Ginger and Green escrita por rapha


Capítulo 7
Pain


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Espero que gostem deste capítulo!
Não se esqueçam de comentar!!
Boa leitura! ;)



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A Gabriella ainda permanecia sentada no meu sofá. Com um olhar distante, frio e vazio.
Tê-la na minha vida outra vez era uma ideia louca e demasiado assustadora. E eu não sabia explicar o porquê. Simplesmente ainda não estava a digerir bem tudo o que se tinha passado.
Continuava eu com os meus pensamentos, até que ela me chamou a atenção:

— Err.. Ariana eu tenho que ir... O James está à minha espera e eu não quero que ele fiquei preocupada comigo, sabe? Por isso... Nos vemos por aí, né? - disse e deu-me um beijo estalado na bochecha, deixando o lugar quente.

— Sim claro! Hum... Gabriella?

— Oi?

— Amanhã queres jantar comigo aqui em casa? Hum.. Eu sei que me estou a precipitar um pouco, mas eu só quero resolver as coisas entre nós.. - disse levemente ruborizada

— Eu já tenho... Tenho coisas combinadas.. Mas deixa elas pra lá! Eu venho jantar com você. Porque eu também quero resolver tudo entre nós duas - disse esboçando um sorriso

— Oh que bom, pensei que ias recusar! E eu prometo que cozinharei bem! Até vais ao céu! - disse ficando um pouco envergonhada com as segundas intenções da minha frase

— Vai me levar ao céu, é? Gosto dessa ideia... Mas você já está acostumada não é mesmo? De tantas vezes me levar... - disse soltando uma risada
"Ruiva safada.. Por que é que eu falei naquilo? Merda.."

— Pois tens razão.. Levava-te tantas vezes que até só se ouvia a tua voz soar nas paredes do paraíso.. - disse entrando no jogo dela, deixando-a vermelha e embaraçada.

— É isso aí... Bem vou indo! Vejo você amanhã?

— Com certeza

E lá foi ela outra vez embora ter com o outro. Mas de uma coisa eu tinha a certeza...

Ela vai voltar.

 

 

Passei o dia todo a pensar no jantar que ia ter com ela. Tê-la novamente próxima a mim era, sem dúvida, um grande teste de auto-controle passados estes anos todos. Estava muito nervosa.
Então para me tentar distrair, resolvi ir para o estúdio pintar um bocado e depois ir ver alguns empregos para ocupar o meu tempo.
O meu sonho era sem dúvida abrir uma galeria ou então escrever uma obra literária de muito sucesso. É.. Eu sonho alto.
Estava a adiantar algumas pinturas e a escrever alguns rabiscos quando decidi pegar no jornal para procurar alguns empregos. Vi tudo desde empregada de limpeza, a empregada de mesa e de bar. Tudo trabalhos que eu odeio. Frustada, decidi fechar o jornal e ir ás compras. Comprei vegetais, carnes e peixe frescos e dos mais caros; comprei o melhor vinho lá do supermercado; comprei um excelente champanhe; e comprei todos os ingredientes para fazer um bolo delicioso. Devem neste momento estar a perguntar como ela cozinha se quase ela nunca come, não é? Mas eu como e bem. Sempre gostei muito de cozinhar e aprendi maior parte das receitas que utilizo devido à minha querida avó e mãe. Cozinhar sempre foi uma coisa que adorei sempre fazer. Simplesmente adoro.

Cheguei a casa novamente cheia de compras. Mas graças aos deuses, foi a Grace, aquela menina que tinha conhecido no jantar do George, que me ajudou.

Abri a porta e fui logo arrumar tudo no sítio.
Como a minha casa era bem arrumada e muito bem decorada, tinha tudo que precisava para o jantar de amanhã.

Durante aquele dia, praticamente não fizera mais nada tirando comer, pintar e escreve, e ver séries de TV.
Estava com um nervosismo dos diabos. Aquele jantar ia ser a minha morte, de certeza. O meu maior medo era fazer alguma coisa que prejudicasse ainda mais a nossa situação, e eu não queria isso. Então envolta em pensamentos, decidi deitar-me para ver se adormecia para ver se acalmava e se passava aquele tumulto todo.

Mas não adiantou.

Foi mais uma noite em branco.

 

7:00 am

Ainda não tinha dormido quase nada, talvez umas duas horas. O meu estômago e o meu coração estavam numa sintonia perfeitamente acelerada que me enlouquecia e o meu cérebro não parava de mandar sinais nervosos a todo o meu corpo.
Passado duas horas decidi levantar-me e comer alguma coisa. Peguei numa barra de cereais e comi.
Decidi então ir à minha pequena biblioteca para ver se tinha lá algum livro com receitas, para eu ter ideias para o jantar. Obviamente que não vi nada de jeito por isso desisti ao primeiro livro de receitas que li. Por isso decidi fazer uma das receitas que a minha avô me ensinou, mas mesmo assim decidi pesquisar mais um bocado. Porque, quem sabe se não encontro algo extremamente romântico? É espero bem que sim.

