Jovens - Interativa escrita por Grind


Capítulo 20
Capítulo 20 - Baile - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Ele ia ser maior, mas eu resolvi dividir em dois - mais especificamente porque eu não iria conseguir terminar amanhã e sabe Deus quando voltaria a escrever com a volta as aulas.
Olha, sinceramente, eu A-M-E-I esse capítulo de coração. Espero que gostem também, juro que me dediquei - escrevo o dia todo, até as cinco da manha quando meus olhos já não aguentam mais xD
Eu li o livro A Seleção! Gente o que foi isso, não sei se sou Team Maxon ou Team Aspen, baixei A Elite veremos o que essas maravilhas faram.. ~inveja de gente ruiva depois desse livro ^-^
Tentei descrever a roupa de todo mundo - mas digamos que além de ser muita gente, descrever não é a minha especialidade - então fiz o que pude - coloquei links mesmo assim, caso não seja o suficiente.
OBS.: No caso dos links do Israel, Merak, Kaike, Logan são os atores dos personagens nas fotos sim pra que não se lembrar *--* - dois pacotes em um, o personagem e a roupa
P.S.: Respondo os comentários do cap passado assim que der ;)



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Jovens - Interativa / Capítulo 20 - Baile - Parte 1

– Muito bem - Laura passou a mão pelo rosto, se recuperando da melhor maneira que podia, fechou a porta atrás de si e apoiou as mãos no pé da cama de Andrew. Ela respirou fundo, como se finalmente o ar parecesse fazer o trabalho correto dentro de seus pulmões – Você está se sentindo melhor? Porque quase me matou do coração

Andrew sorriu com dificuldade, apesar de acordado, todo seu corpo estava dolorido, claro que ele estava tomando remédios para evitar as dores das queimaduras, e cirurgias que havia feito, mas nada era cem por cento.

– Melhor do que ontem acho – Mas a verdade era que queria voltar a dormir, não se sentia em condições para absolutamente nada que não fosse descansar, falar parecia exaustivo demais.

Laura fechou os olhos respirando fundo uma outra vez, como se a resposta que ouvira não lhe fosse o suficiente.

– O que aconteceu lá Andy?

Andrew desviou o olhar, estava suando frio. Laura estreitou os olhos.

– Olha, sei que pode ser um assunto ruim pra se falar agora, depois do que você teve que passar eu até entendo – As mãos de Laura se fecharam com mais força nas barras do pé da cama – Mas eu te conheço tempo o suficiente pra saber que você nunca é o herói da história.

Andrew fechou os olhos, sua boca estava seca. Tinha passado pelo mesmo interrogatório pelos pais na semana anterior nos breves momentos em que esteve acordado. E agora, completamente lúcido, ele com certeza preferia estar sobre o efeito dos remédios.

– Andrew – A voz de Laura era firme, ela não desistiria do assunto até obter todas as respostas que queria, estava odiando aquilo naquele momento, mas sabia que em situação contraria ele não seria muito diferente, eram irmãos no final das contas.

Laura respirou fundo outra vez, sua impaciência s estalando no ambiente. Ela puxou uma cadeira no canto do quarto trazendo para perto da maca, os olhos fixos no rosto do irmão que ainda se recusava a olha-la.

– Sabe que eu não vou sair daqui até que me responda. Eu não sou nenhum tipo de exemplo de altruísmo e você muito menos.

Andrew prendou o olhar ao cobertor, pinicava, mas ele tinha preguiça de pedir para enfermeira trocar, a incomodavam na pele do peito e da barriga distraindo-o das queimaduras que ganhara nas costas.

– Eu.. – Sua voz falhou – Eu tive uma recaída.

Ele finalmente a olhou. Laura não esboçou reação alguma, manteve-se em sua postura fina apesar das condições precárias em que a cadeira se encontrava. Ela parecia se negar a absorver as palavras dele.

Aquilo não era bom

Ela piscou confusa.

– O que disse? – Apesar da incerteza ele podia ouvir a ameaça implícita, Laura podia ser bem perturbadora quando queria.

Andrew voltou a olhar para o cobertor, sabia que nada adiantaria repetir, ela tinha escutado perfeitamente. E quando suas suspeitas pareceram se confirmar ela se ergueu em um pulo, deu passos largos até a porta, trancando-a e fechando as persianas da janela. Ela estava brava, muito brava.

E quando voltou a atenção ao irmão, não tinha um olhar nada amigável.

– Você o quê? – Sua voz estava um tom a mais do que o comum, Laura dificilmente se exaltava.

– Eu tentei, eu juro Lau, eu dei tudo de mim mas-

– Mas? – Dois patamares a mais, ela chamaria atenção de mais – Não existe ‘mas’ Andrew! – Ela bateu as mãos com força sobre o criado mudo ao lado da cama – Nós dois lutamos tanto – Ela se mostrou desapontada e Andrew sentiu seu coração apertar – Depois de tudo o que passamos na primeira vez, o que você tinha na cabeça?

Andrew fechou os olhos, mesmo que quisesse não teria conseguido esconder por mais tempo, certamente o alto índice de drogas deveria ter saído no exame de sangue assim que chegou no hospital, e seus pais já sabiam muito antes dele resolver contar. Porém na situação de Laura as coisas eram piores.

Com a irmã sempre viajando a trabalho, para desfiles, apresentações e eventos, Andrew não tinha muita companhia, os pais estavam ocupados demais com o trabalho e achavam que paparica-lo seria o suficiente para sua criação, mas com certeza não fora. Quando começou a pensar por si, já era um playboyzinho mimado que tinha todos na mão a hora que bem entendia e aquilo não era mais o suficiente.

Ele queria mais.

Um amigo indicou a boca de fumo, disse que, uma vez na semana, duas no maximo, não fariam dele um completo viciado. Andrew não se importava, tinha dinheiro, sempre teve, se acabasse viciando, não seria nada que seus pais não pudessem resolver.

Enganado, completamente enganado. Passara por tantos altos e baixos, que os pais não sabiam mais o que fazer, e quando a empresa entrou em crise e tudo que Andrew precisava era de dinheiro para se drogar era Laura e seu dinheiro quem os manteve estáveis. Não por muito tempo, como o dinheiro vinha dela, ela queria controla-lo e a amizade dos dois entrou em colapso, quando as coisas voltaram a se estabilizar Laura largou a função de modelo e futura atriz e batalhou com ele para largar o vicio.

Era Laura quem o trancava no quarto, mesmo com seus berros, protestos e ameaças, e quando desistia de lutar era o choro baixinho dela que escutava do outro lado da porta. Ela o ajudara a largar o vicio, e agora afundara tudo de novo.

– Me perdoe – Andrew podia sentir sua voz embargada, mas sabia que não choraria, Miller’s não podiam demonstrar fraqueza.

Ela fechou os olhos, respirando fundo outra vez, não pareceu satisfeita.

– Desde quando?

– Lau-

– Desde quando? – Ela o fuzilou, os punhos fechados contra a madeira do pobre cômodo.

– Desde que chegamos aqui.

Ela soltou um suspiro derrotado.

– Ah Andy – Ela voltou a fechar os olhos de forma cansada – Você não-

Houve batidas na porta.

– Eu posso entrar? – A voz de Michelle soou incerta do outro lado. Andrew tentou se acomodar melhor mas Laura permanecia séria como nunca.

– Você não vai abrir a porta? – Resmungou e ela o ignorou.

Laura destrancou e abriu a porta, não dando espaço para a outra passar. Michelle pareceu meio receosa.

– Eu – Ela engoliu duro – Interrompi alguma coisa? – Encarou a expressão dura de Laura.

Que se desfez em uma questão de segundos.

– Não, que isso de maneira alguma – Laura exclamou sorridente, os olhos brilhando – Mas se importaria se eu conversasse um pouquinho mais com Andy a sós? – Ergueu uma sobrancelha em uma expressão doce – É coisinha rápida.

Michelle pareceu mais relaxada.

– Claro, me chamem se precisar de alguma coisa. Vou estar lá fora.

Laura sorriu em resposta.

– Prometo não demorar – Disse uma ultima vez e fechou a porta com delicadeza. Andrew queria que aquela versão de sua irmã tivesse permanecido. Ela voltara a expressão fria.

– Você estava drogado quando a conheceu?

Andrew contorceu o pescoço incomodado, a palavra drogado parecia forte demais.

– Não precisa falar assim Laura-

– Estava ou não estava? – Ela conseguia pressiona-lo só com o olhar, independente do tempo que ele desviasse.

– Nós não nos conhecemos exatamente, e nem fomos muito bem apresentados. Eu ganhei a raxa que apostava um beijo dela e quando eu a vi-

– Você viu que ela era um doce de menina e caiu de amores por ela – Laura gesticulou de forma exagerada parando ao seu lado – Poupe-me de seu discurso apaixonado que eu já o ouvi varias vezes. Estava ou não?

Andrew trancou o maxilar com força, Laura não tinha o direito de ser tão fria sobre o que ele sentia.

