Amor y Nada Más escrita por Verônica Souza


Capítulo 2
Capítulo 2




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Depois de um mês trabalhando na casa dos Bracho, eu já havia me apegado às crianças. Carlinhos continuava fechado, mas já conversava mais do que antes. Lizete e eu tínhamos uma relação maravilhosa. Ela sempre me queria por perto, e eu adorava ficar na presença dela.

Já havia me acostumado com a distância da família, e não me assustava mais com as brigas de Stephanie e William. Ela continuava me tratando com indiferença, mas eu sabia que não era algo pessoal. William por outro lado continuava com olhares estranhos para mim, e todas as vezes que tentava se aproximar de mim quando eu estava sozinha, eu arrumava uma desculpa para sair de perto. Não queria causar mais problemas naquela família.

Carlos Daniel não passava muito tempo em casa, e estava sempre trabalhando. Nunca tivemos a chance de conversar, e nem tínhamos porque fazer isso. Me acostumei com a ideia de que ele nunca tentaria se aproximar de mim. E talvez fosse melhor assim. Eu não queria me envolver com mais ninguém por um bom tempo.

Enquanto as crianças não estavam em casa, eu ajudava Adeline a cuidar da Vovó Piedade. Ela não saía do quarto a maior parte do tempo, por isso era tão infeliz. Conversávamos várias vezes, e criei um grande carinho por ela.

– Paulina, venha aqui por favor.

Me aproximei da cama e me sentei ao lado dela.

– Sim, vovó Piedade?

– Você sabia que me lembra muito a Laura?

Não sabia o que responder. Era a primeira pessoa que tocava no nome dela desde que cheguei.

– É mesmo? E por que a senhora acha isso?

– Ela era muito bondosa, e sempre tentava ajudar as pessoas que gostava. Eu fico te olhando pela janela enquanto brinca com as crianças. Ela também adorava passar tempo com elas.

– Bem... Então obrigada pelo elogio.

– Estou muito feliz que você tenha vindo para cá. Acho que finalmente essa casa vai ter a alegria que tinha antigamente.

– Ah vovó, eu queria que fosse verdade, mas não posso mudar isso. Eu sou apenas uma babá eu...

– Você não pode pensar assim. Tenho certeza que se esforçar um pouco você conseguirá entrar para a família.

– Entrar para a família?

– Pensa que eu não vejo os seus olhares para o meu neto, não é? - Ela riu e eu me envergonhei. - Posso ser velha, mas não sou boba Paulina. Carlos Daniel é ocupado demais para perceber, mas eu percebo. Ele precisa de uma mulher assim como você para fazê-lo feliz novamente. Ah você tinha que tê-lo conhecido antes. Estava sempre rindo, alegre. Hoje o único momento de alegria que ele tem é quando está perto das crianças.

Não sabia o que dizer. Estava envergonhada por ela ter percebido que eu o olhava quase sempre, mas estava feliz por ela ter a esperança de que eu poderia mudar aquela família, mesmo sendo impossível. Nossa conversa terminou quando as crianças chegaram da escola e eu fui ajudá-las a se arrumar.

O jantar foi agradável, porém silencioso como sempre. Não houve brigas, e tudo correu normalmente. Notei que Carlos Daniel estava mais calado naquele dia, mas não era da minha conta saber o que tinha acontecido.

Depois do jantar, coloquei Lizete para dormir, e como sempre ela pediu para que eu contasse uma história. Depois que adormeceu fui até o quarto do Carlinhos, mas ele ainda estava acordado, de luz acesa.

– Carlinhos... Pensei que já estava dormindo.

– Estou sem sono.

– E por que?

Ele demorou um pouco a responder e então olhou para mim.

– Estou com saudades.

– Saudades de quem?

– Da minha mamãe.

Eu não sabia o que dizer para ele. Era a primeira vez que ele falava dela, e fui pega de surpresa.

– Meu bem, eu sei como deve estar se sentindo, mas ela não gostaria que você ficasse triste.

– Você a conheceu?

– Não, mas pelo que me contaram ela era uma moça muito boa.

– Era sim. Ela sempre brincava comigo, e o papai estava sempre presente. Eles se amavam muito e eram muito felizes.

