Amor y Nada Más escrita por Verônica Souza


Capítulo 14
Capítulo 14




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Duas semanas haviam se passado e a harmonia na família Bracho continuava perfeita. Carlos Daniel estava se recuperando como foi recomendado pelo médico, e José Augusto continuava em repouso no hospital, depois da cirurgia ter sido um sucesso. Era uma tarde tranquila de sexta feira, e Paulina se dividia entre os negócios da fábrica e as decisões para o casamento.

– Pérolas! O seu vestido precisa ter muitas pérolas! – Janaína disse apontando para uma revista sobre a mesa de Paulina.

– É um vestido muito chique, Janaína.

– É por isso mesmo, amiga! Você está indo se casar com o patrão! Várias pessoas importantes e chiques estarão lá!

– Eu queria algo mais simples, que combine mais comigo. Como este. – Paulina apontou para a revista em sua mão.

– É muito bonito também. Mas eu ainda prefiro o que tem pérolas.

– Com licença. – Verônica entrou na sala segurando alguns papéis. – Paulina, o Senhor Carlos Daniel pediu para você dar uma olhada nesses papéis para aprovação.

– Verônica. Qual dos dois você acha mais bonito? – Paulina perguntou colocando as duas revistas lado a lado.

– Bem... O com pérolas é muito bonito e sofisticado...

– Eu disse. – Janaína sorriu.

– Mas esse outro tem uma beleza especial. É simples, porém elegante. Eu ficaria com esse.

– Vocês duas ficaram loucas. Se eu fosse me casar com um homem rico e gatíssimo eu ficaria como uma princesa! – Janaína começou a rodar pela sala como se dançasse uma valsa. No mesmo instante Rodrigo e Patrícia entraram na sala. Paulina e Verônica seguraram a risada até Rodrigo pigarrear e Janaína olhar envergonhada para eles.

– Paulina, estamos indo visitar José Augusto. Você virá conosco?

– Sim, Rodrigo. – Paulina pegou sua bolsa e continuou rindo da amiga. Deu um breve aceno para as duas e seguiu Patrícia e Rodrigo.

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José Augusto mudava os canais da televisão em menos de três segundos. Parecia ser a única diversão para ele naquela tarde entediante de sexta feira.

– José Augusto, você tem visitas. – A enfermeira entrou no quarto, dando espaço para Paulina, Patrícia e Rodrigo. Imediatamente sua feição mudou quando ele olhou para Paulina.

– Como você está, José Augusto? – Paulina perguntou colocando as flores em cima da mesinha.

– Bem... Você sabe... Estou vivo.

– Graças à Deus por isso. – Patrícia disse.

– Você foi um grande herói, José Augusto. Arriscou sua própria vida para salvar a do meu irmão.

– Não conseguimos imaginar um modo de agradecê-lo por isso.

– Estão pagando minhas despesas no hospital. Acho que isso já é suficiente.

Os três ficaram em silencio, sem saber se aquilo era um agradecimento ou uma afirmação de que estavam fazendo uma obrigação. Mas quando ele abriu um fraco sorriso, entenderam como um agradecimento.

– Parece que você já vai poder voltar para casa no domingo. – Paulina disse tentando animá-lo. – E a fábrica ficará feliz em recebê-lo de volta.

O sorriso em seu rosto diminuiu e ele abaixou a cabeça.

– Eu... Não vou voltar para a fábrica.

– O que? Por quê? – Rodrigo perguntou.

Ele não respondeu. Apenas ergueu sua cabeça e encarou Paulina, e ela entendeu que aquele sinal era de que ele queria conversar a sós com ela.

– Rodrigo, Patrícia... Vocês se importam de nos deixar a sós por um instante?

– É claro! – Patrícia sorriu. – Iremos esperar lá fora.

Rodrigo acenou com a cabeça para José Augusto, que retribuiu imediatamente, como um sinal de agradecimento. Assim que os dois saíram e os deixaram a sós, Paulina abriu a boca para questionar a decisão de José Augusto, mas ele a interrompeu com um sinal.

