Latch escrita por Elizabeth Stark


Capítulo 1
Hold me tight within your clutch...


Notas iniciais do capítulo

Fazia tempo que eu não escrevia nada e acho que por isso foi tão estranho e tão bom ao mesmo tempo. Pensei que Rose e Scorpius seria perfeito pra matar a saudade.
É uma ordem que escutem essa música linda: http://www.youtube.com/watch?v=93ASUImTedo



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Sinceramente, não me arrependo de ter vindo para a escola com a minha blusinha branca com uma mancinha na manga, provavelmente do desastre que é toda vez que tento usar maquiagem com pressa. Olho ao redor, as garotas com uma pele tão uniforme e bolsas de última linha e percebo instantaneamente ao descer do carro do meu primo, que sou a palavra que as pessoas usam tanto na falta do que dizer: normal, apenas.

— Olha, Rose, amanhã não vai rolar carona. Tenho um compromisso. – diz James com um sorriso estúpido colocando a mochila nas costas.

Suspiro. O meu transporte para a educação depende do adolescente mais irresponsável.

— Por quê? Por favor, me diz que é algo muito sério.

— Último jogo da temporada, amorzinho. Meu pai me deixou faltar amanhã porque sou seu filho mais querido e no fundo ele sabe que se eu não pudesse assistir os jogadores teriam má sorte. – ele pisca os olhos, eles são de um tom de esmeralda mais lívidos que já vi, iguais aos de sua avó.

— Isso é absolutamente ridículo. E se alguém tocar em mim? E não é só isso, pegar o ônibus lotado e abafado estraga completamente o meu esforço de deixar esse cabelo liso de madrugada. – percebo que nada vai adiantar, nem mesmo minha apelação feminina e então minha voz parte-se ao meio. Eu odeio James.

— Por que você não faz alisamento permanente? – começamos a atravessar o pátio, onde de fato, há garotas com alisamento permanente.

Começamos a subir os degraus do pátio e me deparo com meus momentos preferidos dos filmes clichês de romance colegial. O instante no corredor em que olhares apaixonados se cruzam. Algumas garotas do primeiro ano viram o pescoço para ver meu primo.

— Porque sou única e fabulosa. – eu gostaria de realmente acreditar nisso, porque seria extraordinário que minhas palavras tivessem confiança naturalmente, mas no momento em que paro para pensar nisso, vejo ele virando a esquina do corredor.

Me sinto imediatamente como as admiradoras de James. Por um segundo acho que vou derreter de verdade quando seu braço esbarra em meu ombro. Ele olha pra mim rapidamente e pede desculpas e sei que daqui alguns segundos ele vai esquecer meu rosto.

Mas eu não.

Eu não.

Sinto meu corpo querer se esconder e ao mesmo tempo uma vontade de querer segui-lo para onde quer que ele fosse.

 

You lift my heart up

When the resto of me is down

You, you enchant me, even when you’re not around

 

Respiro e inspiro, lembrando-me das minhas funções humanas.

Até que ele cumprimenta James como se ele fosse seu parceiro/ irmão/companheiro/melhor amigo.

— Ei cara, não esquece do jogo amanhã. – e vai embora levando minha consciência e concentração.

Meu Deus.

— Então, ele é seu amigo?

James para de andar. Ele me conhece desde que pronunciei minha primeira palavra e sabe quando estou com segundas intenções mesmo com meu jeito tímido e desengonçado.

Sinto meu rosto arder estupidamente.

— Depende. – ele diz e olha o relógio, o que me da um leve desespero em lembrar que eu realmente não fiz o dever de casa de hoje e da semana toda. – Preciso ir para aula. Se cuida. Juízo. Não use drogas no banheiro feminino. – James beija o topo da minha cabeça, o que ele sempre faz e atraímos olhares do fã club do primeiro ano.

— Malfoy, é isso mesmo o que estou vendo? O senhor está sem uniforme de novo essa semana?

Ele olhou para a Sra. Fromm como se não acreditasse que ela estava realmente interrompendo a aula para uma questão tão formal como estar de uniforme. Deus, tomara que ela não me repreenda também, por favor.

