O Lago do Cisne escrita por Virgo


Capítulo 4
A Maldição de Cygnus




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Afrodite não encontrou obstáculo algum ao ferir Cygnus Hyoga de maneira tão terrível. Daquela maneira não poderia falar com ninguém, não poderia viver junto de quem amava e no mínimo seria caçado por diversão de meros mortais.

Cygnus ainda era um menino de 13 anos, e como tal, saia para brincar junto aos amigos, todos Aspirantes, nas horas vagas. Afrodite se disfarçou de menino e se infiltrou no grupo como um novato, fazendo uso de seus dons para ter mais facilidade de convivência com eles, chegando a confundir suas memórias.

¬ Cygnus. - chamou Afrodite.

¬ Diga, Calisto. - o nome Calisto era uma das máscaras de Afrodite quando disfarçada de mortal.

¬ Pegue! - disse jogando uma maçã no colo do menino, que a pegou maravilhado de tão vermelha e brilhante que era.

¬ M-mas e os outros? - os demais se viraram para os dois.

Fazendo uso de seus dons, mais uma vez, Afrodite bagunçou a memória dos menino, que disseram terem ganhado frutas iguais mais cedo. Convencido, Cygnus pegou a fruto de bom grado e a guardou na bolsa que sempre carregava, com a justificativa de que a comeria depois do jantar. Afrodite nada disse, seu plano já estava meio caminho andado, só precisaria apagar sua existência da mente dos garotos depois que a fruta fosse comida.

Cygnus voltou para a Casa de Aquário mais cedo, era seu dia de fazer o jantar, sem contar que o pai estava em reunião com os demais Cavaleiros desde cedo. O menino retirou algumas coisas de sua bolsa e mais uma vez se deparou com a fruta, sentiu-se tentado a comê-la antes do jantar, mas seu pai certamente descobriria e o colocaria de castigo.

Deixando a fruta de lado, se concentrou em sua tarefa. Pouco depois de acabar, seu pai chegara.

¬ Hyoga?! - Nicodemus chamava pelo filho, sempre em um tom de preocupação disfarçada, todas as noites sonhava que perderia o filho. - Hyoga?!

¬ Pai!? - respondeu da cozinha, tirando a carne do fogo.

Nicodemus se prostrou na porta da cozinha e suspirou aliviado ao ver o filho bem, nem se lembrava a última vez que saio de casa com coragem o bastante para deixar o filho sozinho, ainda mais com os pesadelos que vinha tendo. Pesadelos em que via o filho em um abismo escuro, chorando sem parar e completamente sozinho.

Recobrando a postura, o Cavaleiro de Aquário se aproximou do filho.

¬ Pelo cheiro, está ótimo. - disse pousando a mão no ombro do menor. - Mas o que seria o nosso jantar?

Nicodemus não podia negar, seu filho cozinhava muito bem, seus pratos sempre foram deliciosos e sempre atraia os amigos do pai para a Casa de Aquário. Já Nicodemus parecia destinado a queimar ou estragar tudo o que cozinhava.

¬ Carne de porco banhada em vinho. - respondeu sorridente para o pai, que retribuiu.

Aqueles sorrisos eram raros, mas verdadeiros. Nicodemus se afastou dando espaço ao menor, para que este terminasse o que fazia, e foi retirar a Armadura de Aquário, quando voltou a mesa já estava posta e o filho o aguardava.

Conversaram, comeram e riram durante o jantar, dando graças pelo cheiro não ter atraído outros Cavaleiros famintos. Após o jantar, pai cuidava da louça e filho da mesa, até que lembrou-se da maçã.

¬ Pai. - chamou o menino, Nicodemus se virou para o filho e viu o fruto.

¬ Mas que bela maçã. - comentou o mais velho terminando sua tarefa. - Quem lhe deu?

¬ Calisto, um amigo meu. - respondeu o menino já pegando uma faca. - Quer um pedaço, pai?

Nicodemus estranhou aquele nome, ele lhe era familiar. Ignorando alguns pensamentos, tomou a maçã de Cygnus e a cortou ao meio, ficando com um pedaço e estendendo o outro para o filho, que fazia um bico pela falta de fé depositada em si.

¬ Não fique assim. - advertiu o mais velho. - Você sempre se corta. Agora pegue seu pedaço antes que eu fique com os dois. - sorriu para o filho que retribuiu.

