Amor y Nada Más escrita por Verônica Souza


Capítulo 11
Capítulo 11




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– Como você está se sentindo, Carlinhos? - Paulina perguntou sentada ao lado dele.

– Estou muito melhor, Paulina. E feliz por você estar aqui. - Respondeu animado. - Pensei que você não voltaria mais e nos abandonaria.

– Claro que não, Carlinhos. Acontece que eu e seu pai estávamos passando por um momento difícil, mas já nos resolvemos.

– Então vocês irão se casar?

Paulina respirou fundo e então forçou um sorriso.

– Não meu amor. Somos apenas amigos gora.

– Isso não importa... Só quero que você continue aqui com a gente.

– E eu continuarei, não se preocupe.

– Olha só, Carlinhos. A nova fantasia que a Paulina me deu. - Lizete apareceu vestida de joaninha.

– Você está linda, meu amor! - Paulina a pegou no colo.

– É bem melhor do que a fantasia que a tia Leda me deu.

– Mas a fantasia que ela deu também é muito bonita.

– Eu prefiro essa.

Vovó Piedade e Adeline entraram no quarto e olharam animadas para Paulina brincando com as crianças.

– Finalmente a paz voltou a casa. - Disse Adeline.

– Não completamente, Adeline. Ainda precisamos cuidar de algumas coisas.

– Vovó, a senhora sabe que não será fácil fazer os dois voltarem.

– Mas não será impossível. Os dois se amam. E quando duas pessoas se amam, não existem obstáculos que os impeçam de ficarem juntos.

XX

– Então quer dizer que você e Paulina se resolveram? - Rodrigo perguntou animado.

– Não completamente. Aceitamos ser amigos, pelo bem das crianças.

– Você nem ao menos tentou...?

– Claro que tentei, Rodrigo. Mas ela não quer me ouvir. Parece que ela já está decidida em ficarmos separados.

– Isso não é totalmente culpa dela. Você não quis ouvir antes...

– Eu sei! - Ele suspirou. - Eu sei... E me sinto péssimo por isso. Como pude ser tão orgulhoso?

– Não fique assim, você pode tentar consertar as coisas.

– Espero que ainda de tempo.

– O que quer dizer?

Antes que Carlos Daniel respondesse, José Augusto entrou na sala com vários papéis em mãos. Carlos Daniel não pode evitar de olhá-lo com fúria, mas José Augusto o ignorou.

– Aqui estão, as estatísticas. - Ele entregou os papéis para Rodrigo.

– Não acredito!

– O que foi?

– As ações da fábrica estão no topo! - Ele olhou animado para o irmão. - Está vendo isso? A fábrica nunca chegou a esse nível. É maravilhoso!

– Confesso que fiquei assustado com os resultados, e refiz várias vezes. Mas é realmente isso... Esse é todo o lucro da fábrica nesses últimos meses.

– Isso tudo graças a Paulina.

– Sim... Graças a ela. - Carlos Daniel sorriu.

– Acho que agora concorda comigo que ela terá que subir de cargo, não é?

– Sim, com certeza. Irei chamá-la aqui assim que chegar...

José Augusto e Carlos Daniel se encararam por longos segundos.

– Bem, se me dão licença voltarei para o meu trabalho. - José Augusto disse retirando-se da sala.

– O que foi isso? - Rodrigo perguntou.

– O que?

– Por que olhou para ele assim?

– Não é nada.

– Aconteceu alguma coisa?

Carlos Daniel exitou um pouco, mas contou a história da noite passada para o irmão. Rodrigo escutava tudo abismado, e ao mesmo tempo sem saber se aprovava a atitude de Paulina ou se ficava ao lado do irmão. No fim da história, ele deu um longo suspiro e se aconchegou na cadeira.

– É uma situação complicada... Você não pode prendê-la, e do mesmo jeito que você teve um encontro com Leda, ela pode ter um encontro... Aliás... Por que Leda?

– Isso não vem ao caso. A questão é que só quando a vi com outro homem, percebi que não poderia deixá-la ir simplesmente.

– E o que vai fazer sobre isso?

– Eu sinceramente não sei.

– Precisam conversar, a sós.

– Não temos tempo de ficarmos sozinhos.

– Então arrume um jeito. Lute por ela, irmão. Antes que seja tarde demais.

