POV – Bryan Taylor

Eu não agüentava mais ver Heloise andando para cima e para baixo com aquela maldita vassoura. Por onde ela passava tinha alguém pedindo para dar uma volta, ou então ela estava por ai voando, e eu sabia que ela estava usando uma transformação parcial para deixar o vôo mais rápido.

– ... e foi assim que eu descobrir que pertencia a uma família de marcianos rosa... Bryan! – gritou Bianca me tirando dos meus devaneios.

– Ahn.. Oi? – falei assustado virando para ela.

– Você ta ouvindo o que eu to dizendo? – ela estava com o cenho franzido.

– Desculpa amor, estava pensando no trabalho de feitiço e me distrair – fiz uma cara de culpa.

Ela bufou – Vamos ter mais duas aulas antes de nos vermos de novo e você nem me da atenção – fez drama.

Peguei um sapo de chocolate em um dos meus bolsos. Desde que comecei a namorar Bianca tinha aprendido a andar com um estoque de sapos para acalmar a fera.

– Me perdoa. Prometo que te recompenso hoje à noite quando as aulas acabarem.

– Acho bom – ela pegou o sapo e saiu a passos rápidos para a aula. Terminei de comer e fui para a minha aula também.

Na sala sentei sozinho em um canto afastado. O Sr. Serafim, o professor de feitiços, já tinha começado a aula, quando Ethan entrou com um sorriso idiota e os cabelos extremamente bagunçados.

– Desculpa pelo atraso professor – pediu entrando na sala e indo se sentar com seus amigos.

– Menos 5 pontos para a Sonserina – falou o professor e voltou a explicação.

Aquilo já era normal. Ethan e Heloise sempre sumiam nos intervalos entre as aulas e ambos sempre chegavam atrasados.

Depois das aula de feitiços tive uma aula de artmância e por fim fui para a aula de duelo que era dada pela professora Gina Potter.

Gina dava aulas em Hogwarts desde que seus filhos haviam se formados. Rony e Hermione Wesley tinha ido para a escola naquele ano a pedido do meu pai e recomendação de Gina, para preencher lacunas. Harry Potter ainda continuava trabalhando como auror. (N/A: Só falei isso tudo porque eu quis u.u).

Ao chegar na sala vi que Heloise já estava lá conversando com a professora. Elas duas eram praticamente amiga, já que Heloise era um das melhores duelistas da escola.

– Você fala como se fosse fácil, mas não é. Tem muito coisa envolvida – falava Heloise.

– É difícil porque você cisma em se enganar – respondeu Gina antes de me ver – Boa tarde, senhor Taylor.

Heloise se virou branca, como se tivesse vindo um dementador.

– Boa tarde, professora. Tarde Heloise – cumprimentei as duas.

Heloise me fuzilou com o olhar e não respondeu. Aos pouco os alunos foram chegando e se espalhando pela sala. Quando Bianca entrou viu que eu estava em um canto e Heloise em outro e pareceu dividida em com quem ficar. Heloise a dispensou com um gesto de cabeça e Bia veio até mim.

– Qual o problema entre você e Heloise afinal? – me perguntou

– Só descobri que ela é muito metida e eu não gosto de pessoas metidas – falei dando de ombros.

– Às vezes parece que ela não gosta de nos ver juntos – Bianca parecia magoada.

– Ué às vezes parece que você não gosta de ver Heloise e Ethan juntos – ponderei.

– Simples ele é um idiota e eu acho que minha amiga merece alguém melhor – ela contra argumentou dando um fim a discussão.

Gina começou a explicar que num duelo deveríamos esperar por tudo e logo chamou Heloise para a arena.

A professora olhou ao redor para todos da sala e me chamou.

– Senhor Taylor, se importaria de duelar com a Srta. Bennett hoje? – me perguntou com um sorrisinho. Heloise me fuzilou com o olhar desafiando-me.

– De forma alguma – respondi já subindo na arena. Ambos colocamos nossas bases de duelo e esperamos o sinal de Gina.

– Lembre-se das regras. Não é permitido ferir e o primeiro a ser desarmado perde.

Heloise me cumprimentou a contragosto, fiz o mesmo.

Como já foi dito antes ela era boa em duelos, eu era bom em poções, ou seja, não foi uma luta muito justa para mim, mas eu fiz o que pude.

Ela atacou, eu defendi, ela atacou de novo, eu defendi de novo e ataquei, ela se defendeu e contra atacou rapidamente, consegui me defender, porém não rápido o suficiente. Heloise me suspendeu pelo tornozelo com um feitiço silencioso e emendou um “expelliarmus” me desarmando.

– Bom duelo – elogiou Gina – 50 pontos para a Corvinal e 100 pontos para a Lufa-Lufa.

