Ginger and Green escrita por rapha


Capítulo 5
Fever


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!! Desculpem a demora e espero que estejam a gostar da fic!! Comentem e acompanhem sempre!!
Boa leitura!



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                              Fever cuz I'm breaking
                                        Fever got me aching
                                       Fever, why don't you explain? 
                                      Break it down again 

A quebrar novamente, a doer novamente... O buraco no meu coração outrora fechado e curado, abriu-se outra vez. Por que é que eu não lhe expliquei? Porque é que eu a deixei? Estou a quebrar novamente.
Deixo a febre me invadir lentamente, a febre que ela me deu, deixando-me quente, a queimar nas brasas do seu amor e do seu ódio. Perco-me nos caminhos das curvas do seu corpo, deixo-me embriagar pelo seu cheiro. Alguém que me salve, alguém que traga um remédio. A febre não me deixa, a febre de estar sem ela.
Enquanto a febre me consumia deixei-me levar pelo papel e pela caneta:

"Febre dói. Consome lentamente cada parte do meu corpo.
Estou quente, estou em brasas
Mas ninguém entende.
Saudade queima, amor arde
Eu sei para onde tenho que ir, mas vou chegar tarde
Febre que magoa, que me faz ficar perdida
Febre, já não aguento. Febre, temo pela minha vida
Necessito de ajuda, preciso de arrefecer
Estou demasiado quente. Febre, não quero morrer
Estou na estrada, não tenho caminho
O único que avisto é o teu desvio.
Febre, vai embora. Febre, leva-me para a escuridão
Não consigo encontrar o caminho de volta
Febre, dá-me a tua mão.
Febre, está a doer. Febre, estou em chamas
Febre, já não consigo. Febre, porque não me amas?
Febre, quero fugir. Febre, já é demais
Aconchega-me no teu ser
Febre, não me soltes mais."

Lágrimas já escorriam pelos meus olhos, cada palavra era uma faca a ser espetada no meu coração. Ela era a minha febre. Gabriella era a febre que me destruía, que me consumia a cada segundo. A dor dela foi transmitida para mim. E assim a febre foi subindo.
A dor de não tê-la, a dor de perdê-la e a dor da culpa juntaram-se todas e formaram uma dor fisicamente impossível de suportar. O meu corpo já não tinha ação, estava em chamas, os meus olhos estavam baços e com lágrimas caindo como cascatas; o meu coração batia por obrigação. Já não tinha noção de nada, perdi a noção de tempo, de espaço, de tudo. Nunca soube a falta que ela me fazia, até perdê-la. Naquele momento, entendi o porquê daquela frase "Só valorizamos quando perdemos" ter tanto sentido.
Não aguentei mais aquela dor e simplesmente cai no chão, inconsciente.

Acordei com uma dor terrível na cabeça, e com uma dor insuportável que invadia o meu corpo. Reparei logo que estava na cama, e fiquei-me a perguntar como fui lá parar. Ao meu lado estava alguém com um copo, que presumo que fosse de água com açúcar, na mão. Fiquei com a vista menos embaciada e notei que era o George. Ele estava com um ar de preocupação e com os olhos um pouco vermelhos, devido à falta de sono.
O seu semblante mudou logo mal eu abri os olhos, denunciando alívio. George passou a mão na minha face e falou:

— Poça rapariga, que grande susto me deste, ufa! - disse sorrindo com alívio

— O que se passou?– curvei a minha cabeça, para saborear melhor as carícias de George

— Eu vim aqui à tua casa, perguntar-te se querias ver um filme, mas ninguém me respondeu. Então bati cada vez mais de força na porta mas ninguém me ouvia, então arrombei a fechadura e quando entrei vi que estavas desmaiada e comecei a desesperar. Peguei em ti, levei-te à cama e esperei que acordasses. E depois fiquei aqui contigo a dormir com um olho aberto para ver se continuavas estável. E é um alívio ver-te acordada.

Que coisa.. Não me lembro de ter caído, nem de ter desmaiado. Só me lembro de estar com muito calor e de ter uma dor insuportável por todo o corpo. Só isso...

— Eu entendo... Eu sou médico aqui num hospital próximo e nunca vi ninguém com uma reação assim como a tua. Estavas realmente muito quente... Não entendo. Mas pronto, o importante é que estás bem ou pelo menos melhor - disse afagando o meu cabelo

— Tens razão, obrigada por tudo – sorri-lhe

— Bom, agora tenho que ir trabalhar. Deixei um cartão com o meu número para me ligares se precisares de algo, ok?

