17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps
Voltaram para o hotel em Siena e logo já foram buscar pelos Lorenzos. Uma pesquisa rápida na internet e...
– Setenta e quatro? - Sherlock estava tão interessado na busca que a primeira coisa que fez quando voltou foi ir até o quarto se trocar, para depois ir a piscina. Ele estava enrolado em um roupão e quando viu a quantidade de Lorenzos Bartolini, decidiu que seria desperdício de saliva falar com as duas e foi nadar. Precisava tomar um bronze, Sherlock estava branco demais, mas ele ainda tinha um corpo lindo e...
– Molly, o que você acha? - Martha perguntou. Percebendo que Sherlock ia gritar uma resposta mal educada, ela falou:
– Esse é o meu trabalho, eu encontro coisas. Através de um processo de eliminação, podemos reduzir a procura.
– Isso é loucura!
– Volte a nadar e nos deixe trabalhar! - Martha gritou para o neto.
– Ok, você tem certeza que ele nunca sairia daqui?
– Ele amava essa terra, eu tenho certeza. - elas encaravam o mapa onde tinham marcado todos os Lorenzos.
Como podiam haver tantos Lorenzos Bartolini em um lugar só? Como reduzir essa procura? Talvez, se medisse a distância da casa do primeiro Lorenzo e procurar a partir dali eles...
– Posso? - nada de cálculos esquisitos, Molly só pegou o colar com o anel, mediu a escala usando a corrente e, colocando esse pedaço no mapa, circulou.
– Nossos Lorenzos. - sorrindo, devolveu o colar. Martha parecia encantada, e beijou o anel quando pegou de volta.
– Tem certeza que tem tempo para tudo isso? - no meio da agitação, Molly até esqueceu que viajou com Tom. Sinceramente não fazia nem ideia se poderia, ou qual era a situação do lado de Tom.
– Vou ligar para ele.
No segundo toque ele atendeu.
– Ciao. Como vai?
– Bem, e você? - a conversa estava quase formal demais.
– Sabe de uma coisa? Estava participando deste leilão de um Sauterne incrível. - aquilo era um vinho? - Foi muito legal, maravilhoso e você?
– Estou bem, estou em Siena.
– O que está fazendo em Siena?
– Escrevendo uma história. Estamos numa espécie de aventura, procurando por alguém que Martha conheceu há cinquenta anos atrás.
– Este não é um momento bom porque estou ocupado, mas estou feliz por você me ligar. Estava a ponto de chamá-la. - ela fingiu acreditar na mentira, pelo bem de todos. - As oportunidades aqui são muito boas. Acho que terei que ficar até sexta. - ele deve ter ouvido o suspiro de Molly, porque logo em seguida falou: - Posso ficar ou deixo? Sinto-me muito mal...
– Não, faça isso! Eu também preciso até a sexta. - ela queria fazer isso, mas também se sentia mal.
– Legal, na sexta está bem. Assim todos nós ganhamos. – E desligou. De novo esse papo e nem sequer perguntou o que ela faria.
– Martha? Estou livre. - Sherlock estava ao lado da avó, se secando e ficou sem entender nada.
– Livre? Livre pra que?
– Ela vem conosco!
– Ah, que maravilha! - e enterrou a cabeça na toalha, escondendo a decepção.
–--
Para não perder tempo, já começaram a busca no mesmo dia. Sherlock ia dirigindo, com a avó ao lado e Molly atrás. Preferia desse jeito, assim podia já escrever. Mesmo que saísse tudo torto por estarem movimento.
O segundo Lorenzo que encontraram era um velhinho muito simpático. Ele estava em uma praça e jogava xadrez com um amigo.
– Caso não o encontre, volte. - Molly era obrigada a confessar: no lugar da Martha, ela voltaria se não o encontrasse. E até mesmo Sherlock parecia ter gostado dele. Se bem que depois do primeiro, qualquer um seria melhor.
Sem dizer que sim ou que não, ela se levantou.
– Boa sorte. - ele a cumprimentou.
–--
O próximo Lorenzo era dono de um barco. Então, quando eles foram procurá-lo, tiveram que esperar.
