O Lago do Cisne escrita por Virgo
Afrodite não encontrou obstáculo algum ao ferir Cygnus Hyoga de maneira tão terrível. Daquela maneira não poderia falar com ninguém, não poderia viver junto de quem amava e no mínimo seria caçado por diversão de meros mortais.
Cygnus ainda era um menino de 13 anos, e como tal, saia para brincar junto aos amigos, todos Aspirantes, nas horas vagas. Afrodite se disfarçou de menino e se infiltrou no grupo como um novato, fazendo uso de seus dons para ter mais facilidade de convivência com eles, chegando a confundir suas memórias.
¬ Cygnus. - chamou Afrodite.
¬ Diga, Calisto. - o nome Calisto era uma das máscaras de Afrodite quando disfarçada de mortal.
¬ Pegue! - disse jogando uma maçã no colo do menino, que a pegou maravilhado de tão vermelha e brilhante que era.
¬ M-mas e os outros? - os demais se viraram para os dois.
Fazendo uso de seus dons, mais uma vez, Afrodite bagunçou a memória dos menino, que disseram terem ganhado frutas iguais mais cedo. Convencido, Cygnus pegou a fruto de bom grado e a guardou na bolsa que sempre carregava, com a justificativa de que a comeria depois do jantar. Afrodite nada disse, seu plano já estava meio caminho andado, só precisaria apagar sua existência da mente dos garotos depois que a fruta fosse comida.
Cygnus voltou para a Casa de Aquário mais cedo, era seu dia de fazer o jantar, sem contar que o pai estava em reunião com os demais Cavaleiros desde cedo. O menino retirou algumas coisas de sua bolsa e mais uma vez se deparou com a fruta, sentiu-se tentado a comê-la antes do jantar, mas seu pai certamente descobriria e o colocaria de castigo.
Deixando a fruta de lado, se concentrou em sua tarefa. Pouco depois de acabar, seu pai chegara.
¬ Hyoga?! - Nicodemus chamava pelo filho, sempre em um tom de preocupação disfarçada, todas as noites sonhava que perderia o filho. - Hyoga?!
¬ Pai!? - respondeu da cozinha, tirando a carne do fogo.
Nicodemus se prostrou na porta da cozinha e suspirou aliviado ao ver o filho bem, nem se lembrava a última vez que saio de casa com coragem o bastante para deixar o filho sozinho, ainda mais com os pesadelos que vinha tendo. Pesadelos em que via o filho em um abismo escuro, chorando sem parar e completamente sozinho.
Recobrando a postura, o Cavaleiro de Aquário se aproximou do filho.
¬ Pelo cheiro, está ótimo. - disse pousando a mão no ombro do menor. - Mas o que seria o nosso jantar?
Nicodemus não podia negar, seu filho cozinhava muito bem, seus pratos sempre foram deliciosos e sempre atraia os amigos do pai para a Casa de Aquário. Já Nicodemus parecia destinado a queimar ou estragar tudo o que cozinhava.
¬ Carne de porco banhada em vinho. - respondeu sorridente para o pai, que retribuiu.
Aqueles sorrisos eram raros, mas verdadeiros. Nicodemus se afastou dando espaço ao menor, para que este terminasse o que fazia, e foi retirar a Armadura de Aquário, quando voltou a mesa já estava posta e o filho o aguardava.
Conversaram, comeram e riram durante o jantar, dando graças pelo cheiro não ter atraído outros Cavaleiros famintos. Após o jantar, pai cuidava da louça e filho da mesa, até que lembrou-se da maçã.
¬ Pai. - chamou o menino, Nicodemus se virou para o filho e viu o fruto.
¬ Mas que bela maçã. - comentou o mais velho terminando sua tarefa. - Quem lhe deu?
¬ Calisto, um amigo meu. - respondeu o menino já pegando uma faca. - Quer um pedaço, pai?
Nicodemus estranhou aquele nome, ele lhe era familiar. Ignorando alguns pensamentos, tomou a maçã de Cygnus e a cortou ao meio, ficando com um pedaço e estendendo o outro para o filho, que fazia um bico pela falta de fé depositada em si.
¬ Não fique assim. - advertiu o mais velho. - Você sempre se corta. Agora pegue seu pedaço antes que eu fique com os dois. - sorriu para o filho que retribuiu.