— Sim. – ele respondeu insolente com as sobrancelhas arqueadas.

É difícil ouvir Malfoy nas aulas, ele é sempre quieto, discreto, fala quando absolutamente necessário. E nunca vem de uniforme. Exatamente como eu sempre faço quando é possível.

Mas pra mim ele sempre consegue se destacar dos demais. Eu odeio como me sinto perto dele, odeio como seus olhos lampejam de tédio na aula e meu estomago se contorce de ansiedade.

— Então, desça para a diretoria e não me faça chamar sua atenção por isso novamente. Tenho que terminar essa matéria. – Ela diz, mas continuou falando sobre jovens que não respeitam as normas da escola.

Olho de relance para Malfoy. Ele parece irritado e é impressionante como seus olhos estão tão bem esculpidos fundindo-se com a luz fraca e dourada vinda da janela.

Ele sorri.

— Se eu preciso descer para tratar disso – ele segura a camisa branca. – ela também precisa.

Todos olham para mim. Deixo o lápis cair na mesa e suspiro.

É claro que isso ia acontecer.

Tento esconder minha satisfação e surpresa estampadas na minha cara.

 

Agradeço internamente que meu irmão não estude na mesma escola que eu. Seria terrível que ele me encontrasse por acaso ao lado de Malfoy zanzando na escola até a sala do diretor. Estudar em uma escola séria como Baird implica em regras de vestimenta e comportamento diretamente vinculado com os pais serem notificados quando isso acontece. As vezes me pergunto se estudo aqui porque meus pais são famosos ou se sou realmente inteligente. ( Já sei o que pensar no caso de James).

Tento relaxar o corpo, mas isso se torna uma tarefa impraticável porque não consigo achar uma expressão ou posição que me faça parecer tranquila ou legal caso ele decida olhar pra mim. Mordo o lábio.

Olho de relance para seu rosto. Um queixo definido, a pele lisa e provavelmente macia. Deixo de reparar no óbvio: a imensidão cinza brilhante de suas íris.

Ele veste um calça jeans bem rasgada que me deixa chocada. Eu ainda visto a calça do uniforme.  

Ele não vira o rosto para olhar para mim.

— Então, por que você fez isso comigo? – pergunto antes que o momento passe.

 Meu coração da uma leve disparada, me lembrando que fico alterada por qualquer coisa.

Ele da de ombros.

— Porque eu quis.

Essa breve resposta faz minha garganta encolher. Desmonta toda minha pose, toda minha súbita e inconsequente vontade de conhecê-lo.

Acho que por um momento esqueci que ele é apenas um garoto, na adolescência, que se acha bom demais pra isso tudo. Bom demais pra mim.

— Sério? – solto um riso com uma faisquinha de irritação. – Um pouco infantil não acha?

— Garota, relaxa. Está com medo de levar alguma detenção? – ele transborda deboche. – Por favor, é só a merda de um uniforme.

Enquanto seguimos os corredores e as portas de sala de aula, temos uma leve discussão. Sim, eu sou um pouco esquentadinha e ele é um babaca mesmo sendo muito, muito bonito, mesmo eu derretendo aos pés dele, mesmo com tudo isso.

 Por que só consigo me sentir atraída por caras assim?

 Eu estou com uma vontade sobre-humana de querer beija-lo, mas também quero socá-lo por ele ser um puta idiota e por eu ser também.

Chegamos na sala do diretor e a secretaria nos mandou aguardar. Em parte porque o Sr. Canning é ocupado e também gosta de “testar a paciência dos alunos”.

Daria tudo para sair desse corredor friorento e pela presença do Malfoy fazer parecê-lo tão minúsculo.

Sento na cadeira e cruzo as pernas, os braços, a expressão, o possível para não me deixar tão exposta e desconfortável perto dele.

Olho para baixo e vejo a manchinha na blusa.

— Meu Deus, aqui é muito frio. – exclamo baixinho como se estivesse falando sozinha.

Ele se aproxima com a sobrancelha arqueada.