– É melhor não dizer nada, Paulina. Eu não gostaria de me sentir pior. – Ele disse com um longo suspiro. – Minha decisão de sair da fábrica foi a melhor opção, e você sabe disso. Vou voltar para a cidade onde minha mãe mora, passar uns tempos com ela, e quem sabe eu consiga um bom emprego por lá. Parece que contadores estão em falta. – Ele tentou sorrir, mas não conseguiu.

– Eu sinto muito que as coisas tenham sido assim.

– Eu sei. Eu também sinto.

– O que você fez por Carlos Daniel... Não tenho nem palavras para agradecer.

– Não fiz apenas por ele. Quero dizer... É claro que o respeito como meu chefe, mas você sabe... Não poderia ver você sofrer depois de tudo o que você passou.

– Eu tive medo por você também.

– É... Imaginei quando a enfermeira disse que você veio aqui ficar comigo depois da cirurgia.

– Mesmo que tudo tenha sido assim, quero que saiba que eu te considero muito. Você é um homem incrível, José Augusto. E sei que você vai achar alguém que o mereça.

– Esse mundo é bem grande, não é? – Ele sorriu.

– É claro. – Paulina retribuiu o sorriso.

– Então... Parece que o casamento ainda irá acontecer. – Ele olhou divertido para a aliança na mão dela. – Já estão planejando?

Paulina não tinha certeza se ele realmente queria ouvir sobre o planejamento do casamento, mas como era a única coisa que poderia entretê-lo, ela não tinha muita opção. Por sorte ele pareceu realmente interessado, e a conversa rendeu por várias horas. Por fim, Paulina conseguiu decidir o seu vestido de casamento e a decoração da igreja.

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Carlos Daniel já estava se acostumando a trabalhar com um braço enfaixado, e as reclamações diminuíam a cada dia. Por sorte ele tinha Paulina para ajuda-lo com todos os papéis da fábrica, e como sua companhia diária. Essa era a melhor parte.

– Senhor Carlos Daniel, mandou me chamar? – Verônica entrou na sala.

– Sim, Verônica. Paulina assinou os papéis?

– Não Senhor. Ela saiu com o Senhor Rodrigo para o hospital.

– Para o hospital? – Carlos Daniel levantou de sua cadeira.

– Sim, para visitar José Augusto.

– Ah... – Carlos Daniel suspirou. – E ela disse quando voltava?

– Não, mas não deve demorar.

– É que eu precisava daqueles papéis assinados.

– Quer que eu busque para o Senhor?

– Eu vou esperar mais um pouco, talvez ela volte.

– Sim Senhor.

– Obrigado, Verônica.

– Com licença.

Verônica fechou a porta e Carlos Daniel se pegou sorrindo olhando para uma foto de Paulina com seus filhos no porta retratos em cima de sua mesa. A foto foi tirada recentemente por Estephanie, e o sorriso de cada um dos três era tão contagiante que Carlos Daniel não conseguia deixar de fazer o mesmo todas as vezes que olhava para a foto.

Ah Paulina... Como eu te amo. – Ele segurou o porta retratos em sua mão. – Mal posso acreditar que finalmente será minha esposa. Seremos uma família completa outra vez.

– Atrapalho?

Aquela voz que fazia o estomaga de Carlos Daniel se embrulhar, fazendo com que ele fechasse os olhos pedindo que fosse um pesadelo.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou passando a mão em sua testa.

– Vim ver se o meu primo querido está se recuperando bem.

– Pensei que tivesse deixado claro que não quero você perto de mim e da minha família.

– Isso não é jeito de tratar um familiar, Carlos Daniel. – Leda sorriu se aproximando.

– Vá embora, Leda. Antes que eu perca a paciência com você.

– Está bem, serei sincera com você. – Ela suspirou e se aproximou. – Vim me desculpar.