– Imagino que sim. Mas ela ainda está com você. No seu coração.

– É isso que a minha bisa diz.

– E ela tem razão.

– Adeline disse que ela está olhando a gente do céu, e que ficaria triste se nos visse tristes também.

– É isso mesmo.

– Mas eu não consigo não ficar triste.

– É só você pensar nas coisas boas que ela fazia. - Me sentei ao lado dele.

– Ela fazia bolo de chocolate para a gente, nos levava para passear. Ah! E ela sempre cantava uma música para mim antes de dormir.

– E como era a música?

Carlinhos cantou e depois pareceu mais animado. Deitou em seu travesseiro ainda me contando as coisas que sua mãe fazia, e por fim, estava sorrindo.

– Boa noite Carlinhos. - Inevitavelmente beijei seu rosto e me levantei.

– Sabe Paulina... Se eu tivesse que escolher outra mamãe, eu escolheria você.

Era a segunda pessoa que me colocava no lugar de Laura. Eu me sentia lisonjeada, mas não seria capaz de tomar o lugar dela na família. Sorri para ele e deixei as luzes acesas, como ele sempre pedia. Saí no corredor e me deparei com Carlos Daniel, olhando para um porta-retratos na parede. Tentei passar por ele em silêncio, mas ele se virou quando estava chegando em meu quarto.

– Paulina, não vi que estava aí. - Ele disse com a voz rouca.

– Eu estava indo dormir, as crianças já foram.

Ele não respondeu. Voltou a olhar o retrato, e fiquei sem saber se ele queria conversar ou preferia que eu não interferisse. Tentei seguir meus instintos e me aproximei, olhando para o retrato de uma bela moça em suas mãos.

– É a Laura? - Perguntei.

– Sim. - Ele sorriu.

– Ela era muito linda.

– Sim, era sim.

Ficamos em silêncio e ele suspirou.

– Era a mulher mais doce que já conheci.

– Imagino que sim. Carlinhos me falou muito bem dela.

– Carlinhos lhe falou dela? - Ele me olhou abismado.

– Sim.

– Então ele deve gostar muito de você. Ele não fala dela.

– Bem... Hoje ele adormeceu me contando as coisas boas que ela fazia. E disse que... - Parei de falar.

– Que o que?

– Bem... Nada de mais. Deixa pra lá. É melhor eu ir dormir. Boa noite. - Me virei mas ele segurou meu braço delicadamente.

– O que ele disse, Paulina?

– Ele disse que se lembrava dela quando ficava comigo.

Pensei que ele talvez fosse ficar irritado pela comparação, mas ele sorriu.

– É verdade. Às vezes você também me lembra ela.

Senti meu coração disparar. Ele estava me comparando com sua esposa, a mulher que ele amava.

– Que bom que as crianças têm alguém para amenizar a saudade dela.

– Eu tento fazer o possível.

– Bem... Melhor irmos dormir.

– É... Melhor...

– Boa noite, Paulina. - Ele me olhou.

– Boa noite.

Pela primeira vez olhamos nos olhos um do outro. Ficamos alguns segundos parados e nos olhando, até que eu me virei e entrei no quarto. Me escorei na porta e fechei os olhos, lembrando do modo que ele olhou para mim. Aquilo fez com que eu tivesse um carinho ainda maior por ele.

*****

A semana passou normal como as outras. Sem nenhuma novidade. Eu já estava me sentindo em casa e feliz com a minha nova vida. Ao menos ninguém havia me perguntado sobre minha vida antes de me mudar para a casa dos Bracho. Por sorte. Eu não estava preparada a contar toda a minha história, e nem queria me lembrar da minha antiga vida.

Em uma sexta feira, depois de colocar as crianças para dormir, eu estava sem sono. Resolvi ir até a cozinha para tomar um copo de leite, e ao descer as escadas, me deparei com Carlos Daniel na sala. No início achei que talvez também estivesse sem sono, mas ao me aproximar, vi que estava com um copo de whisky em uma das mãos, e um retrato de Laura na outra mão.

– Carlos Daniel? - Me aproximei.