O menino mal pegou seu pedaço da fruta e já a comia com vontade, Nicodemus demorou um pouco para dar a devida atenção a sua parte, pois mirava o filho com carinho, quando voltou-se para seu próprio pedaço, sentiu o coração falhar uma batida.
Nicodemus bateu nas mãos do filho que soltou seu pedaço confuso, não entendia o ato tão repentino do pai, que não parou por ali. Nicodemus largou seu próprio pedaço, agarrou os ombros do filho e fez com que cuspisse tudo o que tinha na boca.
¬ P-pai...!? - o menino estava assustado.
Seu pai chorava, quando o fez cuspir os pedaços da fruta, pegou o próprio pedaço e mostrou ao menino. Tinha um liquido dourado e pegajoso saindo da fruta.
¬ Está vendo isso!? - o pai chorava, mas não perdia o tom firme da voz. - É uma maçã dos jardins de Hera! Elas podem ser encantadas e usadas para rogar maldições, jamais deve comê-las, elas podem matar! Nunca as coma! - o pai chacoalhava o filho com um pouco de violência. - Se morder não faz mal, mas você jamais deve engoli-las! - sua mente trabalhava a mil para descobrir a resposta de como um amigo de seu filho conseguira tal fruto e quase se amaldiçoou ao encontrar a resposta. - Agora eu me lembrei, Cygnus! Calisto é o nome de uma das formas que Afrodite assume para enganar os mortais!
Nicodemus abraçou o filho com força, ainda chorando, não acreditava em um destino tão traiçoeiro, que primeiro tirou-lhe a amada, agora tirar-lhe-ia o único filho. Tentava a todo custo acalmar o menino, que agora soluçava em seus braços e tremia como nunca.
¬ Pai... - Cygnus chamou pelo pai em um misto de desespero e soluços. - Eu engoli um pedaço...
Nicodemus se afastou do filho e mirou seus olhos, embasados pelas lágrimas, expressavam o mais puro desespero. Ele voltou a abraçar o filho com força e carinho, murmurando o quanto amava o filho e como o amaria sempre, dizendo que jamais o abandonaria. Ficaram assim durante horas, quando os raios do sol começaram a despontar no horizonte, luzes coloridas e fortes começaram a escapar do corpo do menino.
¬ Pai! - o medo estava tomando-o.
¬ Leve-a! - ordenou o mais velho, tirando sua coroa de louros. - Assim vou te encontrar.
O pai deu-lhe seu símbolo de autoridade, sua coroa de louros de ouro, símbolo de sua posição entre os 88 Cavaleiros de Atena, e colocou-a na cabeça do filho. Após este simples ato, a luz se tornou mais forte, ofuscando a vista de Nicodemus, quando voltou a enxergar, onde deveria estar seu filho, agora havia uma bela ave. Sua plumagem era branca, tinha linhas negras entorno dos olhos, que escorriam até o bico, parecendo lágrimas, aquela era uma das aves que puxava o carro solar de Apolo, aquela ave era um Cisne. Um animal proibido no Santuário de Atena. Nicodemus se desesperou. Onde estava seu filho? Mesmo que tivesse morrido, queria ao menos o corpo para enterrar, mas nada encontrou e quanto mais procurava, mais a ave parecia triste. Só então percebeu os olhos da ave, aqueles olhos eram exatamente iguais aos de seu filho e a ave usava sua coroa de louros no longo pescoço.
¬ H-Hyoga!? - arriscou o Cavaleiro.
Para sua surpresa, a ave confirmou, virou-se e alçou voo para longe. Não queria chorar na frente do pai, mesmo que estivesse na formas de um Cisne, recusava-se a chorar na frente do pai. Voou até um lugar em que sempre se sentiu seguro, mesmo que este não tivesse uma história tão bonita, e pousou nas águas cristalinas do lago onde nasceu.
“Então está é a minha maldição? Passar a vida como um Cisne? Uma ave proibido no Santuário, onde estão todos que estimo, uma ave que não podia simular o som de nenhuma palavra, uma ave que é caçada por meus iguais como diversão?”
Hyoga suspirou derrotado. Aquilo era só o começo, Afrodite ainda tinha ideias para o rapaz, que se tornavam cada vez mais macabras a cada gargalhada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Desculpe a demora, tive alguns imprevistos '¬¬
Espero que tenham gostado e até a próxima ^.^
Bjs. L