Annabella Starks

Henry não parava de encher meu copo.

Ele disse para eu não tomar cerveja, pois não iria me fazer nada bem misturar com as outras bebidas.

Eu geralmente não me encaixava nas festas que tinham na minha faculdade, por isso sempre fiquei de fora. Porém, por ser uma festa mais fechada e ser da família de Ethan e Amber, eu realmente estava gostando.

Eu perdi as outras pessoas de vista a não ser Henry. Ele estava dançando comigo, brincando de fazer uns passos engraçados na batida da música eletrônica.

Deveria ser a sexta vez que ele estava enchendo meu copo com alguma bebida.

Eu me afastei da piscina porque eu não confiava em mim mesma para conseguir sair de lá caso eu caísse. E eu não seria maldosa com Peter o suficiente para ele ter que explicar para mamãe como eu fui parar afogada numa festa e ele foi parar desmaiado de tanto beber.

Seria engraçado, mas é melhor não tentar.

Ao olhar ao redor eu encontrei uma pessoa que tinha sumido para mim desde que eu tinha entrado na casa.

Tommy estava rindo de alguma coisa com um grupo de pessoas com uma cerveja na mão. Ele pareceu sentir que eu estava observando-o, pois ele se virou em minha direção e começou acenar loucamente. Eu percebi que tinha uma menina ao seu lado que olhava ele com um olhar sonhador.

Eu tive vontade de rir. Tommy, nosso baby, estava com uma mulher, diferente de quase todos outros.

Balancei a cabeça e decidi entrar para procurar Amber. A quase-loira estava lá dentro com uma cara de morta. Eu me aproximei dela me sentindo meio estranha. Com certeza era efeito do álcool.

— Hey, Ambs, o que foi?

Ela levantou o olhar e ao ver meu estado arqueou uma sobrancelha e sorriu de leve.

— Nunca pensei que você fosse ficar bêbada.

— Eu não estou bêbada... Só... Feliz.

— Aham — ela revirou os olhos.

— Então, o que foi?

Ela suspirou e olhou para o canto da sala. Segui seu olhar e vi que tinha uma menina praticamente se jogando pra cima de Dylan. E o cara, sendo um bom cavalheiro, não conseguia se desvencilhar dela, pois afinal, Dylan não é capaz de dizer um fora para alguém.

— Vai lá e quebra a fuça dela.

Amber riu.

— Você sabe que eu não posso fazer isso.

Foi minha vez de revirar os olhos.

— Então vamos dançar — eu a puxei.

Amber gargalhou.

— Sério, quando você acordar amanhã, com uma puta dor de cabeça devo adicionar, me lembre de te falar quão inconsequente você está agora.

Eu ri junto com ela e peguei uma batida de maracujá no balcão e entreguei para ela.

— Se eu estou bebendo, você também.

Amber aceitou a bebida e juntas fomos para o lado de fora da casa. Onde a festa não parava.

***

Encontrei Rory depois de uns dez minutos de ter dançado com Amber.

A garota não bastava ser modelo, ela também sabia dançar como ninguém.

O garoto estava sendo carregado por dois outros garotos bem maiores que ele e segundos depois ele desapareceu na piscina.

Eu fui correndo até a beirada rindo, enquanto Rory tirava água do rosto ao esfregar sua mão. Ele abriu seus olhos azuis e, ao me ver, sorriu.

— Hey, Bell.

— E aí, Rory, a água está fria?

— Nah — ele disse dando de ombros — quer dar um pulo?

Neguei com a cabeça.

— Eu não confio em minhas habilidades, Rory.

Ele riu.

— Já que eu estou aqui, vou ficar aqui — e com isso ele saiu nadando.

Outras pessoas começaram a pular na piscina e as que já estavam lá começaram a jogar bolas gigantes e coloridas.

Voltei ao lado de Amber e começamos a dançar de novo.

Meu vestido lilás deveria estar com um puta cheiro de álcool, mas eu não estava ligando mais.

Pouco tempo depois, Henry aparatou do meu lado e começou a dançar conosco.

Enquanto eu dançava com eles percebi que um cara estava chegando cada vez mais perto de Amber. Não sabia se a garota tinha percebido até ela virar-se para ele e começar a dançar junto com o cara. Eu fiquei um tanto quanto surpresa, mas decidi deixar quieto.