– Que diferença isso vai fazer Laura?

– Que diferença vai fazer? – Repetiu a pergunta com a voz repleta de sarcasmo. Ela colocou as mãos sobre a cama, uma de cada lado de seu rosto. – Eu te conheço Andrew, e sei o quão psicótico você pode ser quando está drogado, e as palhaçadas que sua mente inventa por se julgar apaixonado.

– O fato de você se fechar pro mundo não me faz culpado de você não ter ninguém Laura – Ralhou de volta – É muito fácil pra você que não se apaixonou por ninguém sair apontando o dedo.

– Cale a boca Andrew – Expressou-se com nojo – Você vem falar de paixão pra mim quando se apaixona pela primeira garota que vê em qualquer lugar. Você diz amar todas e se nega a assumir compromisso sério, sua ladainha pra cima de mim, não cola.

Andrew queria poder se mexer como deveria, já teria afastado Laura e esbravejado tudo o que podia, independente se fosse ou não uma atitude sensata, o fato de estar preso a cama parecia enfurecê-lo ainda mais.

Laura recuou o corpo, recuperando a pose de modelo.

– Você vai terminar.

Andrew franziu o cenho.

– Como assim?

– Vai terminar – Agora seu tom era mais pacifico – Vai acabar com tudo.

– Eu não vou – Negou – Não posso, não depois de todas as esperanças que eu dei a ela.

– Devia ter pensado nisso antes de se drogar e sair por ai seduzindo garotas.

– Laura – Andrew queria ficar de pé, principalmente agora que ela parecia preparada para ir embora , olhando seu reflexo no espelho pequeno pendurado na parede ao lado da porta – Eu não vou fazer isso.

– Vai querer que eu faça? – Ela se virou, o ar confiante voltando a si – Não vai querer que eu faça isso, e se acha mesmo que também esta apaixonado por ela não vai querer vê-la passar pelo o que eu passei antes. Ela não faz parte do nosso mundo, e graças a suas atitudes idiotas, não vai poder fazer até que esteja limpo.

O suor frio ainda lhe escorria o rosto, a vontade de chorar parecia presa a garganta. Não choraria, Andrew não chorava.

– Mande-a entrar.

~*~

Israel pareia tenso quando Helena abriu a porta.

– Nós temos que conversar.

– Nós temos? – Helena piscou meio atordoada.

Israel esticou a cabeça tentando olhar trás dela. Helena fechou um pouco mais a porta impedindo-o

– Você está estranho.

– Quem está ai?

– Ah, deixa eu ver – Bateu o dedo indicador no queixo, com um ar irônico – Quem é que mora aqui... Logan, Genevieve, Dae... Mas se lembro, Dae saiu mais cedo.

– A gente precisa conversar em um lugar sem ninguém então – Revirou os olhos

– É sobre a Laura? – Helena cruzou os braços, a sensação que tinha era que a garota parecia ser sempre o assunto.

Israel suspirou alto.

– É.

– Então não – Helena ameaçou fechar a porta, mas ele a segurou antes que o fizesse.

– Não tenho tempo para sua implicâncias.

Helena estreitou os olhos, mesmo que resolvesse evitar o assunto agora conhecia Israel por tempo o suficiente para saber que ele traria de volta o tema na próxima oportunidade.

Bufou.

– Eu já volto! – Gritou para dentro do apartamento antes de sir sem dar tempo ao interrogatório do irmão sobre aonde iria, assim, em cima da hora. Israel não agradeceria, apenas concordou com a cabeça. Eles entraram no elevador.

– Você e Raymond vão sair mais tarde? – Ele não se atreveu a olhar para ela e ela também não fez, mantinham os olhos fixos na reforçada porta de ferro a sua frente.

– Não até onde sei.

– Porque eu não sei se a nossa conversa vai ser longa.

– Está começando me assustar.

As portas se abriram e eles caminharam em silêncio até chegar na calçada. Israel olhou para a própria moto estacionada e fez o caminho contrário. Helena apenas o acompanhou.

– Quando você sai com Raymond sobre o que conversam?

Helena franziu o cenho confusa, mas achando tudo muito engraçado.

– Pensei que o assunto seria Laura e não eu e-

– Helena – Ele parou respirando fundo – Só colabora nas respostas.

– Bom, é – Deu de ombros perdida enquanto voltavam a caminhar – Depende, acho que na verdade nem temos algum assunto.

– Tá bom, supondo que você saia com alguém, sobre o que vocês conversam? – Perguntou impaciente.

– Depende ué, se eu conheço essa pessoa, se é um amigo, ou se estamos saindo. Pode ser que eu fale de mim e essa pessoa dela, mas se somos próximos podemos apenas comentar sobre o que fizemos no dia, porque não tem necessidade de nos apresentarmos. Que diferença isso faz, você não tem assunto com a Laura? Não ia convida-la?

– Eu não convidei.

– O quê? – Helena queria rir, mas a julgar o temperamento de Israel tudo o que ela fez foi parar e sorrir, ele parou alguns passos a frente – Vocês estava todo decidido sobre isso até duas semanas atrás, e vem dizer pra mim que ainda não a convidou? Não sei se sabe, mas é nesse fim de-

– Eu sei – Ele a interrompeu – Mas como espera que eu a convide se nem assunto temos?

– Mas, então como vocês conversam? – Balançou a cabeça zonza.

Israel bufou de forma frustrada.

– Nós não conversamos exatamente, acontece quando a gente se encontra, mas não é nada produtivo o suficiente. Ela não quer cooperar e eu não sou do tipo que fala.

– Quando você diz que ela não quer cooperar-

– Ela vai dizer não.

Helena não se conteve.

– Então que diferença faz se você convidar? Está livrando da oportunidade de ser humilhado com um não na frente de todos que estiverem por perto.

Israel fechou os olhos, os ombros caindo em cansaço, ele parecia ter quebrado a cabeça o dia todo.

– Você está sóbrio hoje – Helena franziu o cenho, não era hora do almoço ainda, mas isso não o impedia de beber, principalmente por ser domingo – Por que?

Ele batucou a mão na perna de forma nervosa

– Está escondendo alguma coisa de mim Israel?

Ele suspirou alto outra vez, a mão passando pela nuca suada enquanto tentava olhar para qualquer outra coisa.

– Eu a beijei, outro dia, quando eu fiquei na faculdade até tarde.

Helena não esboçou reações.

– Isso é bom ou ruim? – Ela não parecia mais tão humorada – Porque você não me parece muito contente.

– Eu não – Ele fechou os olhos outra vez, inspirando devagar – Eu não sei.

– Israel acho que não estamos progredindo muito aqui – Ela avançou alguns passos – Se você não me passa as informações direito, não sei como espera que eu te ajude. O que ela disse?

Israel estava inquieto, como se lutasse uma batalha interna e ainda assim nenhum dos lados estivesse realmente vencendo.

– Eu não posso contar sobre o que conversamos porque seria injusto.

– Injusto? Você virou algum Clark Kent agora?

– Não é como se eu saísse por ai espalhando a estória dos seus pais pra Deus e o mundo, e o mesmo vale pra ela.

Helena fechou um dos punhos com força.

– Quer dizer que no status de amizade ela esta no mesmo patamar que eu.

– Não estou aqui pra falar sobre se o que temos é mais forte do que eu e ela ou vice versa.

– Nós somos amigos Israel? – Helena cruzou os braços, agora séria – Porque você não me parece muito certo disso quando diz ‘o que temos’.

– Somos amigos.

– Isso é um problema pra você? Ou pra ‘o que você tem com ela’? Eu não sou fofoqueira.

– Eu não posso contar.

–Ah que ótimo! – Ela bateu as mãos com um sorriso sarcástico – Nós temos segredos um com o outro agora, isso certamente fortalece ‘o que temos’.

Israel revirou os olhos.

– Eu não podia beija-la porque ela não superou um trauma ainda.

– Um trauma? – Helena franziu o cenho confusa – Um trauma sobre o que? Beijar caras? Todo mundo beija, é natural, se ela disse que não gosta, ela é doente.

Ele revirou os olhos novamente.

– Ah não ser que ela – Helena deixou a frase morrer – Bom, a julgar você se sentindo todo culpado deve ter sido alguma coisa séria. Você quer temas pra conversar?

– Eu quero que ela aceite o convite.

Helena suspirou.

– Eu ainda não concordo com isso, mas vou ver o que posso fazer.

~*~

– Eu não consigo acreditar! Como alguém consegue ser tão cretino? – Jell bagunçou os cabelos pela milésima vez andando de um lado para o outro.

– Eu ainda não entendi – Josh balançou a cabeça confuso de onde estava – Até ontem tudo era um mar de rosas e de repente ele termina tudo, qual o motivo?

– Algum blá blá blá sobre ele não ser o cara certo pra ela – Onix olhava as próprias unhas espreguiçada em uma das cadeiras.

– Tudo mentira – Jell balançou a cabeça enojado – Foi por algum outro motivo que ele resolveu poupa-la.

Brandon suspirou.