XX

Paulina chegou na fábrica e logo Janaína a puxou pelo braço, levando-a para um canto do balcão.

– Me conte tudo! Senhor Carlos Daniel chegou aqui furioso, com a cara péssima! - Exclamou animada.

– Não aconteceu nada.

– Como assim?

– Nada.

– Mas... Nem... Um beijo?

– Não, Janaína. Fomos para nos conhecer melhor, e acabou que nem isso deu para fazer.

– Mas o que foi que aconteceu nesse encontro?

Paulina contou sobre o quase encontro, e Janaína parecia prestes a ter um ataque cardíaco. A cada parte que Paulina chegava, ela dava um longo suspiro e levava as mãos à boca.

– Não acredito que ele teve coragem de ter um encontro!

– Janaína, não posso julgá-lo. Ele é um homem livre e desimpedido, e eu mesma estava em um encontro.

– Mas isso é diferente, Paulina. Mas a melhor parte foi que... Ele está morrendo de ciúmes de você!

– Shhh! Não fale alto... Alguém pode ouvir.

– Ah minha amiga, você tinha que ver como ele chegou hoje. Estava soltando fumaças pelo nariz.

Paulina riu.

– E o que vai fazer com José Augusto?

– Devo a ele um pedido de desculpas e tentarei me redimir.

– Vai se encontrar com ele de novo?

– Quem sabe...

– Mas e o Senhor Carlos Daniel?

– Ontem tivemos uma conversa e decidimos ser apenas amigos.

– E tem como ser apenas amiga de um homem como aquele? Não te da vontade de abraçá-lo e apertá-lo e...

– Janaína!

– Ai me desculpe! É que não sei qual dos dois é mais bonito e charmoso. Mas de qualquer maneira você está muito bem. Dois bonitões lutando pela sua atenção.

– Eles não estão lutando pela minha atenção.

– Paulina, preciso falar com você. - José Augusto e Carlos Daniel falaram ao mesmo tempo. Os dois se olharam com os olhos faiscantes. Janaína apenas fingiu continuar fazendo o seu trabalho, e Paulina olhou confusa para os dois.

– É assuntos sobre a fábrica. - Carlos Daniel disse impaciente.

– Tudo bem, eu posso esperar. - José Augusto disse.

– Está bem. Vejo você daqui a pouco. - Paulina disse para José Augusto e ele afirmou com a cabeça.

Depois que os dois subiram as escadas, José Augusto se escorou no balcão e deu um longo suspiro.

– O que você vai fazer quanto a isso? - Janaína perguntou.

– Como assim?

– Vai deixar ele ganhá-la assim tão fácil?

– Não é bem assim, Janaína. Eles estão indo falar sobre negócios...

– Não estou falando disso. Você tem que chamá-la para outro encontro, e dessa vez em um lugar onde ninguém irá atrapalhá-los.

– Será que ela vai aceitar?

– Claro que vai.

– É, tem razão. Afinal, ela já disse que os dois não voltarão mais.

– Corra atrás dela, antes que seja tarde demais.

XX

– Então... O que deseja Senhor...

– … Por favor, não me chame de senhor. Agora que somos... Amigos... Não precisa de toda essa formalidade.

– Está bem, Carlos Daniel. Como quiser.

– Hoje pela manhã eu e Rodrigo analisamos os gráficos dos lucros da fábrica, e tivemos ótimos resultados durante esses meses. Melhores do que nunca.

– Mesmo? Que coisa ótima!

– Sim... E tudo isso graças a você.

– Não é bem assim...

– Você sabe que é. Se não fosse por você, estaríamos enfrentando grandes problemas até hoje...

– Fico feliz por ajudar.

– E por isso decidimos fazer uma proposta... De novo.

– Qual proposta?

– Que você volte a administrar a fábrica conosco.

– Mas...

– Por favor, Paulina. Aceite. Não pode continuar trabalhando na recepção tendo tanto talento.

– Eu não sei, Carlos Daniel.

– Esqueça dos nossos problemas. Pense apenas na fábrica.

– Não estou pensando nos nossos problemas. - Disse rapidamente.

Carlos Daniel se aproximou, olhando para ela. Parou do seu lado e delicadamente tocou sua mão. Paulina deu um longo suspiro e fechou os olhos, tentando se controlar.

– Sei que te devo desculpas...

