Belle olhou para o irmão, consegui perceber que palavras não ditas foram trocadas entre eles, assim como eu e Ane fazíamos. Com um suspiro ela diz.

– Eu não poderia te contar isso, mas vejo que eu não tenho outra opção. Ela está no Instituto de Londres. Sabe onde fica?

– Sim eu sei. – nessa hora eu me levantei do sofá onde estava sentado, fui até a poltrona onde Belle estava e a abracei com força. – Só não sei como chegar lá. – declarei soltando-a.

– Tive uma ideia. – disse Pedro se levantando da poltrona. – Hoje eu irei ate o Gard. Você pode vir comigo, eu explico o que aconteceu e então podem te mandar por um portal ate Londres. O que você acha?

– Acho que é uma excelente ideia. – eu respondi, a ansiedade estava clara na minha voz.

– Então é melhor você se preparar Adam. – disse Belle, ela estava sorrindo e seus olhos verdes estavam brilhando. Ela se voltou para Pedro. – Que horas você iria para o Gard?

– Na verdade iria daqui a uns vinte minutos. - ele diz com uma risada.

– Estamos atrasados! Com certeza irão nos perguntar um monte de coisas. Temos que sair agora. – Belle se virou para nós dois e disparou em um tom autoritário, porém divertido. – Eu vou arrumar os cavalos. Sabe cavalgar não é Adam? – quando eu assenti ela continuou. – Ótimo! Pedro você vai ajudar o Adam a arrumar uma mochila com algumas coisas para ele levar, você pode emprestar algumas roupas para ele. Encontrem-me lá fora daqui a cinco minutos.

Eu e pedro arrumamos uma pequena mochila com algumas roupas para eu levar para Londres. Caminhamos para fora da casa e encontramos Belle com dois cavalos prontos.

– Arrumou as coisas Adam? – ela perguntou, com uma voz gentil, ela estava ao lado de um cavalo negro muito bonito. Quando eu assenti ela continuou. – Então você irá em um cavalo e eu e... arg... bem acho que eu e Pedro iremos no outro - ela e soltou uma bela risada quando o irmão revirou os olhos para ela. - Tudo bem assim?

– Tudo ótimo – respondeu Pedro em tom de ironia. Enquanto eu subia no outro cavalo, esse era branco como a neve tinha olhos negro, Pedro ajudou Belle a subir e subiu logo atras dela.

Quando chegamos nas barreiras de Alicante fomos barrados, eu não podia estar ali. Era estranho não ser bem recebido na cidade onde nasci, porém essa ara a minha vida agora.

Depois de ficar barrado por um tempo, tempo o suficiente para Pedro e Belle explicarem o que estava acontecendo o Cônsul me deixou passar. Ele nos guiou até a sala dele. Se sentou em sua poltrona e disse:

– Então você quer mesmo ir a Londres?

– Sim senhor. É só isso que lhe peço. – eu respondi da forma mais educada possível.

– Olha estamos passando por tempos difíceis. – disse o Cônsul decididamente. – Eu não sei em quem confiar, mas, pelo que me disseram não posso questionar a lealdade de vocês, permitirei que você vá para Londres, porém, não me faça me arrepender de tomar essa decisão.

– Muito obrigado Cônsul. – respondeu Pedro, seus olhos estavam focados no Cônsul, com um mistura de medo e gratidão.

– Eu já informei da sua chegada Adam. – disse o Cônsul, estava claro que ele estava cansado e não esperava ter que resolver esse assunto agora. – Você pode ir agora. – ele andou até um canto da sala onde um pano cobria algo. Era o portal.

Já havia usado um portal antes, porém estava com medo. Olhei para os dois irmãos, eles estavam me encarando, um do lado do outro, seus olhos focados em mim.

– Pedro, Belle... – eu não sabia o que dizer, eles haviam me ajudado e eu retribuirei assim, largando-os. – Obrigado por tudo. Nunca vou me esquecer de vocês.

Eles sorriram para mim e com aquela ultima imagem na minha mente, atravessei o portal.

“ Pedro e Belle,

Eu estou bem. Falei rapidamente com Ane. O Josh e os outros estão cuidando dela. Me desculpem por não ter escrito nada nos últimos messes, fiquei com medo de coloca-los em perigo. Sou grato por toda a ajuda de vocês e espero que nos encontremos novamente.

Um abraço,

Adam.”

Já faziam oito meses. Estava me sentindo mal, eles me trataram tão bem e desde que sai nunca dei notícias. Estava me escondendo de Valentine, porém, feliz, com a certeza de que Ane estaria bem. Mas eu estava atormentado com a incerteza do que havia acontecido com Pedro Belle, então finalmente decidi escrever a carta e envia-la. Foi assim que eu fui dormir. Pesando em tudo que havia acontecido nos últimos messes.