Encaro me no espelho. Tive a sorte de minha hospedeira ser dona de uma beleza incontável. Esse corpo é realmente lindo. Não. Eu sou. É meio complicado... entender que agora esse corpo é meu. Faz poucotempo da minha inserção.

Lembro como se fosse hoje. Bem, faz 3 meses. A Curandeira se chamava Água Submersa. Ela era clara como papel, loira de olhos verdes. Foi muito gentil. Me explicou que esse corpo que agora habito, era um hospedeiro jovem. E como consequência disso, viriam as emoções conturbadas que os adolescentes humanos passavam. Esse corpo sótinha 15 anos.

Esse planeta é realmente estranho. Não. Não é o planeta, são os humanos. Raça que agora, está extinta. Ou quase. Seu nome era Alice. Era uma garota boazinha, apegada aos pais. Muito inteligente, entretanto rebelde. O que mais me impressionou nela, é que seu sonho era ser astrônoma.

O espaço... por tantas vezes já naveguei ao meio das estrelas funestas. Já fui golfinho. Já fui urso. Já fui morcego. Já fui aranha. E agora, sou humana. Eu particularmente, gostei daqui. É um mundo acolhedor. Água, comida, animais, numa biodiversidade enorme.

Na faculdade, disseram que os humanos destruiam seu próprio planeta. Que eram criaturas más. Eu não sei ao certo o que pensar. Alice não era má. Ela tinha uma vida ótima. Ás vezes, me culpo por ser essa parasita. E sempre tomar o corpo de outras criaturas. Mas eu não tenho escolha. Essa sou eu.

Me levanto da minha cama. Eu tenho uma casa só para mim, já que essa hospedeira não tinha parceiro por causa de sua idade. E estranhamente, acho que se ela tivesse, eu não gostaria de viver junto. A mãe de Alice, foge até hoje. Ela teve que deixar sua filha e ela sofria muito por isso.

Preparo minha refeição. Iogurte com morango, hm... isso é realmente muito bom. A brisa entra pela janela e eu sorrio, pois havia chovido e meu quinta ltem grama. É uma das melhores sensações. Olho o relógio. Meu Deus, estou atrasada. Saio correndo, apenas pegando minha bolsa da universidade.

Vou correndo e esbarro em alguém. Iria pedir desculpas, mas a mão da pessoa me envolve e pressiona um pano sobre meu nariz. Não dá tempo de pensar, só desabo.