Só depois que eu entendi toda aquela situação.

Do outro lado da piscina, Dylan olhava para o cara como se pudesse matar ele.

Aquilo realmente me assustou, pois por mim Dylan não conseguia nem matar uma formiga. Seus olhos azul-claros estavam parecendo duas pedras de gelo. A Antártida mandou lembranças e pediu o frio de volta, Dyl.

Eu mordi o lábio para não rir. Com toda a certeza Amber estava fazendo uma pequena vingança contra Dylan.

Eu estava já frustrada com a relação deles. Eu não entendia porque eles simplesmente não corressem para os braços do outro e fossem caminhar na praia.

Releve a parte da praia, eu estava bêbada.

Henry terminou o resto da sua Ice em um gole e voltou a dançar comigo. Ele se aproximou de mim e meio que gritou em meu ouvido por causa da música alta.

— Quer brincar de alguma coisa?

Eu ri da besteira dele.

— Como assim, Renrri? — eu percebi o quanto eu estava bêbada pelo fato de não ter conseguido pronunciar “Henry” direito.

Ele soltou uma risada diante da minha embriaguez.

— Um jogo, Bell. Você me desafia a alguma coisa e eu te desafio a outra.

— Okay! — eu disse animada — você começa.

— Ele olhou ao redor e mordeu o lábio para impedir o sorriso.

— Eu quero que você derrube aquele gordinho na piscina.

Eu comecei a procurar pela multidão e, de fato, encontrei um cara meio rechonchudo perto da beira da piscina. Ele estava falando com dois caras enquanto bebia uma lata de cerveja.

Eu assenti com a cabeça e me dirigi ao alvo. Quando eu cheguei perto do garoto...

SPLASH!

Eu fingi que tinha tropeçado e derrubei todo meu peso pra cima do cara. Ele perdeu o controle e caiu como uma baleia na água.

Murmurei um “desculpa” e voltei para Henry que ria mais que uma hiena.

— Minha vez! — eu exclamei — Eu quero que você vá até aquele cara e diga que ele está muito sexy com aquela roupa, mas diga como se você quisesse ir pra cama com ele.

Henry revirou os olhos e foi até o garoto ao lado do barril de vinho que eu estava apontando.

Eu não consegui ouvir o que Henry falou, mas eu vi que o cara arregalou os olhos exclamou “mas que porra?” e saiu andando.

Eu não conseguia controlar o riso até Henry me mandar calar a boca.

— Último desafio! — ele disse.

Eu assenti animada pelo meu desafio.

— Eu quero que você vá até aquele cara — ele apontou pra um garoto que estava de costas — e beije ele.

Eu apenas revirei os olhos e saí andando.

Eu realmente não estava bem. Depois desse desafio iria pedir para alguém me levar pra casa. Meu estômago estava embrulhado e minha cabeça latejava.

Eu estava de costas para o garoto. Sem mais nem menos eu virei seu corpo e o beijei.

Ele, a princípio, estava surpreso, mas logo depois começou a corresponder o beijo.

Eu não queria fazer nada com um estranho, então antes que ele pedisse acesso a minha boca, eu descolei nossos lábios.

Encarei o cara para explicar a situação pra ele, mas percebi que ele era estranhamente familiar.

Leon me encarava perplexo e eu o encarava como... Como algum bicho que consegue deixar a boca aberta muito grande. Não serpentes, pois elas abrem as bocas para devorar as vítimas e eu não queria devorar Leon, mesmo que seus lábios fossem muito macios e doces.

— Bels... — ele começou a falar.

Mas não conseguiu terminar, pois eu acabei vomitando em sua blusa.

Leon Rider

Depois de soltar um suspiro ao ver que Jack iria cuidar de Peter eu voltei para a festa. Conversei mais um pouco com algumas pessoas, afinal era sempre bom manter contato com outras pessoas do show business.

Tempo depois eu percebi que Dylan queria se livrar de uma garota que estava quase agarrada em seu pescoço como um coala, então eu o chamei dizendo que Ethan estava procurando-o.

Dyl antes de sair murmurou um “obrigado” que eu correspondi com um aceno da cabeça.