Ele estavam no auditório, que em finais de semana ficava disponível para os alunos tocarem, cantarem e coisas do tipo, mas o grupo resolvera usar para conversar.

– Como eu não percebi que ele não prestava? – Jell sentou-se segurando a cabeça com as duas mãos – Como eu costumo ser tão perceptível com essas coisas, tenho uma irmã mais nova.

– Qual é Jell – Brandon lhe deu tapas camaradas nas costas – Ninguém aqui podia prever, era só sorrisos sempre que se encontravam.

– Mas é claro – Jogou o corpo para trás com um sorriso cínico – Além de influenciar um amigo a roubar o primeiro beijo da garota, eu procuro me redimir jogando-a na direção do cara errado?! Grande exemplo de amigo eu sou.

– Informação demais Jell – Onix levantou o rosto da serie de cadeiras a frente – Informação demais.

– Ok – Brandon recuou devagar o braço olhando brevemente na direção de Josh na fileira de cima – Eu desconhecia a primeira parte, mas vou ficar quieto.

– Uau – Uma Michelle parou atordoada na porta ao se deparar com o grupo logo a frente – Estão... Todos aqui.

– Achei que ia ficar em casa – Onix franziu o cenho na direção da amiga que agora passeava as mãos pela alça do violão pendurado ao corpo.

Josh franziu o cenho, mas abriu um meio sorriso.

– Você toca Michelle?

A garota fechou os olhos enquanto suspirava, sabendo que o instrumento pendurado nas costas não passaria despercebido.

– Bom – Ela engoliu em seco olhando a volta – Eu estou um pouco enferrujada, mas já que você sugeriu Onix, acho que eu vou voltar mesmo e-

– Não, não, não – A negação veio de todos e ela teve que girar o corpo outra vez.

– Ah Michelle me de um abraço – Jell a abraçou antes de falar.

A garota permaneceu calada.

– Você está sofrendo tanto quanto eu?

A garota riu.

– Olha só – O comentário veio de Brandon quando ambos se soltaram – Ela sabe sorrir.

Josh revirou os olhos.

– Os comentários cômicos vem de mim antes de você Brandon – Colocou a mão sobre o peito fingindo um desapontamento – Aqui eu sou o Chandler e você é o Joey.

– O quê? – Onix balançou a cabeça confusa.

Brandon negou com a cabeça.

– Esse retardado tem passado todo o tempo livre assistindo Friends.

– Então eu quero ser o Ross e a Michelle vai ser a Rachel – Jell a apertou de forma exagerada contra o peito a fazendo rir.

– Por que eu não posso ser a Rachel? – Onix balançou a cabeça inconformada.

– Porque você é a Monica – Josh deu de ombros como se fosse óbvio.

Onix revirou os olhos.

– Vai tocar pra gente não é? – Brandon a incentivou, colocando os pés no banco e sentando-se no encosto – Porque não vamos você deixar sair daqui sem tocar.

– A gente – Ela balançou a cabeça meio desanimada, certificando-se outra vez se não tinha ninguém além deles. – Não é assim tão simples, eu tenho vergonha.

– Que vergonha o quê – Josh riu – Somos teus fãs antes de você resolver cursar música.

– Eu sou o fã numero 1 da Michelle – Jell a abraçou outra vez.

– Ah meu Deus – Disse entre risos – O que ele tem hoje?

– Peso na consciência – Onix resmungou.

– Olha eu até toco – Michelle soltou um suspiro derrotado – Mas agradeceria se não tocássemos no assunto Andrew Miller.

– Com toda certeza – Brandon fingiu passar um zíper nos lábios e Josh fez o mesmo.

~*~

–Oi! – Genevieve se jogou no banco do outro lado da mesa em que Laura estava. Laura arregalou os olhos pressionada.

– Olá.

– Você não foi no meu aniversário – A garota fez uma careta fofa.

Laura franziu o cenho.

– Como?

Genevieve voltou a sorrir gesticulando desnecessariamente.

– O pessoal – Balançou a cabeça com um sorriso contente nos lábios - foi comemorar meu aniversário no shopping, pensei que estaria lá.

Laura franziu o cenho, o que estava acontecendo, Genevieve nunca falara com ela antes.

– Acho que o convite não chegou a mim a tempo – Lançou o melhor sorriso que conseguiu – Sinto muito.

Ela virou a pagina do livro a sua frente, um vento gelado passou pelas duas.

– Não parece um lugar muito confortável para se ler – Genevieve voltou a falar, apoiando o rosto sobre as mãos de forma doce – Sabe, o tempo está meio nublado hoje, e acho que esse lugar seria mais apropriado para um piquenique do que para leitura. – Ela passou a mão pela madeira gasta da mesa – Uma toalha xadrez vermelha ficaria linda aqui se tivesse sol.

Laura suspirou discretamente, voltando o olhar a garota a sua frente.

– Nos conhecemos?

– Oh! – Genevieve exclamou exageradamente – Perdão, Genevieve, mas pode me chamar de Gê – E estendeu o braço.

Laura suspirou, ótimo essa songamonga ia tentar fazer amizade, vamos ver até onde ela vai.

– Laura – A cumprimentou com um meio sorriso – E acho que eu ia preferir uma xadrez azul e branca.

Genevieve sorriu outra vez.

– Como está seu irmão?

– Está se recuperando, vai levar um bom tempo até ele se recuperar totalmente, mas não dá pra acelerar o tempo não é mesmo?

– Sei que toda essa minha súbita aproximação possa ser estranha – O sorriso de Genevieve diminuiu consideravelmente – Mas é que desde que você chegou, não vi você falar com ninguém que não fosse seu irmão.

Laura suspirou.

– Eu não sou muito fácil quando o assunto é fazer amigos – Sorriu, mas não alcançou os olhos – Eu não vejo nada muito produtivo nisso, e tenho problemas demais pra desperdiçar conhecendo gente.

– Entendo seu ponto de vista – Gê cruzou os braços em uma expressão pensativa – Mas de qualquer forma eu vou tentar mesmo assi, apesar de a solidão ter algumas vantagens todo mundo precisa de alguém pra conversar de vez em quando.

Laura voltou a observa-la, um olhar mais critico agora, as pessoas dificilmente lhe dirigiam a palavra sem segundas intenções, sabia o suficiente quando alguém queria alguma coisa dela e conseguia descobrir antes de ter que passar por toda a fase de conhecer, e confiar.

– O que te move? Sei que é amiga de Helena, e se ela não mudou desde que nos conhecemos ela não fala bem de mim pras pessoas.

Genevieve sorriu, como se realmente tivesse contente, talvez por perceber que Laura não era tão burra como pensara que era.

– Eu tenho dois motivos sim, mas você me intriga e quero desvendar isso antes de resolver os outros.

– Seus dois motivos são seus ou de seus amigos? – Laura ergueu as sobrancelhas interessada – Dependendo do que isso me favorece já posso te livrar do fardo antes de qualquer coisa.

Genevieve umedeceu os lábios, a mente trabalhando de forma engenhosa. Claro que Raymond tinha influência em sua aproximação repentina, tinha rondado a garota alguns dias só pra saber como o dia dela funcionava, pra variar Helena tinha feito o mesmo pedido no final de semana com o único objetivo de querer saber o que Laura pensava sobre Israel pra facilitar o lado do garoto.

Mas agora com Laura ali a sua frente as coisas pareceram ser um pouco mais complicadas do que havia imaginado, Laura não era só uma garota bonita, vestida em roupas de grife com o sonho de ser atriz, ela era inteligente.

– Um amigo desconfia que te conhece de algum lugar, mas ele não se lembra da onde.

– Raymond?

Genevieve se acomodou impressionada.

– Uau, então vocês se conhecem.

– Raymond não é um grande exemplo de boa memória, e pras coisas funcionarem do jeito que eu quero, prefiro que continuem assim, sinto muito. E diga a ele que se começar a interferir demais ele não vai querer que eu espalhe o sobrenome dele por ai.

– Ok – O sorriso de Genevieve voltou a diminuir – Fase 2. Já tem par pro baile?

Laura franziu o cenho.

– Não. Por que isso é importante?

– Aceitaria se alguém te convidasse?

– Alguém quem?

Genevieve riu.

– Ué, o convite já não é algo bom?

– Depende de quem estamos falando – Laura riu, apesar de toda sua frieza ela ainda era uma garota – E se eu não o aprovar.

– Você o conhece – Deu de ombros.

– Eu conheço muita gente.

– Não te passa ninguém pela cabeça?

Laura suspirou, tinha realmente conversado com poucas pessoas. Andava tudo uma correria pra auxiliar a vida de modelo que sua mãe insistia para que ela voltasse, as aulas e estudos. Tinha nojo só de lembrar o almoço que tivera que passar no outro dia, depois da pior viagem de moto da sua vida. Os apertos de mão e sorrisos que fora obrigada a dar para tantas garotas que a tinham como inspiração, e empresários interessados em todo rabo de saia lhe davam vontade de vomitar.

