Mirror in the sky, what is love? escrita por iheartkatyp


Capítulo 5
Time for change.




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Clara estava freneticamente esvaziando seu closet enquanto procurava algo bom para vestir. Ela tinha vinte minutos até encontrar Marina e Vanessa e não conseguia encontrar absolutamente nada.

Felipe entrou em casa correndo. –Oi, Clara.

–Oi , irmão.

–Enrolada com as roupas? -Ele perguntou, quando a viu jogada no chão do quarto, rodeada de peças coloridas.

–Um pouco. -Ela riu.

–A Vanessa pediu pra te avisar que ela vai se atrasar uma meia horinha hoje, e que precisa que você vá logo pro bar e fique com a Marina.

–Eu mal conheço ela, o que nós duas vamos conversar durante meia hora?

–Vocês pareciam bem ontem á noite, qual o problema? -Ele levantou uma sobrancelha para a irmã que, emburrada, vestia uma blusa branca.

–Nada. -Ela se pronunciou, tentando soar discreta.

–Ok. Eu liguei pra Marina pra avisar ela também, e ela parecia feliz. Disse que quer te conhecer melhor, o que é bem estranho vindo dela. Presta atenção, hein. Acho que ela gosta de você. -Ele deu gargalhada.

Clara sentiu uma pontada no estômago. Ela sabia bem porque Marina estava feliz em passar tempo sozinha com ela, mas não podia deixar de buscar uma verdade mais ampla no que Felipe disse. Mas por que isso importava?

–Bom, talvez ela só esteja feliz porque vocês dois vão se casar.

–Por favor, Clara, aquelazinha que é contra o casamento e qualquer tipo de compromisso está feliz por nós dois? Eu duvido.

Clara sentiu-se incomodada por ver Felipe falar de Marina daquele jeito. Não é como se ela fosse um monstro sem coração.

–Bom, pelo menos ela deve estar feliz com a festa de casamento. Várias mulheres para ela transar e dar em cima. -Ela disse, pode mais que aquilo soasse um pouco enciumado.

–De qualquer jeito, eu tenho que ir. -Disse ele. –Vou encontrar a mamãe e a gente vai sair pra jantar com a Leninha e o Virgílio. Queria que você pudesse ir.

Ah, eu queria também. Como queria.

–Se divirta. -Ela gritou, enquanto o irmão deixava o apartamento.

Clara se levantou e olhou-se no espelho. Estava bonita o suficiente para deixar Marina impressionada, mais uma vez. Ela checou o celular e viu que tinha duas mensagens pendentes no mesmo. Uma de Cadu:

Tô com saudades. Vamos nos ver hoje mais tarde?

E uma de Marina:

Vou ter você só pra mim por trinta minutos? Acho que é todo o tempo que precisamos ;)

Clara riu, mas sentiu-se estranha. Quer dizer, elas tinham um acordo, não tinham? Ela havia prometido ficar fora do caminho de Marina e ela devia estar fazendo o mesmo. Ela estava ficando irritada com toda aquela situação.

Por favor, menos decote dessa vez.

Ela leu a mensagem de Marina e não pode evitar rir. Apesar de todos os apesares, ela não lhe parecia um alguém tão ruim assim.

...

Marina impacientemente batia os pés contra o chão enquanto esparava por Clara. Consigo mesma, ela pensou que talvez seu sarcasmo estivesse deixando a situação desgastada, e Clara podia não aguentar tudo aquilo. Espera, o quê? Desde quando ela se importava com o que Clara sentia? Ela estava prestes a mandar outra mensagem para Clara, quando ela entrou no bar. Uma calça jeans e uma blusa branca lhe cobriam o busto. O decote V chamou a atenção de Marina.

Ela se levantou para cumprimentar Clara, e não pode deixar de admirar o resto de seu corpo. Clara lhe deu um beijo na bochecha, e ela pode sentir o perfume quase familiar de Clara. O que diabos estava acontecendo com ela?

–Ah, querida Marina... Você não precisa sentar sozinha pra todo mundo pensar que você é uma idiota. –Ela riu. –Só falando já ajuda.

–Há, há. –Marina revirou os olhos. Ela estava prestes a responder com algo á altura quando alguém interrompeu a conversa, chegando perto da mesa.

