Licantropia: A Reserva escrita por Paulo Carvalho


Capítulo 21
Capitulo 20: Amizade Improvável.


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal!! Tudo bom??
Bem...faz algum tempo que não publico, eu sei. Me desculpem, mas minha escola está acabando comigo. Finalmente entrei em um breve período de férias (2 semanas, sério??) e posso voltar a pensar em Sam e Soren.
Para quem estava com saudades de Soren...aqui está!
Ahhh...e muito obrigado pelas mais de 1000 visualizações. Vc's são demais!! ;)



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Os dias seguintes se passaram na mesma monotonia cômoda e calmante que deixava Samantha satisfeita. A cada dia a mansão parecia mais limpa e mais organizada. Sam acreditava que em poucos dias estaria pronta para ocupação. Em seus cálculos determinou que todos da alcateia poderiam viver ali. Um pouco apertados, mas poderiam. E aquela possibilidade lhe deixava aflita.

Por mais que quisesse que as palavras ditas por Caly e Soren fossem reais, Sam tinha certeza que ainda era uma ameaça para aquele lugar. Talvez menor que os Nômades, mas ainda assim, uma lembrança incômoda de que algo poderia dar muito errado. Suspeitava que houvesse alguém de olho nela todo o tempo, mesmo depois de Sebastian ter partido para alguma outra função. Seria idiotice não deixar. Porém, mesmo observando todos ao seu redor, ela ainda não havia descoberto quem poderia estar vigiando seus passos. Por que me importo? Não irei embora mesmo, não é?

Era uma pergunta para a qual ela tinha medo da resposta. Se fugisse seria procurada por toda a alcateia em uma região na qual ela não tinha nenhum conhecimento. O mais provável seria que ela fosse capturada em alguns dias, senão horas e então morta com certeza.

Porém, a outra hipótese, extremamente improvável e risível, era que sua fuga fosse bem sucedida e ela alcançasse a Reserva. Mas havia aí outro obstáculo. Se, por algum milagre, Sam conseguisse chegar até os maravilhosos muros de proteção da Reseva cheios de humanos iguais a ela, seriam feitas centenas de perguntas no intuito de localizar e exterminar aquela alcateia. E Sam não queria isso.

Era uma sensação estranha que deixava sua cabeça doendo durante a noite. Ela não tinha a mínima ideia de como se sentia em relação aquele lugar. Primeiro fora uma ameaça a sua vida, cheia de feras que pareciam extremamente dispostas a lhe dilacerar. Essa primeira sensação se manteve por um bom tempo, até ela descobrir pessoas como Raniah, Caly e Soren. Eram boas pessoas que queriam, assim como Sam, sobreviver e estavam dispostas a praticamente tudo por isso. Não podia julgá-los. Ela também estava. Agora, sem ninguém lhe ameaçando a vida nas últimas semanas e conhecendo Sebastian e os outros membros daquela alcateia, o lugar lhe parecia quase acolhedor. Selvagem, duro e perigoso. Mas, seguro de uma forma estranha e complexa. A única coisa da qual Samantha sabia era que não queria machucar ninguém dali. Nem mesmo Oscar.

Em compensação, sentia-se enjoada sempre que pensava na Reserva. A raiva borbulhava em seu peito sempre que pensava nela. Nas primeiras semanas em que passara ali, sendo torturada e ameaçada de morte, a única coisa que a mantinha firme era a ideia de que logo as tropas iriam alcançar aquela alcateia e lhe tirar dali. Mas, dezenas de dias haviam se passado e nada. Aquilo só podia significar uma coisa: a Reserva não se importava se uma Impura estava viva ou não. Mesmo que ela estivesse cercada por uma matilha de licantropos. Não valia a pena o esforço de lhe ajudar ou de apenas acabar com alguns poucos infectados.

Ela ainda podia se lembrar da frase que eles repetiam toda primeira segunda feira de Março: o dia em que a Resistência havia integrado todas as Reservas e declarado infecção controlada. Todo humano importa. Mais uma mentira. Como tudo que haviam lhe contado quando ela era apenas uma órfã na cidade protegida. Você pode fazer a diferença. Apenas palavras vazias. Haviam lhe enganado quando disseram que ela podia ser uma geneticista e novamente quando lhe indicaram o cargo de Patrulheira. Mentiram quando disseram que ela não servia e mentiram para que ela aceitasse o posto de mensageira. Ela nunca havia acreditado neles. A única coisa que realmente via como uma verdade era Todo humano importa. Outra mentira. Enganações e farsas por todo aquele lugar. Samantha tinha certeza que odiava a Reserva.

