17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps


Capítulo 3
Martha Hudson




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Passou um dia agradável em Verona. Sentia falta de Tom, mas não tanto quanto gostaria de admitir. Era bem triste viajar como um casal e ser trocada por vinhos.

No dia seguinte foi se reunir com as Secretarias de Julieta de novo. Vê-las escrevendo e comentando as cartas era muito bom.

Então alguém bateu na porta.

– Desculpe interromper. Vocês são as secretarias da Julieta? - era um homem alto, de cabelos preto cacheado e olhos azuis. Não parecia Italiano. E pela roupa que usava, definitivamente não era italiano. Ah, e é claro, o sotaque inglês entregava tudo.

– Sim, somos nós - respondeu Maria. Pela reação delas, não era comum aparecer um homem naquele lugar.

– Ótimo. - ele sorria, mas não parecia feliz. - quem escreveu está carta para minha avó, Martha Hudson?

– Eu escrevi. Não acredito que realmente chegou! - inacreditável!

– É, nós, britânicos, costumamos permanecer na mesma casa. - Molly levantou para falar com ele.

– Faz menos de uma semana que mandei e...

– Foi uma carta muito atenciosa - agora ele a empurrava para longe das outras. - Mas no que diabos estava pensando quando a respondeu?

Grosso. Como todos os ingleses que ela conhecia.

– Eu pensei que merecia uma resposta. - sendo uma jornalista, ela estava acostumada a lidar com pessoas assim. Não seria ele que iria amedronta-la.

– Há cinquenta anos, talvez, mas não agora!

– Não sabia que amor verdadeiro tinha data de validade. - ele explodiu em uma risada.

– Amor verdadeiro? Pelo amor de deus, imagina o que teria acontecido se ela não tivesse sido sensata?

– Ah, imagino. Você não estaria aqui e isso seria uma grande vantagem. - não faziam cinco minutos que eles se conheciam e ele já consegui irritá-la. E isso era bem difícil.

– De qualquer forma, o que você está fazendo aqui? É uma americana abandonada que vive a vida dos outros? - agora foi a vez dela de explodir em uma risada.

– Não estou sozinha. Eu tenho um noivo.

– Meus pêsames para ele. - e saiu andando. Ah, não, aquilo não ia ficar assim.

Deve que sair correndo atrás dele.

– Você veio de Londres para me dar um sermão?

– Não, eu vim porque não podia deixar minha avó vir sozinha. - ela ouviu certo?

– Martha está aqui? - ela olhava em volta, como se fosse reconhece-la. - Isso é incrível! Ela veio encontrar com Lorenzo!

– Incrível? - por um momento ele deixou a máscara de carrancudo de lado e mostrou o neto preocupado com a avô. - E se Lorenzo não quiser vê-la? Ou se esqueceu dela? E se Lorenzo morreu? Foi o que eu pensei.

Não havia uma resposta para aquilo. Ficou tão empolgada que Molly nunca considerou aquilo.

– Eu quero conhecê-la.

– E eu quero ser Hercule Poirot, mas isso não vai acontecer.

– E se ela quiser me conhecer? - mas ele já ia embora. Então ela o seguiu. De novo.
Ele ia até o pátio onde as cartas ficavam. Havia apenas uma senhora ali, ela era miúda, com todos os cabelos brancos. Admirava a sacada onde casal após casal reencenavam Romeu e Julieta. Era de se esperar que ela parecesse meio triste. A quantidade de lembranças devia ser enormemente dolorosa.

– Perdão... Martha? Olá, meu nome é Molly. E fui eu quem escreveu a carta. - seu semblante se iluminou de repente. E ela era incrivelmente bonita, principalmente quando sorria.

– Céus, obrigada! - ficou um tempo encarando Molly - mas, como nos encontrou?

– Na verdade foi seu neto que me encontrou.

– Você? - Ela olhava espantada para ele.

– É, na verdade eu... É que...

– Sim, ele foi muito doce e achou que talvez a senhora quisesse me conhecer.

– Um carinho bem inesperado de sua parte, querido. - Ele sorria feito um bobo.

– Bom, mediante as circunstâncias, seria muito bom conhecer a responsável por essa viagem maluca.

– Sherlock não aprova. O que deixa tudo mais divertido. - ela estava claramente avacalhando com a cara do neto. Molly gostou dela na hora. – Estávamos indo tomar uma taça de vinho agora. Gostaria de nos acompanhar?

– Conheço o lugar perfeito pra isso.

Molly os levou para o restaurante onde as Secretárias respondiam as cartas. E é claro que elas se juntaram a eles. Passaram a tarde toda conversando, e Martha contou a história de como conheceu Lorenzo. Ela estava estudando artes em Toscana e morava com uma família em Siena. Lorenzo era filho da família que a acolheu e foi amor à primeira vista. Sherlock ouvia a história parecendo entediado, mas na verdade tentava esconder o ciúme. Revirava os olhos o tempo todo e ela quase podia ouvir o pensamento dele gritando "patético" cada vez que Martha dizia o nome Lorenzo.

– Ele me deu esse anel. - ela mantinha mesmo depois de sessenta anos um pequeno anel preso em uma corrente. - nós queríamos nos casar, mas eu tinha provas e meus pais não teriam permitido. Fiquei assustada e fugi. Agora o que eu quero mesmo é falar para ele que lamento por ter sido tão covarde.

– Então você veio para encontrar Lorenzo?

– Sim, e acho que sei onde ele está. Sherlock vai me levar lá amanhã. - afirmação que ele respondeu com uma careta.

– Não posso deixá-la sair por aí pedindo carona.

Dez minutos depois, estavam todos indo embora. Cinquenta anos depois, se ela encontrasse seu Lorenzo... Ninguém iria acreditar se não fosse verdade.

– Martha! - novamente Molly teve que sair correndo atrás deles. - desculpe.

– Mas que po... - Sherlock conteve um palavrão e Molly preferia engolir um xingamento.

– Posso ir com vocês? Procurar por Lorenzo?

– E o seu noivo? Está na cidade do amor e quer vir conosco?

– Sim, já que ele está ocupado e eu estou livre. - colocado dessa forma, aquilo soava ridículo. - e, é claro. Se não for intromissão.

– Ah, não é intromissão.

– Preciso dizer primeiro que não é totalmente altruísta. Quer dizer, começou só como uma resposta a sua carta, e acho que isso que está fazendo é incrível, tanto que gostaria de escrever a história.

– Uma jornalista? Bisbilhotando?

– Ora, Sherlock, não é nenhum segredo de Estado. Eu adoraria que você nos acompanhasse.

– Até amanhã, então!

Molly mal podia se conter. Aquela história, jamais conseguiria algo assim de novo. Era um romance que valia a pena ser contado.


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