–Marina! –A menina estava claramente feliz até demais em vê-la.

Droga, Jessica.

–Jessica, oi... –Ela disse, com os dentes quase cerrados. A outra mulher parecia ofendida ao não receber um abraço de cumprimento.

–Acho que eu senti seu cheiro do outro lado do salão. É um cheiro difícil de esquecer. A única coisa que falta é o delicioso cheiro de suor pós-sexo, mas acho que podemos dar um jeito nisso. –Ela piscou, descaradamente. Marina engoliu seco quando ouviu a fala de Jessica.

–Você voltou pro Rio de Janeiro? –Ela perguntou, extremamente feliz.

–Não, na-não. –Ela gaguejou. –Vim visitar alguns amigos. –Ela disfarçou. –Continuo trabalhando em Londres, fotografando...

–Londres? –Clara tossiu.

–Bom, perto de Londres. –Marina lhe deu uma cotovelada, afim de fazer com que ela se calasse.

–Bom, isso é realmente uma pena. Eu sinto sua falta. Sabe que ainda penso na sua língua em mim? –Ela disse, com uma cara assustadora.

–Ah, é mesmo? –Marina gaguejou. –Que legal.

–Por quanto tempo você vai ficar?

–É uma pena, mas eu só estou aqui por mais dois dias e estou totalmente sem tempo. Desculpa. –Ela deu á loira um sorriso pequeno.

–Mentira. –Clara se manifestou. –Nós talvez tenhamos tempo amanhã á noite. Que tal você me dar o seu telefone e amanhã eu ligo pra você? –Ela sorriu.

–Não precisa, Clara. Eu tenho o telefone dela depois da última vez que nós saímos. –Marina disse.

–Mas eu lembro que você quebrou seu último telefone.

–Você é agente da Marina? –Ela perguntou.

–Sou, sim. Então eu vou pegar seu número e amanhã nos falamos pra marcar um jantar. –Ela disse, sorrindo.

–Jantar e sexo, parece bom. –Ela riu, enquanto anotava seu número num guardanapo e entregava para Clara. Ela quase deitou-se sobre Marina, e sussurrou em seu ouvido: -Sinto sua falta.

–Certo, a gente se vê depois. –Ela sorriu, apavorada. Ela fechou os olhos e implorou para que, quando os abrisse, ela não estivesse mais lá.

–Meu deus, ela realmente disse que sentiu seu cheiro do outro lado do salão? –Clara gargalhou imediatamente quando percebeu que a mulher estava longe o suficiente para não escutá-las.

–Sim. –Ela respondeu. As duas se sentaram novamente e Marina olhou para Clara com um medo inexplicável plantado em seus olhos. Ela deu um gole grande na cerveja que estava bebendo e suspirou. –Sim, ela disse. Agora me faça um favor e delete o número dela.

–Mas é claro que não! Agora eu sei o que te deixa no seu auge. Eu posso usar isso como vantagem.

–Clara, eu tô falando sério. Você não percebe que eu demorei anos e várias sessões de terapia pra conseguir ir pra cama com alguém de novo? Isso é sério, Clara. Ela é uma psicopata. Por favor, deleta o número dela.

–O que ela fez que te deixou desse jeito? –Perguntou Clara. Ela não pode evitar rir de como Marina estava agindo. Pra alguém que agia como uma machão, era um pouco engraçado vê-la apavorada.

–Eu não falo sobre. –Ela respondeu, séria.

–Ah, fala sério, você tem que me contar.

–Não. Quando eu digo que não falo sobre, eu quero dizer que não falo sobre. Com ninguém. Nunca. –Ela suspirou aliviada quando o garçom voltou á mesa com suas doses de whisky.

–Nossa. Deve ter sido alguma coisa grave. Eu preciso descobrir o que é. –Ela riu. –Já sei! Vou perguntar pro Felipe. Ou você acha que nossa querida Vanessa não conta tudo pra ele?

–Ah, disso eu sei. Mas nem mesmo a Vanessa sabe. A única pessoa que sabe é a minha terapeuta porque eu tive que contar pra que ela me ajudasse. –Ela terminou o drink em um só gole. –Meu Deus, eu preciso de outro desse.