Porém, era sua única outra possibilidade. Voltar ou ficar? Qual das duas é menos mortal? Sam sentia que não poderia ficar ali. Era uma situação insustentável que poderia se resolver sozinha da pior maneira possível. Por mais que pensasse, todas as noites durante horas, ela não via uma opção que lhe desse o que queria. Havia uma possibilidade. Sam estremecia ao pensar nela, mas ao mesmo tempo, parecia muito com uma luz no fim do túnel...

–--Começando por aí, a chance de ocorrer um deslizamento é cem vezes maior. ---uma voz profunda lhe tirou de seus devaneios.

Sam conteve o sorriso que ameaçou lhe surgir nos lábios quando o viu. Estava com o cabelo aparado, mas alguns fios negros caíam por suas têmporas. Parecia ter aparado a barba há algum tempo, mas uma sombra cinza cobriam toda a linha do maxilar forte e quadrado. Os olhos dourados pareciam maiores do que da última vez que os vira e os cílios negros e espessos ao redor eram incrivelmente delicados, contrastando com toda a aparência rígida e sólida de Soren. Ele estava encostado displicentemente sobre uma coluna, com os braços cruzados. Sam notou alguns cortes no seu antebraço esquerdo.

–--Eu...não havia pensado nisso. ---foi a única coisa em que conseguiu pensar.

–--Da última vez que a vi era mais inteligente. ---ele sorriu e seus olhos se contraíram levemente. Sam já percebera aquilo; era um sinal de que a estava provocando.

–--Minha inteligência não decaiu nesse curto espaço de tempo, não se preocupe. Eu só estava aproveitando essa trégua que tive longe de você e acabei me distraindo. ---ela respondeu com a leve ameaça de um sorriso.

–--Isso doeu, patrulheira. ---ele pôs uma das mãos teatralmente no peito. ---Se não fosse por mim, você estaria em uma prisão desconfortável sem sequer um travesseiro.

–--Tendo que ouvir sua péssima cantoria. Eu sei. Ainda me lembro. Foi a pior tortura. ---ela empurrou o pé de uma cadeira quebrada revelando um busto de mármore quebrado. ---Mas obrigada. Pelo quarto. ---acrescentou.

–--Sem problemas. Se não fosse por mim, você sequer estaria aqui, em primeiro lugar. ---ele piscou. ---Por que você não faz uma pausa? Todos tem direito a uma pausa, sabia?

–--Sei. Mas prefiro ficar aqui. É mais...

–--Seguro? ---ele sugeriu e sorriu. ---Eu entendo seu medo. Sou em grande parte responsável por ele, mas Sam, acredite em mim. Apenas uma vez. Ninguém vai tentar matá-la. A não ser que dê motivos para isso. Como você é a pessoa mais mansa desse lugar...

–--Cale a boca! ---ela respondeu irritada e Soren riu.

–--Vamos, Sam. Você não está cansada de olhar para essas mesmas paredes? Eu sei que sim. ---ele se aproximou. ---Não minta para mim. Qualquer ameaça e voltamos direto para cá, tudo bem?

–-- O que você pretende com isso? ---ela ajeitou os cabelos loiros.

–--Sério. ---ele ergueu uma sobrancelha. ---Eu não quero te matar. Tenho outros planos para você. ---Soren sorriu e piscou. Por alguma razão inexplicável, Sam enrubesceu e se odiou por isso.

Por fim, Sam decidiu segui-lo. Lado a lado, eles caminharam até a porta principal da mansão que já estava desimpedida. Os vidros haviam sido substituídos por metal, mas a superfície cinzenta brilhava sob o sol da tarde. O céu azul estava cheio de minúsculas nuvens cinzentas e um vento frio corria pelas ruas agitando folhas e papel para o leste. Com uma das mãos, Samantha amarrou o cabelo em um rabo de cavalo improvisado.

–--Então... como você está? ---ele perguntou e o desconforto era perceptível em sua voz.

–--Era para isso que você queria me tirar da mansão? ---Sam riu.

–--Viu? Eu estou tentando ser legal, mas você não deixa! ---Soren acusou,mas não parecia particularmente irritado.

–--Me desculpe. ---ela tentou conter o riso. ---Vou tentar. Eu estou ótima e você? ---ela se manteve séria por apenas alguns segundos antes de voltar a rir.

–--Esquece. A sua língua é cem vezes mais ferina que qualquer Filho da Noite. ---ele ergueu as mãos para o alto exasperado. ---Vou ser mais direto ao assunto. Eu sou uma espécie de treinador daqui.