— Quer que eu te esquente?

— Qual a porra do seu problema?

Ele abre a boca para falar antes de se deter. Aperta seus lábios em surpresa. Ri alto e balança a cabeça.

— Você esta vermelha.

Sorri pra mim.

— O que? – pergunto, sentindo um segundo depois meu rosto esquentar de um modo terrível.

Ele me olha explicitamente em tom desafiador e cruza os braços.

Ele é tão convencido nessa droga.

— Eu tenho quase certeza que você gosta de mim. – Sorri ainda mais.

Estou respirando com dificuldade e esta conversa é impossível.

— Olha só... – começo e peço a Deus para não corar mais. – você andou fumando alguma coisa? Ou é só feito de pura presunção?

— Hum, na defensiva, já? Estou curioso. Por que James me mandou uma mensagem falando pra eu ficar longe de você? Eu sei que você gosta de mim. Você não para de me olhar. Até ele reparou. – sinto meu coração bater asas contra minha garganta. Sair correndo parecia o certo a se fazer. – Não tem problema, eu gosto de mulheres difíceis.

 Olho para seu rosto e ele não mascara sua curiosidade.

Lembro quando minhas amigas sempre comentam rindo o quanto eu não tomo iniciativa na minha vida amoroso e por isso que as coisas ficam do jeito que estão...

O que diabos está acontecendo?

Não consigo me conter e agradeço por isso.

Desço o olhar para sua boca por longos segundos. Minha mente fica clara e vazia.

Ele já deve ter feito isso tantas e tantas vezes que me puxa pela nuca, seus dedos roçando em meus cabelos e me beija. Irrefreável. Sinto como se tudo estivesse em desordem, e Deus como eu quero isso. Eu preciso. Sinto sua mão descer fria e suave pela extensão da minha espinha, seu gosto por toda a minha língua. Separo nossos lábios para respirar brutalmente.

A secretaria abre a porta e a gente se separa tão rapidamente que fica estranho.

O mundo volta a girar, paro de andar na atmosfera e entramos na sala do Sr. Canning.

Milhões de filmes em que o cara pega na mão da mocinha nos momentos mais improváveis, inclusive escondido embaixo da mesa, passa pela minha cabeça. Deixo isso pra lá porque um beijo corrido e exasperado na sala de espera não dá garantia para essas coisas.

Eu vou pirar. Não acho que eu consiga formular uma frase sozinha.

Sentamos lado a lado de frente para o Sr. Canning que parece incrivelmente potente nessa poltrona nova de couro marrom. Ele nos cumprimenta com um aceno de cabeça rápido e começa limpar os óculos.

— Algum de vocês dois já leram O Segredo? É um livro muito bom que fala sobre a lei da atração, de que atraímos as coisas quando pensamos, desejamos e as planejamos.

Nem eu nem Malfoy dizemos nada. Talvez o homem estivesse cansado de dizer sempre as mesmas regras, todo santo dia.

—  Olha que engraçado, eu estava avaliando suas notas e presenças de aula, Sr. Malfoy, quando a Sra. O’Hara me disse que o senhor estava sem uniforme e precisava de uma advertência sobre isso. – uma breve pausa suave, e o Sr. Canning busca uma caneta da mesa, aperta com o polegar com um clique e a ponta sai para a fora.  – E mais surpreendente ainda, eu estava procurando alguém para auxiliá-lo nas aulas de literatura, porque se continuar desse jeito, meu jovem, o senhor não passa desse semestre. Isso para começar.

O diretor vira o rosto para mim. 

— Estranho eu estar pensando na senhorita, quando justamente os dois aparecem na minha sala, aparentemente pelo mesmo motivo. Bem, esse livro é realmente interessante. Talvez eu peça para a Sra. Fromm acrescentá-lo na lista de leituras do ano que vem. – ele faz um gesto aleatório com a mão. – Vamos ao que interessa, agora. – suspira, coça o bigode antes de continuar. – Os dois, como norma da escola, não podem entrar mais neste edifico sem o devido traje. Da próxima vez, vamos ter que atribuir detenção. É um dever e obrigação de todo estudante cumpri-lo. Já foi mencionado no momento em que entraram nesta instituição, já demos mais avisos do que necessário. A próxima conversa será diferente.

