Amelia Del Crucci

Eu não estava entendendo merda nenhuma.

Eu sempre fui muito “avoada”, os psicólogos diziam que era por causa da minha alta ansiedade e hiperatividade.

Porém, hoje eu estava me superando.

Uma hora lá estou eu, toda ruiva e simples, conversando com Drake quando de repente...

PÁH!

Eu sinto os lábios dele nos meus.

Eu não sabia exatamente o que fazer. Quero dizer, é lógico que eu já fui beijada na minha vida (não pense em Eric... esqueça-o...esqueça-o...), mas ninguém nunca me pegou tão de surpresa assim.

Por mais que eu não soubesse o que fazer, eu também não queria me desvencilhar dele. Os seus lábios eram macios e habilidosos (por mais que não fosse um beijo francês, só um beijinho, dava pra perceber que ele era o mestre dos lábios... e agora eu pareço uma pervertida...).

Eu parecia uma estátua. Tudo o que eu queria era que a terra me engolisse naquele momento.

Tão rápido quanto Drake colou seus lábios nos meus, ele desgrudou seus lábios nos meus.

Olhei para seus olhos azuis. Eles estavam brilhando e refletindo alguma coisa neles que eu não conseguia dizer o que era.

— Amy...

Eu saí correndo.

Chame-me de covarde, louca, problemática ou os três.

Eu não queria ficar para ter uma conversa super embaraçosa com Drake sobre como ele era muito habilidoso com seus lábios pecaminosos e sobre como eu parecia uma batata vermelha plantada lá apenas recebendo um beijinho.

Não, muito obrigada.

Eu estava correndo como um foguetinho. Meu pai me falou alguma coisa do outro cômodo, mas eu não respondi, apenas gritei um: “Tô indo dormir!” e me tranquei no quarto.

Era muitas emoções por um só dia.

A “eu” de amanhã que lidasse com o Drake.

Drake Whitewood

Eu não tinha a mínima ideia do que eu estava fazendo. Tudo o que eu sabia era que eu precisava sentir os lábios de Amy nos meus. Seu corpo pequeno e macio estava me chamando, então eu me entreguei aos meus desejos e de repente eu estava perdido. Seus lábios tinham um gosto doce por causa do bolo que comemos.

Porém assim como eu perdi a minha consciência tão depressa, ela voltou rapidamente. Eu desgrudei meus lábios nos de Amy ao perceber que ela não estava correspondendo o beijo. Ela parecia surpresa, mas pelo menos não enfurecida ou com desgosto.

Suas bochechas estava muito vermelhas e sua respiração ofegante.

— Amy... — eu comecei tentando acalmá-la e dizer-lhe que só tinha sido... sei lá, um beijo de agradecimento, mas eu nem consegui terminar a frase, pois ela já estava correndo pela escada.

Foi então que eu vi um flash de câmera e uma voz bem atrás de mim.

— E aqui — surgiu a voz e eu percebi que era Damien falando com uma voz de apresentador de programas — podemos ver a nossa jovem Amelia fugindo de Drake e o deixando com o coração partido. Drake não sabe o que fazer. Se você quer ajudá-lo nessa causa, nessa jornada pelo amor disque 0800...

Eu joguei o telefone que estava na mesinha ao lado na cabeça dele.

Damien levantou de seu esconderijo com Ryden bem atrás dele filmando.

— Ai! Caralho Drake... — Damien disse massageando a cabeça.

Ryden parou de filmer e começou a dar risada.

— Apaga essa merda agora! — eu falei pra ele.

Ele levantou as mãos como se estivesse indefeso.

— Não posso. Não antes de mostrar para Adelina e Cassidy. Desculpa cara.

Eu suspirei.

— Calma Drake — Damien deu tapinhas no meu ombro — Amy só está chocada. Assim que ela se der conta dos sentimentos dela por você e você por ela, vocês estarão — ele apontou pro nada — correndo para o horizonte como o belo casal feliz que vocês serão.

Balancei a cabeça negativamente. Eu não tinha a menor ideia do porquê de eu ter beijado ela, mas eu sabia que ela não possuía sentimentos por mim e vice-versa. Certo?

— Hey gente — Sam surgiu enquanto subia as escadas — eu tô com fome ainda. Que tal nós comermos no Mcdonalds?

— O que eu precisava era de uma bebida, não de um hambúrguer — eu murmurei.

Ryden me ignorou e respondeu Sam.

— Vamos sim. Eu só vou chamar Amy, aquela coisa é mais esfomeada do que não sei o que.

E com isso ele subiu as escadas.

Minutos depois, enquanto estávamos esperando sentados no sofá, ouvi o barulho da escada de madeira e olhei para cima. Amy tinha seu cabelo preso num coque, vestindo uma calça jeans e uma blusa azul clara simples.

