17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps


Capítulo 5
Quantos podem haver?




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Voltaram para o hotel em Siena e logo já foram buscar pelos Lorenzos. Uma pesquisa rápida na internet e...

– Setenta e quatro? - Sherlock estava tão interessado na busca que a primeira coisa que fez quando voltou foi ir até o quarto se trocar, para depois ir a piscina. Ele estava enrolado em um roupão e quando viu a quantidade de Lorenzos Bartolini, decidiu que seria desperdício de saliva falar com as duas e foi nadar. Precisava tomar um bronze, Sherlock estava branco demais, mas ele ainda tinha um corpo lindo e...

– Molly, o que você acha? - Martha perguntou. Percebendo que Sherlock ia gritar uma resposta mal educada, ela falou:

– Esse é o meu trabalho, eu encontro coisas. Através de um processo de eliminação, podemos reduzir a procura.

– Isso é loucura!

– Volte a nadar e nos deixe trabalhar! - Martha gritou para o neto.

– Ok, você tem certeza que ele nunca sairia daqui?

– Ele amava essa terra, eu tenho certeza. - elas encaravam o mapa onde tinham marcado todos os Lorenzos.

Como podiam haver tantos Lorenzos Bartolini em um lugar só? Como reduzir essa procura? Talvez, se medisse a distância da casa do primeiro Lorenzo e procurar a partir dali eles...

– Posso? - nada de cálculos esquisitos, Molly só pegou o colar com o anel, mediu a escala usando a corrente e, colocando esse pedaço no mapa, circulou.

– Nossos Lorenzos. - sorrindo, devolveu o colar. Martha parecia encantada, e beijou o anel quando pegou de volta.

– Tem certeza que tem tempo para tudo isso? - no meio da agitação, Molly até esqueceu que viajou com Tom. Sinceramente não fazia nem ideia se poderia, ou qual era a situação do lado de Tom.

– Vou ligar para ele.

No segundo toque ele atendeu.

– Ciao. Como vai?

– Bem, e você? - a conversa estava quase formal demais.

– Sabe de uma coisa? Estava participando deste leilão de um Sauterne incrível. - aquilo era um vinho? - Foi muito legal, maravilhoso e você?

– Estou bem, estou em Siena.

– O que está fazendo em Siena?

– Escrevendo uma história. Estamos numa espécie de aventura, procurando por alguém que Martha conheceu há cinquenta anos atrás.

– Este não é um momento bom porque estou ocupado, mas estou feliz por você me ligar. Estava a ponto de chamá-la. - ela fingiu acreditar na mentira, pelo bem de todos. - As oportunidades aqui são muito boas. Acho que terei que ficar até sexta. - ele deve ter ouvido o suspiro de Molly, porque logo em seguida falou: - Posso ficar ou deixo? Sinto-me muito mal...

– Não, faça isso! Eu também preciso até a sexta. - ela queria fazer isso, mas também se sentia mal.

– Legal, na sexta está bem. Assim todos nós ganhamos. – E desligou. De novo esse papo e nem sequer perguntou o que ela faria.

– Martha? Estou livre. - Sherlock estava ao lado da avó, se secando e ficou sem entender nada.

– Livre? Livre pra que?

– Ela vem conosco!

– Ah, que maravilha! - e enterrou a cabeça na toalha, escondendo a decepção.

–--

Para não perder tempo, já começaram a busca no mesmo dia. Sherlock ia dirigindo, com a avó ao lado e Molly atrás. Preferia desse jeito, assim podia já escrever. Mesmo que saísse tudo torto por estarem movimento.

O segundo Lorenzo que encontraram era um velhinho muito simpático. Ele estava em uma praça e jogava xadrez com um amigo.

– Caso não o encontre, volte. - Molly era obrigada a confessar: no lugar da Martha, ela voltaria se não o encontrasse. E até mesmo Sherlock parecia ter gostado dele. Se bem que depois do primeiro, qualquer um seria melhor.

Sem dizer que sim ou que não, ela se levantou.

– Boa sorte. - ele a cumprimentou.


–--

O próximo Lorenzo era dono de um barco. Então, quando eles foram procurá-lo, tiveram que esperar.