Ele não me olhou. Pensei que ele não tivesse escutado, mas quando me aproximei suficiente, ele suspirou com um soluço.

– Estou cansado, Paulina.

– Cansado de que? - Me ajoelhei em sua frente e pude ver que ele estava prestes a chorar.

– Cansado de fingir que estou bem o tempo inteiro. Cansado de fazer tudo pela fábrica e ela continuar decaindo. Eu e meu irmão fazemos o possível e o impossível para conseguir fazer a fábrica voltar a ser o que era antes, quando nosso pai a administrava. Mas acho que não sou capaz disso. Queria conseguir passar mais tempo ao lado dos meus filhos, mas todas as vezes que fico perto deles eu sinto que Laura está presente.

Fiquei em silêncio, deixando ele desabafar tudo o que sentia. Ele bebeu um longo gole do whisky, e quando olhei para a garrafa, vi que ela estava quase vazia.

– Carlos Daniel, você não pode se esconder. Precisa desabafar tudo o que sente e ser sincero com seus sentimentos.

– E como posso fazer isso sem parecer um fraco?

– Isso não é fraqueza. Fraqueza é você se fingir de forte o tempo inteiro sendo que não é. Ninguém é, Carlos Daniel.

Ele me olhou e as lágrimas rolaram em seus olhos. Não sabia o que fazer. Não poderia abraçá-lo, não poderia falar que estava ao lado dele porque não tinha o direito de fazer isso. Ele se levantou e virou as costas para mim, colocando o porta-retratos em cima da lareira.

– As vezes eu queria que Deus tivesse me levado no lugar dela.

– Não diga isso, Carlos Daniel. Tudo tem um propósito.

– E qual é o meu? - Ele se virou com o rosto vermelho. - Ficar condenado, sentindo a falta dela, sem saber o que fazer? Ser fraco a ponto de não conseguir dizer para as pessoas o quanto estou com o coração partido?

– Não. O seu propósito é cuidar da sua família, ajudar os seus filhos a superar essa perda, e fazer o possível para que sua família não seja tão infeliz.

– Acha que minha família é infeliz?

– Me desculpe, mas ela é. Estão sempre brigando, não conversam durante o jantar. As crianças não tem com quem conversar sobre o dia.

Ele me olhava sem ter o que dizer, até que limpou as lágrimas e respirou fundo.

– Você tem razão. Preciso ser forte por todos. E essa família vai voltar a ser o que era antes.

Sorri para ele e ele se aproximou, um pouco tonto. Me olhou por alguns segundos e passou a mão em meu rosto. Não sabia se era efeito do álcool. Minhas pernas estavam bambas e não sabia o que fazer.

– Você é tão bondosa, Paulina...

Ainda acariciando meu rosto, ele sorriu triste. Fechei os olhos sentindo seu toque, e então pude sentir sua respiração próxima. Eu queria que ele se aproximasse ainda mais. Mesmo sabendo que era a coisa errada a se fazer, queria sentir o toque dos seus lábios no meu. Mas antes que isso acontecesse, ouvimos passos na escada e nos afastamos rapidamente.

– Ora, ora... Parece que não sou o único a perder o sono. - William disse divertido.

Envergonhada, me virei e passei por ele ao subir as escadas. William me lançou um olhar desconfiado e eu o ignorei. Ao chegar em meu quarto, deitei na cama e não consegui tirar aquela aproximação do meu pensamento. Depois de um mês de convivência, ele finalmente havia me tocado. Não me esqueceria nunca daquele momento, mas não poderia me esquecer: Carlos Daniel e eu nunca teríamos nada.

*****

No dia seguinte, tudo parecia normal, como todos os sábados. Logo cedo, eu e as crianças fomos para os jardins, e logo depois eu os deixei a vontade para fazerem o que quisessem durante a tarde. Vovó Piedade saiu do quarto para participar conosco e eu me senti muito bem. Passamos a tarde inteira conversando sobre a fábrica e sobre como a família era unida antes do acidente de Laura. Ela fazia com que todos da família se dessem bem, e as brigas e discussões quase não aconteciam. Quando Stephanie e William brigavam, ela os ajudava a resolver os problemas para que eles ficassem bem.