O menino mal pegou seu pedaço da fruta e já a comia com vontade, Nicodemus demorou um pouco para dar a devida atenção a sua parte, pois mirava o filho com carinho, quando voltou-se para seu próprio pedaço, sentiu o coração falhar uma batida.

Nicodemus bateu nas mãos do filho que soltou seu pedaço confuso, não entendia o ato tão repentino do pai, que não parou por ali. Nicodemus largou seu próprio pedaço, agarrou os ombros do filho e fez com que cuspisse tudo o que tinha na boca.

¬ P-pai...!? - o menino estava assustado.

Seu pai chorava, quando o fez cuspir os pedaços da fruta, pegou o próprio pedaço e mostrou ao menino. Tinha um liquido dourado e pegajoso saindo da fruta.

¬ Está vendo isso!? - o pai chorava, mas não perdia o tom firme da voz. - É uma maçã dos jardins de Hera! Elas podem ser encantadas e usadas para rogar maldições, jamais deve comê-las, elas podem matar! Nunca as coma! - o pai chacoalhava o filho com um pouco de violência. - Se morder não faz mal, mas você jamais deve engoli-las! - sua mente trabalhava a mil para descobrir a resposta de como um amigo de seu filho conseguira tal fruto e quase se amaldiçoou ao encontrar a resposta. - Agora eu me lembrei, Cygnus! Calisto é o nome de uma das formas que Afrodite assume para enganar os mortais!

Nicodemus abraçou o filho com força, ainda chorando, não acreditava em um destino tão traiçoeiro, que primeiro tirou-lhe a amada, agora tirar-lhe-ia o único filho. Tentava a todo custo acalmar o menino, que agora soluçava em seus braços e tremia como nunca.

¬ Pai... - Cygnus chamou pelo pai em um misto de desespero e soluços. - Eu engoli um pedaço...

Nicodemus se afastou do filho e mirou seus olhos, embasados pelas lágrimas, expressavam o mais puro desespero. Ele voltou a abraçar o filho com força e carinho, murmurando o quanto amava o filho e como o amaria sempre, dizendo que jamais o abandonaria. Ficaram assim durante horas, quando os raios do sol começaram a despontar no horizonte, luzes coloridas e fortes começaram a escapar do corpo do menino.

¬ Pai! - o medo estava tomando-o.

¬ Leve-a! - ordenou o mais velho, tirando sua coroa de louros. - Assim vou te encontrar.

O pai deu-lhe seu símbolo de autoridade, sua coroa de louros de ouro, símbolo de sua posição entre os 88 Cavaleiros de Atena, e colocou-a na cabeça do filho. Após este simples ato, a luz se tornou mais forte, ofuscando a vista de Nicodemus, quando voltou a enxergar, onde deveria estar seu filho, agora havia uma bela ave. Sua plumagem era branca, tinha linhas negras entorno dos olhos, que escorriam até o bico, parecendo lágrimas, aquela era uma das aves que puxava o carro solar de Apolo, aquela ave era um Cisne. Um animal proibido no Santuário de Atena. Nicodemus se desesperou. Onde estava seu filho? Mesmo que tivesse morrido, queria ao menos o corpo para enterrar, mas nada encontrou e quanto mais procurava, mais a ave parecia triste. Só então percebeu os olhos da ave, aqueles olhos eram exatamente iguais aos de seu filho e a ave usava sua coroa de louros no longo pescoço.

¬ H-Hyoga!? - arriscou o Cavaleiro.

Para sua surpresa, a ave confirmou, virou-se e alçou voo para longe. Não queria chorar na frente do pai, mesmo que estivesse na formas de um Cisne, recusava-se a chorar na frente do pai. Voou até um lugar em que sempre se sentiu seguro, mesmo que este não tivesse uma história tão bonita, e pousou nas águas cristalinas do lago onde nasceu.

Então está é a minha maldição? Passar a vida como um Cisne? Uma ave proibido no Santuário, onde estão todos que estimo, uma ave que não podia simular o som de nenhuma palavra, uma ave que é caçada por meus iguais como diversão?

Hyoga suspirou derrotado. Aquilo era só o começo, Afrodite ainda tinha ideias para o rapaz, que se tornavam cada vez mais macabras a cada gargalhada.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora, tive alguns imprevistos '¬¬
Espero que tenham gostado e até a próxima ^.^

Bjs. L



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