Eles haviam parado em um dos limites da cidade. A cerca de arame formava um V naquele lugar e do outro lado havia apenas uma vegetação rasteira e poucas árvores ao redor de um lago verde-musgo com um cachoeira há sessenta metros à oeste. Soren se jogou na grade sem se preocupar se esta iria aguentar seu peso e cruzou os braços novamente.

Sam tentou ignorar a curva dos músculos de seu braço. Era irritante a forma como tudo em Soren lhe chamava atenção. Havia pouco tempo desde que Samantha notara o quanto seu captor era bonito. No início ele era apenas um selvagem qualquer que ameaçava sua vida. Mas, agora, quando o sequestrador parecia ter se transformado no seu maior defensor, os olhos da patrulheira insistiam em focar em cada detalhe do licantropo.

Os cabelos muitos escuros e ondulados eram bonitos, ela tinha que admitir, mas eram os olhos que a deixavam mais impressionada. Duas enormes esferas douradas e perfeitas que pareciam ouro líquido. Os lábios pareciam ter sido entalhados no rosto bronzeado e o corpo esguio e musculoso também atraia os olhos de Sam o tempo todo. Pare com isso. Qual o seu problema? Ele é bonito. Supere isso. Ela voltou a se concentrar no que ele dizia e percebeu que lhe fora feita uma pergunta.

–--Me desculpe. Eu não te ouvi. ---ela respondeu rezando para não estar vermelha.

–--Eu disse que sendo o treinador desta alcateia, tenho medo de que se por alguma razão tivermos de lutar, meus ´´soldados``–--ele fez aspas hipotéticas com os dedos. --- não estejam preparados. Pode ser que em nossas buscas, esbarremos em algum patrulheiro e pensei que talvez... ---Soren baixou os olhos tentando evitar encará-la.

–--Eu pudesse ajudar vocês, uma vez que sou da Reserva. ---Sam sugeriu com um sorriso. Lembrou-se do pedido de Caly e resolveu não comentar sobre os Nômades. ---É isso?

–--Sim. ---Soren respondeu e sua voz estava três tons mais baixos.

–--Bem...eu poderia. É claro. ---Sam sorriu ao ver a expressão esperançosa de Soren. ---Mas preciso ganhar algo em troca.

–--O que você tem em mente? ---Soren perguntou com as sobrancelhas franzidas, mas Samantha notou um vestígio de malícia em seus lábios.

–--É bem simples. --- Ela sorriu. ---Você só precisa implorar. A expressão de Soren quase a fez rir.

–--O quê?! Implorar? ---ele parecia realmente irritado. ---Por quê?

–--Vingança, apenas. Como não posso te aprisionar aqui, ver você de joelhos deve servir.

–--Você deve estar louca se acha que irei me ajoelhar! Não preciso tanto de sua ajuda assim. ---ele se endireitou e caminhou pesadamente pelo caminho de volta.

–--Quanto orgulho, Filho da Noite. ---Sam segurou seu braço e deu uma risada. ---Tudo bem. Eu ajudo vocês, mas lembre-se: está me devendo uma.

Soren se virou novamente e sorriu. Esqueça que ele tem um sorriso bonito. Foque na boca. Não! No que ele está dizendo. Isso. Sam contou-lhe tudo o que sabia sobre as técnicas de batalha da Reserva que poderiam ser úteis de alguma forma. Soren escutou tudo com muita atenção, seus olhos não se desviavam do rosto de Samantha. Passou-se quase uma hora quando por fim, ela terminou.

–--Acho que isso é tudo. ---ela disse. ---Se me lembrar de qualquer outra coisa, eu lhe conto.

–--Muito obrigado, Sam. --- ele sorriu. ---Acho que devíamos voltar, não é? Antes que eles pensem que você fugiu. ---Sam sorriu e acenou.

No caminho de volta ambos voltaram em silêncio. Sam tentava pensar em alguma coisa para lhe falar, mas nada que surgia à sua mente parecia bom. Ela queria saber quando ele iria visitá-la novamente, mas sabia que a pergunta geraria respostas sarcásticas que a deixariam vermelha ou com raiva. Antes de entrar, ela deu uma última olhada em Soren, tentando se convencer de que ele era comum, mas falhou miseravelmente. Tudo bem. Ele é lindo. Agora supere isso, droga!

–--Até mais ,Sam. ---ele se despediu com um último sorriso. ---E não se preocupe. Não esquecerei que estou te devendo.

A patrulheira apenas sorriu e observou a silhueta esguia do licantropo se distanciar em direção ao grande galpão de metal para o qual ela fora levada quando chegara à alcateia. Sam caminhou lentamente pelas escadas até seu quarto e imediatamente sentiu que havia algo errado. Ela girou no mesmo instante em que Serena fechou a porta atrás de si. A licantropa parecia exatamente igual à sua última lembrança. Selvagem e perigosa.