– Mas a Senhora acha que William realmente é interesseiro? - Perguntei quando conversávamos no jardim.

– William é um homem ambicioso e nunca tratou Stephanie com carinho. Laura conversava bastante com os dois, e eles conseguiam fingir que eram um casal feliz. Pode ser que no fundo, bem no fundo, ele goste dela. Mas ele precisa saber demonstrar. Stephanie se tornou uma mulher amarga por causa dele.

– Espero que ela volte a ser o que era antes.

– Você pode fazê-la voltar a ser como antes.

– Eu? Mas vovó... Eu não posso fazer isso. Stephanie não parece muito satisfeita com a minha chegada e...

– Ela é assim com todos. Não é pessoal. Tenho certeza que ela irá te ouvir.

Fomos interrompidas com Adeline nos chamando para jantar. Carlos Daniel ficou a manhã inteira dentro de seu escritório, e só saiu a tarde para passar um tempo com as crianças. Ajudei vovó piedade a se sentar, e parei ao lado de Adeline, como fazia todos os dias.

– Essa mesa está um pouco vazia, não acham? - Disse vovó e todos a olharam confusos.

– Como assim vovó? Estamos todos à mesa. - Stephanie disse.

– Pois eu estou sentindo que poderia ter mais uma pessoa aqui.

Adeline e eu nos olhamos sem entender o que ela estava querendo dizer.

– Paulina...

– Sim vovó?

– Não quer nos acompanhar no jantar?

Todos me olharam assustados, mas a minha reação foi a mesma. Não estava esperando por isso, já que apenas a família se sentava à mesa.

– Vovó, eu não...

– Eu insisto, Paulina.

– Vovó, o que está fazendo? - Stephanie perguntou nervosa.

– Eu só aceitarei jantar hoje se Paulina nos acompanhar. Carlos Daniel, o que acha?

Ele demorou um pouco para responder, e eu esperei que ele dissesse que era uma ideia boba, que meu lugar não era ali com eles. Depois do que aconteceu na noite anterior, ele não havia dirigido a palavra a mim durante o dia inteiro.

– Bem... - Ele se levantou e todos olharam para ele. - Sinta-se à vontade. - Ele sorriu e apontou a cadeira vazia para mim. Olhei para Adeline e ela sorriu, fazendo um gesto para que eu me sentasse.

Completamente envergonhada eu me sentei na cadeira e todos olhavam para mim.

– Lalinha!

– Sim, vovó Piedade?

– Coloque mais um prato à mesa, por favor.

– Para quem? - Ela perguntou confusa.

– Para Paulina.

– Para a Paulina?

– Sim, Lalinha. Algum problema com isso?

– N-Não. Eu já vou servi-la.

– Não tem necessidade disso, vovó. Eu mesma posso me servir e...

– Paulina, por favor. Você é nossa convidada para o jantar de hoje.

Me calei e esperei que Lalinha me servisse. Não tive coragem de olhar para ela, afinal, nós duas eramos empregadas dos Bracho.

Pela primeira vez, o jantar não foi silencioso. Vovó perguntava coisas para as crianças, e elas se animaram em contar sobre o dia. Carlos Daniel se interessou no assunto e também conversou durante o jantar. Apenas Stephanie e William estavam calados. Deviam pensar como era um absurdo eu me sentar à mesa com eles, como se fosse da família.

Depois do jantar, todos fomos para a sala, e continuamos a conversa animadamente. Carlos Daniel não parecia o homem da noite anterior. Ele estava feliz, estava rindo, e brincava com as crianças. Vovó Piedade parecia satisfeita e feliz. Pela primeira vez me senti parte daquela família, mesmo que por uma noite.

No fim da diversão, levei as crianças para o quarto e os coloquei na cama. Carlinhos estava feliz, e antes de dormir, me deu um beijo no rosto. Levei Lizete para o quarto e contei uma história para ela. Ela segurou minha mão e estava quase adormecendo quando Carlos Daniel entrou no quarto.

– Ela já está quase dormindo. - Eu disse ainda segurando sua mão. - Eles não pararam de falar em como o dia foi divertido.