– Por que?

– Por não ter te escutado quando tive a chance. Eu estava dominado pelo ódio, pela mágoa. Sei que fui um completo idiota por ter te tratado tão mal sem ao menos saber de toda a história. Não precisa me dizer agora, apenas quando estiver preparada, mas não se afaste de mim, Paulina. Não posso suportar mais um dia longe de você.

– Não podemos ficar juntos, Carlos Daniel.

– Não precisamos ficar juntos. Só quero que fique ao meu lado. Seja como amiga, ou como colega de trabalho. Sinto falta de ouvir sua voz tão doce. - Ele tocou seu rosto. - Sua risada tão linda...

– Carlos Daniel, por favor... - Disse com a voz trêmula. - Está tornando tudo mais difícil.

– Então não precisamos complicar tudo. Não precisa ser assim, Paulina. Meus filhos te adoram, todos na minha família te adoram...

– Todos?

– Sim. Inclusive eu.

Paulina sentiu seu coração disparar.

– Nunca deixei de te amar, Paulina. Eu pensava que com o tempo esse amor fosse desaparecer, mas eu estava completamente errado. Te amo ainda mais que antes, se é que é possível.

– Carlos Daniel...

– Não diga nada. Só quero que saiba disso. Te esperarei o tempo que for, e nunca irei desistir de você ou de nós. Nunca.

– Carlos Daniel, eu... - Rodrigo entrou na sala e então parou olhando para os dois. Paulina se afastou rapidamente, ficando completamente corada. - Desculpe. Não queria atrapalhar, volto uma outra hora.

– Não é necessário, Rodrigo. - Paulina disse envergonhada. - Eu já estava de saída. Aceito sua proposta, Carlos Daniel. Administrarei a fábrica com vocês.

– Isso é ótimo! - Exclamou Rodrigo.

– Vou providenciar alguém para ocupar seu lugar na recepção hoje mesmo. - Os olhos de Carlos Daniel ainda brilhavam olhando para ela. Paulina apenas sorriu e saiu o mais rápido possível da sala. Não sabia quanto tempo conseguiria se segurar.

“Por que ele faz isso comigo? Como ele consegue me deixar tão confusa? Eu pensava que seria fácil esquecê-lo e continuar minha vida, mas cada dia isso fica mais impossível. Será que tudo o que ele me disse é verdade? Será que ele ainda me ama realmente e está disposto a recomeçar? Não posso alimentar falsas esperanças dessa vez, e principalmente não posso magoar José Augusto. Agora estou tão confusa, não sei qual caminho seguir. Será que devo assumir todo o amor que sinto por Carlos Daniel e arriscar ser feliz novamente, ou devo dar uma chance para uma nova pessoa entrar em minha vida e me fazer feliz? Meu Deus... Por que tudo tem que ser tão difícil?”

XX

– Então quer dizer que ela voltou para casa com ele... - Omar bateu no balcão do bar e todos olharam para ele. - Como deixou isso acontecer?

– Me desculpe, mas a culpa não foi minha. Se eu soubesse que a sonsa da Paulina iria ter um encontro, eu não teria ido naquele mesmo restaurante. - Leda disse impaciente. - E agora, o que faremos?

– O que faremos? Eu consertarei o erro que você cometeu.

– Mas ela pensa que você está longe. Não pode aparecer assim de repente.

– Não disse que vou aparecer. Você fará o que eu mandar.

– E por que eu faria isso?

– Por que estou te pagando bem para isso. E se eu tiver Paulina de volta, o idiota do Bracho será todo seu. Não é isso que queria?

Leda não respondeu, apenas sorriu.

– Então, o que faremos?

– Me encontre hoje no hotel La Vegga. Explicarei tudo para você.

– E o que faremos com o contador? Ele parece estar bem apaixonado por ela.

– Deixemos que ele aproveite um pouco enquanto tem tempo. Logo ele não terá mais a oportunidade de ficar com minha Paulina... Ou com qualquer outra mulher.

XX

Paulina estava escorada no balcão, pensativa. Não tinha cabeça para o trabalho naquele dia. Apenas tentava colocar seus pensamentos no lugar. Toda aquela confusão de sentimentos estava deixando-a transtornada.

– Paulina! - José Augusto exclamou animado. - Que bom que está aqui.