Carlos Daniel sorriu debochado e se levantou, ficando de costas para ela.

– Sei que errei, mas eu quero mudar. – Ela tocou nos ombros dele. – Você me perdoa? Pelos velhos tempos...

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– Olá Verônica. Carlos Daniel está na sala dele? – Paulina se aproximou.

– Esta sim. Ele está esperando pelos papéis!

– Ah meu Deus! Esqueci dos papéis! – Paulina colocou a mão na testa. – Melhor eu pegá-los e assinar com ele.

Paulina andou às pressas até a sua sala e pegou os papéis em cima da mesa. Foi em direção à sala de Carlos Daniel, que era ao lado da sua, mas antes de bater na porta ouviu a voz alterada de Carlos Daniel.

– Eu só quero que você vá embora! – Ele falava exaltado.

– Você não pode me tratar assim! – Paulina imediatamente reconheceu a voz de Leda, também alterada. – Você sabe que só quero o seu bem!

– Eu sei exatamente o que você quer, Leda! Você não cansa de se humilhar? Quando Laura morreu você nem ao menos se importou, antes de se jogar para cima de mim. E agora está fazendo o mesmo, mesmo sabendo que eu amo a Paulina, e que vamos nos casar!

– Ela não é a mulher certa para você, quando você vai entender isso?

– Por que você diz isso?

– Ela não serve para ser uma Bracho! Ela não tem classe!

– Ela tem mais classe do que você! É a mulher que escolhi para passar o resto da vida ao meu lado, e você vai ter que se acostumar com isso, por bem e por mal!

– Você está cego por essa mulher! – Leda aumentou a voz. – Eu sou a mulher certa para você!

– Leda!

Paulina abriu a porta no momento em que Leda se atirou para cima de Carlos Daniel. Ele segurava os pulsos dela com força, impedindo-a de se aproximar ainda mais dele.

– Quantas vezes você precisa se humilhar, Leda? – Paulina perguntou tranquilamente, tentando controlar sua raiva. – Por que você ainda se rebaixa a isso?

– Como você ousa falar assim comigo?

– Eu só estou tentando entender pra que tudo isso? Se dê o valor. Se olhe no espelho. Você não precisa fazer isso.

– Acha que pode me chantagear com esse jeito bondoso? – Leda sorriu sarcástica. – Eu sou a única que vejo como você é por dentro. Uma sonsa, aproveitadora. Aposto que só quer o dinheiro deles.

– Nunca vivi no luxo. Sempre batalhei para ter o que tive. Eu não tenho motivos para querer o dinheiro dos Bracho. Ao contrário de você, consigo viver bem e feliz apenas com pouco.

Leda cruzou os braços com raiva, sem saber o que responder.

– Chega de se rebaixar, e vá embora. – Paulina respirou fundo e sua respiração começava a ficar ofegante.

– Isso ainda não acabou. Eu vou esperar o dia em que Carlos Daniel perceber o erro que está cometendo. – Leda pegou sua bolsa e saiu batendo os pés.

– Meu amor... – Carlos Daniel se aproximou de Paulina e notou que ela ficava pálida. – Você está bem?

– Sim. Só preciso... De um pouco de ar. – Paulina colocou os papéis em cima da mesa e Carlos Daniel a ajudou a se sentar, segurando sua mão.

– Verônica! – Ele gritou olhando preocupado para Paulina. – Está sentindo dores?

Paulina apenas balançou a cabeça negativamente, colocando a mão em sua testa.

– Senhor? – Veronica entrou na sala e olhou preocupada para Paulina.

– Traga um copo de água, por favor.

Sem perguntas Verônica se apressou em buscar o copo de água. Paulina respirava profundamente enquanto o mal estar passava. Verônica voltou lhe entregando o copo de água e ela bebeu com calma, até se sentir melhor aos poucos.

– Melhor irmos ao médico. – Carlos Daniel disse ainda segurando sua mão.

– Não... Não se preocupe, estou melhor. – Paulina forçou um sorriso.

