Foi difícil, trabalhoso e doloroso para Nicodemus criar o filho sozinho, não inteiramente, pois ainda podia contar com o apoio dos amigos e suas famílias. Aos poucos a dor diminuiu, mas não deixou de existir e Nicodemus pode criar seu filho com mais segurança.

Cygnus Hyoga. Menino de beleza invejável igual a da mãe, o mesmo cabelo loiro, a mesma pela branca, o mesmo rosto delicado, mas com leves traços de masculinidade, afinal, ainda era uma criança. O menino também tinha olhos azuis, só que estes eram mais escuros do que os da mãe, se assemelhando ao mar bravio do Ártico. Ele era um menino tímido e fora educado de forma a sempre ter a cabeça erguida, o que por vezes fazia o menino levar a fama de arrogante, e também foi ensinado pelo pai a não deixar seus sentimentos a mostra de todos, mas sempre demonstrava seu lado gentil quando lhe convinha.

Seu pai o treinara desde cedo para que o garoto herdasse a Armadura de Aquário, pois o filho nascera prematuro sobre a proteção de Aquário e outras estrelas ainda não nomeadas, exatamente como Nicodemus. O menino mostrava habilidade, mas algumas vezes se distraia ou achava que certas coisas não o atingiriam, o que resultava em alguns machucados. Com o tempo aprendeu a se tornar um ser equilibrado.

Além de ser dono de uma rara beleza, uma beleza tão grande que só não o tornava digno de comparações com Afrodite por ser homem, era um excelente guerreiro, um Aspirante exemplar, tanto que com apenas 4 anos controlava sua cosmo-energia com facilidade. Era lindo e vivia com alegria – muito bem disfarçado, como lhe fora ensinado – junto ao pai, visitando o túmulo da mãe vez ou outra para prestar-lhe homenagens e conversar.

Cygnus, como os demais o chamavam, ou Hyoga, como seu pai o chamava, agora era um rapazinho, tinha apenas 13 anos, mas estava entrando na flor da idade e como tal, por onde passava chamava a atenção, de modo que seu pai começasse a temer que os eventos que antecederam seu nascimento se repetissem. Mas o que Nicodemus mal imaginava, era que Afrodite tentava a anos fazer a vida de seu filho um inferno e a única coisa que a impedia de concretizar seus desejos, foi a bênção que Atena deu a criança. Uma espécie de guerra silenciosa entre as deusas, que competiam para ver até quando o garoto suportaria e manteria sua fé.

¬ Arg!! - Afrodite havia atirado uma fruteira ao chão. - Eu os odeio! Eu os odeio!

Totalmente desconsolada, a voz da deusa reboava como uma explosão de raios.

¬ Como pode aquela maldita ter dado vida a uma criança tão bela? - a deusa espumava de raiva, queria vê-lo sofrendo mais do que tudo. - Já não bastava me compararem aquela mulher mortal, agora até o FILHO dela é comparado a mim, uma deusa!? - os lábios de Afrodite tremiam de raiva. - E o pior é que eu não posso encostar no rapaz! Nem Eros ou Ares quiseram me ajudar!

Afrodite se jogou em um dos divãs que existiam em seu palácio. Odiava Cygnus mais do que tudo, queria vê-lo sofrer, mas nada do que fazia o afetava, o rapaz era inatingível, a única coisa que parecia ter efeito eram maldições. E seu ódio só aumentava mais e mais, pois os cisnes de seu palácio não se calavam.

Cis... nes?! Mal... di... ções?! Cisnes?! Maldições?! Cisnes!! Maldições!!

Afrodite ostentava um sorriso maligno, que lhe deformava os cantos da boca. Era tão terrível o que trazia no pensamento, que a sua beleza se ofuscara vencida pelo macabro propósito.

¬ Ah, meu caro e querido Cygnus... - o deusa soltou um riso. - Será um teste interessante, que se bem sucedido me trará diversão em seu sofrimento.

A deusa ria com gosto de todo o mal que podia trazer ao rapaz tão ingênuo de sua condição, que ria ao lado dos amigos.