Licantropia: A Reserva escrita por Paulo Carvalho


Capítulo 4
Capitulo 3: Interrogatório.


Notas iniciais do capítulo

E aí gente, como estão?
Então...eu tive muitas visualizações, mas nenhum comentário. Por favor, coloquem suas opiniões...independente se são boas ou ruins. Está muito parada? Pouco detalhada? Mal escrita? Não me importo com críticas!



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A travessia pelo acampamento fez com que todos parassem o que estavam fazendo. Samantha era escoltada por Serena e Dragan, enquanto Soren seguia na frente. Todos pareciam conhecê-lo e sorriam ao avista-lo, mas seus sorrisos murchavam ao vê-la com o uniforme da Reserva. Sam não pôde deixar de contar; eram ao menos 30 com tamanhos, formas, cores e idades diferentes.

Samantha atravessou todo o acampamento, os primeiros prédios ---simples ruínas desgastadas pelo tempo--- eram usadas armazéns para estocar comida, roupas e outros artigos; os prédios maiores e em melhores condições pareciam ser usados para abrigo, mas ela foi levada ao último deles. Um complexo industrial gigantesco, com o teto partido em milhares de pontos, paredes chamuscadas e janelas quebradas. Tochas queimavam ao lado das portas duplas de metal corroído.

Com um empurrão, as portas se abriram aos gemidos e lá dentro instalou-se um silêncio opressor. Os pelos na nuca de Sam se arrepiaram quando ela encarou mais 20 ou 30 Filhos da Noite. Eles estavam organizados em fileiras, como em um pequeno exército e pararam o treinamento no momento em que Soren surgiu. No inicio, eles não pareceram notar a refém e correram até o arqueiro que os recebeu sorrindo, mas quando, Serena e Dragan, foram notados, todos se calaram ao mesmo tempo.

–--Mas que merda é essa? ---um deles perguntou.

–--Nós a encontramos enquanto caçávamos. --- respondeu Serena. ---Achamos que ela pode nos fornecer informações úteis. Agora, deixe-nos passar. Onde está Raniah?

Um dos homens os conduziu pelo complexo, atravessando portas e salas até chegar à que parecia estar em melhores condições. As paredes estavam inteiras com apenas algumas marcas de infiltração; o teto embora estivesse caindo aos pedaços exibia as vigas de sustentação que pareciam firmes; havia um colchão pequeno em um dos cantos cercado por cobertores e roupas usadas; uma cadeira de ferro amassada e na parede norte estava desenhada, nos mínimos detalhes, um mapa de toda área ao redor da Reserva. Um homem desenhava na parede, contornando um imenso espaço em branco.

–--Raniah? ---Serena perguntou.

O homem se virou. Cabelos cor de areia, sobrancelhas cor de areia e barba cor de areia; os olhos eram incrivelmente escuros e selvagens como todos os outros Filhos tinham. Ele sorriu e Sam percebeu o quanto era bonito e alto. Deveria ter facilmente 1,90 ou mais. Ele largou o pedaço de carvão que usava para desenhar e envolveu os braços ao redor de Serena.

–--Eu sabia que minha garota não teria sido pega. ---ele respondeu com o rosto enfiado no pescoço da mulher.

–--Claro que não, idiota. ---ela respondeu, mas sorria.

Ele só pareceu enxergar Samantha depois de soltar Serena. Seu sorriso se contorceu, mas não se desfez por completo. Sam não sabia se aquilo era bom ou ruim. Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso e inclinou a cabeça como se estivesse analisando a presa.

–--E quem é essa? ---ele perguntou. ---Acredito que não é uma aliada, pelo que vejo.

–--Ela é uma das patrulheiras da Reserva, Ran. ---Soren respondeu. ---Eu ia mata-la, mas Serena...

–--Claro. ---a mulher riu. ---Ela te derrubou e depois bateu em Dragan. ---ela passou os braços ao redor da cintura da Raniah. ---Os cortes curaram, mas eu estava lá e vi as três linhas na bochecha dele, Ran. Se eu não tivesse ajudado esses dois era capaz dela ter os matado. Talvez não matado, mas eles estariam em pior estado.

–--Mesmo? ---Raniah ergueu as sobrancelhas surpreso. ---Os patrulheiros são bem treinados, mas nunca vi ninguém atingir Soren. Ela parece tão pequena nesse uniforme.

–--Ela só me pegou desprevenido. ---Soren respondeu irritado. Os olhos dourados brilhando de raiva. ---Agora, o que faremos com essa coisa?

–--Essa coisa? ---Raniah repreendeu. ---Ela até pode querer nos matar, mas ainda é um ser humano, Sor. Não somos como eles...

–--Sem esse discurso, Ran. ---Serena interrompeu. ---A única razão de ela estar aqui é para nos dar informações. E ela as dará de um jeito ou de outro. Soren está ansioso para lhe dar uma lição...

–--Não! ---Ran gritou. ---Vocês não podem estar falando sério. Ela é só uma garota.

–--Ela quase nos matou! ---Soren gritou. ---É uma assassina! Todos eles são.

–--E nós temos de ser também? ---Raniah gritou de volta. ---Eu não farei isso.

–--Nem precisa. ---Serena respondeu. ---São as regras, Ran. Tudo aquilo que encontramos nas incursões pertence a nós e nos dá direito de fazer o que quisermos. Eu a capturei. Ela é minha e eu deixo Soren fazer tudo o que for necessário para conseguir informações.

–--Serena. ---ele pôs as mãos em ambos os lados do rosto da garota. ---Isso é cruel. Torturar uma garota para...