Não conseguia encontrar ninguém a não ser Ethan que estava rindo de alguma coisa com uma garota que eu reconheci sendo uma tecladista de uma banda.

Eu continuei a perambular pela casa até decidir que eu iria procurar alguém.

Encontrei Rory se secando porque tomou um banho de piscina.

— Não quer uma cerveja, irmão? — ele disse enquanto bagunçava o cabelo com a mão.

— Não posso, lembra? Eu vou dirigir.

— Ah, é.

Depois disso ele foi puxado por uma morena, eu me virei e decidi dançar um pouco.

Havia um grupo de garotas de uma banda chamada Lemon Kiss que eram bem legais, eu já havia encontrado elas em outras festas.

Não sei se era por causa do plano estúpido da Starks, mas eu realmente estava me sentindo mais à vontade com o sexo feminino. Tânia, uma das garotas da banda, até comentou comigo.

Pouco tempo depois eu me vi sedento por água, então eu decidi entrar na casa para pegar água com bastante gelo.

Eu estava quase no bar quando alguém me virou com tudo e colou seus lábios nos meus.

Eu ia protestar, mas então percebi quem era.

Annabella.

Ela não estava me beijando como aqueles beijos franceses calorosos, era um beijo simples, mas eu podia sentir uma chama através daquele pequeno contado. Segurei minhas mãos para eu não colocá-las em seu quadril. Eu senti um forte odor de álcool emanando dela.

Ela estava muito bêbada.

Rapidamente ela se afastou de mim com olhos meio desfocados.

Aham, ela estava EXTREMAMENTE bêbada.

Bels pareceu ter finalmente compreendido quem ela tinha beijado, pois ela arregalou os olhos e abriu a boca. Uma expressão que deveria estar um pouco parecida com a minha.

— Bels... — eu comecei a falar.

Porém não consegui terminar, pois a morena vomitou em cima de mim.

Ah, que ótimo.

Ainda bem que eu estava numa parte praticamente isolada da casa, pois eu tinha dado a volta para entrar no bar da sala.

Eu não tinha reparado que a garota tinha começado a chorar.

— Hey — eu falei suavemente — eu que levo o vômito e você começa a chorar.

Isso só fez ela chorar mais forte ainda.

— Ah — eu quis me bater — desculpa! Sério, você não precisa se preocupar, não é nada.

Ela limpou o rosto e ficou me olhando como se tivesse cinco anos.

— Venha — eu peguei seu braço gentilmente — eu vou te levar.

— E os outros? — ela perguntou meio embriagada.

— Táxi existe pra isso — foi tudo o que eu disse.

Depois de lançar uma curta mensagem para Dylan que eu estava levando Annabella embora, eu a coloquei no carro.

A garota estava praticamente drogada no banco ao lado do meu. Ela murmurava coisas estranhas como “eu vejo esquilos” ou “bodes estão dançando com as estrelas”.

Chegando na casa eu percebi que Peter já estava no último sono e Jack estava lendo um livro.

Eu estava praticamente carregando Annabella de tão atordoada que ela estava. Jack perguntou se eu queria de ajuda e eu balancei a cabeça da escada.

— Agora — eu disse ao chegar no quarto dela — tome banho.

A menina parecia um zumbi ao meu comando. Ela se arrastou até o banheiro e fechou a porta.

Eu dei uma olhada a minha volta. O quarto dela era bem bagunçado, exatamente como Peter descrevia sua irmãzinha enquanto tomávamos café no set de gravação.

Soltei uma risada anasalada e decidi preparar a cama para ela dormir. Decidi separar um remédio com água perto da cama para quando ela acordar no dia seguinte.

Poucos minutos depois, Bels saiu do banheiro vestindo uma camisola de manga curta de pinguins e se deitou na cama sem mais nem menos.

— Você precisa de mais alguma coisa? — eu perguntei.

Ela estava me encarando como uma menina com retardo. Revirei os olhos.

— Hey, Starks, você quer alguma coisa?

Ela aproximou seu rosto do meu.

— Sabe o que eu nunca percebi?

— O que? — eu arqueei a sobrancelha.

— Seus lábios são bem macios e doces — ela sussurrou.

E mais uma vez ela me pegou desprevenido ao colar seus lábios nos meus ardentemente.