Annabella Starks

Eu não sabia direito o que pensar naquela hora então eu decidi simplesmente não pensar em nada. Meu coração parecia estar entalado na minha garganta e eu não sei como Leon não conseguia ouví-lo, pois seu batimento estava mais alto do que a música na festa.

Eu enlacei meus braços ao redor do seu pescoço e o puxei para mais perto de mim. Isso deve ter deixado ele surpreso, pois ele hesitou antes de segurar firmemente na minha cintura.

Eu não sei quanto tempo ficamos assim, eu tinha perdido noção de tudo, de tempo, de lugar, de barulho, Leon fazia com que eu me concentrasse apenas nele.

O beijo ficou mais intenso e o velho e bom tubo de ar na minha barriga estava de volta. Era isso que as pessoas chamavam de borboletas no estômago?

Borboletas era o caralho! Era impossível que essa sensação catatônica fosse comparada com borboletas. O negócio parecia que estavam fazendo uma festa na minha pobre barriga.

Parecia um tubo de ar.

Depois de sabe-lá-quanto-tempo, eu e Leon paramos de nos beijar e ele encostou sua testa na minha. Nós dois estávamos ofegantes e sorrindo. Ele beijou minha bochecha.

— Se isso não te fez entender — ele riu — eu não tenho ideia de como te convencer.

Eu dei um tapa fraco em sua cabeça e peguei sua mão para ele dançar comigo.

***

No dia seguinte eu não sabia como encarar Leon. Ele não era alguém que ficava brincando com corações, eu não duvidava de seus sentimentos, porém eu não tinha certeza se ele iria querer ter algum compromisso comigo ou aceitar seus sentimentos totalmente. Afinal, ele teve todo aquele problema com o sexo feminino.

Grunhindo, eu decidi levantar da cama.

Eu nem tive tempo de falar Avada Kedrava antes de me deparar com Leon. Ele estava escovando os dentes e parou para me olhar quando me viu lá, plantada como uma batata, olhando para ele surpresa.

Ele também arregalou os olhos, surpreso, e terminou de escovar os dentes rapidamente.

— Pode usar aqui — ele disse — eu já terminei.

E com isso ele saiu.

Nada de um “bom dia, Bels, como você está depois de ter sido beijada por mim a festa inteira?”.

Cerrando meus punhos de raiva, eu escovei meus dentes e penteei o meu cabelo. Coloquei uma roupa qualquer composta de shorts jeans e uma blusa e fui tomar café.

Entrei na cozinha com uma cara que provavelmente dizia “fale comigo e morra”.

Tommy e Dylan estavam tomando café quando eu entrei. Eles não falaram nada, só ficaram me observando como se eles estivessem esperando uma serpente dar o bote.

Amber entrou pouco tempo depois na cozinha. Ela olhou para mim com um sorriso no rosto.

— Bom dia dorminhoca. Acordou tarde, ein? Você ficou muito ocupada ontem de noite beijando o Leon? — ela sorriu maliciosamente.

Tommy e eu engasgamos e Dylan arregalou os olhos surpreso.

— C-como você...

— Ah, por favor né, Bell — ela revirou os olhos — você não pode pensar que eu não saberia o que está acontecendo entre você e o Leon? Sabe, vocês são fofos demais juntos e então...

— Você beijou mesmo o Leon, Bell? — Tommy perguntou com um sorriso diabólico.

Eu segurei para não jogar o meu chocolate na cara dele.

— Correção: ele me beijou. E bem, pelo menos eu estava beijando — virei-me para Amber com um sorriso maléfico — e não tirando a roupa de Dylan ontem de noite.

Dylan começou a engasgar e Amber ficou vermelha. Eu pisquei para ela e subi para o meu quarto.

Suspirando eu decidi que eu ia tirar tudo a limpo com Leon. Ia ser agora...

— Annabella, vem me ajudar aqui! — meu irmão gritou da cozinha.

...Ou outra hora.

Eu desci as escadas correndo para me deparar com Peter tentando equilibrar milhares de caixas nos seus braços.

Eu peguei umas duas caixas que eram mais leves e coloquei em cima da mesa.

— Pra quê tudo isso?

— São coisas que eu comprei vindo diretamente do Japão e FINALMENTE chegou.

Sem pedir permissão, eu abri uma das caixas. Ela estava cheia de mangás. Attack on Titan, eu li.

— Mas você não sabe ler japonês.

Ele revirou os olhos.

— Esses aqui são traduzidos, irmãzinha.

Eu abri outra caixa. Soul Eater.

Balancei a cabeça negativamente ao me lembrar do final de Soul Eater, mas eu decidi dar spoiler pro Peter depois.

Sim, sou má.

Voltei para o meu quarto que – não muito supreendentemente – estava desarrumado, de novo.

Eu me joguei na cama e decidi ficar jogando Candy Crush no celular até eu decidir o que fazer.

Depois de alguns minutos eu desci para ver se Rory ou Tommy queriam jogar videogame. Me surpreendi por encontrar Leon na sala jogando Injustice.

— Ah, oi — foi tudo o que ele disse e ficou parado lá, me olhando.

Eu não sei se foi a frieza de suas palavras ou se foi a confusão que os meus sentimentos estavam, mas eu só sei que eu peguei uma almofada e taquei na cara de Leon.

