Midnight Virus escrita por Cat


Capítulo 2
Lost Somewhere


Notas iniciais do capítulo

Pois é, nesse capítulo já voltei a história ao tempo normal. Espero que esteja bom!



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A sensação era maravilhosa. O vendo contra seu corpo em alta velocidade, a grama mal sentindo a pressão de seu peso, por estar correndo daquela maneira.

Seu corpo já havia esquecido como era o gosto da liberdade. Tinha a mente livre de inibições, medos e tudo que não tivesse física habilidade em ajuda-la naquela corrida sem outros participantes.

Hazel vivia pelos outros. Por sua tia, por sua irmã, por seu pai que só mandava cartas. Tinha que ser madura, e ser completamente útil aos outros. Mas agora, ela não tinha mais preocupações.

Sua metade besta só queria saber em correr. Em explorar seus músculos fortes, mas que não tinham uso. Seu olfato sem falhas, que era tão útil para ela quanto os olhos são úteis aos homens. Sua audição sobrenatural, que podia ouvir até mesmo sussurros que são ditos à mais de duas milhas de distância. As presas afiadas e sempre prontas para qualquer tipo de inimigo que pudesse encontrar.

Mas Hazel sabia que estava sozinha, em milhas e milhas. Desviava com facilidade de grandes pinheiros e arbustos, e mesmo que estivesse na forma de uma besta simplesmente gigante, passava silenciosa como um gato. Sentia-se livre.

Numa clareira grande com um riacho, ela parou. Não estava cansada, mas estava tentando se controlar antes. Não estava acostumada a ser tão resistente. Claro, seria mais fácil se ela pudesse ter um tutor.

Andou devagar até o córrego límpido e viu seu reflexo. Aquele animal enorme de pelos brancos como a neve e olhos vermelhos como sangue a encarava de volta. Antes, ver seu reflexo como besta a assustava. Não queria ser um monstro. Mas agora, era normal. Comum. Nenhuma novidade.

Um som mínimo a tirou de seus devaneios em uma pancada. Conseguia ouvir, perto de si, uma respiração. Talvez uns dez metros de distância. Haviam a achado. Virou devagar, e o barulho parou. Em algum lugar entre todo aquele mato e árvores, havia alguém. Pelo cheiro, forte e ácido, um homem. E se a essa altura não havia fugido, era um caçador.

Hazel tentou identificar sua posição. E o mínimo movimento dele foi suficiente. Ela se pôs a correr em sua direção, e ele fugiu. Mas não foi longe. Era um homem rápido, furtivo, sabia por onde ir para tentar despista-la. E ele teria conseguido, se ela fosse só um lobo.

Ela o perseguiu até uma barreira de árvores, raízes e pedras, a “parede de Connecticut”. Não tinha saída. Não era o que ela queria fazer, mas aquele homem não poderia sair de lá tendo a visto.

Ele parou de correr, e começou a sacar uma espingarda para ataca-la quando viu sua situação. Mas Hazel foi mais rápida. Seu maxilar se fechou com uma força tremenda ao redor do homem, rasgando sua barriga. Ele deu um berro estrondoso e gutural, mas não durou muito. Seu corpo caiu no chão como um boneco inanimado.

Não posso dizer que parte de Hazel não gostou da sensação.

Ela chegou à cidade quando o sol se punha. Torrington era uma vila pequena no interior de Connecticut, com casas alemãs e a grande maioria das pessoas arianas.

Sua casa era mais afastada, na região de fazenda. Hazel prendeu o cabelo negro enquanto andava na estrada de terra. Os últimos pássaros soltavam seus cantos para irem dormir junto com o sol que repousava.

Ao longe, o seleiro vermelho começava a aparecer, junto com a casa de dois andares de sua tia. Ela morava lá com sua irmã Jaime e tia Lys. Subiu os degraus da varanda correndo, e abriu a porta. Na sala, Jaime falava no celular enquanto a TV estava ligada no jornal. A notícia não era muito boa.

– Há alguns minutos, o corpo do caçador e pescados Gerry Whick foi encontrado na Parede de Connecticut. Sinais de mutilação animal foram identificados em seu tórax. Especialistas suspeitam que a praga de ursos possa ser a responsável, o que poderá levar à...

Hazel foi mais rápida e desligou o aparelho, antes que sua irmã começasse a suspeitar.

– Ei! – Jaime reclamou, tirando os cabelos loiros dos olhos – Eu estava assistindo!

– Tem coisa melhor pra ver do que essas notícias que não acrescentam nada na vida ninguém.

– Hazel, tá tudo bem? – ela levantou e ficou de frente para a irmã. – Você parece estranha. Aconteceu alguma coisa hoje?

– Claro que não. – Hazel foi até a cozinha, e Jaime a seguiu.

– Tem, tem sim. Aconteceu alguma coisa na sua caçada hoje... – Jaime se interrompeu. Agora estava entendendo. – Aquele homem! Foi você, não foi?

– Fale baixo! – Hazel acenou, espiando pela porta. – Onde está tia Lys?

– No bingo, onde mais? Relaxe, só estamos nós aqui.

Houve um minuto de silêncio.

– O pai mandou outra carta? – Hazel se apoiou na ilha de centro da cozinha, soltando as cataratas negras que eram seus cabelos e cruzando os braços.

– Na verdade, mandou. Deixei no seu quarto.

Ela não esperou mais nada. Hazel correu escadas acima, para seu quarto. Tinha se apossado do sótão, e o deixado do jeito que a agradasse.

E lá estava, sobre sua cama, a folha amarelada escrita a mão, a caligrafia de seu pai, homem que nunca havia visto nos vinte e três anos da sua vida.

Queridas Hazel e Jaime.

Mal posso esperar para ver as duas. Na verdade, todos no acampamento sempre parecem ansiosos em conhece-las. Imagino como devem estar agora. Sua mãe estaria orgulhosa. Espero que já considerem vir para o acampamento uma escolha. Muita coisa está prestes a mudar, e prefiro que estejam aqui, onde posso assegurar a segurança das duas como alfa. Não confiem em ninguém. Não tardem em nos prestar uma visita.

Carinhosamente

Jorge C. Bryar.

Hazel sentou sobre sua cama. Seu pai sempre as convidava para que lhe visitassem. Talvez devesse.

Ela guardou a carta em sua gaveta, junto com todas as outras. Trancou-a com a chave que carregava em seu colar, e entrou no banheiro. Seu reflexo foi a primeira coisa que viu, uma imagem verdadeiramente assustadora.

Seus cabelos enormes e ondulados faziam um emaranhado caótico, armando. Seus olhos azuis como céus celestes estavam rodeados por olheiras de cansaço, parecendo murchos e sem toda aquela eletricidade que irradiava deles. Seus braços tinham muitos arranhões de hoje mais cedo, quando voltou a sua forma convencional e tropeçou numa pequena muda de laranjeira, cheia de espinhos. Sua boca estava sem cor, e ela não parecia nem de longe a mesma Hazel que era pela manhã.

Ao entrar no chuveiro, suas feridas arderam como se estivessem em chamas. Seu cabelo deu trabalho para desembaraçar, e ela quase desmaiou de cansaço uma vez ou outra.

Saindo, colocou uma blusa folgada e apenas sua calcinha, caindo na cama sem previsões próximas para acordar.


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Notas finais do capítulo

E então? Melhoras? Críticas? Elogios?



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