin precisa mandar limpar esse chão direito! – Eu me sento e Cinna revira os olhos de novo.

— Pode deixar que eu darei seu recado á ela Katniss.

— Brigadinha Cinna. - Digo mandando um beijo para ele. Ele revira os olhos novamente e volta a escrever na lousa.

Eu não sei por que ele revira tanto os olhos quando fala comigo. Acho que eu devo causar algum tipo de Tique – Nervoso nele. Penso.

...

Até que enfim as aulas do primeiro período acabaram e a hora do almoço chegou, estou morrendo de fome. Pego uma bandeja e olho em direção á fila, está enorme, até chegar a minha vez já morri desidratada. Observo-a atentamente e reconheço alguém logo no comecinho. Perfeito!Penso. Vou até Peeta e o empurro entrando do seu lado na fila.

— Peeta! – Grito. – Meu querido amigo. – Bato em seu ombro. - Como vão as coisas com... Peeta! – Grito novamente. – Meu querido amigo. – Ele me olha surpreso e com os olhos arregalados.

— Você tem sérios problemas mentais sabia disso? – Ele arqueia uma das sobrancelhas.

— É! Eu sei! Já estou tratando com psicólogo. – Digo dando de ombros.

— Mas então... A que devo a honra da sua maravilhosa companhia? – Ele pergunta sinicamente.

— Na verdade nenhuma. – Dou de ombros. – Eu só to furando a fila mesmo.

— Faz sentido. – Ele quem dá de ombros agora.

Logo a nossa vez chega, pegamos nosso almoço e Peeta sai.

— Tchau Peeta! – Grito cantarolando. Ele fica vermelho que nem um tomate e esconde o rosto.

Olho atentamente ás mesas e vejo uma quase vazia. Vou até lá e me sento colocando a bandeja na mesa.

— E aí Foxface? – A garota ruiva me olha com raiva e revira os olhos. – Queria saber por que todo mundo revira os olhos quando conversa comigo... – Digo fazendo biquinho.

— Por que será? – Ela sussurra e volta a comer.

— Hey. Você viu a Annie por aí? – Pergunto e a garota nega. - Annie!Annie cadê você? – Grito bem alto e todos olham para mim. – Todo mundo aqui se chama Annie? – Pergunto.

Passei os olhos atentamente por todo o pátio e vi um pequeno tomate se dirigindo em minha direção com a cabeça baixa.

— Fala aí Annie! - Gritei.

— Cala a boca Katniss. Quer me matar de vergonha? – Ela falou se sentando ao meu lado.

— Foi mal. – Falei tentando sussurrar.

— Como foram suas férias? – Ela perguntou divertida.

— Um tédio e as suas?

— Até que foram boas. Fomos viajar pra casa dos meus primos em Londres. – Ela disse puxando o celular do bolso e me mostrando as fotos.

— Ah! Não acredito! Podia ter me levado junto né? Sabe que eu amo Londres! – Falei fazendo biquinho.

— Oh! Coitadinha da KitKat! – Ela falou apertando minhas bochechas. – Ficou sozinha aqui.

— Para com isso garota! Tá deixando minhas bochechas doloridas. – Falei dando um tapa em sua mão e depois massageei meu rosto. Annie riu.

— Você nunca muda não é? – Ela perguntou rindo.

— Porque todo mundo fala isso de mim?! – Falei cruzando os braços e fazendo biquinho.

— Por quê? – Ela riu. – Alguém já te falou isso hoje?

— Já! – Falei torcendo o nariz. – E adivinha quem foi?

— Não sei. O Peeta?

— Não. O seu queridinho Finnick Odair. – No mesmo instante os seus olhos brilharam e um largo sorriso se fez em seu rosto.

— Finn? Eu ainda não o vi. Como ele está? Está bonito? – Ela perguntou tão rápido que meu cérebro quase deu um nó.

— Ow. Clama aí... – Falei levantando as mãos. – É muita pergunta pro meu cérebro processar de uma vez só. Primeira pergunta: Sim, é o Finn. – Dei uma pausa. - Segunda pergunta: Ele está mais engraçadinho que nunca. Terceira pergunta: Par mim ele está do mesmo jeito. – Dei de ombros.

— Preciso vê-lo. – Ela falou com uma cara de tapada, eu apenas revirei os olhos e comecei a comer.

Terminamos nosso almoço e levamos a bandeja até o balcão. Quando estávamos indo em direção ao banheiro alguém me levanta por trás e me gira no ar.

— Oi... Pra você... Também... Gale. – Falei ainda rodando no ar. Ele me soltou no chão e ficou de frente pra mim, em seguida me puxou para um abraço apertado.

— Tava com saudades Katnip. – Ele se soltou do abraço e me olhou dos pés á cabeça. – Tá bonitona hein...

— Eu sempre fui querido. – Falei jogando o cabelo e ele riu.

— Ah... Oi Annie. – Ele falou sorrindo.

— Oi Gale. – Ela respondeu sorrindo de volta.

— O que vai fazer Katnip? – Gale perguntou apertando meu queixo.

— Eu estava indo ao banheiro.

— Então vai lá. Depois preciso falar com você.

— Sobre? – Perguntei arqueando as sobrancelhas.

— Depois te conto. – Ele falou sorrindo.

— Ah Gale, isso não é justo! Você sabe como eu sou curiosa... Isso é maldade! – Digo fazendo cara de cachorro pidão.

— Não me venha com essa cara de cachorro que caiu do caminhão não... – Ele falou apertando minhas bochechas, eu logo dei um tapa na mão dele.

— Qual o problema de vocês com as minhas bochechas? – Falei entreolhando Annie e Gale.

— Elas são gostosas! – Gale falou me dando um beijo no rosto e sorrindo. – Depois te conto! – E saiu andando me deixando curiosa.

— Droga! – Falei puxando Annie até o banheiro. – Odeio quando ele faz isso. – Ela riu.