Annabella Starks

Eu tinha uma leve impressão que Leon queria me matar.

Como nós havíamos previsto, o lance de “encontre mulheres na rua e seja gentil” não deu muito certo. Isso porque a primeira garota que encontramos era uma vadia, e isso fez com que Leon fosse um babaca com ela. A segunda já era mais velha e foi até legal, mas ela estava com pressa então eu não chamaria aquilo de “verdadeiro contato”. E a terceira foi a pior de todas. Ela percebeu quem era Leon e gritou feito uma narceja para todo mundo. Eu e ele tivemos que correr pela avenida inteira até despistar as fãs.

Foi muito divertido.

Não.

Então eu, sendo o gênio que sou, pensei em uma segunda ideia. E esse é o grande motivo de Leon querer me matar.

Sabe, é até compreensível o seu súbito desejo de sangue já que eu o fiz pular alguns... Passos.

Estávamos em frente ao WallMart, as pessoas andavam pelas ruas. E bem em frente ao estacionamento tinha uma linda barraquinha de garotas escoteiras vendendo cookies.

Logo, Leon iria juntar-se a elas.

— Eu não vou fazer isso.

— Ah, vai sim — eu disse com um olhar determinado para o horizonte.

Ele começou a me amaldiçoar.

— Você me deve agora uma coca E uma Mentos.

— Por quê?

Eu virei a cara para encará-lo.

— Você quebrou as regras. De novo.

Ele soltou um muxoxo.

Leon Rider

Nunca imaginei que chegaria o dia em que eu viraria e diria “Olá, sou um cantor britânico lindo e famoso e... Estou ajudando menininhas escoteiras a vender biscoitos na frente de um WallMart”.

Nunca mesmo.

Annabella estava muito determinada com esses planos de merda dela. Eu não entendi direito porquê eu queria que ela me ajudasse. Talvez fosse porque eu me sinto mais calmo perto dela ou talvez porque eu goste de sua companhia agora que nós não mais brigamos... Tanto.

Era diferente o que ela estava fazendo por mim. Os meninos me ajudavam com todo o apoio moral e distração. Porém ninguém mesmo nunca veio com “planos” – por mais ruins que eles sejam – para me ajudar. Era uma sensação boa essa.

Virei-me para encarar Annabella que conversava com duas garotinhas. Ela parecia muito com Luana fisicamente, mas mentalmente elas eram totalmente diferentes. Annabella não liga para o que os outros falam e nem tenta se obrigar a fazer algo que não goste para agradar os outros. E bem, não é uma vadia.

Bels terminou de falar com as garotinhas e tinha um sorriso no rosto. Ela virou-se para mim e começou a andar em minha direção.

— Vamos começar! — ela disse empolgada — mas antes você precisa do seu uniforme de escoteiro.

Arregalei os olhos.

— Você não espera que eu caiba em algum daqueles uniformes, né?

Ela fez um gesto despreocupado.

— Elas tem uniformes masculinos guardados. Não se preocupe.

Eu estava preocupado.

No entanto, quando eu realmente vi aquela coisa, eu quis matar a Starks. Sabe aqueles típicos uniformes de escoteiros de acampamento que tem em filmes? Então, imagine aquilo no meu tamanho.

Era o uniforme que eu precisava vestir.

A vestimenta era bege e era composta de uma bermuda cheia de bolsos e uma camisa de escoteiro. E tinha um lencinho azul amarrado. Diferente do das garotas que eram rosas.

Por favor, alguém me mate.

Depois de Annabella me puxar a força para dentro de um dos banheiros, eu comecei a me trocar. Vergonha era um entendimento para o que eu provavelmente iria sentir.

Annabella Starks

Eu estava murmurando a música “Viva La Vida” enquanto a noiva se vestia no banheiro. Virei-me para ver as garotinhas na bancada. Elas eram bastante simpáticas.

Ouvi o barulho da porta do banheiro e olhei para quem estava na minha frente.

Eu abafei o riso ao olhar a situação de Leon.

— Você vai me pagar — ele disse.

Não aguentei e comecei a gargalhar.

— Sabe, até ajudar velhinhas a atravessar a rua é melhor que ISSO.