— Sim, obrigada

— Vá vê lá se cuidas melhor de ti

Deu-me um abraço e um beijo na testa e foi em direção à porta

— Eu cuido sim, obrigada

Sorri para ele e num instante ouvi a porta a bater.
Vi o George ir embora e deixei-me estar por mais tempo na cama, ainda sentindo aquela dor insuportável, mas já não tão insuportável.

Estive na cama por mais umas horas quando ouvi o meu telemóvel tocar. Levantei-me e fui atender. No meu visor estava o nome "George". Eu realmente não me lembrava quando fiquei com o número dele, mas isso não era interessante.

"Estou?"

"Sim George"

"Então estás melhor? Já descansaste o suficiente?"

"Sim já, obrigada. George uma pergunta rápida: Como conseguiste o meu número e como é que o teu número está guardado no meu telemóvel?"

"Ahhh isso, erro meu não ter explicado. Bom enquanto estavas doente, eu vi o teu telemóvel e um cartão com o teu número nele. Então peguei no teu telemóvel e marquei o meu número de propósito para te ligar agora e para que, em qualquer circunstância, já teres acesso para falar comigo. E depois como é óbvio fiquei com o teu para poder te ligar, e é isso!"

"Ah ok, já entendi"– e dei uma risada

"Bom Ariana, eu liguei-te agora também para te perguntar uma coisa"

"Fala então"

"Eu hoje vou fazer um jantar especial e vou convidar todas as pessoas do prédio que são provavelmente mais três pessoas e como eu queria te conhecer melhor e assim, pensei que pudesses aparecer para jantar"

"Sim claro! Aliás vai-me fazer muito bem!"

"Então até logo menina, vê se cuidas de ti"

"Eu cuido George, vá até logo, beijinho!"

"Beijinho querida"

Desliguei a chamada e como não tinha nada para fazer fui para o meu novo estúdio, ainda por estrear.
Aquela divisão estava uma pura confusão. Era só caixas por todos os lados. Então meti mãos ao trabalho e comecei a organizar tudo, colocando tudo consoante os meus gostos. Passado duas horas de trabalho árduo, o estúdio estava devidamente arrumado e com um ambiente digno de artista. Orgulhosa com o meu trabalho, decidi começar a pintar algum quadro para descomprimir e esquecer de tudo o que se passou nestes últimos dias.
Comecei a pintar uma paisagem rural, com montanhas, árvores e imenso espaço verde. Depois pintei o céu, com um tom alaranjado e azul, dando a sensação que o sol se estava a pôr. Por instinto comecei a desenhar duas pessoas sentadas na relva, a apreciar a paisagem. Uma delas era exatamente como eu e a outra penso que não preciso de explicar. Terminei o quadro em menos de duas horas, porque o meu estômago já estava a roncar.
Finalizei, retocando algumas partes, e afastei-me da tela para a observar melhor. Mal vi as duas pessoas sentadas, a dor voltou. Eu tinha desenhado as nossas figuras, perfeitamente nítidas ao olhar. E, assustando-me tanto com o quadro, cobri-o com um pano e deixei-o estar lá.
Sai do estúdio ainda um pouco atordoada e fui comer algo. Coloquei uma piza no forno e depois fui comer.
Quando acabei, fui ver um bocado de TV perdendo completamente a noção das horas e quando vi que eram 18:30, dei um pulo do sofá e fui logo direta para o banho. Tomei um duche rápido, passei um creme hidratante e fui escolher a roupa. Optei por um vestido vermelho simples, que sobressaía o meu rosto e também o meu corpo. Depois estiquei o cabelo e deixei-o com um ar natural, e pus uma maquiagem muito leve e passei batom vermelho nos lábios. Olhei-me no espelho e não estava nada mal, até estava com boa cara.
Dei uma última olhada e fui rumo ao apartamento do George. O George mora praticamente no andar de cima na segunda porta. Subi as escadas e bati à sua porta. Logo veio ele, com uma garrafa de vinho na mão e um avental com corações extremamente gay. Mal me viu deu-me logo um abraço.
 

— Olha ela!! Aí estás tão linda, meu deus!! Babei!!– disse olhando-me de cima a baixo - ainda bem que vieste
 

— Vá não te aproveites de mim hahaha e obrigada! Não estás nada mal também!– e realmente não estava mesmo mal. Vestia uma camisa azul escura com bolinhas, calças azuis escuras e uns sapatos bege, extremamente lindos e o cabelo loiro desalinhado, dando-lhe um ar charmoso. É, não estava mesmo nada mal.
 

