17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps
Depois mais um dia de busca, nenhum dos três está muito no clima de conversa.
Pelo menos foi isso o que Molly pensou.
Ela estava em seu quarto, tinha acabo de jantar, e escrevia em seu computador sobre essa aventura bem estranha e sobre o que mais lhe ocorresse - gostava de escrever histórias apenas para ela - quando de repente Sherlock apareceu no seu quarto.
– Toc Toc. Desculpe, estou interrompendo?
Meio atrapalhada e envergonhada - já que ela já estava de pijamas, disse:
– Não, não, tudo bem. Martha está com você? - mas não precisou esperar a resposta. Ele estava sozinho.
– Não, ela foi dormir cedo. Eu ia perguntar se você queria jantar comigo, mas... - droga! Se ele tivesse aparecido meia hora antes...
– Eu queria começar a escrever minha história.
– E como vai?
– Muito bem, obrigada.
– Eu apareço nela? - estufou o peito, orgulhoso.
– Talvez. Por que?
– Posso ver? - e já foi se encaminhando para o notebook dela.
– Não, não, não!
– Ah, só um pouquinho.
– Claro que não. - e fechou-o com violência. Só porque ele talvez com certeza estava na história, ele não podia achar que tinha o direito de ler antes. Que absurdo. Mas ela devia confessar: gostou disso. Tom nunca se interessava realmente pelo que ela escrevia.
– E como posso ter certeza de que estarei bem representado?
– Pode confiar em mim.
– O que significa isso? - ele devia falar da cara que ela fez, e não propriamente o que ela disse. Já que até onde ele sabia a visão que ela tinha dele não era das melhores.
– Significa boa noite, Sherlock. - e delicadamente empurrava-o porta a fora. - Boa noite.
Se ele enrolasse mais um pouco, ela talvez não fosse capaz de resistir.
– Boa noite. - disse mais uma vez. E ele riu. - o que foi? - mas não esperou resposta, só fechou a porta na cara dele e se apoiou. O que diabos havia acabado de acontecer.
– Essa é uma das situações que você fala o contrário do que está pensando?
– Não. - Sim. Talvez.
– Certo. Boa noite.
– Boa noite, Sherlock. - e dessa vez ele não voltou.
–--
Na manhã seguinte Molly foi tomar café a beira da piscina. Estava tão inspirada, escrevendo furiosamente, que não viu Sherlock chegar.
– Bom dia.
– Bom dia.
– Vovó quer dormir. - agora ele tinha a atenção dela.
– Ela está bem? Precisa de alguma coisa?
– Nada. É resistente como poucas. - ele ficava fofo quando falava da avó. Queria poder conhecer mais desse Shelock. - Pensei que já que estamos aqui, poderíamos ver um pouco de Siena.
Ela pensou um pouco. Talvez aquela fosse a chance de conhecer o Sherlock por baixo da máscara, pelo menos um pouco.
– É uma boa ideia.
– Vou buscar a chave do carro.
– Chave do carro para que? Não, vamos andando. Só vou pegar minha bolsa e já volto.
Passaram um bom tempo só caminhando e observando a paisagem. Soa tedioso, mas se tratando de Siena, era incrível demais para deixar passar.
– Detesto ter que fazer esse elogio a você, mas o que você faz pela Martha é muito... Doce. E acho, imagino que você preferiria passar as férias em outro lugar. - eles estavam chegando em uma praça, um lugar movimentado e o silêncio começava a ficar constrangedor. - Seus pais te obrigaram a vir? Onde eles estão? - pela cara que ele fez, aquela era a pergunta errada.
– Espero que em um lugar bonito, se você acredita nessas coisas. Eles morreram em um acidente de carro quando eu tinha dez anos.
– Sinto muito. Deus, sinto muito mesmo. - aquilo sim era constrangedor.
– Obrigado, Molly. - depois de mais silêncio, ele continuou. - Foi difícil. Vovó perdeu um filho, e eu perdi meus pais. Não acredito em finais felizes, obviamente. Acabou então que vovó adotou este menino chato e me transformou nesse homem desagradável que sou hoje.
Neste momento ela era obrigada a descordar. Ele não era tão desagradável assim.
– E eu não estou de férias. Eu trabalho por conta própria, Detetive Consultor, o único no mundo. Então estou deixando de resolver casos para acompanha-la. - ele não falou isso como se estivesse acusando alguém. Simplesmente narrava os fatos. E ele ter feito isso, largado tudo para acompanhar a avó, aqueceu o coração de Molly.
– Detetive Consultor? O que é isso?
– Deixa isso pra lá. Chega de falar de mim. E seu noivo? Não está começando a se sentir abandonado?
Ela não conseguiu evitar uma careta.
– Não, Tom está melhor do que nunca. Duvido que sequer perceba que não estou. E quanto a você? - ultimamente falar de Tom a deixava irritada. - Não tem namorada?
– Isso é uma longa história.
– Isso não me surpreende.
– Faz um ano que não vejo a Mulher, digo, Irene.
– Então ela terminou com você?
– Na verdade, é bem mais complicado do que isso. - então ela esperou.
– Você não vai falar mais nada? - ele só continuou andando, com as duas mãos nas costas e olhou de soslaio para ela.
– Vamos tomar um sorvete? - aquilo era um não.
Ali perto havia uma sorveteria bem agradável, com mesas ao ar livre. Ela pegou um sorvete de pistache e ele de morango e quanto se sentaram, ele implorou mais uma vez para ler o que ela escrevia.
– Eu deixei no hotel.
– Isso é mentira. Uma escritora como você jamais sairia sem papel e caneta. Caso contrário, não teria porque trazer essa bolsa gigantesca. - ele indicou a bolsa tiracolo dela que era realmente grande para quem só estava dando um passeio.
– Tudo bem. Mas não tudo! - entregou a ele.
Ela pensou que pelo menos seria divertido de ver as reações dele, mas ele não demonstrou absolutamente NADA.
– Ok, ok, chega. - ele já havia lido três páginas, e quando ela foi tirar da mão dele, ele puxou, tentando ler um pouco mais.
– Molly... - ela conhecia aquele olhar. Ele havia gostado do que leu. - você escreve muito bem.
– Obrigada. - se sentia orgulhosa. Era bom ouvir isso.
– Não! Isso é, muito, muito, muito bom.
– Por que você está tão surpreso?
– Como é que você nunca mostrou seu trabalho a ninguém?
– sinto como se nunca terminasse.
– Por que?
– Acho que porque sou perfeccionista.
– Sabe que isso é outra forma de dizer "sou uma covarde"? - ele brincou - escute, você não tem nada a temer. - por que ouvi-lo dizer aquilo dava coragem a ela? - Você não é uma pesquisadora, é uma escritora! - então ela passou sorvete na cara dela. - Mas por que você fez isso?
– Eu não sou covarde. - mas ambos riam da situação. E do alto de sua maturidade, Sherlock revidou é espalhou sorvete na cara dela também.
– E eu não sou um cavalheiro.
– Acho que devíamos voltar para Martha. - Molly falou, enquanto tentava limpar o sorvete no rosto, mas só piorava a situação, sujando as mãos também.
– Sim. Muitos Lorenzos.
E começaram uma guerra de sorvetes, com Molly tentando passar mais sorvete na cara de Sherlock, mas como ele era mais forte, só segurou as mãos dela, quebrando a casquinha, o que resultou em pistache por toda a mesa.
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