Isso a fazia lembrar que ainda teria outro daqueles naquela semana. Além de Andrew, tinha conversado com algumas garotas de seu curso nas aulas, tinha provocado Helena conversando com Raymond e a ignorando por completo, ofendia Israel sempre que se encontravam.

Não, realmente ela não fazia ideia.

– Sinto muito, não tenho facilitado muito quando se trata de garotos.

Genevieve soltou um muxoxo desapontado.

– Isso é mal, se você tivesse pelo menos uma duvida já seria alguma coisa.

– Não vai me contar quem é não é?

– Não.

Laura voltou a abrir o livro.

– O que vai fazer amanhã?

Procurar onde meu irmão escondeu as drogas no quarto dele, pensou, antes que ele mesmo as ache e consiga um esconderijo melhor pra continuar usando.

– Nada.

– Que bom! Quero te ensinar a jogar boliche.

~*~

– Helena! – Logan esbravejou nervoso, torcia o fino tecido da gravata xadrez, mas nenhum nó decente parecia se formar, não estava calor, mas ainda assim ele podia sentir o suor frio lhe escorrer o rosto, precisava se acalmar – Helena! – Gritou outra vez, e houve protestos de algum lugar da casa.

– Eu não estou pronta ainda – Disse a garota quando abriu a porta do quarto do irmão com violência – E agradeceria se me desse mais alguns minutos.

– Eu preciso de ajuda – Desviou o olhar de sua figura bem arrumada no espelho para a garota encaixava os saltos aos tropeços. Helena se sentou na beirada da cama vendo o terrível trabalho que fora feito.

– Eu já te ensinei a fazer nó na gravata, deu pra desaprender pra gente se atrasar?

Logan revirou os olhos, tinha momentos que ele simplesmente não queria lidar com as ironias da irmã.

– Você pode só fazer o nó e calar a boca.

Helena revirou os olhos quando ficou de pé, levando alguns segundos para se equilibrar nos saltos altos. Ela desfez a bagunça que fora feita, respirou fundo uma ou duas vezes alisando o tecido com os dedos antes de fazer o nó em menos de minuto.

Ela sorriu vitoriosa.

– Bem mais apresentável.

Logan agradeceu em um suspiro de alivio e a irmã voltou a sair do quarto. Voltou a olhar sua figura perturbada no espelho. Ainda estava nervoso. O paletó estava pendurado em umas das cadeiras na sala de jantar, ele já havia conferido se estava tudo em ordem milhares de vezes, mas ainda não se sentia satisfeito. Logan se sentou onde Helena estivera. Precisava se acalmar.

– Genevieve vai demorar muito ai dentro? – Keira deu batidas insistentes na porta do banheiro feminino da casa – Porque eu ainda preciso- Fora interrompida quando Genevieve abriu a porta de forma sorridente.

– Todo seu – Balançou a cabeça em direção ao banheiro, desfilando para o lado de fora em seu vestido vermelho sangue, a parte da frente acabando-se em meio Às cochas, enquanto atrás alongava-se até suas canelas. Um cinto dourado preso logo acima do umbigo deixando-a mais alta. Os cabelos estavam soltos, cobrindo as alças do vestido.

– Você – Keira a seguiu com o olhar – Você pintou o cabelo?!

Genevieve sorriu enquanto olhava para o mesmo.

– Foi, ele já estava bem desbotado do azul então eu descolori e pintei de vermelho – Ela se sentou – Pra entrar mais no clima quente sabe?

Helena entrou no quarto com rapidez.

– Alguém viu o meu – A mesma parou logo em seguida, revezando olhares entre as duas e fechou a porta atrás de si, usando-a como apoio.

– O que eu perdi? Porque vocês já estão vestidas? Genevive você pintou o cabelo!

– Jura? – A outra fingiu surpresa e puxou um espelho sobre a cama – Meu Deus! Se você não falasse...

Keira riu e entrou no banheiro.

– Ah meu Deus, eu sinto que vou me atrasar – Helena tirou o plástico que envolvia o vestido depositado cuidadosamente sobre a cama enquanto se desfazia de suas atuais roupas com habilidade – Isso é um problema?

– Se Raymond também se atrasar não – Gê cruza os braços com as sobrancelhas erguidas – E você vai de branco?

Helena deu de ombros.

– Raymond veio com um blá blá blá de que se eu ficasse com as cores frias seria mais emocionante, ou talvez ele quisesse me ver enlouquecer com as poucas cores que eu teria pra escolher.

– Acho que pode ser um pouco dos dois.

Helena balançou a cabeça em resposta quando se ergueu, o cetim lhe descendo as curvas do corpo de forma perfeita, tinha um cinto largo e dourado logo abaixo do busto e toda a parte de ima era de renda, que tinha uma divisão bordada criando um decote meio escandaloso, se não fosse pelos saltos que esta usava ela sem duvidas estaria pisando na barra do vestido, os saltos eram um jogo de estratégia muito bem orquestrado com a peça. Genevieve balançou a cabeça em aprovação, uma divisa pouco acima da altura de um dos joelhos dava lhe um toque ainda mais sensual.

– Depois do baile vocês podem até passar em uma igreja. É a noiva mais sexy que eu já vi.

Helena revirou os olhos em desaprovação enquanto revirava uma de suas gavetas.

– Viu aqueles meus brincos que parecem perolas? Eu estava com eles semana passada.

– Os que estão em cima da pia do banheiro para a Keira pegar a qualquer segundo?

Helena arreganhou a porta do quarto com rapidez enquanto berrava o nome da outra.

– Helena você pode parar de gritar? – Logan gritou de algum lugar da casa – Eu pretendo chegar de bom humor lá

Genevieve levantou enquanto saia do quarto, aquele lugar estava uma loucura e nem sabia se o fato de Dae, um dos moradores, ter ido se arrumar na casa de Brandon era bom ou mal sinal. Conferiu se seus sapatos estavam confortáveis uma ultima vez, tudo o que menos precisava era pedir pra desculpa pra Logan pra voltar para casa mais cedo porque seus pés não eram capazes de se aguentarem por muito mais tempo. Que espécie de companhia seria ela.

Helena gritou alguma coisa do banheiro, e escutou os risos baixos de Keira. Logan surgiu de algum lugar caminhando de forma rápida em direção ao esconderijo das garotas com o pensamento de dar um fim a toda aquela demora.

Isso até esbarrar na desprevenida Genevieve durante o caminho, houve um breve riso da parte dos dois quando eles giraram e se seguraram um no outro pra não irem direto pro chão.

– Ah me desculpe eu não – Logan interrompeu a frase para observa-la, ele ainda mantinha as mãos firmes em seus antebraços.

Genevieve franziu o cenho.

– Tudo bem?- Soara mais com uma pergunta do que como uma afirmação. Logan desceu o olhar para seu corpo outra vez.

– Você vem sempre aqui?

Genevieve estreitou os olhos.

– Quase sempre – Tinha uma pitada de receio em sua voz, e ela sentiu suas mãos começarem a transpirar quando ele a encarou.

– Me desculpe por ser tão desastrado – Ela a soltou – Eu estava atrás da minha irmã, ela adora escapar de mim de vez em quando.

– Ela tem um bom motivo? – Genevieve cruzou os braços, estreitando os olhos, aceitando a brincadeira – Porque não vejo nenhum.

Ele sorriu ousado.

– Ela não se adaptou muito bem a ideia de sermos irmãos sabe – Ele solta um pouco a gravata no pescoço com certa inocência em sua expressão – É muito difícil pra ela ficar perto de mim.

Genevieve não consegue conter uma risada.

– É claro.

– Nossa, será que você não poderia esperar meio minuto? – Helena caminha pelo corredor enquanto arruma os brincos nas orelhas – Eu só estava procurando minhas coisas.

Logan estreita os olhos na direção da irmã.

– Você vai de branco? Com esse decote?

Ela parece suspirar como se tivesse escutado aquilo já dezenas de vezes.

– Cores frias, frio, gelo, branco, será que é tão difícil pra vocês fazerem as associações?

Logan ergue as mãos em sinal de rendição.

– Faça como quiser.

Helena voltou sua atenção a Genevieve.

– Você está pronta?

Genevieve afirmou e Lena puxou os cabelos para um único lado.

– Pode terminar de fechar esse zíper pra mim? Keira é uma estraga prazeres. – Genevieve caminhou-se ao tecido macio do vestido da amiga enquanto lidava com o zíper preso. – E Logan sua gravata está torta.

O rapaz suspirou enquanto fechava os olhos e voltava a se arrumar.

– Deve ser culpa sua certamente, foi você quem fez o nó.

– Mas isso não significa que eu esteja tão inquieto que não consigo deixar a gravata no lugar.

Ele revirou os olhos enquanto caminhava na direção sala. Genevieve reprimiu outro sorriso.

– Sobre o que vocês estavam conversando?- Dessa vez seu tom era baixo.

– Nada demais, ele se passou por desconhecido por causa do meu cabelo eu acho.

