"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela." Charles Chaplin

Era horrível me sentir sozinho no meio da guerra. Era horrível não ter um ideal. Era horrível só lutar para sobreviver. Mas era bom sentir o perigo. Eu não queria trabalhar nas fábricas, afinal, o dinheiro era o mínimo que eu podia ganhar com isso. Eu queria viver, nada mais. Já tinha sugerido várias vezes à Maggie que valia a pena fugir, mas eu entendia o lado dela. Ela tinha uma família linda que precisava dela. Na verdade, eu não entendia muito sobre família, já que eu não tinha uma. Cresci sem pais, cresci nas ruas e depois tive ajuda da mãe da Maggie. Ela era a mãe que eu não tive, e eu me sentia como parte da família. Era por isso que eu me arriscava a roubar comida nas áreas proibidas: eu não tinha medo de morrer.

Todos os dias, eu fugia dos civis, dos trabalhadores e dos fazendeiros. Eu tinha mais inimigos dos que os próprios políticos do Primeiro Estado. Roubar era uma consequência do caos em que o mundo se encontrava. Não tínhamos condições de vida e vivíamos se escondendo dos assassinos.

Eu adorava passar os dias com a Maggie, o único problema era que ela vivia reclamando que eu fazia coisas erradas e que eu não deveria me arriscar daquele jeito. Eu tinha pena dela, pois passava os dias trabalhando na fábrica e ela não merecia sofrer tanto pela família dela.

O que eu mais odiava no segundo estado era que éramos submetidos quase todo dia a ouvir os políticos. Quase sempre paravam nossos trabalhos para ouvirmos baboseiras e ver o que aqueles idiotas tinham para nós. O nosso governante era Richard Melbourne. Tinha esse nome por ter nascido na antiga Austrália e ter feito muito pelo país em sua época. Era um idiota como todos os outros.

Meu único sonho era sair daquele estado. Eu só queria ter uma vida digna e não ter que roubar para sobreviver. Eu sabia que era algo impossível se eu o fizesse sozinho, mas assim como a família dela, Maggie precisava mais de mim do que eu dela.