–Nossa. Tá bom. Eu acho, então, que vou ter que ligar pra Jessica e perguntar o que aconteceu entre vocês duas...

–Clara, por favor, pelo amor de tudo que é sagrado, você tem que deletar o número dela.

–Mas é claro que não! Agora que eu sei que ela tem esse efeito em você eu com certeza posso usar isso como uma vantagem.

–Clara. –Marina começou a dizer, quando Vanessa apareceu e se aproximou da mesa.

–Desculpa a demora, meninas. O trabalho me prendeu e eu não pude sair tão cedo. –Ela disse, enquanto sentava-se e colocava a bolsa na cadeira ao lado. –Então, o que eu perdi?

–Nada. Só o piti da Marina por causa da ex dela que veio nos cumprimentar.

–Ex? A Jessica tá aqui?

–A gente pode, por favor, mudar de assunto? –Perguntou Marina.

–Sabe que eu sempre fui curiosa pra saber o que essa tal de Jessica fez que deixou ela assim tão apavorada? –Disse Vanessa, enquanto olhava para Clara. Marina revirou os olhos. Por mais que as piadas a fizessem rir um pouco, aquilo não tinha a mínima graça para ela. –Eu sempre conto pro Felipe sobre a garota que quase mudou o jeito de viver de Marina Meirelles. –Vanessa deu risada da cara da melhor amiga.

–Bom, nenhuma das duas vai saber da história, então, vamos mudar de assunto. –Marina escondeu o rosto entre as mãos, cansada de ouvir sobre o acontecimento.

–Ok, assunto encerrado. Temos que falar do casamento, de qualquer jeito.

–Verdade. –Disse Clara. –O que tá na lista como próxima coisa a fazer?

–Compras, obviamente. –Respondeu Vanessa. –Clara, eu e Felipe decidimos que você vai usar um vestido igual ao da dama de honra, então... Você vem fazer compras com a gente. –Disse Vanessa. –Na verdade, eu estava pensando em decidirmos a data logo.

–O que você pensou?

–16 de junho. Isso nos dá exatamente oito meses e 3 dias para que tudo esteja pronto.

–Acho que é um bom tempo. –Se manifestou Marina. –Então, para que dia ficam as compras?

–6 de novembro. Todas de acordo? –Perguntou Vanessa. Marina e Clara se entreolharam e as duas levantaram suas mãos em acordo. –Ok, vou avisar Amy e Stacie. –Amy e Stacie seriam as madrinhas de Vanessa e Felipe. O telefone de Vanessa tocou e a mesma se levantou da mesa imediatamente. –É meu pai, eu já volto.

–Então, você vai levar a Jessica como sua acompanhante no casamento? –Clara riu.

–Por favor, daqui oito meses você vai estar implorando pra ser minha acompanhante, então, eu acho que devo deixar a vaga pra você.

–A. Eu não posso implorar pra ser sua acompanhante quando eu já tenho um acompanhante e B. eu já provei você, e não tenho certeza de que quero isso de novo. –Ela piscou em deboche.

–Tem certeza disso? –Ela riu.

–Você é nojenta. –Disse Clara. –Que parte do “eu tenho namorado” você não entende?

–Eu entendo bem a frase, mas toda garota que já me teve corre para pedir mais. Então você deveria ficar honrada de, pelo menos, ter a chance. Até porque, muita coisa pode mudar em oito meses. Você ficaria surpresa.

–Não vejo o meu amor pelo Cadu mudando.

–O que você disser, Clarinha. –Ela levantou o copo em direção á Clara.

Clara não disse nada. Pelo contrário, ela preferiu enfiar-se no meio das folhas do cardápio e era impressionante: a cada folha que lia, era impressionavelmente mais difícil tirar Marina de seus pensamentos. Ela não aguentava Marina e o porquê de não aguentar a havia atormentado o dia inteiro. Mas, se ela realmente não suportava Marina como dizia, por que ela pegava-se sorrindo toda vez que Marina entrava em seus pensamentos?

Se Marina Meirelles pensa que pode entrar na vida de Clara e coloca-la de ponta a cabeça, era hora de receber o troco.


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