–--Isso é guerra. ---ela se afastou. ---Para sobrevivermos... precisamos de toda a informação que tivermos. Eles nos capturaram, estudaram... injetaram veneno e drogas em nós, criaram doenças, dizimaram nosso grupo. Eu não vou morrer! E nem você. Se não consegue se cuidar sozinho, eu vou cuidar de você. Soren. ---ela se virou para o arqueiro. ---Tem a minha permissão.

Soren sorriu. Samantha encarou sua expressão e soube naquele instante que seria doloroso. Era como encarar um lobo; olhos amarelos cheios de raiva, os dentes muito brancos pareciam afiados, mas era apenas a imaginação e o medo de Sam.

–--Tudo bem. ---Raniah parecia se esforçar para conter a raiva. ---São as regras; não vou quebra-las. Mas, Soren e Serena, eu esperava que fossem diferentes dos animais dos outros clãs. Esqueceu-se dos Nômades, Soren? Tudo o que eles fizeram? Acha que com ela será diferente só porque é da Reserva? ---ele sumiu antes que qualquer um pudesse responder. Rápido demais para os olhos de Sam.

–--Faça o que tem de fazer. ---Serena respondeu. ---Ran só está com medo. Vamos, Dragan. Ela é sua agora.

Ambos deixaram a sala e Soren jogou Sam na cadeira de ferro. Ele se abaixou para que seus olhos ficassem no mesmo nível dos dela; olhos azuis encarando olhos amarelos. Ele emitiu um rugido baixo, mas que fez o coração de Samantha se acelerar. Nenhum animal selvagem seria capaz de assusta-la tanto quanto o encarar daqueles olhos.

–--Qual o seu nome? ---ele perguntou. A voz baixa e profunda parecia conter uma ameaça nas entrelinhas.

–--Samantha. ---ela respondeu e ficou feliz por sua voz ter saído firme.

–--Sem sobrenome? ---ele perguntou.

–--Nós não temos sobrenome.

–--Mentira! ---ele rugiu.

–--Os patrulheiros não. Somos, em maioria, órfãos da guerra. ---ela respondeu e sua voz saiu muito baixa.

–--Então é uma órfã?

–--Sim.

–--Tem quantos anos?

–--18.

–--Muito bem, Samantha. ---ele se afastou. ---Se você me der as respostas corretas, nada irá acontecer, entendeu? Não quero machuca-la... na verdade, quero sim. Mas, não irei fazê-lo sem motivos, então... é bom que não me dê razões, entendeu? ---Sam permaneceu calada e ele semicerrou os olhos. ---Primeira pergunta: Quantos Rasantes vocês têm? ---ela permaneceu muda. --- Com qual frequência eles passam sobre a Área 1? --- Sam continuou quieta. ---Nada? Uma pena...

O golpe atingiu o lado esquerdo de seu rosto com força. O gosto de sangue tomou conta da boca de Sam em poucos segundos e logo em seguida, sua língua inchou. Ela sabia que horas mais tarde, sua face esquerda ficaria roxa e inchada. Eles são realmente fortes, pensou.

–--Já tem as respostas? ---ele sorriu, mas seus olhos não pareciam mais tão animados quanto antes. ---Que tal esta, então: Qual a rota que seus carros usam? Quando é o próximo carregamento?... Nada?! Tem certeza? Eu nem bati com força ainda. Quando é o próximo carregamento?

O silêncio foi interrompido pelo som do tapa, agora na face direita. Sangue ribombou em seus ouvidos, seu olho começou a fechar e latejar. Ela cuspiu sangue no chão e emitiu um gemido, mas se calou no minuto seguinte. E novamente, Soren fez as perguntas. Ele se apresentou: disse seu nome e sua idade; depois mais uma rodada de perguntas que eram respondidas com silêncio. Ela perdeu a capacidade de contar as batidas depois da quarta rodada. Seus olhos estavam quase completamente fechados, todo seu rosto latejava e ardia, o sangue em sua boca era amargo e sua língua parecia ter dobrado de tamanho.

–--Fala! Fala logo! ---ele parou de bater e Sam pôde senti-lo bem próximo dela. ---É só me dizer e eu paro.

–--E depois o quê? ---ela gritou com raiva. ---Vocês me matam, me devoram, me decepam? Eu não vou falar nada! Foda-se você e essa maldita alcateia!

O tapa seguinte a derrubou no chão. Seu ombro esquerdo doía, suas pernas estavam doloridas da caminhada, e seu rosto tornara-se um imenso hematoma latejante. Ela estava prestes a perder a consciência, mas no íntimo agradeceu por não ter nenhuma daquelas respostas. Provavelmente, as teria contado se soubesse.

–--Mesmo? ---ele parecia estar suplicando, mas Sam acreditou ser sua cabeça. ---Deixarei que alguém pior tire as respostas de você. --- ela ouviu os passos de Soren quando ele saiu da sala.

Ela estava prestes a desmaiar, mas ouviu quando ele voltou e parecia estar acompanhado. Ela tentou enxergar pelas fendas de seus olhos e viu duas sombras contra a luz.

–--Tire as respostas dela de qualquer jeito, Peter. ---ela ouviu Soren falar. --- Só pare quando ela responder a todas as perguntas, certo?

–--Sim, Soren. ---alguém respondeu. ---Posso fazer o que quiser?

–--Tudo o que for necessário. Não peça minha permissão, apenas faça.

As palavras de Soren teriam assustado Sam se ela não estivesse se entregando a inconsciência. A escuridão surgiu diante dela, e Samantha abraçou-a como um náufrago agarra um bote salva vidas.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que estão achando, por favor!



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