Mas uma coisa me incomodava, o meu nervosismo. Aquele jantar estava a dar comigo em louca. Eu já nem sabia o fazer. Até fui para o espelho praticar algumas falas que me ajudem a conquistá-la. É decididamente que não estava bem.

 

6:00 pm

Depois de muitas receitas e de muitas folhas de papel lidas, decidi escolher uma que tinha aprendido com a minha avó. Era uma receita italiana que envolvia massa com carne picada e molho de tomate caseiro no forno. Era realmente um prato delicioso. Decidi então começar a preparar tudo para depois ir tomar um banho digno de rainha. Coloquei a massa no forno durante 1h30m e fui me preparar.
Optei por tomar um banho de espuma para ver se acalmava os ânimos. Estive lá cerca de meia hora. Sai e fui ver alguma roupa que me agradasse.
Eu realmente sempre tive um problema de moda. Sendo eu uma excelente artista, sempre estive acostumada com roupas largas e descontraídas que dessem para borrar de tinta. Por isso as minhas escolhas eram relativamente poucas. Só que la no meio da confusão daquele armário, deparei-me com um lindo vestido preto, com cauda de sereia e um corte em coração à frente. Era realmente muito elegante e foi exatamente essa a minha escolha.
Depois calcei um sapato de salto alto vermelho muito simples, mas glamoroso; e no cabelo, simplesmente sequei-o e fiz um penteado muito simples e coloquei uma maquiagem muito leve mas bonita.
Finalmente preparada, fui tratar da comida. Coloquei a mesa com algumas pétalas de flores, nomeadamente rosas vermelhas; coloquei umas velas para dar ambiente e coloquei os pratos, talheres e copos de vinho e de champanhe. Entretanto, com tudo pronto, só me faltava mesmo esperar.

 

8:00 pm

A campainha toca e o meu coração dá um salto. Era ela.
Com muito cuidado fui abrir a porta e o meu queixo caiu. O QUE ERA AQUILO? UMA DEUSA? UM ANJO? É HOJE QUE VOU MORRER!!
Ela estava linda.. Tinha um vestido vermelho com um decote provocante, que mostrava os seus seios volumosos, fazendo a minha parte de baixo latejar.
Vinha com um salto igualmente vermelho muito básico e os seus cabelos vinham soltos e a cair em cascata e tinha uma maquiagem leve. Ela estava uma deusa.
Parei de babar e concentrei-me nela. Aqueles lábios vermelhos vivos estavam a deixar-me maluca. Eles eram tão convidativos.
Foquei-me na fala e pronunciei:

— Err olá! Estás linda.. - disse deixando-a envergonhada

— Oi! Você não fica nada atrás sabia? - dizendo isso, abraçou-me a cintura e deu-me um beijo no rosto e eu fiz o mesmo
Senti-la perto era um desespero absoluto. Naquele momentos só me apetecia agarrá-la ali. Que tesão.

— Bom ainda bem que vieste! O comer já está pronto e comprei o melhor vinho lá do supermercado - disse sorrindo

— Você deve ter gastado uma pipa de massa só por causa de um vinho! Você é maluca! - retorquiu um pouco chocada

— Eu faço tudo por ti - dizendo isto, arrependi-me logo de seguida, porque um estranho silêncio ficou instalado naquela sala.

— Eu sei disso.. - disse sorrindo - Eita, vamo comer? Estou cheia de fome!

— Tu não mudas pois não?

—Sabe bem que não - rimos e fomos para a mesa

Enquanto ela se sentava, eu fui buscar a comida e o vinho. Sentei-me e começamos logo a comer.
A Gabriella praticamente devorava a massa. Ela nem conseguia falar. Ela só gemia e dizia que estava uma delícia. Típico dela.
Mal acabamos de comer, fomos para a sala beber champanhe.

— Então me conta.. Como anda sua vida? - perguntou Gabriella com um copo de champanhe na mão

— Normal.. Nem bem, nem mal e a tua?

— Bem, quer dizer.. Eu quero que ela esteja bem mas ela não quer sabe? É uma porcaria.. - disse levemente triste

— Não fiques assim, tudo passa.. Sabes bem disso

— É.. Não sei não Ariana..

— Vais ver que sim - disse segurando-lhe a mão

— Eu estou bem, mas falta alguma coisa em minha vida, só que eu não sei.. O que será? Quer dizer.. Até sei, mas mesmo assim me está deixando louca

— Exatamente como eu...