–--Se...serena. ---Sam gaguejou e seus olhos procuraram por algo que pudesse usar como arma. ---O que faz aqui? Soren, está lá embaixo. Eu...

–--Mentira. Eu sei que ele foi embora. ---ela respondeu. Os olhos verdes brilhavam como esmeraldas. ---Não se preocupe, pois não quero matá-la. ---a mulher se sentou na beira da cama despreocupadamente. ---Soren acabaria comigo se o fizesse. Além do mais, estou começando a achar que você não é um perigo para nós. Mas quero conversar com você. Saber se tudo isso é mentira ou não. Por que não se senta? ---ela ofereceu como se fosse seu quarto.

–--O que você quer de mim? ---Sam perguntou mantendo sua voz firme. Ela se posicionou próxima à porta. Sabia que não conseguiria fugir. Serena devia ser dez vezes mais veloz do que ela poderia algum dia sonhar ser, mas era sua opção mais viável.

–--Eu não acabei de dizer? ---ela perguntou confusa. ---Você não é tão inteligente quanto dizem.

–--É a segunda pessoa que me diz isso hoje. Acho que estou ficando burra. ---Sam respondeu irônica.

–--Se foi Soren que lhe disse isso, não leve a sério. Nada que aquele idiota diz pode ser encarado com seriedade se quer minha opinião. ---ela respondeu, mas o a ofensa pareceu estranhamente doce em sua boca. Por alguma razão, Sam não gostou daquilo. ---Mas, voltando ao assunto. O que eu quero saber é porque você não tentou fugir ainda?

–--Como assim? ---Sam perguntou debilmente. ---Você quer que eu fuja?

–--Não! ---Serena respondeu mordiscando uma das unhas. ---Eu teria de matá-la se fizesse isso e ainda não decidi se quero isso. O que eu quero dizer é que... eu tenho te observado há semanas desde que Soren lhe deixou sobre os cuidados de Sebastian. Se Soren é um idiota, Sebastian é a versão idiota dele. Para alguém como você, seria muito fácil fugir. Eu tinha certeza que Soren estava louco ou apa... ---ela parou no meio do caminho. ---Enfim. Resolvi que iria vigiar você, de qualquer forma. Pretendia provar para ele e Ran que você é uma ameaça sim. Mas, por alguma razão, você não saiu correndo na primeira chance que teve. Pensei que talvez estivesse esperando uma boa oportunidade. Na qual tivesse mais chances, sabe? Mas essa também passou e você não fez nada. Então, comecei a tentar entender qual era sua. Era uma espiã infiltrada? Ou só idiota? Então o que me diz? Porque você não fugiu? O que está esperando?

Sam se manteve em silêncio por um momento. Então era Serena que estava lhe observando. Ela nem sequer a havia visto. Sentiu-se estranhamente frágil com isso. Se não era capaz sequer de ver seus inimigos como pretendia combatê-los? Samantha encarou a mulher à sua frente que esperava por uma resposta.

–--Eu acho... que sou idiota, então. ---Sam cruzou os braços decidida. ---Você pode acreditar ou não, isso não é problema meu, mas eu não pretendo e nem irei fugir. A verdade é que odeio a Reserva. Talvez não tanto quanto vocês, afinal, não estão tentando me matar. Mas ela me deixou para morrer, de qualquer forma. Não pretendo voltar para aquele lugar. Também não tenho a menor vontade de ficar vagando pela floresta como uma louca, sendo caçado por Filhos da Noite, pumas e outros animais. Minha melhor opção é aqui. Vocês podem me odiar se quiserem, mas prefiro ficar aqui. Trabalharei onde for preciso e não causarei problemas. Toda informação que eu tinha sobre a Reserva já foi dada, mas juro que tentarei ajudá-los da melhor forma possível. Tudo que peço, em troca, é poder ficar aqui, vivendo com vocês.

Serena ficou em silêncio por alguns minutos. Os cabelos castanhos eram mais longos que os seus e iam até sua cintura. Ela era alta, esguia e tinha pernas de corredora. Era uma guerreira nata. Poderia matar Samantha com tanta facilidade quanto esmagar um mosquito. Por um tempo que poderia ter durado séculos, Sam ficou sem respirar com os músculos tensos. Não demonstre medo.

–--Entendi. ---ela caminhou até a porta e abriu. ---Você é louca, não idiota. Acredito em você, Sam. ---a mulher respondeu. ---Gosto de você, acredite se quiser. Se quiser uma dica de uma amiga: comece a pensar como parte desta alcateia e logo, logo eles vão tratá-la da mesma forma.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?



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