Ela parecia estar emburrada com alguma coisa. Quando ela se aproximou eu ouvi ela murmurar alguma coisa como “parece que a ‘eu’ de amanhã não será quem vai precisar aguentar tudo”.

Entramos no carro e decidimos parar para comer ao invés de passar só no drive thru.

Sam estava dirigindo e Amy e os dois gêmeos malignos estavam no banco de trás. A maior parte da viagem a gente ficou ouvindo música. Eu percebi que Amy estava olhando para todos os lugares que não fosse para mim.

Quando eu virei-me para tirar o cinto de segurança nossos olhares se encontraram e ela desviou a sua cara, mas pude perceber suas bochechas ficando rapidamente rosadas.

Tentei, em vão, suprir o sorriso. Pelo menos uma reação boa.

Vi que Ryden estava sorrindo maliciosamente para mim e eu apenas revirei os olhos. Quando chegamos cada um vez seu pedido.

— Eu vou querer um BigMac e uma coca média — falou Damien.

— Eu vou querer o Cheddar, uma batata grande e guaraná médio — disse Ryden.

— Eu vou querer o mesmo que você, Ry — falou Sam virando-se para mim — E você, Drake?

— O de sempre — falei para Sam que assentiu — Amy? — virei-me para ela.

Ela começou a falar enquanto olhava para o telão.

— Eu vou querer um Smooth de limão mais um Mclanche feliz com o brinquedinho do Yoshi além de uma torta de maçã e mais uma porção de batata grande porque agora Mclanche feliz é mão-de-vaca.

Ninguém falou nada, todo mundo só ficou olhando para ela até que Ryden quebrou o silêncio.

— Mclanche feliz de nuggets ou lanche?

— Nuggets.

Depois de pegar o pedido, nós quatro sentamo-nos na mesa e começamos a conversar. Amelia estava muito ansiosa, sua perna não parava quieta e ela estava comendo rápido demais. Isso era ruim. Uma ponta de culpa surgiu em mim, eu sabia que eu tinha a ver com aquilo.

Passamos na casa de Amy para deixá-los lá e depois eu e Sam seguimos para a casa da tia dele.

Quando entramos na casa ele me puxou para sentar no sofá.

— Okay, agora me conta o que todo mundo sabe e eu não sei — ele falou olhando nos meus olhos.

Dei de ombros.

— Como assim?

— Mas que droga, Drake! Você sabe MUITO bem do que eu estou falando. Eu estou falando do que aconteceu entre você e a Amy e ninguém me conta.

Suspirei.

— Eu... eu beijei ela.

Sam foi à loucura. Ele começou a falar nada com nada, sobre como ele estava feliz e começou a fazer uns movimentos escrotos que pareciam uma dancinha. Eu fiquei esperando terminar de falar tudo até ele acalmar o fogo no rabo.

Depois que eu terminei a história ele estralou os dedos.

— Um passo já foi cara. Agora só falta você se declarar para ela e vice-versa e BANG! Vocês estarão felizes para sempre.

Rolei os olhos.

— Menos, Sam, menos.

Continuamos a falar sobre coisas inúteis até o sono bater. Eu iria ter um longo dia amanhã.

Amelia Del Crucci

Dei um último abraço no meu pai antes de ir para o avião. Ryden e Damien estavam me esperando enquanto conversavam. Eles combinaram com Drake e Sam para eles nos encontrarem dentro da plataforma do nosso avião.

Ai que delícia.

Eu não sabia mais o que estava acontecendo comigo. Meus sentimentos pareciam um refrigerante quente que chacoalharam e abriram na hora. Balancei a cabeça e tentei me recompor.

Eu escolhi uma roupa confortável, pois eu não gostava de viajar de avião.

Avistamos Drake e Sam e entramos no avião. Estávamos sentados na coluna do meio de avião, eu estava entre Drake e Ryden. Peguei o meu caderno e decidi ocupar meu tempo desenhando.

Poucas horas depois, estávamos desembarcando perto de Oxford. Já estava no horário de almoço então antes de pegarmos o trem, decidimos almoçar.

Quando eu saí do banheiro para lavar as mãos eu me deparei com Drake.

Ai merda.

Ele estava coçando o cabelo como se estivesse nervoso.

— Olha Amy, eu sei que você não quer falar sobre o beijo — eu engoli seco — mas não se preocupa não. Eu gosto muito da nossa amizade, então por favor, não mude isso. Vamos simplesmente ignorar tudo isso — eu assenti sem saber o que dizer. Para Drake foi o bastante, pois ele se retirou.

Esfreguei minhas mãos no meu rosto. Eu não sabia porquê, mas por alguma razão eu não estava satisfeita com tudo aquilo.