Ficámos em silêncio a apreciar o champanhe. O efeito da bebida estava a causar-me efeitos não lá muito agradáveis, fazendo a minha vontade de a beijar crescer ainda mais. Virei a cabeça para olhar para a janela, quando senti um toque no meu queixo

— Ei.. Vira pra mim - disse com a voz baixa e rouca
Virei para ela e logo os nossos olhos se conectaram. O castanho sobre o verde fez soltar uma faísca entre nós. O fogo outrora apagado, fora aceso num ápice.
Ela lentamente foi-se aproximando, já sentindo o seu hálito fresco na minha cara. O tempo estagnou, mas as respirações e os corações aceleraram. De repente os nossos lábios juntaram-se e tudo desmoronou. Sentir aqueles lábios outra vez, era pura fantasia. Era bom demais para ser verdade.
Mas como um carro passa na estrada, o nosso beijo cessou e uma mão atingiu a minha cara.
Eu fiquei em choque e ela também. Eu olhava para ela chocada, sem reação. Mas ganhei coragem para falar:

— Sai Gabriella, sai - ela já estava a chorar em choque pelo que tinha feito

— Me.. Me desculpa Ariana... Eu re... Eu realmente pe... Peço desculpa...

— SAI GABRIELLA, VAI EMBORA!! DESAPARECE CARALHO!!
— ME DESCULPA ARIANA! Eu não quis, eu... - empurrei-a até à porta - ARIANA NÃO ME FAÇA ISTO!! ARIANA!

— SAI GABRIELLA, DESAPARECE POR FAVOR!!

— ARIANA ME ESCUTA.. EU.. - interrompi-a

— TU NADA! SAI!! - empurrei-a para a saída mas ela não ia

— ARIANA POR FAVOR!!

— QUANDO CRESCERES VOLTA GABRIELLA, eu espero por ti. Mas agora, por favor, VAI EMBORA!

Ela olhou para mim já com lágrimas a cair-lhe pelos olhos. Eu já não aguentava mais. Ela quebrou o meu coração e eu nunca esperava isto dela. De súbito, um misto de revolta, dor, raiva, angústia, invadiu-me. Ela foi sem olhar para trás. Magoada e arrependida. Mas não havia volta a dar. Ela magoou-me e por mais que a amasse, estragou tudo aquilo que eu tinha arranjado. Mas  isto também teve pontos positivos. Aquele beijo, aquele toque, aqueles lábios... Ah que saudades. Nunca pensei que um só único beijo, pudesse despertar tantas emoções numa só pessoa. Mas com ela certamente isso acontecia. Aquelas saudades que eu outrora tinha antes de a ter novamente, voltaram mas com uma intensidade brutal e muito maior. Era algum mágico. Era como estivesse a viver um sonho e um pesadelo em simultâneo; como se o Bem se unisse com o Mal e forma-se este sentimento novo.
É difícil de explicar, demasiado até. Mas eu não quero saber. O que ela me tinha feito era quase imperdoável. Realmente fiquei abalada com aquela situação toda.
Na verdade, isto não era comparado ao que eu lhe fiz. Nada mesmo. Mas eu sou uma completa masoquista. Eu simplesmente ando a correr atrás de uma pessoa que já não me quer e ainda tem a lata de me bater. Que burra.
O problema nisto tudo é que ela era tudo para mim. E mesmo estás situações, parece que fortaleciam o laço que nos unia. Unia e fortalecia mais o nosso amor. Ela era o meu abrigo, o meu resguardo, o meu tudo e o meu nada, o meu céu e o meu inferno, o meu branco e o meu preto, a minha felicidade e a minha tristeza... Era o meu único amor. A minha perdição. O meu sufoco. A minha luxúria. O meu pecado. O meu desejo. A minha safadeza. O meu desatino. A minha loucura. Tudo. Tudo. Tudo. Simplesmente não consigo explicar mais o que ela era para mim. Só sabia explicar a única coisa que aprendi com ela. Ela iria estar comigo sempre e para a eternidade. E eu amava-a por isso. E por muito mais.

Bati com a porta com uma força brutal. Eu estava destruída, despedaçada. Um sentimento pérfido assombrava a minha alma. Como ela pode fazer aquilo? Como? Foi ela que me beijou! Não teve sentido algum.
Mas naquele momento já nada me importava. A dor era demasiada para eu estar acordada a suportá-la. Então, joguei-me no sofá, e tentei suportar a dor que assolava o meu peito. Mas era tão impossível de aguentar que comecei a chorar que nem um bebé, e esperei que aquilo tudo passasse e que fosse só um mero e simples pesadelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!
Não se esqueçam de comentar e de acompanhar!!
Até ao próximo capítulo!
Beijos!