– José Augusto. - Ela sorriu. - Eu precisava falar com você.

– Eu também.

– Primeiramente quero me desculpar por ontem.

– Não se preocupe. Sei o quanto você gosta daquela criança, e entendo que precisava vê-lo.

– Você é muito gentil. Mas não é só isso que eu queria dizer...

– E o que é?

– Eu...

Paulina foi interrompida com a chegada de Leda. Ela nunca ia até a fábrica, e Paulina a olhou desconfiada.

– Oh... Uma recepcionista. - Leda provocou. - Carlos Daniel está aí?

– Sim, está em sua sala.

– Ótimo. Vamos sair para jantar hoje, já que ontem foi um fracasso de encontro, não é Paulina?

– Carlinhos estava muito mal, Leda. Não pode culpá-lo por isso.

– Que seja! Acho que os dois deviam fazer o mesmo. É um péssimo começo de encontro não é? - Ela sorriu e colocou seus óculos de sol no cabelo, e então subiu as escadas.

– O que ela quis dizer com isso? Como ela sabe que nosso encontro foi interrompido?

– Bem... Eu irei te explicar tudo. Hoje. Se aceitar, quero dizer...

– Como assim?

– Queria me redimir por ontem. Aceita dar um passeio no parque comigo? É sábado e saímos mais cedo da fábrica.

– É claro. Seria uma honra, Paulina. - José Augusto sorriu animado.

XX

– Já disse que não, Leda! Não quero sair com você.

– O que aconteceu depois de ontem? - Perguntou se aproximando dele. - Estava tão gentil e carinhoso, e hoje está tão... Normal.

– É exatamente por isso. Voltei ao meu normal. Tenho coisas melhores para fazer hoje.

– É mesmo? Parece que Paulina também. - Ela disse olhando pela janela.

Carlos Daniel se aproximou e viu Paulina e José Augusto saindo juntos da fábrica. Ele fechou sua mão com raiva, e então engoliu a vontade de dizer todos os palavrões possíveis.

– O que foi? Por que ficou tão tenso?

– Quero ficar sozinho, Leda.

– Hoje é sábado, Carlos Daniel. Todos já saíram para se divertir, inclusive sua ex noiva. Por que não podemos fazer o mesmo?

– Quer realmente saber por que? - Ele olhou furioso para ela. - Por que eu não quero me encontrar com nenhuma outra mulher. Porque eu ainda amo Paulina, e não importa o que aconteça, eu lutarei por ela.

– Pena que ela não pode dizer o mesmo... - Ela disse escorando-se à mesa. - Uma pena que todo esse amor que você sente seja desperdiçado. Ela parecia bem animada quando aceitou sair com o contador. Parece que será uma noite e tanto. E enquanto você está aí morrendo de amores por ela, ela está se divertindo com outro homem.

Carlos Daniel se segurou para não dar um belo tapa em Leda. Nunca em toda a sua vida ele encostou a mão em uma mulher, mas Leda estava o irritando tanto que por pouco ele não se controlava. Por sorte, Janaína entrou na sala de Carlos Daniel.

– Desculpe, Senhor Carlos Daniel. Não sabia que estava com visita.

– Tudo bem. Leda estava de saída. - Ele a olhou.

– Sim, estava. Mas irei te esperar no carro. Já fiz reservas para hoje a noite. - Ela sorriu e então saiu da sala, sentindo-se vitoriosa.

– O Senhor mandou me chamar?

– Sim. Como deve saber, Paulina não irá mais ser recepcionista. Uma vez você disse que tinha uma prima precisando de um emprego. Ela aceitaria trabalhar no lugar da Paulina?

– Ah claro que sim, Senhor! Ela ficará muito feliz!

– Ótimo. Peça para ela vir segunda feira falar comigo para acertarmos tudo.

– Muito obrigada, Senhor Carlos Daniel. O Senhor é um anjo.

Janaína saía da sala animada, mas antes de sair, Carlos Daniel a chamou.

– Senhor? - Ela o olhou.

– Sabe se... Paulina e José Augusto saíram juntos?

– Bem, senhor... Eu não sei de nada e... - Ela olhou bem para ele, e viu que os olhos dele estavam marejados. Janaína não sabia o motivo dos dois terem terminado o noivado, mas desde que se tornou amiga de Paulina, ela torcia para que Carlos Daniel sofresse com o mal que causou a ela. Mas olhando para ele naquela situação, ela pode sentir que talvez ele não fosse culpado por tudo o que aconteceu. - O senhor... Ainda a ama não é?