– Ou talvez porque você esteja um pecado – Helena se virou com um sorriso brincalhão nos lábios logo que o zíper subiu. – É uma grande possibilidade, não?

Genevieve abriu a boca pra responder, mas nenhum som saiu. O sorriso de Helena pareceu se estender.

~*~

– Então é isso? – Michelle colocou as mãos na cintura enquanto se virava para a amiga. – Será que eu esqueci alguma coisa?

– Não, você está perfeita – Onix passou a mão no cabelo uma ultima vez, mas Michelle ainda não se sentia muito animada.

– Não me sinto animada pra ir, talvez fosse melhor eu ficar aqui em casa. – Michelle abraçou a si mesma com um olhar perdido – Não consigo me ver lá, não depois ter imaginado duzentas vezes estando acompanhada.

– Ah mas você não pode deixar de se divertir por causa dele, tem que mostrar que é independente, que nós mulheres não precisamos dos homens para viver – Onix coloca as mãos na cintura com um sorriso fraco – Qual é, você não pode me deixar agora. Os meninos vão chegar daqui a pouco e não vai pegar bem só eu ali no meio.

Michelle se olhou ma última vez no espelho.

– Pode ir na frente, eu te encontro lá embaixo.

Onix hesitou um minuto antes de sair de forma silenciosa do quarto. Onix tinha retocado o azul do cabelo, e o vestido azul piscina apesar de simples com a fina faixa e o laço na cintura de cor azul marinho davam um toque jovial que Onix sempre transparecera.

Michelle olhou o vestido que escolhera de forma alegre, ansiosa, com o peito cheio de amor e carinho, não era longo, em um tom puxado para verde piscina, o busto vinha abarrotado de detalhes e pedrinhas.

Mas agora ela fazia juz ao tema escolhido, não tinha nem um pouco da empolgação que tivera no inicio de tudo, a imagem de Andrew com boa parte do peito, braços e costas enrolada por baixas ainda parecia lhe assombrar a mente. Ela não podia ser tão azarada assim para garotos.

Fechou os olhos inspirando fundo algumas vezes, apesar dele ter dito que ela deveria muito bem ir em sua ultima visita não sentia como se fosse a mesma coisa, e nem sabia se deveria gostar ou não da forma com que se sentia.

Inspirou fundo mais algumas vezes, escutou uma buzina de algum lugar longe e soube que seus amigos tinham chegado, a vontade de querer deitar na cama e se esconder do mundo embaixo de seus cobertores pareceu afligi-la outra vez.

Não, não.

Disse para si mesma, caminhou a passos firmes para fora do apartamento, o coração tomando as atitudes sem dar tempo para seu cérebro processar. Ela tinha imaginado aquilo o ultimo mês inteiro, não iria jogar tudo fora agora.

Acelerou o passo no hall de entrada quando as portas do elevador se abriram. Onix pareceu maravilhosamente contente quando a viu, houve alguns gritos de alegria no carro por parte de Dae, Josh e Brandon e Michelle se sentiu a vontade o suficiente para sorrir corada enquanto dava uma volta mostrando o conjunto completo.

Michelle recebeu palmas.

– É melhor nos apressarmos – Josh disse do banco do motorista enquanto a amiga se unia aos outros no banco de trás. Com o carro sem cobertura, Dae sentara no banco do passageiro e Brandon e Onix se acomodaram sobre o encosto do banco, os pés nos bancos e os braços soltos no colo, preparados para serem jogados ao alto quando o carro voltasse a andar – Se não Brandon vai ficar bêbado antes mesmo de entrar.

– É por isso que você não está dirigindo? – A pergunta veio de Onix

Brandon concordou levemente.

–Alguém precisa ficar sóbrio, eu achei que seria Dae por ele ser o mais certinho mas ele disse que pretende superar os próprios limites hoje.

– Desde que nenhum de vocês resolva vomitar por mim tudo bem – Onix trouxe o corpo de volta para frente em concordância com Michelle.

Houve uma animação exagerada quando o carro voltou a rua. Dae passou a mão pela nuca de forma tensa.

– Vocês podem gritar mais baixo? – Elevou a voz devido ao radio que parecia explodir com o som de Party People.

Josh revirou os olhos.

– Você precisa relaxar, nem chegamos e você já quer dar ordens.

– Eu não estou querendo dar ordens, é só que vocês – Dae fechou os olhos balançando a cabeça em negativo – Esquece

Não adiantaria nada debater sobre tudo aquilo.

Eles chegaram de forma rápida, mais rápida do que qualquer um pensara. Dae se sentiu mais aliviado quando o som se tornou apenas os da própria voz e dos amigos mais calma.

– Nós devemos entrar todos juntos, ou só que tem par primeiro pra que quem não tem se sinta menos mal? – Brandon colocou um dos braços sobre os ombros de Michelle.

Dae riu.

– Você não a convidou pra ir com você.

Brandon fez sua melhor expressão de desentendimento.

– Não, mas isso não me impede de entrar com ela, já que o parceiro dela furou, você sabe – Ele balançou a cabeça para os lados – Um cara entrar sozinho, mas uma garota é diferente.

Dae piscou algumas vezes ignorando completamente a presença de Brandon.

– Michelle quer que eu entre com você?

Onix riu de forma divertida. Michelle surpreendentemente tirou o braço da forma mais delicada que pode enquanto enroscava o seu no de Dae.

Josh gargalhou alto.

– Tá bom – Brandon afirmou se passando por ofendido – É isso que a gente ganha por tentar ser legal, beleza.

Michelle sorriu enquanto juntava seu outro braço ao de Brandon.

– Eu posso muito bem acompanhar os dois, já que não se sentem confortáveis entrando sozinho.

Houve outra risada de Josh enquanto se unia a Onix.

– Ok, acho que nós subestimamos você senhorita Carter – Josh pegou a frente enquanto caminhavam - Mas de qualquer forma eu prefiro entrar primeiro eu e Onix como pessoas normais pra vocês roubarem toda a atenção pra vocês depois se não se importarem.

~*~

– Onde está Jell? – Cris ergueu uma sobrancelha quando passou os olhos pelos amigos a sua volta e não viu o irmão.

Mek colocou as mãos no bolso de forma distraída.

– Ele disse que arrumou uma garota na ultima hora mas que tinha que busca-la, vai chegar só mais tarde.

– Cris – Cass indicou algo atrás da amiga com um meio sorriso – Kaike está vindo.

A garota se virou com rapidez no vestido azul e Kaike apenas sorriu em resposta enquanto se aproximava.

– Boa noite – Parou diante do trio.

– Preto? – Cris ergueu uma sobrancelha confusa, e Merak passou a mão pelas bochechas enquanto evitava sorrir. Kaike suspirou alto antes de literalmente olhar para baixo.

– É a segunda pessoa que me diz hoje, e eu não sei como não consegue pensar que, cores quentes, fogo, e como as coisas ficam depois de queimadas, pretas.

– Se você está dizendo – Cris voltou a se virar enquanto cruzava os braços, Kaike sorriu ignorando a desaprovação subtendida.

– Muito bonito o vestido Cass – Kaike sorriu de forma irônica, deixando claro que não sairia do pé dela pelo resto da noite. Cass sorriu em resposta.

– Nós vamos esperar pelo Jell? – Merak olhou a hora no relógio de pulso – Porque algo me diz que ele vai se atrasar.

– Entramos agora então – Cris enroscou o braço no de Kaike houve uma troca silenciosa de sorrisos. Deixando os nomes na entrada, a noite estava abafada. O salão era absurdamente grande, talvez fosse impressão, mas Merak se sentiu meio sufocado. Na entrada você poderia ver as pessoas mais a baixo, tinha escadas dos dois lados se encontrando e descendo juntas até o final, onde boa parte já estava.

– Se a faculdade pagou isso aqui – Merak murmurou – Certamente não tem álcool.

Havia algumas cadeiras e mesas dispostas à volta, mas as pessoas formavam suas próprias rodinhas e ninguém parecia interessado em se sentar, uma música gostosa tocava e poucos se encorajavam a dançar.

– Não está tão ruim quanto eu pensei – Cris comentou em descaso recebendo um aperto forte de Kaike – Isso doeu.

– O quê? – Ele a olhou curioso, Cris apenas revirou os olhos.

– A gente pode ficar por ali – Cass indicou um canto não muito longe, mas suficientemente iluminado, enquanto entrelaçava sua mão a de Mek e tomava a frente – Pelo menos até o Jell chegar com a garota misteriosa.

Os dois seguiram para um dos lados

– Engraçado como a Cass começou a tratar o bem o Mek do dia pra noite não?

Kaike deu de ombros.

– Você sabe o porquê?

– Que diferença isso faz – Sua resposta fora vaga, Kaike não era de dar respostas vagas. Cris desacelerou o passo.

– Tanto faz?

– Eles estão se dando bem, isso não é bom? O que importa o motivo?

Cris estreitou os olhos, conhecia tão bem a figura a sua frente que raríssimas vezes ele seria capaz de engana-la.