– Mas você sentiu isso de repente? – Veronica perguntou.

– Não. Talvez tenha ficado muito nervosa. – Ele respondeu à ela.

– Já senti isso alguns dias atrás, mas não achei nada de mais.

– Você deveria ter meu contado, meu amor.

– Não se preocupe. Estou melhor agora. Talvez seja o calor.

– Tem certeza que não quer ir ao médico?

– Não. Está tudo bem.

– É melhor irmos para casa então, para você descansar.

Paulina apenas concordou e se levantou com a ajuda do noivo. Ela tentava não preocupa-lo, mas ela mesma estava com medo do que seria aquele mal estar que ela sentia quase todos os dias. Paulina sempre foi o tipo de pessoa que não gostava de preocupar as outras, então por decisão dela, ela iria ao médico sem dizer isso à ninguém, nem mesmo à Carlos Daniel.

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– Tem certeza que está bem, meu amor? – Carlos Daniel perguntou pela trigésima vez ao ajuda-la a descer do carro.

– Sim meu amor, não se preocupe.

– Quero que você descanse. Talvez os preparativos do casamento estejam te deixando assim. E como você está sobrecarregada, a cena que você presenciou hoje só ajudou a piorar isso. – Ele disse com pesar. – Paulina, eu...

– Não precisa dizer nada. Eu ouvi o que você disse. Senti muito orgulho. – Ela sorriu e os dois pararam à porta de entrada. – Por um breve momento temi que você concordasse com o que Leda disse.

– Você sabe o quanto te amo, Paulina. Tudo o que ela disse foi por inveja por não ser uma mulher incrível como você é. Nada do que ela disse é o que eu penso. Pelo contrário.

– Você é incrível, sabia? – Paulina se inclinou para conseguir beijá-lo.

– Eu te amo.

– Eu também te amo.

– É melhor entrarmos para você descansar.

– Sim.

Carlos Daniel abriu a porta e os dois entraram na mansão dos Bracho. De início estranharam que as crianças não correram ao encontro deles como sempre faziam, mas depois perceberam que realmente havia algo errado, já que a casa estava silenciosa.

– Onde estão todos? – Paulina perguntou.

No mesmo instante Lalinha passou correndo na frente deles, com uma bandeja com um copo de água. Ela parou olhando para os dois e seus olhos estavam vermelhos, como se ela estivesse chorando escondido.

– Lalinha, o que aconteceu?

Antes que Lalinha respondesse, os dois ouviram soluços vindos da sala de estar. Carlos Daniel se apressou em ir até a sala, e quando viram todos da casa reunidos, chorando, seu coração parou por um instante.

– O que aconteceu? – Paulina perguntou preocupada. Vovó Piedade era amparada por Adeline e Rodrigo, enquanto Patrícia segurava Carlinhos no colo, tão abatido quanto todos os outros. Willy estava abraçado à Estephanie no outro canto da sala.

– Onde está Lizete? – Carlos Daniel perguntou imediatamente.

– Senhor Carlos Daniel... – Lalinha se aproximou com a voz tremula. – É que... Aconteceu uma coisa.

– Onde está minha filha? – Ele aumentou o tom de voz. – O que aconteceu com ela?

Adeline se levantou e as lágrimas se formaram em seus olhos.

– Foi tão rápido... – Ela falou com a voz embargada. – Decidimos sair para um passeio no parque, como costumamos fazer nas sextas feiras. Os dois estavam brincando, e por um instante ela estava lá. Eu me lembro que ela estava no alto do escorregador. E por um segundo eu desviei o olhar, e então Carlinhos veio correndo dizendo... Oh meu Deus! – Adeline sentou-se colocando as mãos em seu rosto e chorando.

– Pelo amor de Deus! O que aconteceu? – Agora ele implorava por uma resposta. Uma resposta que ele preferia não ter ouvido.

– Lizete foi sequestrada. Um homem a levou. – Lalinha completou, abaixando a cabeça.


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