17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps


Capítulo 2
A Carta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521148/chapter/2

No dia seguinte Tom foi com ela até a Casa de Julieta. Ele queria conhecer a deusa da culinária que havia feito aquele doce. Para Molly estava ótimo, ela estava doida para voltar lá e ainda iria com Tom.

– Seu Tom é muito apaixonado. - Isabela trazia café para elas, e Molly se divertia com a situação. Perto de Angelina - a mãe de Isabela - ele parecia uma criança.

– É, eu sei. Acha até que é italiano desde que chegamos.

– Essa mulher é incrível - ele ajoelhou ao seu lado - acho que estou apaixonado.

– Ah, está apaixonado por ela?

– Sim!

– Mesmo? - os dois não paravam de rir.

– Diga não. Diga não e eu não farei isso. Quero fazer, mas não farei.

– O que? - e lá se foi mais um dia na agenda do casal.

– Angelina se ofereceu para me ensinar alguns segredos.

Ele fazia aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, era impossível resistir.

– Tudo bem. Agora, durante todo o dia?

– Agora! É loucura! Ela está fazendo um risoto de... - nessa parte ela não entendeu nada do nome, mas parecia delicioso. É a panela era gigante, comida para um bairro inteiro. - Vê? É uma receita que tem uns trezentos anos.

– Ótimo, mas nós não íamos visitar o Lado de Garda hoje? - a decepção em seus olhos quase doeu em Molly. Quase.

– Ah, o Lado de Garda está aí a uns quinhentos mil anos. E a Angelina se ofereceu para me ajudar agora. - ela estava decepcionada. Não era pra isso que eles haviam viajado mais de seis mil quilômetros. Em Nova York eles passavam mais tempo juntos do que já tinham passado em Verona.

Angelina apareceu falando de repente e arruinou qualquer chance de irem passear juntos. A decisão dela já estava tomada e ele sabia disso. Mesmo assim, ele ainda fingiu:

– O que eu faço? - Isabela então apareceu em seu auxílio.

– Você podia nos ajudar, Molly. Com as cartas. - ela matou Isabela com o olhar, mas ela não caiu morta realmente.

– Sim! Você podia escrever enquanto eu cozinho. Depois comemos e... - percebendo que ela estava quase pulando em seu pescoço, se virou para ir a cozinha - todos ganhamos. - Ele já estava na cozinha mesmo, e era uma boa chance de ver as secretarias trabalhando. Quem sabe até dar uma espiada em algumas cartas. Poderiam render uma boa história.

–--

Sem muito o que fazer, foi com Isabela colocar as cartas na caixa do correio. No caminho elas inevitavelmente falaram de Tom.

– E então, estão a quanto tempo juntos?

– Estamos noivos há quase um ano.

– E não usam aliança de noivado? - automaticamente Molly olhou para a mão direita.

– Eu insisti. Ele está tão ocupado com o restaurante e tudo mais. Acho que considerei desnecessário.

Nessa hora, a mulher olhou fundo em seus olhos e sorriu.

– Ainda assim, uma garota deveria ter uma aliança.

Logo em seguida, foram buscar as cartas do dia. Era impressionante a quantidade de gente que aparecia dia após dia. Foram recolhendo e uma das últimas estava presa em uma pedra na parede, que por acaso estava solta. Molly abaixou para pega-la é quando levantou, reparou em uma carta dentro do buraco da pedra. Era um envelope muito velho, endereçado a Julieta. Era de Martha Hudson, uma inglesa de Oxfordshire.

Molly ficou encarando a carta, completamente surpresa. Fazia cinquenta anos que estava lá!

– Vamos? - Isabela a chamou de volta.

– Ah, vamos, vamos.

–--

Quando voltaram, Molly falou da carta que encontrou.

– "Não fui com ele, Julieta. Não fui com Lorenzo. Seus olhos me enchiam de confiança. Eu prometi que fugiríamos juntos, porque meus pais não aprovavam ele." - conforme ela lia, podia ouvir os suspiros e ver as caras apaixonadas das outras mulheres. Aquilo era tragicamente lindo. - "Assim o deixei, esperando por mim, debaixo da nossa árvore. Esperando. Perguntando onde eu estava. Estou em Verona agora. Voltarei para Londres pela manhã, e tenho tanto medo. Por favor, Julieta, me diga o que fazer! Meu coração está quebrado, e não tenho ninguém mais com quem falar. Com amor, Martha."

