Nas suas lembranças escrita por dayane


Capítulo 17
Capítulo 17




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– Nunca daremos certo. - comentei de forma baixa.

– Mas podemos arriscar.
Eu encarei os olhos de Carlos. Havia tanta esperança, que eu poderia me render ao nosso desejo. Entretanto, eu não queria me machucar mais do que já tinha me machucado.

Nos encontramos naquela tarde de sexta-feira, na véspera de minha última postagem do ano. Queríamos apenas ver o tempo passar, enquanto bebíamos ou comíamos algo.

– Posso te contar uma história?

– Qual? - Carlos jogou uma pequena pedra para o longe.

– Eu tive uma amiga que era extremamente feliz. Vivia cercada de amigos e sempre tinha um compromisso para ir. Os amigos dela sempre a chamavam para festas e coisas parecidas. Mesmo que ela não fosse, eles sempre aguardavam ansiosos pelo momento em que entraria pela porta.

"Acontece que ela não fazia parte daquele mundo. As pessoas felizes, são egoístas. Elas pensam antes nelas e depois nos outros. Minha amiga não. Ela sempre estava agindo de forma neutra, evitando magoar os amigos e a família. E no final da noite, quando deitava a cabeça no travesseiro, sentia-se triste e infeliz.

Neste mundo, no mundo dos magados, vivem os humildes em excesso. Vivem minha amiga e eu.

Acontece que um dia ela conheceu um cara muito parecido com você. Ele vivia com amigos, vivia seguindo suas proprias regras e raramente o via triste. Os dois, minha amiga e este cara, se tornaram grandes amigos. Idependente de quem olhasse para o casal, acreditaria que eram namorados.

A amizade tornou-se mais intensa a cada segundo e, poucos dias depois, estavam em um relacionamento único. Era uma amizade colorida, onde o ciúmes rondava e a preocupação em agradar o outro era presente. Eram mais unidos do que qualquer casal e mais felizes do que imaginavam."

– E o que há de mais?

– Toda história de amor tem um final triste. - Continuei. - Um dia, sem motivos, ele se afastou. Passaram semanas sem se comunicarem e logo as semanas se tornaram meses. Ela ficou ali, só. Mergulhada em uma angústia que desconhecia e sem coragem de contar para alguém, o que ela passava.

"Esta minha amiga, acabou morrendo. Não a morte que conhecemos, mas uma morte espiritual. Ela se amargurou, largou os amigos e passou a viver só.

Acho que ele desistiu dela assim que conheceu o mundo onde ela vive. Sei lá, acho que ninguem do seu mundo aguentaria o meu."

Houve um silencio entre nós.

– Você acredita que não podemos ficar juntos?

– Sim.

– E depois, o que aconteceu com sua amiga?

Movi meus ombros, demonstrando que não fazia ideia e nem me importava.

– Sou covarde, não aguentaria morrer como ela.

– Não quer se arriscar? - Carlos sussurrou.

– Não.

Ali estava minha autossabotagem, meu ponto mais triste e a certeza de poderíamos fazer parte de um nós. Iríamos sempre nos ver, mas estar juntos, como um casal, nunca.

– Este é o seu ponto de vista da história. - Carlos comentou enquanto deitava a cabeça sobre os joelhos e me encarava. - E mesmo que você desista, não quer dizer que eu desisti.

– Acho que você não me entendeu.

– Talvez. - Ele movimentou a cabeça e apoiou o queixo sobre os joelhos. - Mas, se o seu ponto de vista encerra aqui, posso começar o meu. A minha história de amor e a minha luta. Não vou desistir de você até o dia em que realmente não tivermos escolha.

Suspirei.

– Isso é loucura, Carlos.

– Eu sei. E estou com medo.

– E por que não desiste?

– Porque meu medo é de te perder. De ver um outro homem te ter e te fazer feliz. Se isto acontecer, terei que abdicar de você e ai sei que não vou ficar bem. Mas, se houver a mínima chance de te fazer minha, vou fazer.

Me levantei.

– Vai ver minha postagem amanhã?

– Claro. - Ele também se levantou. - Toda a editora está mobilizada para amanhã.

Era verdade. Michele tinha lido o começo da postagem e mobilizado toda a organização para a postagem. Tinha feito isto com os funcionários e com as mídias sociais. Era um monstro que ela criava, um monstro chamado expectativa.

– Até amanhã. - Me despedi.

– Até. - Ele sorriu.




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