Quando ele chegou, estava na cara que não era o certo. Fazendo pose de garanhão, usando uma camisa havaiana ridícula amarrada na frente e uma sunga speedo que definitivamente não tinha idade para usar, com um boné vermelho horroroso e óculos de sol e uma corrente de preta, ele ajudava as moças da idade de Molly - mais novas até - a descerem do barco, e cantava cada uma delas.
Martha olhava horrorizada para aquilo.
– Não é ele. - Sherlock ria da situação, provavelmente tão chocado quanto qualquer uma das duas.
Obviamente eles deram meia volta antes mesmo de falar com esse Lorenzo.
–--
O Lorenzo seguinte vivia numa mansão.
– Seria incrível, de trabalhador a dono das terras. - comentou Sherlock.
Mas infelizmente não era esse.
– Eu jamais teria deixado-a ir. - ele era um doce. Entregou uma rosa branca a ela é beijou suas mãos, antes de deixá-la ir.
– É impressionante, os italianos caem aos seus pés! - Martha ria, sentindo o cheiro da flor.
– É uma pena que não seja ele. Eu poderia ser feliz aqui.
– Feliz? Seu neto disse a palavra "feliz"?
– Eu disse "poderia". Não vamos exagerar. Devo proteger minha reputação internacional. - Molly virou os olhos para isso. "Reputação internacional". Metido.
–--
Depois de quatro fracassos, nada como um bom jantar.
– Por que não conta sobre seu trabalho para Molly, Sherlock?
– Acho que não vai lhe interessar.
– Conte.
– Eu sou detetive. Detetive Consultor.
– Que tipo de emprego é esse?
– Eu resolvo mistérios. Crimes, normalmente. Você parece surpresa.
– Estou, na verdade. Imaginava alguma coisa mais chata, como engenheiro. Ou um nariz empinado de Oxford, na verdade.
Ele ria, indignado.
– Imagino que é uma pobre conhecedora de pessoas. - Martha se mostrava cada vez mais desconfortável.
– É assim que se especializa em detalhes, Sherlock. - e lançou um olhar cúmplice a Molly.
– Ó, não fale comigo sobre detalhes. - percebeu a grosseria, emendou em seguida. - desculpe. - parecia bem envergonhado agora.
– Bom, vou dormir. Boa noite, Molly - e lhe deu um beijo na testa. Sherlock já estava em pé.
– Posso acompanha-la?
– Comportem-se bem. - beijou o neto e ignorou o que ele disse. - Boa noite.
Para surpresa dela, ele voltou a se sentar.
– Ela é incrível.
– Serei obrigado a concordar. - um silêncio constrangedor pairava no ar. Terminaram o vinha e Sherlock disso. - Bom, vamos dormir? Quer dizer... Isso soou tão errado, não foi isso que eu quis dizer, quer dizer eu...
– Sherlock, tudo bem, eu entendi. - ela ria, e ele ficava cada vez mais constrangido. Mas ela não estava com sono. - Boa noite. - e, desapontado, foi embora.
Ela também estava um pouco desapontada. Esperava que ele ficasse para terminar o vinho com ela. Por que ela esperava isso?
– Desculpe-me, onde está minha educação?
– Isso eu venho me perguntando desde que conheci você.
– Eu não sei o que é - ele parecia fazer um esforço enorme para falar isso - mas você parece trazer a tona o pior de mim.
Muito lisonjeiro da parte dele voltar para falar isso.
– É culpa minha. - sem querer um sorriso escapou.
– Tudo isto é culpa sua. Você escreveu a maldita carta. Enfim, posso acompanha-la até o seu quarto? - depois de um pedido tão delicado da parte dele, ela não pode dizer não. E com um peso no coração, deixou o vinho para trás.
– Não sou esse estraga prazer insuportável que você pensa que sou.
– Com certeza não! Foi você quem disse "amor verdadeiro é uma idiotice".
– Culpado. A verdade é que estou preocupado com ela. Ela pode parecer muito despreocupada, mas a sua vida não tem sido tão simples. - ele encarava Molly o tempo inteiro.
É pouco compreensível que eu me preocupe?
– Não, seria pouco compreensível se você não se preocupasse. Mas tenho um bom pressentimento. Você vai ver.
– Espero que tenha razão. Realmente espero.
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