– E a carta estava lá todo esse tempo? - questionou Frascesca, surpresa. Molly apenas deu de ombro. Não sabia o que dizer.

– Acho que voltou para encontrar o seu amor verdadeiro. - falou Donatela.

– E tiveram dez filhos e continuam fazendo amor apaixonadamente todas as noites. - Maria era engraçada.

– Exceto que ele está careca e gordo, e ela precisa trabalhar.

– Francesca... - falaram as três juntas. Já se preparavam para começar a responder as cartas.

– Ou talvez ela tenha ficado em Londres e se casou com um duque e viveram muito felizes, como eu. - cinquenta e um anos de casado. É muita felicidade!

– Mas você se casou com um contador.

– É, ninguém é perfeito.

– Aposto que quando ela faz amor com o duque, ela pensa em seu primeiro amor, Lorenzo.

Seguiu-se um silêncio, no qual Molly tomou coragem para pedir que deixassem-na escrever a resposta.

Isabela olhou para as outras, e com um sorriso no rosto, sabendo que talvez não devesse fazer isso, estendeu uma folha para Molly.

– Então responda.

Aquela carta merecia uma resposta, mesmo que com cinquenta anos de atraso. Sendo assim, Molly se tornou uma secretária por um dia, e respondeu. Mas foi mais difícil do que ela imaginava. No começo as palavras fluíam, parecia que ela havia escrito um livro inteiro. Depois começou a complicar. Não sabia exatamente o que falar. Ou como falar. E se ela não morasse mais naquele endereço? E se...

– Buonanotte, Sophie. - Isabela era a última. Todas as outras já haviam respondido várias cartas e ela inda estava presa a essa uma.

– Boa noite. - mas logo em seguida terminou. Ficou encarando a resposta e depois pegou a carta de Martha para reler. O papel estava todo sujo, amassado e gasto. Pegou apenas a carta e colocou junto no envelope que mandaria a resposta.

Achou que ficaria feliz quando terminasse, que seria revigorante. Mas tudo que sentia era tristeza. Não conseguia parar de pensar em Tom e no que eles estavam fazendo.

–--

Foi para casa e Tom já estava lá.

– Como foi o seu dia?

– Foi incrível. Angelina é incrível, sabe, ela cozinha sem receita, é maravilhosa. Disse que poderia me ensinar mais. - entregou uma taça de vinha para ela. - E você?

Ali com Tom, ela se sentia bem.

– Foi incrível também. Eu respondi essa carta de cinquenta anos e me senti tão bem. - Agora ela já não sabia dizer se estava mentindo ou não.

– Você devia fazer mais isso.

– Você acha? Por que?

– Por que é a sua paixão, certo? - então agora ele entendia. - é porque seria perfeito. Acabo de desligar o telefone, falei com o Signor Morini, e ele me convidou para um leilão de vinhos em Livorno. - o sorriso no rosto dela desapareceu.

– Em Livorno? - aquilo começava a fica bem irritante.

– Sim, é supre exclusivo. Não sei nem se conseguirei entrar. Dura dois dias, se você quiser, posso tentar conseguir duas entradas. - e completou baixinho, levando a taça de vinho a boca - mas não sei se conseguirei as duas.

– Claro, mas um leilão de vinhos? Em Livorno?

– Soa horrível, eu sei, eu sei! Me desculpe, estou me sentindo horrível! - levantou para pegar mais vinho. Ela sabia o que ele estava fazendo. Ele falava essas coisas, porque sabia que faria com que Molly concordasse. - Eu já sinto sua falta.

Mas era justamente isso que ela queria evitar quando planejaram essa viagem. Estavam a alguns dias em Verona, e não fizeram absolutamente nada só os dois, como turistas cafonas que viajam pela Itália. Mas o pior de tudo era que nenhum dos dois parecia se importar com isso. Claro, ela ficava chateada, mas não era como se realmente tentasse impedi-lo.

Então ele foi. Sozinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.