Quando ele chegou, estava na cara que não era o certo. Fazendo pose de garanhão, usando uma camisa havaiana ridícula amarrada na frente e uma sunga speedo que definitivamente não tinha idade para usar, com um boné vermelho horroroso e óculos de sol e uma corrente de preta, ele ajudava as moças da idade de Molly - mais novas até - a descerem do barco, e cantava cada uma delas.

Martha olhava horrorizada para aquilo.

– Não é ele. - Sherlock ria da situação, provavelmente tão chocado quanto qualquer uma das duas.

Obviamente eles deram meia volta antes mesmo de falar com esse Lorenzo.

–--

O Lorenzo seguinte vivia numa mansão.

– Seria incrível, de trabalhador a dono das terras. - comentou Sherlock.

Mas infelizmente não era esse.

– Eu jamais teria deixado-a ir. - ele era um doce. Entregou uma rosa branca a ela é beijou suas mãos, antes de deixá-la ir.

– É impressionante, os italianos caem aos seus pés! - Martha ria, sentindo o cheiro da flor.

– É uma pena que não seja ele. Eu poderia ser feliz aqui.

– Feliz? Seu neto disse a palavra "feliz"?

– Eu disse "poderia". Não vamos exagerar. Devo proteger minha reputação internacional. - Molly virou os olhos para isso. "Reputação internacional". Metido.


–--

Depois de quatro fracassos, nada como um bom jantar.

– Por que não conta sobre seu trabalho para Molly, Sherlock?

– Acho que não vai lhe interessar.

– Conte.

– Eu sou detetive. Detetive Consultor.

– Que tipo de emprego é esse?

– Eu resolvo mistérios. Crimes, normalmente. Você parece surpresa.

– Estou, na verdade. Imaginava alguma coisa mais chata, como engenheiro. Ou um nariz empinado de Oxford, na verdade.

Ele ria, indignado.

– Imagino que é uma pobre conhecedora de pessoas. - Martha se mostrava cada vez mais desconfortável.

– É assim que se especializa em detalhes, Sherlock. - e lançou um olhar cúmplice a Molly.

– Ó, não fale comigo sobre detalhes. - percebeu a grosseria, emendou em seguida. - desculpe. - parecia bem envergonhado agora.

– Bom, vou dormir. Boa noite, Molly - e lhe deu um beijo na testa. Sherlock já estava em pé.

– Posso acompanha-la?

– Comportem-se bem. - beijou o neto e ignorou o que ele disse. - Boa noite.

Para surpresa dela, ele voltou a se sentar.

– Ela é incrível.

– Serei obrigado a concordar. - um silêncio constrangedor pairava no ar. Terminaram o vinha e Sherlock disso. - Bom, vamos dormir? Quer dizer... Isso soou tão errado, não foi isso que eu quis dizer, quer dizer eu...

– Sherlock, tudo bem, eu entendi. - ela ria, e ele ficava cada vez mais constrangido. Mas ela não estava com sono. - Boa noite. - e, desapontado, foi embora.

Ela também estava um pouco desapontada. Esperava que ele ficasse para terminar o vinho com ela. Por que ela esperava isso?

– Desculpe-me, onde está minha educação?

– Isso eu venho me perguntando desde que conheci você.

– Eu não sei o que é - ele parecia fazer um esforço enorme para falar isso - mas você parece trazer a tona o pior de mim.

Muito lisonjeiro da parte dele voltar para falar isso.

– É culpa minha. - sem querer um sorriso escapou.

– Tudo isto é culpa sua. Você escreveu a maldita carta. Enfim, posso acompanha-la até o seu quarto? - depois de um pedido tão delicado da parte dele, ela não pode dizer não. E com um peso no coração, deixou o vinho para trás.

– Não sou esse estraga prazer insuportável que você pensa que sou.

– Com certeza não! Foi você quem disse "amor verdadeiro é uma idiotice".

– Culpado. A verdade é que estou preocupado com ela. Ela pode parecer muito despreocupada, mas a sua vida não tem sido tão simples. - ele encarava Molly o tempo inteiro.

É pouco compreensível que eu me preocupe?

– Não, seria pouco compreensível se você não se preocupasse. Mas tenho um bom pressentimento. Você vai ver.

– Espero que tenha razão. Realmente espero.


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