– Tem dedo seu nisso não tem?

– E que diferença isso vai fazer? – Ergueu uma sobrancelha com um sorriso safado nos lábios – É uma coisa minha e da Cass meu bem.

Cristal estreitou os olhos, odiava quando Kaike era vago, as respostas nunca eram suficientes, não tinha nada que ela realmente quisesse saber, e o conhecia tempo suficiente para saber que não importasse o tempo que insistisse, Kaike era muito bom com as palavras.

Cris bufou frustrada, teria que descobrir sozinha sem causar suspeitas, apesar de Kaike já saber e que certamente evitaria qualquer pista, o que só complicaria mais as coisas. Eles caminharam em silêncio.

~*~

Helena jogou o celular com descaso sobre a mesa enquanto se sentava em um ar de desapontamento.

– O que foi? – Genevieve franziu o cenho tirando a jarra da geladeira.

– Raymond disse que vai se atrasar – Resmungou sem emoção alguma – E não quis dizer o porquê.

– Quer que eu e Logan fiquemos pra te fazer companhia? – Colocou o suco de morango e dois copos – Eu posso dizer a ele que-

– Não – Balançou a cabeça em negativo e agradeceu pelo suco – Não precisa, eu fico bem aqui. Keira já saiu?

Alguém bateu na porta.

– Ué – Gê exclamou sem entender, Helena muito menos.

– Eu atendo – Keira chegou na porta antes que qualquer uma das duas se movesse.

– Olá princesa – Jellal sorriu largamente e a empolgação de Keira foi desaparecendo.

– O que está fazendo aqui? – Perguntou sem entender.

Ele balançou a cabeça como se fosse óbvio.

– Vim buscar você, o que achou que eu faria?

Keira riu.

– Não pode estar falando sério.

– Eu pareço estar brincando?

O sorriso de Keira morreu.

– Quem é? – Logan parou atrás dela e franziu o cenho – Não disse que ia acompanhada.

– Adivinha quem me comprou a camisa? – Jell fez uma apresentação exagerada da camisa debaixo do paletó.

Logan conteve um sorriso franzindo o cenho.

– Comprou uma camisa pra ele?

– Não! – Exclamou enquanto revezava olhares – Não exatamente, na verdade eu dei o dinheiro a ele mas isso não-

– Nossa Keira, você nunca comprou uma camisa pra mim – Logan levou a mão ao peito em uma performance exagerada de desapontamento – E não contou que tinha companhia, como somos amigos assim?

Keira estreitou os olhos, queria soca-lo, soca-lo muito.

– Some da minha frente Jackson

Logan riu enquanto se afastava. Keira voltou sua atenção a figura do corredor. Respirou fundo.

– Não sei se sabe meu bem, mas você não precisa necessariamente levar alguém com você, não vão te parar se chegar lá sozinho.

– Eu sei, mas isso também não me impede de levar alguém comigo.

Keira sentiu suas pernas estremecerem.

– O que te faz achar que vou sair daqui com você? – Cruzou os braços enquanto tentava se estabilizar no lugar.

O sorriso brincou nos lábios de Jell

– O que te faz pensar que vai sair daqui sem mim?

Keira abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela chegada brusca de Helena.

– Que bom que você arrumou par Keira! – Ela a empurrou para fora com um sorriso grande no rosto, Keira foi parar de forma desajeitada nos braços do outro – A gente te vê lá!

E bateu a porta com força. Keira se afastou com brusquidão forçando a maçaneta, estava trancada.

– Jackson! – Gritou recebendo risos baixos como resposta.

– Eu juro que não tinha planejado isso –Jell comentou de forma distraída – É como se eu realmente tivesse tomado alguma poção da sorte, porque na minha versão seria mais difícil.

Keira fechou os olhos respirando fundo. Muito bem, ela poderia fazer isso. Ela passou a mão pelo vestido uma ultima vez.

– Está linda princesa.

– É melhor que você tenha vindo de carro.

Ele a enlaçou pela cintura, ainda sorrindo.

– Nunca duvide de mim princesa – Ele sorriu terno, mas Keira ainda se mexeu incomodada – Eu posso ser bem persuasivo quando quero.

– Eu posso ser bem teimosa quando quero.

Rugas se formaram em volta dos olhos quando ele voltou a sorrir.

– Vamos – Ele uniu a mão a dela – Não queremos nos atrasar.

~*~

– Meu Deus – Onix praticamente gritou sobre o alto som da música Five More Hours– Pensei que Helena viria, ela estava toda animada sobre o assunto ‘baile’ no aniversário da Genevieve.

Michelle deu de ombros.

– Vai entender. Pode ser que ela tenha se atrasado ou coisa do tipo.

– Onde está Brandon e Dae? – Onix franziu o cenho confusa.

Michelle riu.

– Brandon pediu desculpa e foi se apresentar pra uma garota que viu na pista – A essa hora já tinha muita gente pulando – Dae foi procurar alguma coisa pra beber, e acho que já tem uma meia hora.

Onix revirou os olhos.

– Homens.

– Ai está você – Josh surgiu, o suor lhe escorrendo o rosto, tinha abandonado o paletó em algum lugar e a gravata estava pendurada no pescoço. Onix franziu o cenho horrorizada – Não pode ficar sentada a noite inteira.

– Não espera me arrastar no meio daquelas pessoas que devem estar em um estado pior do que o seu não é?

Michelle riu.

– Ele vai sim – Acomodou-se melhor no puff em que estava, Onix recuou o corpo.

– Pode ir lá Josh, estou conversando com Michelle agora.

– Ela não vai se importar – Ele a puxou pelo braço obrigando-a se levantar – Não é mesmo Mi?

A garota riu em concordância.

– Traição – Onix exclamou ao ser empurrada – Josh por Deus, eu não sei dançar.

– Ninguém sabe, por isso é tão bom – Ele sorriu – Licença Mi, já volto pra te buscar.

~*~

Helena abriu a porta possessa em menos de minuto quando escutou bater.

– Quando disse que ia se atrasar, não pensei que – Sua frase morreu quando viu Israel.

– Eu posso entrar? – Ele lançou um olhar rápido do vestido dela para o apartamento. Ela abriu espaço para ele passar meio zonza.

– O que está fazendo aqui? – Perguntou sem entender.

Ele puxou uma das cadeiras pra se sentar.

– Eu não a chamei.

Helena fechou a porta devagar, em completo silêncio, como se processasse o que ouvira, ele estava devidamente vestido, então quer dizer que ele ainda pretendia ir.

– Como assim você não chamou? – Exclamou incrédula – Não tínhamos conversado que Genevieve falou com ela e ela nem se quer considerou você como possibilidade? E que se olhássemos pelo lado bom, mesmo que ela te dissesse não, ela não diria de cara porque ia ficar surpresa?! Então você bate na minha porta, pra dizer que não a chamou?

– Eu não consegui esta bem! – Ele ficou de pé batendo as mãos na mesa – Mesmo que ela dissesse sim não teríamos assunto.

– Eu já não tinha falado que-

– Falou! Falou! – Ele começou a andar de um lado para o outro – Mas não é tão simples assim na pratica está bem?

– Israel do que você tem tanto medo? Não é como se a garota fosse te morder!

– Ela me chamou de modelo - Ele fez uma careta – Modelo Helena, é como se ela soubesse o quanto essa palavra me perturba. Eu estou fazendo teatro, eu vou virar ator, não vou passar o resto da minha vida desfilando em uma passarela!

– Se está tão convicto de que é isso que quer fazer da vida porque ainda assim ela parece ter te ofendido como se xingasse a mãe de alguém?!

– Eu não sei!

Helena jogou os braços pro alto.

– A essa altura ela já deve estar lá.

– Não está – Murmurou a contra gosto – Pedi a Brandon que me ligasse se ela resolvesse aparecer.

– Ah meu Deus – Helena levou as mãos ao rosto – Porque você precisa ser tão-

Alguém bateu na porta. Israel franziu o cenho.

– Está esperando alguém?

– Por que acha que estou aqui ainda? – Bufou frustrada enquanto abria a porta com brusquidão.

O sorriso de Raymond morreu ao ver Israel.

– Quando eu disse que me atrasaria, não era pra você chamar outra pessoa.

– Isso não tem nada a ver com você – Helena rebateu abrindo a porta de vez, voltando sua atenção a Israel – Você vai na casa dela.

– Helena estamos atrasados e você quer parar pra conversar? – Raymond tinha entrado, mas não parecia nem um pouco satisfeito.

– Cala a boca – Israel fez uma careta de nojo – Você não tá no direito de exigir nada aqui.

Raymond riu em desdém.

– Como se você fosse um grande exemplo.

Israel deu passo a frente e foi barrado por uma Helena irritada.

– Eu não tenho tempo – Ralhou, o rosto vermelho – Pra essa palhaçada de vocês dois, então quando quiserem brigar – Ela sorriu falsamente – Marquem hora e lugar, e não me contem, porque eu realmente não tenho interesse. Israel – Ela passou a mão pelo cabelo jogando-os para trás – Você vai na casa dela, vai ser gentil, e se oferecer para acompanha-la.