– É, realmente, foi um ótimo dia. Como não tínhamos a muito tempo. - Ele sorriu abobado olhando para ela. - Você já está indo dormir?

– Por que?

– Pensei em tomar um vinho, estou sem sono. Quer me acompanhar?

– Eu não sei, Carlos Daniel. Ainda estou um pouco envergonhada pelo jantar e... Tomar um vinho...

– É apenas um simples convite. E já que foi nossa convidada no jantar, poderia ser minha convidada também. - Ele sorriu. Eu não poderia negar olhando para aquele sorriso.

– Então está bem... - Sorri me levantando. Cobri Lizete e ele se inclinou para beijá-la na testa. Ao nos aproximarmos da porta, Lizete o chamou. Carlos Daniel voltou a se aproximar da cama e eu o esperei na porta.

– Papai... A Paulina pode jantar com a gente todos os dias?

– Bem, se ela aceitar acho que sim.

– Eu gostaria muito que ela jantasse conosco de novo, papai.

– Por que quer tanto, filha?

– Porque parecia que minha mãezinha estava com a gente. Como eu não me lembro dela, eu imaginei que a Paulina era minha mamãe.

Respirei fundo olhando para os dois. Carlos Daniel se virou para me olhar, e logo depois olhou para Lizete novamente.

– Você pode pedir para ela jantar conosco amanhã. Mas agora precisa dormir.

– Está bem papai.

– Boa noite, filha.

– Boa noite, papai.

Carlos Daniel se levantou e a cobriu. Saímos do quarto e deixamos a porta aberta. Fomos em silêncio até a sala, e ele pegou uma garrafa de vinho no armário. Serviu o vinho e me entregou a taça. Nos sentamos no sofá e ele ficou olhando para a lareira por alguns instantes. Eu não estava acostumada a beber, mas já que ele convidou tão docilmente, pensei que não teria problema tomar apenas uma taça.

– Eu queria te agradecer por hoje. - Ele finalmente quebrou o silêncio.

– Me agradecer? Por que?

– Não nos divertíamos assim desde que... Laura se foi. Nunca tínhamos admitido que para alegrar a família precisávamos de alguém como ela, alguém como você.

Fiquei em silêncio olhando para ele. Nossos olhares se encontraram novamente, e mais uma vez perdi o fôlego.

– As crianças estão felizes. Vovó Piedade não ficava alegre assim há muito tempo. E eu... Bem... Eu nunca pensei que conseguiria deixar todos os problemas de lado e me divertir como eu fazia antes.

– Essa família é uma família maravilhosa, Carlos Daniel. Nao podem deixar que se distanciem assim.

– Nem mesmo meu irmão gosta muito de vir aqui. Apenas algumas vezes ele vem visitar vovó. Mas ele diz que o clima por aqui não é muito bom. E ele tem razão. Mas agora que você está aqui, acho que podemos voltar a ser uma família novamente. - Ele sorriu e segurou minha mão. - Obrigado, de verdade.

Sorri para ele e meu corpo gelou quando senti o toque dele em minhas mãos.

– Queria me desculpar por ontem. - Ele tirou sua mão de cima da minha. - Não costumo fazer isso.

– Eu entendo.

– Deveria ter me desculpado mais cedo, mas... Bem.. Eu estava envergonhado.

– Não tem por que ter vergonha. Você precisava desabafar.

Ele sorriu e nós mudamos de assunto. Carlos Daniel me explicava qual era o negócio da família, e como ele fazia para tentar administrá-la com seu irmão. Foi uma noite agradável, que me despertou sentimentos que eu pensei que não sentiria novamente.

O modo como ele ria, de como ele parecia mais leve, mais feliz, fez com que eu me sentisse bem. Não queria ocupar o lugar de Laura, mas estava feliz por ajudar aquela família, que tinha se tornado tão importante para mim.

Ao voltar para o quarto, depois de ouvir um “boa noite” tão carinhoso vindo de Carlos Daniel, eu tive medo de dormir e no dia seguinte voltar a minha vida normal, sem jantares, sem vinhos. E o que eu esperava que não fosse acontecer quando aceitei trabalhar para os Bracho, aconteceu inevitavelmente. Eu estava me apaixonando.


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