— Oi? É tudo o que você tem pra me dizer depois de me beijar?! Por que você não disse nada? Foi você que me beijou!

— E foi você que aceitou meu beijo! — ele retrucou.

Bufando, eu peguei outras almofadas e comecei a jogar nele. Ele começou a fazer o mesmo e tentou me acertar.

Ainda bem que a mira dele não era muito boa.

Eu desviei da última almofada e peguei outra. Leon me surpreendeu por correr até mim e jogar no sofá segurando meus braços, ofegante.

— Chega — ele disse — precisamos conversar.

Eu assenti sem dizer nada.

— Espero que você saiba o motivo de eu ter te beijado. E eu espero que você sinta o mesmo.

Eu me fiz de desentendida.

— O que quer dizer com isso?

— Eu quero dizer que te amo, Annabella.

Eu deveria ter aberto um sorriso maior que o do gato de Cheshire.

— Bom — eu respondi — porque eu também te amo, Leon Rider.

***

Bem, eu aposto que todos já devem ter adivinhado o que aconteceu.

Eu e Leon começamos a namorar... Era meio estranho falar isso na hora, mas aos poucos eu fui me acostumando. Ainda mais com o fato de eu namorar um cara de uma das minhas bandas favoritas.

Fazer o quê?

Amber ficou me enchendo o saco sobre como ela deveria ser a madrinha do casamento e sobre como minha filha deveria se chamar Amber.

Aham, claro. E o céu é roxo e feito de ouriços.

Dois dias depois, Tommy convidou aquela menina que ele estava junto na festa de Ethan para nos conhecer. Eu percebi que ele realmente gostava daquela garota, mas eu fiquei com um pé atrás com ela. Kiara era seu nome. Ela parecia gostar muito de Tommy, mas ela ficava distante e fria quando estávamos todos juntos, parecia que ela não gostava que ele passava tanto tempo conosco. Bem, mal pra ela, porque eu não iria deixar de ser melhor amiga do meu Tomtom só porque ela faz cara de quem tomou limão azedo no café-da-manhã quando olha para mim.

O resto da semana passou calmamente. Eu e Leon saíamos o tempo todo para ele me mostrar tudo em Londres.

Nós brigávamos, mas nossas brigas eram tão insignificantes que dois minutos depois nós já estávamos rindo e pregando peças um no outro.

Eu passei tanto tempo com Leon que nem vi os dias passarem.

Já era domingo e eu e Leon estávamos assistindo O Hobbit Parte 2 no meu quarto. Ele nem estava prestando atenção. O tempo todo ele virava seu rosto para me beijar ou ficava fazendo carinho no meu braço. Não que eu me importasse com isso.

Acho que ele deve ter cansado de fingir estar vendo o filme que ele me puxou, fazendo com que eu sentasse em seu colo. Ele trouxe seus lábios nos meus rapidamente.

O beijo era caloroso e desesperado. Ele pediu passagem pela minha boca, mas eu decidi recusar e fechei a boca com um sorrisinho. Ele se soltou de mim e arqueou a sobrancelha com um sorriso malicioso no rosto. Ele aproximou seus lábios dos meus, mas desviou e começou a traçar um caminho através da minha mandíbula até o meu pescoço distribuindo beijos leves até beijos mais intensos.

Eu soltei um suspiro quando ele atingiu um ponto entre o meu ombro e pescoço. Ele voltou seus lábios para os meus, dando um beijo francês digno de aplausos.

Parabéns, Leon.

Enquanto ele me beijava, Leon fazia carinho com suas mãos na minha cintura. Eu estava enrolando seu cabelo macio e negro nos meus dedos.

Até que um bater na porta fez eu e Leon nos desgrudar.

— Hey Bell, tem um telefon... AI! MEUS OLHOS! — Tommy desesperadamente tentou tampar seus olhos — será que vocês dois não conseguem conter seus hormônios.

Leon revirou os olhos.

— Fala o que você quer, Tommy.

— Tem telefone pra você, Bellinha — ele disse ainda com os olhos tampados e foi embora do meu quarto em menos de um segundo deixando o telefone no meu quarto.

Eu peguei o telefone e atendi. Leon pareceu estar pouco ligando para quem eu estava falando, pois ele voltou a atacar o meu pescoço, coisa que deixava difícil eu falar com uma voz normal, mas eu fiz o possível.

— Alô? — eu tentei segurar um suspiro por causa dos beijos de Leon.

— Filha? Você está bem?

Eu fiquei tensa, mas Leon apenas deu um risinho – sim, ele conseguia ouvir o telefone – e continuou a me atazanar com seus beijos.

— Sim, mãe, est-tou ó-tima — eu balbuciei.

— Ah, tudo bem então — ela parecia não ter notado minha voz instável — eu te liguei para avisar que seu voo foi marcado para amanhã à noite.

— Voo? — eu fiquei mais tensa ainda e olhei para Leon preocupada.

— É filha, já está no final das férias e eu volto na terça de manhã do meu trabalho. Você tem faculdade, lembra? — ela disse rindo, não percebendo minha infelicidade — você vai voltar para Cambridge amanhã, pois suas aulas já voltam na quinta.