– Mas é claro, se ela estiver de pijama eu espero ela se arrumar.

– Se ela concordar em ir, sim, se ela dizer não, você vai mesmo assim, e bebe tudo o que tem direito pra afogar as magoas.

Ele revirou os olhos.

– Pode ir agora.

Ele bufou saindo a contragosto.

– Raymond – Ela respirou fundo se revirando e o mesmo sorriu.

– Helen - Suspirou de forma apaixonada, tipico quando ele estava para ser cínico.

– Espero que você tenha um ótimo – Ela deu eficiência a palavra como se deliciasse fala-la – Motivo pra atrasar uma hora.

– Meus pais me ligaram – Ele juntou as mãos em uma reza – Foram duas horas convencendo-os de que estava tudo na mais perfeita ordem e que não precisavam vir aqui me ver.

Helena estreitou os olhos, pelo que se lembrava da relação de Raymond com os pais as coisas eram horríveis, e ele os evitava a todo custo preferindo se contentar apenas com a mesada gorda que tinha. Quando não se tem pais presentes por muito tempo você aprende que se fingir que não se importa dói menos.

– Foi isso mesmo?

– Por que eu mentiria pra você? – Ele ergueu uma das sobrancelhas com um sorriso pervertido nos lábios – Aliás, você está linda.

– Eu estou sempre linda meu bem – Ela deu a volta apagando as poucas luzes acessas, e já no corredor Helena trancou a porta.

– A convivência com a minha pessoa tem feito de você egocêntrica minha cara?

– Por que acha que necessariamente a influência vem de você? – Certificou-se se estava tudo em ordem no espelho do elevador.

Raymond enfiou as mãos nos bolsos da calça dando de ombros.

– Sexto sentido.

Helena riu.

~*~

– O que está fazendo? – Keira cruzou os braços na calçada quando Jellal recuou até o porta-malas. Sentiu-se arrepiar quando uma brisa passou por eles, queria entrar de uma vez e sumir da vista dele no meio das pessoas.

– A universidade bancou a festa não é? – Ela não conseguia vê-lo com o porta malas aberto. O que ele queria com tudo aquilo.

– Sim – Suspirou esfregando os próprios braços.

– Então não tem cerveja e derivados – Ele colocou duas garrafas na calçada e voltou a pegar mais.

– É meio obvio não acha – Revirou os olhos, mesmo com Israel insistindo para a diretora ela não tinha dado o braço a torcer.

– Eu logo imaginei – Tinha umas seis garrafas na calçada agora. Ele parou para observa-la – Não vai querer me ajudar?

– Não.

Ele sorriu e tirou o celular do bolso.

– Sinto muito por te fazer esperar então docinho, mas preciso de gente lá de dentro então pra ajudar a levar isso.

Keira se apoiou na porta do carro.

– Me convenceu a vir com você porque comigo seria mais fácil entrar com elas? Não sei se vai funcionar, com certeza tem professores lá dentro, sentados implorando pra festa acabar.

– Não acha que isso pode anima-los?

Keira revirou os olhos olhando para cima.

– Você é completamente louco, se a diretora descobrir, vamos levar uma advertência das gordas, e basta três pra ser expulso.

Ele terminou de digitar, um sorriso perverso.

– Se você não contar, eu não conto.

~*~

– Ah meu Deus, Merak vocês enlouqueceram? – Cass esbravejou, não sabia da onde o rapaz conseguira um bar, talvez tenha conseguido do próprio salão, mas ainda assim, com o entra e sai de Kaike e Jell tinha o suficiente para deixar boa parte daquela gente bêbada a ponto de fazerem loucuras.

– Depois que você experimentar um shot que eu sei fazer com vodca de baunilha, suco de abacaxi e grenadine você não vai se arrepender – Ele sorriu sedutoramente enquanto colocava tudo em seu devido lugar atrás da bancada.

– Podiam ao menos ter nos contato – Cris bufou sentando-se em um dos bancos a frente, as pessoas estavam curiosas, mas ninguém além das duas tinha se aproximado – Me vê aquele que vai vodca, licor de framboesa e soda limonada.

– Vocês são loucos – Cass apoiou o rosto sobre uma das mãos.

~*~

Laura não se deu ao trabalho de secar o rosto quando resolveu abrir a porta. Se Israel estava inexpressivo antes dela abrir a porta, tornou-se mais difícil lê-lo quando a viu, que espécie de maldição era essa que ele sempre a via em seu pior estado.

– O que está fazendo aqui? – Sua voz não tinha a força que ela queria, soara mais como um sussurro desesperado de uma garota inocente. Fechou os olhos com força, outras lágrimas desceram e ela respirou fundo, ela tinha visita, precisava se recompor.

– O que aconteceu? – O tom dele foi baixo, mas ela não sentiu nenhum real interesse.

– Não aconteceu nada. – Ela desviou o olhar para os pacotinhos em cima da mesa, tinha cometido o erro de procura-los invadindo o espaço privado do irmão, e agora estava olhando para eles a cerca de uma hora, em seu vestido de festa e a maquiagem que nem começara a fazer abandonada na pia do banheiro.

– Bonito o vestido.

Ela passou as mãos pelo rosto.

– Obrigada. – Sua voz parecia mais estável.

– Você... Desistiu? – Ele não se ofereceu para entrar e nem para saber o porquê de estar chorando, ela só não tinha certeza se isso era bom ou ruim. – De ir, digo.

– Eu não tenho certeza – Ela passou a mão pelo rosto outra vez – Você desistiu? – Franziu o cenho, erguendo o corpo pela primeira vez, a respiração mais calma.

– Na verdade – Ela passou a mão na nuca – Eu vim convidar você pra ir comigo.

Laura queria estar surpresa, mas não estava. Se Israel não tinha demonstrado emoção alguma ela também tinha se mantido neutra. Ela ia dizer não, com certeza teria dito não, mas quando sentiu seu peito voltar a apertar por saber que pra fazer o caminho de volta pro quarto ela precisaria passar pelos saquinhos em cima da mesa foi obrigada a reconsiderar a ideia.

De nada adiantaria sentar e se lamentar, ela os queimaria na manhã seguinte e quando Andrew voltasse obrigaria ele a dar a elas os outros que não tinha encontrado. Esperaria ele usar os que ele afirmaria veemente não existir, e lidaria com a fase difícil que seria quando ele estivesse em crise, cedendo por mais.

– Se importa se eu der uma passadinha no toalete antes? – Ela abriu espaço para ele entrar indicando a porta do banheiro mais a frente – Espere na sala por favor.

Ele concordou em silêncio e sentou-se em um dos sofás. Ela foi a cozinha primeiro, a mesa estava ao alcance da vista dele e tudo o que menos precisava naquele momento era que ele soubesse mais sobre ela do que já sabia. Jogando tudo dentro de um saco plástico, escondeu dentro de uma das panelas embaixo da pia da cozinha, depois fez o trajeto até o banheiro, ela não correria, atrizes não corriam.

Sentiu-se um pouco mais aliviada quando a água gelada lhe atingiu o rosto, um refresco da qual ela certamente precisava. Tinha que ser rápida e precisa. Secou o rosto e fez uma maquiagem leve, um brilho nos lábios para finalizar já era mais do que o suficiente. Tinha feito aquilo tantas vezes que as mãos trabalhavam de forma habilidosa. Puxou os cachos loiros para trás, um rabo de cavalo alto que manteve o brilho das ondas por estar comprido, terminando alguns dedos depois do pescoço.

Um colar dourado no pescoço e ela estava pronta. A parte alerta de sua mente começou a berrar, perguntando o que Israel estava fazendo ali, o que ele pretendia com aquilo, e uma porção de porquês. Laura fechou os olhos. Não, ia parar de pensar loucamente sobre tudo a partir dali, sabia se cuidar, se achasse que as coisas não dariam certo pegaria a primeira esquina que levasse de volta pra casa.

Ia deixar pra se divertir como não fazia a muito tempo, só essa noite e amanhã as coisas voltam ao normal.

Respirou fundo, o oxigênio não pareceu suficiente.

– Eu estou pronta. – Tirou a bolsa de mão da cadeira quando atravessou o corredor

~*~

– O que foi? – Gê levou o copo que tinha a boca – Você está pensativo já tem um tempo.

– Essa aproximação – Logan indicou o casal sorridente bem mais adiante de forma discreta – ‘Raymond e Helena’ me perturba.

Genevieve revirou os olhos.

– Você não veio aqui pra ficar pensando o que está fazendo e com quem quando se trata da sua irmã não é?

– Claro que não, mas ainda assim – Ele cobriu o rosto com as mãos, mas abriu os dedos para observa-los – Eles parecem implorar pela minha atenção.

– Assim você me chateia – Genevieve fez biquinho de uma forma incrivelmente fofa.

– Por que? – Logan de repente pareceu preocupado e Gê evitou sorrir.

