Hannah foi levada - em meio aos gritos e pontapés - por dois brutamontes até a base do Serviço Secreto. Era um prédio enorme, cheio de pessoas que a encaravam.
A menina foi colocada numa sala bonita, com até alguns objetos de luxo, e dezenas de bonecas de porcelana. Mas ela não deu à mínima, já que só pensava na Sra. Haddad e em seu filho, ensanguentados. E sentia a falta da mãe mais do que tudo.
A porta se abriu, e um senhor de cabelos brancos, terno cinza e óculos entrou discretamente.
− Bem-vinda - ele disse - Trouxe algo que você esqueceu.
O senhor retirou uma corda do bolso, a mesma que Hannah havia ganhado pela manhã.
Os olhos da menina não demonstraram sentimento algum diante daquele estranho. Ela estava tentando agir como tantas vezes viu a mãe: responder com o silêncio.
− Está vendo essas bonecas? - ele perguntou sorrindo - São todas suas. E a partir de hoje você vai ter uma nova casa, e um quarto enorme.
− Quem é você? - ela perguntou desafiadora.
− Sou seu avô.

...

Logo após recolher as evidências da cena do crime, DiNozzo e Gibbs voltaram ao NCIS.
− Como se sente depois de ser chutado pra fora do caso, novato? - Tony perguntou ironicamente.
− Muito engraçadinho - McGee resmungou.
Naquele instante, DiNozzo sentiu uma forte pontada no peito, escorando-se na parede para não cair, ele fechou os olhos por alguns segundos porque tudo girava.
− Você está bem, Tony? - perguntou Ellie Bishop.
− Estou.
O que era mentira, já que ele ainda sentia um aperto no peito, como se algo ruim estivesse acontecendo.
− Qualquer coisa é só me chamar - ela disse enquanto seguia pelo corredor.

...

Fazia anos que ela não passava pela base do Mossad para não ser reconhecida, e agora teria que entrar lá de qualquer forma, mesmo as chances sendo mínimas.
− Seu nome? - perguntou um dos guardas, barrando a passagem.
− Ziva David - ela lhe respondeu.
O homem verificou a lista duas vezes, e falou:
− Acesso negado. Agora espero que a senhora se retire de livre e espontânea vontade.
Ela já esperava aquilo, e então teve uma ideia (Não a mais sensata): Por um minuto todos os dias, a base ficava desprotegida. Momento perfeito para agir.

...

Hannah permanecia em silêncio enquanto ouvia o suposto avô. Ela ainda alimentava esperanças que a mãe apareceria. Mas ele disse:
− Ela nunca mais vai voltar.
Tudo em que a menina acreditava estava se deteriorando, ela se sentia indefesa e completamente sozinha.
− Sua mãe te deixou aqui. Ela é uma pessoa muito má.
− E você? É que tipo de pessoa? - Hannah perguntou, surpreendendo o senhor.
Ela era mais esperta que a maioria das crianças com a mesma idade, mas ele tinha que conseguir o que queria tanto.
− Eu só quero te ajudar, e ser seu amigo - ele disse enquanto pegava uma boneca - Você deixa?
Ele se aproximou da menina, e lhe entregou o brinquedo. Hannah deu um sorriso meia-boca, mas começou a confiar nele, já que ela era só uma criança de sete anos.
− Vou te deixar pensar mais um pouco - o senhor falou, e saiu logo depois.

...

Ari Haswari permaneceu calado durante toda a manhã. Ele não conseguia esconder o nervosismo como antes, caminhava de um lado para o outro na sala do diretor há alguns minutos.
−Tudo bem, pai? - um menino lhe perguntou, mas não obteve resposta.
O diretor entrou, observou o menino e seguiu em frente.
− Vai brincar, Omri - o senhor falou.
Assim que o garoto saiu, Ari começou a falar:
− O senhor é tão parecido. Quase o chamei de pai.
− Apesar de ser idêntico a Eli, somos bem diferentes. - ele pareceu ofendido - Ele está morto e eu não, por exemplo.
Ari se sentou no sofá, parecia incomodado.
− Não entendo porque trouxe essa menina até aqui. Não precisamos dela, muito menos da Ziva pra completar essa missão.
− É aí que se engana. - o senhor interrompeu - Sua irmã ficou abalada desde a morte do pai, e sei que fará de tudo pela filha.
− É uma missão rápida e fácil, eu dou conta.
− Acho que você não entendeu. - o outro disse com rigidez - EU mudei completamente a estrutura do Mossad, que se tornou digno somente aos herdeiros legítimos. EU salvei você de dois grupos terroristas. EU criei seu filho por dez anos. Então, EU mando aqui.

...

Um menino moreno entrou na sala em que Hannah estava. E ela, de forma defensiva, pegou a corda e o ameaçou:
− Pra trás... Quem é você?
− Sou Omri David, e você não pode me machucar com uma corda... - ele disse revirando os olhos.
− Experimenta dar mais um passo - a menina falou.
O menino olhou pela janela, e exclamou espantando:
− Nossa! Que ninja!

...

E aquele era o momento.
Ziva ficou escondida até todos os guardas se retirarem. Depois, calculou rapidamente a altura do muro. Saiu correndo e saltou, ultrapassando a barreira. Mas, do outro lado, ela caiu de joelhos no chão.
Precisa melhorar Ziva, ela pensou.

...

− Ima! - Hannah disse com os olhinhos brilhando.
− Aquela é sua mãe?- o menino perguntou.
− Sim - ela respondeu com orgulho.
E da janela, as crianças puderam ver um homem arrastar Ziva para dentro do prédio.
− Abba! - o menino falou.
− Aquele é seu pai? - perguntou Hannah.
− Sim - ele respondeu secamente.
− Não gostei dele - ela usou a sinceridade mais uma vez.

...

Em sua sala, o diretor do Mossad esperava por Ziva com um sorriso frio nos lábios. Quando a viu ser praticamente jogada contra o chão, sentiu que sua vingança estava chegando cada vez mais perto.
− Ótimo lugar, não acha? - ele perguntou, saindo das sombras.
Ela congelou quando viu a figura daquele homem. Era exatamente como o pai, que havia morrido há anos.
− Ziva David, uma perfeita agente. - ele disse enquanto olhava alguns papéis - Tenho uma missão pra você.
− Nunca - ela falou se levantando.
− A vida da sua filha depende disso.