Antes mesmo que a professora chegasse ao fim de sua frase Heloise deixou minha varinha no chão e saiu da sala a passos rápidos. Gina fingiu que não viu nada. E depois de fazer a contra azaração e me soltar finalizou a aula pedindo para todos nós estudássemos feitiços silenciosos.

Ao sair da sala dei um perdido em Bianca e fui para fora do castelo, onde assumi a forma de falcão que eu tanto amava.

Assim que alceei vôo vi alguns clarões vindos do lago, curioso fui até lá para ver do que se tratava, posei em uma arvore distante e um pouco escondida e vi Heloise lançando feitiços a esmo pela superfície do lago. Os feitiços não tinham por objetivo acertar nada nem ninguém, simplesmente voavam livres acima das águas do lago em diversas cores, vermelho, laranja, dourado, roxo e vez ou outra jatos de água ou fogo. Depois de lançar algumas dezenas de feitiços, Heloise se sentou na beira do lago com as pernas recolhidas e o queixo apoiado nos joelhos.

Dei um rasante até o chão e pousei, voltando ao normal, a poucos passos dela. Heloise me olhou por cima dos ombros.- Some daqui Taylor – falou. Sua voz parecia embarganhada de choro, entretanto estava escuro sendo assim não pude ver seu rosto para ter certeza.

– Qual o problema Heloise? – perguntei verdadeiramente preocupado.

– Não tem problema nenhum – ela respondeu agora com a voz mais firme.

– Então que show todo foi esse? Hein?

Ela riu com desdém – O único show que eu vi hoje foi a sua derrota humilhante na aula de duelos.

– Derrotar alguém com um feitiço baixo como Levicorpus não é motivo para se gabar.

– Se deixar derrotar por um feitiço idiota como o Levicorpus não é desculpa para ninguém.

– Eu sou um idiota mesmo – dei um tapa na minha testa – por me preocupar com você

– Eu não preciso que você – ela enfatizou o “você” – se preocupe comigo.

– Não sei porque eu ainda perco meu tempo com uma menina tão mimada, arrogante e egocêntrica.

– Pelo menos eu não sou covarde – ela disparou.

– Covarde? Eu? – ri com deboche – Me poupe Bennett

– Covarde e egoísta. Até quando você vai ficar enganando a minha amiga afinal de contas?

– Do que você ta falando sua louca?

– Da Bianca! Até quando você vai ficar nessa de brincar com os sentimentos dela ao invés de... – ela hesitou.

– Ao invés de que? – continuei – Responde! Ao invés de que? Fala Heloise, você também é uma covarde. Esta me cobrando algo que você mesma esta fazendo. Ou você esqueceu o Ethan? – nós já estávamos praticamente gritando um com o outro.

– O Ethan sabe muito bem o que ta fazendo e eu sei muito bem o que sinto por ele - Heloise estava com o rosto, o cabelo e os olhos vermelhos.

– Então olha nos meus olhos e fala que você o ama Heloise – a desafiei com os punhos cerrados. Heloise deu um passo para trás como se tivesse sido atingida por um soco. Ela também estava com os punhos cerrados.

– Sim, eu o amo – falou sem muita convicção – e você não tem nada a ver com o meu namoro com o It – ela já não gritava mais.

Tenho que admitir que não esperava que ela fosse dizer aquilo e que me senti incomodado com as palavras dela.

– Ótimo. Você também não tem nada a ver comigo e Bianca.

– Tenho sim. A Bia é minha melhor amiga.

– Não precisa se preocupar Bennett. Eu vou cuidar bem dela – prometi.

– A melhor forma de cuidar dela é parar de brincar com seus sentimentos. Afinal ela realmente gosta de você, Taylor.

Foi minha vez de hesitar. Eu gostava de Bianca, ela era muito legal e divertida apesar de ser tão ciumenta, porém era obvio que eu não gostava dela como ela de mim.

Bianca era muito linda, gentil e cobiçada e eu era só um nerd, magricelo e auto-exilado, ela não merecia ficar com alguém que não a amasse, mas eu não queria terminar com ela, achava que talvez com o tempo eu pudesse aprender a amá-la assim como eu amava...

E além disso se eu rompesse com Bianca ia provar que Heloise estava certa.

– Não se meta na minha vida, Bennett – falei e antes que ela respondesse voltei à forma de falcão e voei para o castelo.

Ao chegar lá vi que todos os alunos estavam indo para o salão principal. Segui para lá e logo avistei Bianca.

– Onde você estava? – ela perguntou assim que eu me aproximei.

– O que houve? – perguntei me esquivando da pergunta dela.

– Acharam um menino, do segundo ano da Sonserina, desmaiado e com cortes assim como o seu colega Tuffus.