Ela se preparou para ouvir Carlos Daniel expulsá-la de sua sala dizendo que sua vida pessoal não era da sua conta. Mesmo que ele nunca tenha mal tratado nenhum funcionário da fábrica, ele não era conhecido por ser o mais divertido e gentil. Estava sempre sério, dizendo “bons dias” sem empolgação. Mas em vez de enxotá-la, ele sentou-se pesadamente em sua cadeira e colocou a mão em sua testa.

– Senhor... Se me permite dizer... Não desista dela.

Carlos Daniel levantou a cabeça e a olhou confuso.

– Ela não me diz nada, mas sei que ela sai com José Augusto por algum motivo. E acredito que o motivo dela fazer isso seja tentar esquecer tudo o que aconteceu. Ela não me diz muitas coisas da sua vida, mas sei que ela teve uma vida um pouco sofrida, e tudo o que ela quer é ser feliz. Paulina é uma mulher maravilhosa e gentil, e todos que a conhecem querem o seu bem, inclusive eu. Não quero que minha amiga se magoe mais, e quero que ela seja muito feliz. Mas estou vendo que... Talvez ela só seja feliz com o senhor.

– Você acha?

– Sim, eu acho. Não fique se sentindo mal por ela estar tentando. Ela não tem culpa de nada.

– Sim... Claro. - Ele suspirou e se levantou. - Acha que devo lutar por ela?

– Ah sim! E se o Senhor quiser eu posso dar algumas dicas de... - Ela se empolgou mas parou, se afastando um pouco de Carlos Daniel. - Quero dizer... Se me permitir... Posso dizer ao senhor o que fazer. Já ajudei muitos casais na minha vida e sou ótima com conselhos.

– Está bem.

– Mesmo? - Perguntou assustada.

– Sim. Falaremos disso segunda feira. Agora... Pode ir para casa. Seu horário já terminou.

– Sim Senhor... Tenha uma boa tarde.

– Você também.

Janaína se retirou da sala e Carlos Daniel voltou a se sentar. Ele não era o tipo que aceitava conselhos amorosos de seus funcionários, mas naquela situação, ele faria de tudo para ter Paulina de volta.

XX

– Está tudo nos conformes. Daqui a duas semanas colocaremos nosso plano em ação. - Disse Omar.

– Onde está Leda?

– Ela está fazendo sua parte no trato, eu espero.

– E você vai deixar com que Paulina tenha um encontro? Por que não a proíbe logo?

– Porque o contador não é uma ameaça para mim.

– E o idiota do Carlos Daniel é?

– Não teste minha paciência, Willian. - Omar disse impaciente. - Sabe o que quero dizer. Enquanto ela gostar desse imbecil eu nunca terei o amor dela de volta.

– E acha que fazendo tudo isso você terá?

– Mas de que lado você está?

– Só estou dizendo...

– Quem é você para dizer algo de amor? Sua esposa te despreza.

– Não fale assim de Estephanie. - Respondeu nervoso. - Só estamos passando por uma crise.

– Ah, claro... E quanto tempo tem isso? Aposto que depois de todo o sofrimento que ela passou em suas mãos, ela deve estar se divertindo com outros, assim como você fazia com ela.

– Você não sabe nada da minha vida.

– Sei o que me contaram... E o que dizer de um homem que apenas desprezava a esposa, que só queria o seu dinheiro e aproveitava da sua boa vontade? Agora aposto que está arrependido não é? Já pensou que ela logo pode se apaixonar por outro e pedir o divórcio?

– Disse o homem que fez sua mulher fugir.

– Isso não vem ao caso. - Respondeu nervoso. - Estou pagando para você fazer o que eu mando.

– Cansei dessa conversa. Só farei isso porque você já me pagou, se não... Eu te entregaria imediatamente. - Dizendo isso, Willian saiu do hotel, deixando Omar contrariado.

XX

– Então quer dizer que Carlos Daniel estava no restaurante?

– Sim, mas eu não sabia.

– E então ele recebeu a ligação e vocês foram embora juntos?

– Apenas porque Carlinhos estava se sentindo mal.