Ficamos presos falando do uniforme uns sete minutos.

Penso na boca do Malfoy, em seus braços, nos seus olhos, nas mãos suaves e em seu lindo queixo e tudo parece mais razoável, divertido, leve. Mas isso dura em tão pouco tempo, em flashes, que não são capazes de sustentar minha paciência.

Encosto a ponta dos dedos em seu joelho e subo poucos centímetros até o meio de sua coxa e paro ali. Sua mão imediatamente se encontra com a minha e a agarra com força. Não sei se para me parar ou apenas para deixá-las juntas.

 

I’m latching on, now I know what i have found.

 

Mordo o lábio para reprimir um sorriso quando seus dedos se entrelaçam nos meus. Meus músculos relaxam, meus ombros encontram alivio e me sinto tão incrivelmente preenchida quando ele brinca com minha mão.

Nunca estive tão bem humorada. Quem se importa se eu tivesse ganhado uma detenção?

Saímos da sala do Sr. Canning e está decidido que ajudarei ele em literatura. Meu peito borbulha de ansiedade.

 

— Qual seu primeiro nome? – eu pergunto quando estamos a caminho da sala. Ele franze a testa.

— Scorpius. – eu realmente não tinha acreditado que ele tivesse um nome tão diferente, autentico. – E eu? Posso te chamar de Rose? – ele passa um fio ruivo atrás da minha orelha e deposita um beijo no meu pescoço e depois outro e outro.

— Porque ele simplesmente não é pra você. – os olhos de James estão me chamando de idiota.

Está na hora do almoço e Scorpius Malfoy esta na fila.

— James, acho que já sou grandinha, ok? – minha voz eleva-se um pouco.

— Você não conhece o cara. Eu conheço. Não seja estúpida.

Acabo almoçando sozinha porque o pessoal que eu costumo conversar ficaram na outra mesa com James.

Qual meu problema? E se ele for um estrupador? Vai ver ele só quer transar comigo no carro dele. E se for o caso, não sou eu que devo arcar com as consequências de qualquer forma?

Quando as aulas terminam, James me encontra na porta da minha sala de biologia, como uma escolta, para irmos para o carro. Quando saímos do pátio em direção ao estacionamento identifico Malfoy abrindo a porta de um carro que compraria minha vida. Peço para James esperar porque preciso falar com ele.

Ele ralha alguma coisa, mas deixa eu ir. As vezes deixo meu primo ter a ilusão de que tem alguma responsabilidade sobre mim apenar por ser mais velho.

Quando cheguei perto de seu carro, por toda sua postura, ele parece genuinamente surpreso, seus olhos bem ávidos olhando para mim.

— Ei, precisamos marcar quando vamos estudar literatura. – minha voz treme um pouco. A única coisa que quero parecer é legal e casual, como se beijar garotos desconhecidos no meio do corredor do diretor não fosse um rebuliço.

— Não quero estudar literatura. – ele coloca os óculos e um chiclete na boca. - Sem ofensas.

Nesse exato momento me sinto como um balão sendo estourado.

Não digo nada alguns segundos e de algum modo é pior. Mas retomo a palavra.

— Escuta aqui, Malfoy, não fode, ok? Eu sou a pessoa mais adequada que você poderia encontrar nessa droga de escola! E vou ganhar pontos, é claro, por te dar aulas extras. Então não pense que vai estragar tudo agindo assim. Me fale quando esta disponível.

Respiro. Me acalmo e resgato minha sanidade que parecia estar enterrada a metros de distancia.

— Você fica linda pra caralho quando está com raiva, só pra você saber.

Seus olhos desenham um caminho muito rápido pela minha silhueta. Ele é um merda total e sabe disso. Entro em seu carro porque sou um copo cheio de emoções confusas e diversas e totalmente descontroladas.

— O que você esta fazendo? Estou atrasado para uma coisa.

— Para o que?

