O resto da festa foi um pouco confusa para Annabeth. Ela rodeava de um lado para o outro do salão procurando seu grupo de amigos, mas ainda estava muito mal por ter bebido tanto. Ela cambaleava de um lado para o outro, até que viu um garoto loiro se pegando com uma garota de cabelo preto. Ela chegou mais perto, só para ter certeza, e cutucou a garota:

–Thals? Vamos pra casa, não to me sentindo muito bem não...

–Mas já? –Disse Thalia, desanimada –a festa estava começando a ficar interessante –ela falou e olhou maliciosamente para Luke.

–Ok, eu vou sozinha, me dá as chaves do carro que eu vou sozinha...

–Não, não, não! Eu te levo pra casa, não bebi nada mesmo –Disse um garoto, Nico –Onde você mora mesmo?

–Ah, obrigado Nico!-disse Annabeth com alívio –Me mudei faz algumas semanas, moro perto da casa de Thalia, eu te mostro o caminho.

–Ok, vamos?-Nico perguntou apressado.

–Claro.


Já no carro de Nico, Annabeth se ajeitou no banco do carona e apoiou a cabeça contra a janela. O salão de Rachel era perto da beira do mar em São Francisco, então Annabeth tinha uma clara visão do mar à noite, como sempre, lindo.

–Você já está se sentindo melhor Annie? –Disse Nico, com um tom preocupado.

–Estou sim, aliás, muito obrigado por me dar uma carona. Eu acho que não estava muito sóbria para dirigir um carro.

Annabeth deu uma risada, se lembrando do que o garoto sem nome do banheiro tinha dito para ela.

“Acho que você não estava muito sóbria para entrar no banheiro certo”

–O que foi? –Perguntou Nico

–Nada, só estava me lembrando de uma coisa engraçada.

Nico deu um sorriso e um silêncio seguiu os dois por alguns segundos. Ele ligou o rádio e a música atingiu os ouvidos de Annabeth. All eyes, do Imagine Dragons. Logo a banda favorita de Annabeth, e a música que a fazia se lembrar dos bons tempos com Nico. Já faziam 2 anos que eles tinham terminado, e esse dia talvez tenha sido o dia em que eles se aproximaram mais desde então. Ele tinha sido o grande amor de Annabeth, e ela não sabia se ainda gostava dele ou não.

Everything you say it's just a lie

And I'm leaving to the city

With the people are awake

To chase a dream

And isn't real, and we 'posed to be something that we're not

Just wanna change a lot and sigh our name after the dot

Nico olhou para ela e sorriu, provavelmente lembrando-se das muitas vezes que cantaram juntos enquanto estavam namorando.

–Everything you see it's just a century of anarchy, all my corresponding colours and symbolise the things-Nico cantou- Vamos lá, Annie, não vai cantar? Pelos velhos tempos?

We can't attest, arrange

We can assess, we can attain

We are the entry for entities to entice and entertain

Annabeth olhou para ele e sentiu suas bochechas pegando fogo. Ela sorriu e fechou a mão perto da boca formando um microfone imaginário.

–All eyes, they're on you– Ela cantou –Don’t deny, you’ve got to –Os dois já cantavam em uníssono- This is a call, that’s all you ever get from me, this is a call that’s all you ever get from me.

Eles continuaram cantando até a música acabar, e depois riram demais da situação. Depois de um silêncio, Nico olhou para Annabeth com um olhar sério.

–Annie –ele disse –Você quer ir mesmo pra casa? Não pode ficar comigo um pouco dirigindo por ai, ou na beira da praia?

Annabeth tinha certeza de que tinha corado, e Nico percebeu e corou também.

–É... Eu não sei, a situação na minha casa com meus pais tá muito ruim, e eu iria pra casa da Thalia, mas ela preferiu ficar se pegando com o namorado dela do que ir comigo pra casa.-Ela estava com uma pontada de irritação na voz, e Nico percebeu.

–Calma Annie, que tal pararmos o carro e sentar um pouco na praia pra pegar um ar?

–Isso parece ótimo.

O carro parou depois de virar a esquina e Nico estacionou na areia da praia.

–Lá-Nico disse, apontando para umas pedras que ficavam perto do mar –Vamos?

–É claro- Ela disse, corando novamente.

Eles foram até as pedras, Annabeth descalçou seus saltos e caminhou com eles na mão, e Nico preferiu sujar seus tênis All-Star preto do que tirá-lo. Tão aficionado com aquele par de sapatos.

Depois de um tempo conversando e olhando para as ondas do mar que quebravam ferozmente na escuridão da noite, Nico surpreendeu Annabeth com uma pergunta:

–Porque você me largou?

Annabeth naquele exato momento se lembrou da situação que presenciou no dia em que terminou com Nico.

Do que você está falando, Bianca?- Nico conversava ao telefone com uma tal garota, Bianca . - Eu não vou poder ir à sua casa hoje, nem nunca mais. Você sabe o que seu pai diria, não sabe? “o que esse marginal está fazendo aqui? Tire ele da minha casa” ou “Você não é bem vindo nessa casa, Nicolas di Angelo. Saia agora e não volte nunca mais”. Ele é assim, você sabe muito bem que ele me odeia desde quando eu nasci.

Annabeth estava escutando a conversa de Nico escorada em uma parede perto do garoto, e já estava pensando no pior.

–Eu também amo você, Bianca. Mas você sabe que eu não posso continuar. Queria estar ai agora. Daria tudo pra ficar do seu lado. –Nico falou e depois escutou a garota do outro lado da linha, e continuou - Ok, até algum dia, te amo. Tchau.

Annabeth ficou chocada e saiu correndo, sem tirar o pensamento da cabeça “ele me traiu ele me traiu ele me traiu”.

Logo depois dirigiu poucas palavras ao garoto e logo terminou com ele, não falando mais do que um “Oi” e um “Tchau” por dois anos.

–Você não me amava mais, eu acho. –Foi tudo o que a loira respondeu.

Um silêncio se estabeleceu entre os dois novamente, e foi Nico quem quebrou ele.

–Eu nunca parei de te amar.

–Sério? –Ela falou ironicamente - E a tal de Bianca? Que você amava, mas o pai dela não aceitaria que vocês ficassem juntos, e que você não podia, provavelmente porque tinha uma namorada e não se importou em traí-la, e porque você nunca me disse nada sobre isso, e não ficou triste depois que eu terminei com você –Annabeth já tinha estourado a essa altura. –E ainda vem dizer que nunca parou de me amar, Nicolas? Conta outra.

–Mas Bianca é... –Nico começou, mas Annabeth interrompeu ele.

–Ela é diferente? Nossa, todos os homens dizem isso quando gostam de outra.

–Mas... –Nico tentou, mas foi interrompido novamente.

–Não quero saber, Nico. Me leve pra casa. E não fale comigo no caminho até lá a não ser que eu fale com você.

A viagem até a casa de Annabeth foi talvez a mais silenciosa da vida dela, e quando chegou em sua casa foi direto para seu quarto e enterrou a cabeça no travesseiro. Segunda feira teria aula, e já era madrugada de domingo e ela estava com a cabeça nas nuvens. Não por Nico, por ter tido uma viagem maravilhosa com ele antes de discutirem, mas por outra pessoa. O garoto. O garoto do banheiro, ou o garoto sem nome. Aqueles olhos verde-mar e os cabelos pretos bagunçados. A combinação perfeita. Não pode evitar pensar no momento que abriu os olhos depois do desmaio e se deparar com os enormes olhos verdes a encarando. Tão lindos.