– Sim, eu entendo. - José Augusto suspirou. - Eu acredito em você.

– Obrigada. Eu... Eu fico muito feliz por você ser tão compreensível.

– Mas Paulina, não posso tomar as decisões por você, e nem posso obrigá-la a gostar de mim. - Ele se virou para ela.

Estavam sentados no banco do parque. Estava escurecendo, e as luzes iluminaram o ambiente, deixando-o ainda mais agradável.

– Eu sei. - Suspirou. - Mas eu quero tentar.

– Isso tem alguma coisa a ver com aquela mulher que foi até a fábrica?

– Talvez.

– Você ainda o ama não é?

Paulina ficou em silêncio.

– Não se preocupe. Não vou julgá-la por isso.

– Eu não queria amá-lo. Não depois de tudo. Mas é algo que não podemos controlar.

– Sim, sei exatamente.

– Mas estou me esforçando. Eu juro que estou.

– Isso é um bom começo. - Ele sorriu e Paulina sorriu de volta. - Não se preocupe, não apressarei as coisas. Deixarei tudo acontecer no seu devido tempo.

– Muito obrigada, José Augusto. Por tudo. Você tem sido um ótimo amigo.

– Não completamente.

– O que quer dizer?

– Não acha que está na hora de me contar o que aconteceu com vocês dois?

Paulina desviou o olhar e sentiu seu corpo ficar frio. Era a primeira vez que tocava naquele assunto depois de tanto tempo. Ela nunca tinha contado isso para ninguém da fábrica, nem mesmo para Janaína. Mas sentia que José Augusto era confiável, e que merecia saber toda a verdade.

– Está bem... Mas é uma história um pouco longa.

– Estou com todo o tempo que precisar.

Paulina tomou folego e contou sua longa história para José Augusto. Não escondeu nenhum detalhe, principalmente de como fugiu de Omar. Ele ouvia tudo abismado, tendo a mesma reação de todos que sabiam da história. Paulina foi forte para conseguir segurar as lágrimas, e terminou a história dando um longo suspiro de alívio.

– Não acredito...

– É por isso que eu e Carlos Daniel nos estranhávamos no início.

– Não estou acreditando... Esse... Esse tal de Omar... Como foi capaz de fazer isso com você?

– Isso é passado. Não se preocupe com isso. Ele está longe agora, nunca mais irá me perturbar.

– Não, Paulina. Não é passado. Isso é grave, muito grave! Esse homem pode ser perigoso. Como... Como ele teve coragem de fazer uma coisa dessas? Eu... Eu não sei o que faria com ele se o encontrasse.

– Se acalma, José Augusto.

– Me desculpe. É que isso me deixou tão nervoso. Imaginar você sendo agredida por um animal como esse. É... Desprezível. E o pior de tudo é a injustiça que o Bracho fez com você.

Para José Augusto chamar Carlos Daniel de “Bracho”, ele realmente deveria estar muito nervoso.

– Ele não sabe tamanha injustiça que cometeu.

– Mas não importa mais. Ele não quis saber da história antes, e não vai saber agora.

– E está muito certa. Ele não merece isso. Devia ter pensado nisso antes de enxotá-la.

Paulina ficou em silêncio.

– Posso imaginar todo o sofrimento que passou. E lidar com tudo isso praticamente sozinha é... Paulina... Você é uma guerreira. E eu sinto muito orgulho de você.

– Obrigada. - Sorriu envergonhada.

– Eu queria poder fazer alguma coisa para apagar todo esse sofrimento que você passou, e vê-la apenas feliz. Para que nunca mais sentisse tristeza novamente.

Ele segurou sua mão, e Paulina o olhou com o rosto corado. Estava satisfeita por José Augusto tê-la defendido, mas não estava preparada para avançar tão rápido. Delicadamente ela tirou as mãos da dele e então se levantou.

– Bem... Vamos comer alguma coisa? Deixemos as tristezas de lado.

– Claro. Como quiser. - Ele também se levantou e sorriu para ela.

Os dois caminharam até uma lanchonete próxima, e não falaram sobre assuntos tristes o resto da noite. Foi um segundo primeiro encontro bastante agradável, e fez com que Paulina esquecesse de todos os problemas e dúvidas que estava passando. José Augusto era um ótimo amigo. E talvez fosse apenas isso... Um amigo.


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