— Algo que não se encaixa nos seus interesses.

— Tente. – ele inclina a cabeça na minha direção.

— Sério, estou atrasado.

— Não posso ir junto?

— Não quero me responsabilizar pela sua vida, ok?

— Se eu disser que gosto de viver perigosamente vai parecer muito clichê ou as outras garotas que já entraram aqui dentro já falaram isso?

Puxo o celular da bolsa e mando uma mensagem para James dizendo algo sobre estudar literatura e que Shakespeare não pode esperar.

— Na verdade, quando elas entram aqui não tem muita conversa.

Fico boquiaberta.

O cara me levou para um lugar onde acontece corridas. De racha.

Na verdade eu me ofereci à força. Para todos os fins, eu gostei de verdade.

Ganhamos uma corrida e minhas mãos ficaram geladas de tanto nervoso. Não sei o que exatamente aconteceu comigo para entrar no carro.

Bebemos cerveja, conheci muitos caras tatuados, aprendi alguma coisa sobre motores potentes, experimentei um capacete da Hello Kitty que um cara prometeu deixar guardado da próxima vez que eu voltasse porque tem um fraco por ruivas, me entupi de salgadinhos, ouvi uma piada de um pingüim, prometi que iria fazer uma tatuagem e então Malfoy me levou embora.

Foi um dos dias mais divertidos de toda minha vida monótona. Dividi as horas que passei com ele em várias etapas. Primeiro foi uma total surpresa, depois descontraído e leve, e quando paramos para comer, intenso.

Ficamos horas conversando, trocando centenas de beijos e toques. Até que, para minha surpresa ele concordou em estudarmos juntos- não que eu coloque muita fé nisso.

Conversamos sobre sua família pequena, solitária, rica e complexa. Me senti uma pessoa completamente diferente. Uma garota nova e segura e que não costuma passar o final de semana lendo os livros do próximo semestre escolar.

Me senti tão viva que tive medo de abrir minhas asas e ferir alguém.

 

You got me losing every breath

What did you give me, to make my heart beat out my chest?

Quando chego em casa, lembro que eu tenho um celular, uma vida, pais e que ainda tenho dezesseis anos. São quase nove horas da noite e meu pai esta em estado de choque ou muito bravo e minha mãe esta esperando para uma conversa.

Giro os olhos.

— Eu estou bem. – falo.

— Querida, ficamos muito preocupados, você não pode sair assim sem avisar! – minha mãe largou o celular em cima da mesa e veio até mim. – Onde você estava? Seu pai queria chamar a policia.

— Quem te trouxe? Quem era aquele menino no carro, posso saber? – as orelhas dele começam a ficar vermelhas.

— É Scorpius Malfoy. – Hugo se intromete com um sorrisinho estúpido no rosto. – Eu assisto futebol com ele e com Jay às vezes.

A velha Rose Weasley esta começando a voltar.

—O que? Você sabe quem é esse garoto, Rose? O pai dele trabalhou comigo alguns anos! Sabe onde está se metendo? E que diabo de nome é esse? Scorpius?

— PAI!

— Ronald, vai levar o Hugo no Harry que eu converso com nossa filha. - minha mãe realmente pôs controle na situação e sei que ficarei grata mesmo não sentindo isso agora.

— Você esta louca? Acha que conversar vai resolver alguma coisa? Ela precisa ser repreendida, Hermione! Precisamos resolver isto juntos!

— Ronald! Não me faça repetir. Conversamos depois, eu prometo.

— OK. Vamos, Hugo. – observo as duas cabeças ruivas saindo pela porta que bateu em um estrondo.

Sento no sofá e respiro. Largo a bolsa e o celular cai dela mostrando milhões de ligações e mensagens.

— Rose, querida, você esta em uma idade em que...

— Mãe.