– Ruffus – corrigi.

– Isso. O menino foi achado perto do salão da Sonserina

Assim que Bianca acabou de falar Heloise entrou no salão. Sozinha e começou a ir na direção da mesa da Lufa-Lufa.

– Por favor, façam silencio – falou a diretora Minerva – e sente-se nas mesas de suas respectivas casas.

Bianca se afastou de mim e foi para a mesa da Lufa-Lufa e sentou-se entre Patty e Heloise enquanto eu fui para a mesa Corvina.

Quando todos, já estavam sentados e quietos, Minerva começou a falar.

– Essa noite foi encontrado, gravemente ferido o jovem Sr. Joel Lindeberg, e esse já é o segundo caso registrado em apenas duas semanas. – ela suspirou – o senhor Lindeberg, assim como o senhor Guller, sobreviveram aos ataques, mas terão para sempre seqüelas graves. Uma investigação já foi aberta para ambos os casos e todos nós seremos interrogados e investigados. – mais uma vez Minerva suspirou – crianças, Hogwarts já passou por tempos difícil antes, porém não sabemos o que esta acontecendo agora. Tomem cuidado e caso saibam de alguma coisa venham falar comigo ou alguns dos professores. Não sintam medo. Nós vamos e podemos ajudá-los. Estão dispensados.

Na saída do salão percebi que algumas pessoas me olhavam com desconfiança. Aquilo me irritou então fui a passos rápidos para a minha cama no dormitório Corvino.

Dois dias se passaram do ataque a Joel, novamente eu tinha sido interrogado e novamente os aurores não chegaram à conclusão nenhuma. Antes do interrogatório tinha combinado com Heloise de dizermos a verdade, mudando somente o fato de termos discutidos para uma “amigável conversa sobre vassouras e quadribol”.

Estava indo para o campo de quadribol onde teria o jogo de Lufa-Lufa contra a Grifinória. Sentei ao lado da Bianca na arquibancada e avistei Ethan um pouco distante. Ele, assim como a Sonserina quase toda, estava com vestido com as cores da Lufa-Lufa. Os meus colegas de casa tinham optado por torcer pela Grifinória então boa parte dos alunos Corvinos estava com as cores vermelha e dourada da Grifinória. Eu escolhi não tomar partido e estava com uma roupa preta básica.

– Bryan, não acredito que você não vai torcer pela minha casa – brigou Bianca assim que viu minhas vestes.

– Desculpa amor, mas como apanhador da Corvinal não posso tomar partido – me defendi.

Bia riu – Engraçado, foi quase a mesma coisa que Heloise disse quando eu pedi para ela torce para você no outro jogo – assim que acabou de falar Bianca me lançou um olhar mortal – isso é muito estranho na verdade. Esta me escondendo algo Bryan Taylor?

– O que? Ahn... O que? Não... Cla... Claro que não Bianca – senti um suor frio descer pela minha espinha.

– Espero mesmo que não Taylor, ou eu juro que o que aconteceu ao seu amigo Ruffus vai ser brincadeira de criança, perto do que eu vou fazer com você. – depois da ameaça ela sorriu e me deu um selinho. Serio Bianca dava medo.

O jogo contra a Grifinória foi rápido. Muito rápido, mais rápido do que o meu tinha sido. Assim que o artilheiro da Grifinória marcou seu primeiro ponto a treinadora soltou o pomo de ouro.

Heloise deu 4 voltas no campo em velocidade máxima, depois subiu como um jato, o apanhador da Grifinória achou que ela tinha avistado o pomo e subiu atrás dela. Quando eles chegaram à altura das torres do campo Heloise deu uma cambalhota para trás e desceu com a vassoura, desviou de alguns balaços e pegou o pomo de ouro.

O pessoal explodiu em comemoração, entretanto percebi que algumas pessoas olham torto na direção de Heloise.

“Pelo visto não sou o único suspeito dos ataques” pensei.

Quis conversar com Helô, mas vi que Ethan tinha acabado de invadir o campo. Ele pegou Heloise no colo, a menina praticamente sumia dentro dos braços dele, Ethan a beijou e o pessoal gritou mais um pouco.

– Acho que Ethan faz mesmo bem a Helô – falou Bianca me tirando dos meus devaneios – mesmo que eu não goste dele, fico feliz em saber que ela esta feliz.

– É tanto faz.

Comecei a sair do campo e fui seguido por Bianca.

– Bryan, agora que lembrei. Onde você estava na quinta à noite? – me perguntou Bianca.

“Por Merlin por que ela não esqueci isso?” – Quando é o passeio a Hogsmeade mesmo? – perguntei tentando desconversar. Bianca deu alguns passos e parou na minha frente. Estávamos a alguns metros do castelo.