— Anda, entra! Vem conhecer os nossos vizinhos!– fechou a porta e puxou-me pela mão, todo animado.
Os vizinhos eram um pouco estranhos, tirando um que me chamou muita à atenção. Mal os meus olhos pousaram nele, fiquei com uma grande sensação de incômodo, como se ele tivesse algo que me pertencia. Expulsei estes pensamentos e concentrei-me nos vizinhos. O primeiro que cumprimentei chamava-se Azrel e era um moreno de olhos verdes, alto e todo musculado. Mas de certeza que jogava na outra equipa, pelo menos pelo jeito de ser e de falar. O outro vizinho era uma rapariga chamada Grace, era uma típica loira de olhos azuis, baixinha e gordinha. Era muito bonita e muito simpática. E por fim fui cumprimentar aquele que me chamou à atenção. O seu nome era James e era um homem muito bonito. Tinha olhos castanhos claros, barba por fazer, cabelo desalinhado, um sorriso brilhante, era alto e musculoso. Um autêntico deus. Mas algo nele me incomodava. Só não sabia o quê.
Depois de conhecê-los, ficamos todos a falar até que veio o George

— A comida está pronta, só falta chegar a namorada do nosso querido James.

— É verdade, ela é sempre a mesma. Uma atrasadinha! - disse ele esboçando um sorriso.
Aguardamos mais um bocado, por meio de risos e de algum vinho e petiscos, até que a campainha tocou.
Confesso que não prestei muita atenção a quem entrou, até que ouvi aquela tão conhecida voz. O meu mundo voltou a cair. Virei, então, lentamente a minha cabeça para a direção daquela voz. Ela estava linda. Cabelo solto a cair em cascata, maquiagem não muito carregada, mas que ficava-lhe perfeita e um vestido preto com um decote generoso e um salto preto básico. O James logo se levantou e deu-lhe um beijo nos lábios. O meu estômago logo se embrulhou e uma sensação de enjôo invadiu-me.
Ela ainda não tinha reparado na minha presença. Talvez uma parte de mim queria que ela me encarasse, mas a outra parte queria que ela nunca reparasse que eu estava ali, a respirar o mesmo ar que ela.
Quando ela se aproximou para cumprimentar toda a gente, eu já senti o seu aroma doce, deixando-me ainda mais agoniada. De repente, os nossos olhares se cruzaram e aquelas brasas me consumiram outra vez. O calor subia lentamente pelo meu corpo, chegando ao rosto. Cumprimentei-lhe com dois beijos, deixando os meus lábios a queimar devido ao toque com a sua pele.
Ela estava tão chocada como eu. Ela também jamais pensara que eu iria estar ali. Mas o que mais me incomodou foi saber que ela namorava com o James. A sensação de a ter perdido para outra pessoa era insuportável. Mal podia suportá-la. Vê-los aos beijos e a abraçarem-se lembrou-me de todos os momentos que passei assim com ela. E isso deixou-me de rastos e com uma vontade insuportável de voltar no tempo e emendar a merda que fiz. 

O jantar finalmente tinha começado, mas eu não tinha apetite para nada. O George bem tentou incentivar para comer, mas a comida não passava de nenhuma forma.
Quando acabou, ajudei a levantar a mesa, recebendo sempre olhares de preocupação do George e muitos "Amanhã vais-me explicar tudo direito"
Quando voltei da cozinha, vi a Gabriella e o James praticamente a agarrarem-se à minha frente. Não aguentei mais e fui embora. Não me despedi de ninguém, só do George e prometi-lhe que no dia seguinte iria contar-lhe tudo. Sai pela porta fora, mas antes olhei de relance para trás e lá vi os seus olhos verdes a olharem para mim. Olhos que outrora me amaram e que agora amam outra pessoa. Olhos que já me pertenceram e que agora os perdi para sempre.

Fechei a porta e fui para o meu apartamento. Mal cheguei, permiti-me chorar e berrar com todas as minhas forças. A dor era tão insuportável que eu já nem sabia se tinha forças para viver. Eu já nem vontade tinha para isso. Tornei-me dependente de uma pessoa que agora já nem me dá valor algum. Mas eu também não lhe dei valor quando ela precisou, por isso todos temos o que merecemos.
Deixei-me levar pela dor. O calor já conhecido, começou a invadir-me. A febre começou a aparecer. Comecei a quebrar novamente. A dor dominou o meu ser. O meu corpo estava suado sem ação, tudo doía, tudo queimava. O meu corpo queimava mais do que nunca. Já não conseguia suportar. Imagens deles e nossa vieram à minha cabeça fazendo com eu tudo se desmorona-se. Já não sentia nada, tudo queimava. Eu estava em brasas.

A Febre regressou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar!!
Beijos lindezas s2



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