— Eu sei. Agora, ao trabalho garoto escoteiro.

Ele me fuzilou uma última vez com o olhar antes de começar a caminhar em direção à bancada.

Eu decidi ficar de olho para ver se Leon realmente estava se saindo bem enquanto vendia biscoitos com duas garotas e se enturmava bastante com o sexo feminino.

Não tinha nada a ver com o fato dele estar vestindo algo engraçado e eu querer rir e tirar fotos dele.

Não mesmo.

Depois de duas horas, eu percebi que ele realmente estava se esforçando. De vez em quando ele me fuzilava pelo canto do olho, mas eu acabei acostumando. Eu entendia o que ele estava passando.

.. Não exatamente, mas eu tinha uma noção do que ele estava passando.

Foi então que eu vi um garoto que provavelmente era um ou dois anos mais novo que eu se aproximar da banca de biscoitos. Ele começou a gritar com as meninas e a bagunçar a mesa.

Aí Leon deu um soco em sua cara.

Eu queria bater palmas para Rider, mas eu sabia que se chamássemos muita atenção, nós teríamos problemas maiores.

Eu saí em disparada enquanto Leon batia no marmanjo e o cara tentava revidar.

Pois é, só tentava.

Como eu provavelmente iria ser acertada se eu me colocasse no meio, eu fui por trás de Leon, o abracei por trás e comecei a empurrá-lo para trás.

— CHEGA! — eu exclamei.

Leon pareceu se acalmar, eu o soltei e me virei para o babaca que estava no chão, com a boca ensanguentada e a mandíbula vermelha, ofegante.

— E VOCÊ FORA DAQUI!

Não precisei gritar novamente. O garoto saiu com o rabo entre as pernas.

— Vocês o conhecem? — eu perguntei para as meninas com as mãos plantadas em minha cintura.

Uma delas assentiu, hesitante.

— Ele é da nossa escola. Sempre vem nos maltratar depois que começamos a vender biscoitos. Ele diz que é ridículo e que ninguém irá querer nossos cookies.

Eu soltei um “Humpf”.

— Parece que ele não irá mais incomodá-las, mas vocês não sabem porquê dele fazer tudo isso?

— Ele foi expulso dos escoteiros porque sempre arrumava briga.

— Imbecil — ouvi Leon murmurar baixinho.

— Bem, acho que isso é tudo por hoje. Obrigada por terem nos deixado ficar aqui e se ele vier atormentá-las novamente, nos chame — eu disse antes de me virar para Leon.

— Você parece ser um imã para problemas, parceiro — eu disse baixinho enquanto examinava o vermelhidão de seu nariz e o roxo de sua bochecha.

Ele soltou uma leve risada.

— Eu sou o imã? Tem certeza?

Eu dei de ombros e sorri junto com ele.

Só naquele momento eu percebi o quanto eu estava perto dele. Seus olhos azuis brilhantes realmente eram chamativos.

— E você os acha bonitos? — ele perguntou com um sorrisinho e uma sobrancelha arqueada.

— O que? — eu perguntei abobada.

Foi só então que eu percebi que tinha falado em voz alta o lance dos olhos. Eu senti que tinha um leve rubor nas minhas bochechas e isso fez o sorriso dele aumentar.

Eu simplesmente fuzilei ele com meu olhar e me despedi das meninas. Rider se trocou novamente no banheiro e com isso decidimos voltar para casa.

— Você quer que eu tente ver se alguém pode vir nos buscar ou você quer ir andando mesmo.

— Ah não sei. Gostaria de ir andando — ele pensa um pouco — mas apenas espero que ninguém perceba quem eu sou, afinal eu ouvi dizer que eu tenho olhos azuis brilhantes muito chamativos — e com um sorriso do demônio ele olhou para mim e piscou os olhos várias vezes.

Cerrei meus punhos e trinquei meus dentes. Leon deve ter pressentido o perigo, pois saiu em disparada. Eu fui logo atrás dele.

Eu deveria estar preocupada com alguma fã maluca encontrar Leon já que seu capuz não estava cobrindo seu rosto, afinal ele estava correndo, mas eu não estava. Eu apenas estava preocupada em acertar as bolas de ouro de Leon.