– Sempre que perguntou isso você tenta mudar de assunto! O que você estava fazendo?

Suspirei – Eu fui perguntar a Heloise sobre qual a melhor vassoura para um apanhador – contei a mesma historia que tinha falado para os aurores.

– Você foi perguntar sobre vassouras para Heloise no mesmo dia que a chamou de metida? E por que não me contou antes? – Bianca cruzou os braços e me encarava.

– Ela é uma ótima apanhadora, mesmo que não goste dela reconheço isso. E não falei antes porque sabia que você ia agir assim.

Ela descruzou os braços e curvou os ombros. – Desculpa Bryan, eu devia confiar em você. Além disso, Heloise parece realmente gostar de Ethan – Bianca me abraçou. Dei um longo e profundo beijo nela.

– Eu devia ter falado antes, sinto muito também – falei me sentindo aliviado por ter evitado um briga.

Ouvimos um farfalhar nas arvores. Afastei-me um pouco de Bia

– Hey vamos entrar. Tá esfriando - Levei Bianca para dentro do castelo e passamos o resto do sábado estudando e namorando.

(Extra)

POV – Bianca Stuart

Eu estava assustada com os ataques que vinham acontecendo na escola, mas isso nem se comparava ao quão intricada eu fiquei com a historia que Bryan contou sobre ele e Heloise estarem conversando sobre vassoura.

Na quinta-feira que ocorreu o ataque. Bryan tinha chamado Heloise de metida, depois eles duelaram e ai do nada eles estavam por ai conversando sobre vassouras? Era no mínimo estranho certo?

Depois do jogo passei o resto do sábado em uma sala vazia com Bryan. Ele tentando estudar e eu impedindo a cada momento com beijos e abraços.

Por fim ele desistiu e a gente ficou de amasso por algumas horas. Ate que ele disse que queria ir dormir e foi para o Salão Comunal da Corvinal e eu resolvi dá uma volta fora do castelo.

A noite já tinha caído, mas ainda não estava tarde. Eu caminhava distraída com os cabelos soltos me proporcionando um pouco de calor e proteção contra o vento frio que soprava. Estava tão desligada que só reparei que estava perto da floresta quando um galho quase me espetou. Tomei um pequeno susto, mas sorri.

Decidi que era melhor eu ir embora e me virei para voltar para o castelo, porem esbarrei em algo, ou melhor, alguém.

Alguém mais alto que eu, mas não muito alto. Na verdade se eu fosse um pouco mais alta teria ficado cara a cara quem quer que fosse. Levantei o olhar para me desculpar.

– Desculpas – falei ao mesmo tempo em que o menino e rimos juntos. Ele deu um passo para trás.

– Desculpa – falou de novo e riu – eu te vi vindo para a floresta e fiquei preocupado então vim ver se estava bem – ele se justificou corando, mas eu estava embasbacada com a beleza do menino.

Ele tinha os olhos castanhos mais claros que os meus, o cabelo também castanho estavam arrepiados e meio bagunçados, seus traços eram suaves e simples e seu sorriso era simpático e convidativo.

– Ahn, eu sou a Bianca Stuart – falei me sentindo uma pateta – eu estava distraída e não vi onde estava indo.

– E um prazer conhecê-la Bianca. Eu sou Nicolas Hungerberg, mas pode me chamar de Nick, se quiser claro – ele sorriu de novo – desculpa Bianca, mas você parece preocupada, aconteceu alguma coisa? – ele virou a cabeça um pouco por lado e por Merlin que menino lindo e fofo.

– E o meu namorado ele ta um pouco estranho assim como a minha amiga – desabafei.

– Entendo – ele pareceu pensativo por um momento antes de continuar – você já pensou em falar com eles?

– Já, mas Heloise sempre fala que eu to vendo coisa onde não tem e Bryan diz que eu devia confiar nele.

– Bem, eu acho que se você esta desconfiada um motivo tem e que eles deveriam ser mais sinceros com você – Nick hesitou – Bianca você não merece ser enganada e nem precisa disso. Fique de olhos abertos com esses dois. Agora vamos volta por castelo que esta tarde.

Voltei para o castelo com Nick em silencio pensando no que ele tinha falado. Será que aqueles dois estavam me escondendo algo?

Ao chegar ao castelo Nick me deu um beijo no rosto.

– Foi um enorme prazer conhecê-la Bianca. E se precisar pode conversar comigo, afinal nós somos iguais.

Não entendi que papo era aquele de iguais e não tive oportunidade de perguntar. Nick foi embora a passos largos e eu segui para o meu salão comunal determinada a observar melhor o comportamento de Bryan e Heloise.