– Ué, eu até troquei a cor do cabelo, e você ainda está olhando pros dois, deixa eles serem felizes oras.

Logan sorriu como se finalmente escutasse algo de que precisava e puxou a cadeira em que estava para mais perto da dela.

– É verdade, me desculpe – Ele levou um dos braços aos ombros dela – Vou dar toda minha atenção a você agora.

– Se vai ser assim então – Ela ficou de pé puxando-o se muita força – Vamos ter que dançar.

Ele pendeu a cabeça para o lado.

– Sinto muito moça, eu faço administração, não dança.

– Grande coisa – Balançou a cabeça de forma esnobe, tentando levanta-lo, ainda sem sucesso – Eu faço Engenharia Aeronáutica benhê, tá pensando o quê.´

– E o que eu ganho se eu for? Os dois lados precisam sair ganhando aqui.

– Um ‘obrigada’ está de bom tamanho pra quem fica – Ela suspirou quando puxa-lo pelo braço não pareceu o suficiente – Falando de outra garota quando está acompanhado.

Logan pareceu dar-se por vencido.

– Muito bem pé de valsa você-

– Não, não – Ela cobriu a boca dele com uma das mãos quando a música foi trocada, era Step Up, Samantha Jade. O sorriso dela se expandiu – Rápido porque eu gosto dessa!

Logan suspirou alto e ela ignorou.

~*~

Michelle achou interessante do lugar onde estava como as coisas aconteceram, e se divertiu co a ideia de que o lugar em que estava parecia mais uma posição estratégica pra presenciar tudo. Foi uma certa surpresa quando Israel chegou acompanhado de Laura – em um vestido pêssego estonteante, seguia justo pelo corpo em um modelo tomara que caia, e logo abaixo do quadril a saia vinha plissada em espiral e quando a volta acabava, o tecido minha preso formando uma espécie diferente de babados para terminar.

E Michelle não soube se a cara que Helena fez, era uma coisa boa ou ruim. É claro que ela não foi a única a medi-los, Logan, Keira e até mesmo Brandon lançaram olhares demorados para os dois de onde estavam.

O bar recém montado de Jell estava fervendo, Merak pareceu ter algumas complicações no inicio quando a diretora jogou um questionário para cima dele, mas aparentemente ele conseguira contornar bem a situação, ou talvez fosse tudo temporário.

– Você não sabe – Um Dae derrotado se jogou no puff ao seu lado.

– O quê? – Apoiou o rosto sobre uma das mãos de forma curiosa. Dae tomou ar antes de falar.

– Eu me perdi no caminho da volta.

Michelle sorriu.

– Você se perdeu?

– Não, tem mais – Ele se acomodou melhor – Ai uma garota me puxou pelo braço, me convidando pra dançar com ela.

– Não!

– É! E eu não poderia fazer descaso com a moça não é mesmo? Então eu fiquei o tempo que foi necessário, e voltei o mais rápido que pude.

Michelle riu.

– Ah meu Deus, e por que não ficou por lá?

– E deixar você aqui sozinha? De jeito nenhum. Onde está Brandon?

– Com uma loira na pista.

– Aquele pilantra...

– As coisas vão ferver hoje.

– Por que? – Ele ergueu o pescoço para olhar a volta. Michelle ficou mais próxima.

– Se Israel ou Raymond beberem demais hoje, tenho quase certeza que eles não vão ficar só na provocação. Keira já deve ter virado duas garrafas sozinha, então eu meio que já espero que ela resolva fazer alguma loucura. Genevieve e Logan parecem bem, mas vamos ver como as coisas se desenvolvem.

– Meu Deus Mi, não podemos ficar sentados aqui como duas tias fofoqueiras – Ele ficou de pé lhe estendendo a mão – Vamos fazer parte dessa bagunça.

Ela levantou-se em um entusiasmo.

A poucos passos dali Raymond colou o rosto a orelha de Helena.

– Então para onde a moça vai depois daqui?

Ela riu.

– Depende do rumo das coisas.

– Sei – Ele sorriu – Então na minha casa ou na sua?

Helena gargalhou alto, mas não teve o efeito esperado pelo alto som da música. Apesar da proximidade ela lhe deu tapas camaradas no peito.

– Eu na minha e você na sua.

Ela tentou passar por ele, mas ele a trouxe de volta.

– Ah não Helen – Resmungou de forma mimada – Assim você me magoa – Ele escondeu o rosto no pescoço dela.

– Não pense que eu vou cair nesse seu truque, está bem? Já passamos por isso antes – Ela levou os braços ao pescoço dele com um sorriso convencido no rosto. Ele ergueu o rosto para olha-la, mas ainda sem se afastar.

– O quer dizer? – Perguntou ainda sorrindo.

– Acha que eu não sei que vai me paparicar o tempo que for possível, pra que a gente troque meia dúzia de beijo e você veja até onde consegue ir?

Ele continuava sorrindo.

– Por que acha que eu usaria essa mesma ‘tática’ sempre? – O aperto dele em sua cintura se tornou mais firme.

– Não sei – Deu de ombros – Só sei, que não vai funcionar. – E ergueu o nariz de forma esnobe.

Raymond foi obrigado a concordar.

– Muito bem. Eu faço uma aposta com você então.

– Uma aposta? – Repetiu em tom divertido – E o que você está planejando?

Ele aproximou mais o rosto do dela, as testas coladas.

– Aquele que beijar o outro primeiro – Sussurrou – Perde.

– E quem ganhar? Qual o prêmio?

Raymond franziu o cenho.

– Um beijo já não é o suficiente?

Ela sorriu.

– Vamos ver quem está resistindo a quem aqui – Ele recuou de forma súbita levando-a para fora do meio das pessoas – Vamos ver o que tem pra beber aqui.


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Notas finais do capítulo

Não tive tempo de revisar, me avisem qualquer errinho :3
Logan - http://cdn04.cdn.justjared.com/wp-content/uploads/2012/05/hemsworth-prestige/liam-hemsworth-prestige-04.jpg
Gê - http://25.media.tumblr.com/tumblr_m5mgvsT7F91r5e1hco1_500.jpg
Keira - https://tatamartinssoares.files.wordpress.com/2013/03/vestidos-romanticos-moda-2013-2.jpg
Helena - - http://vestidododia.com.br/wp-content/uploads/2014/12/Vestidos-longos-de-renda14.jpg
Michelle - http://g02.s.alicdn.com/kf/HTB1RgB_HFXXXXajXVXXq6xXFXXXe/New-Arrival-Girl-Party-Wear-Western-Dress.jpg_220x220.jpg
Onix - https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/e9/1f/c3/e91fc3aae352ea4e6b890b0dbb516bf1.jpg
Dae - http://i01.i.aliimg.com/img/pb/614/759/409/409759614_152.jpg
Josh - http://g03.a.alicdn.com/kf/HTB1qUt_IXXXXXXMXXXXq6xXFXXX1/Actual-Images-Vogue-Groom-font-b-Tuxedos-b-font-font-b-Red-b-font-Solid-Men.jpg
Brandon - http://1.bp.blogspot.com/-7DJrFlfV0fQ/UU1IaBea1HI/AAAAAAAAMI0/5rWaGLXjEjw/s1600/Untitled-2.jpg
Cris - http://g01.a.alicdn.com/kf/HTB1slQbGFXXXXXdXFXXq6xXFXXXX/222236881/HTB1slQbGFXXXXXdXFXXq6xXFXXXX.jpg
Mek - https://uploads.socialspirit.com.br/proxy.png?t=aHR0cDovLzQxLm1lZGlhLnR1bWJsci5jb20vMTA1NzMxZDYzOWM0ZTM4MzFkODk1NzAxZjgxYjJjNTgvdHVtYmxyX21rcGg5bVFmMFcxcWlrMmJ2bzFfcjJfNTAwLnBuZw==&s=73468ec53d0b4df236debffe47f6f516
Cass - http://www.topswedding.com/images/dress/5582/Glamorous-fuchsia-long-lace-beaded-applique-dress-with-short-sleeves-and-cut-outs-back-EVD1002-01.jpg
Kaike - http://www.fashionsubmarine.com/wp-content/uploads/2012/01/07-chris-hemsworth.jpg
Salão - - http://3.bp.blogspot.com/-TUp341IC_do/VRmRf3Y28RI/AAAAAAAAIEM/1t_UkCT2JNk/s1600/Imagem%2B(24).JPG
Jellal - http://g03.a.alicdn.com/kf/HTB1LMfQIFXXXXbXXXXXq6xXFXXXL/New-Arrival-Groom-Tuxedos-font-b-Suit-b-font-font-b-Light-b-font-font-b.jpg
Israel - http://image.thefashionisto.com/wp-content/uploads/2012/04/seanuk8.jpg
Raymond - http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/cz/57/js/cz57jstjw3714qwkj0tc3mbfq.jpg
Laura - http://36.media.tumblr.com/751137033097c59d6e9f2da3a285e21c/tumblr_nn2pvfqyAA1tmqlcko1_500.jpg