— Eu sei, você não quer ouvir. Mas preciso falar porque eu não seria capaz de viver em um mundo em que eu não soubesse aconselhar minha própria filha. – sinto uma fagulha de culpa crescendo. Percebo o quanto minha mãe não é só minha mãe e sim uma mulher tão sábia. Deixo- a continuar. – Quero que saiba que pode conversar comigo sempre, sobre qualquer assunto. Mas, querida, nunca faça isso novamente, você nos deixou extremamente preocupados e não preciso dizer como seu pai é. Não vou te colocar de castigo porque eu confio em você, ok? Agora me conte desse garoto, o que aconteceu?

 

E eu conto porque não tem mais ninguém para contar.

 

I want to lock in your love

DOIS MESES DEPOIS

— Esse é meu quarto.

Estamos no quarto do Malfoy agora. Aprecio a organização, apesar de tantos pôsteres de carros e mulheres posando em cima de uma motocicleta- sei que esse específico não irá durar muito tempo se eu frequentar esta casa.

Há uma cama de casal perfeitamente forrada, muitos CD’s, DVD’s, uma bola de futebol americano na prateleira de livros, um closet espaçoso e um banheiro em extremidades opostas do quarto.

Eu não sei o que fazer porque é embaraçoso. A situação toda: eu na casa dele, nosso relacionamento sendo um não-relacionamento por parte dos dois, ele sempre saber o que fazer (ou parecer saber) e eu não e tudo isso.

Droga.

— O que foi? Você parece muito tensa.

— Eu estou.

Scorpius se aproxima. Talvez se ele me abraçasse seria melhor. Ou não. Não quero parecer boba nem frágil. Agora é a hora da conversa ser séria.

— Quer conversar? Beber alguma coisa?

Aceno com a cabeça e digo algo sobre conversar.

— Ok. Pode falar. – ele me encara sério, depois cômico. Fico em silêncio um bom tempo. – Não ouvi nada.

— Calma. – respiro. – Nós estamos namorando? Porque eu preciso saber, mesmo não tendo total necessidade disso, mas você sabe o que eu quero dizer. Eu não quero estragar e também não quero deixar a coisa sem andar. – cuspi as palavras de forma confusa.

— A coisa sem andar seria nós?

— Sim...

Ele me puxa e deitamos em sua cama exatamente igual quando as pessoas deitam na neve e olham para cima.

Só esse simples ato me parece tão glorioso, protetor, incapaz de ser descrito justamente porque meu coração dá um trinco.

— Olha – ele começa muito suavemente. – eu gosto muito de você. Tanto que às vezes quero você só pra mim. – parece que fogos de artifício estouram dentro do meu corpo e sua voz deveria ser o único som nesse mundo.

Respiro fundo.

— Eu quero algo sério. Para nós. Ter uma resposta firme quando alguém perguntar se você é meu namorado.

Ele se vira pra mim e apoia o peso no cotovelo. Deslumbro a extraordinária visão que é suas íris cinzentas novamente e penso que poderia ter isso até o fim.

— Eu não sou bom com essas coisas, Rose. - Scorpius olha atentamente para meu rosto. - Mas se é isso que você quer, por você eu posso tentar.

Pela primeira vez paro para pensar na quantidade de doce que há por baixo de calças rasgadas e posturas inadequadas da parte dele. Eu deveria ter notado quando ele tentou interpretar Shakespeare para mim, o rosto vermelho e envergonhado.

— Mas eu sou boa nessas coisas. Quero tentar, Scorpius. Eu realmente quero.

 O quarto está tão bem iluminado ou talvez seja apenas nós dois.- seguro a mão dele para expressar minha confiança.

— Nós vamos. - uma breve pausa até que ele diz:

—Namorada.

Sou capaz de flutuar.

Eu não assisto mais filmes românticos agora. Tenho meus próprios clichês para tomar conta.

O quarto está bem iluminado, ou talvez seja nós dois.

Dormimos...

Ele é bom, mesmo que não saiba, e mesmo que às vezes eu o empurro contra ele mesmo.

 

 


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Notas finais do capítulo

* O livro que o Sr. Canning cita "O Segredo", existe sim e na verdade é muito citado praticamente em todo lugar ( difícil alguém nunca ter ouvido falar). Eu já li e achei muitíssimo interessante tanto que coloquei aqui na fic. Recomendo fortemente.



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