– E ai quando todos estiverem dormindo, nós saímos com a capa de invisibilidade do Harry, saímos da escola por alguma passagem, e nos afastamos, não pode ser muito perto, acho que Hogsmeade é ideal, então vamos até Hogsmeade, e lá giramos o vira-tempo, ainda estou fazendo as contas de quantas voltas devo dar, mas vão ser muitas isso é certeza, é só questão de matemática - e Hermione iria continuar a falar, mas foi interrompida por Rony.

– Mione, já deve ser a trigésima vez que você fala isso. Sério. Já entendemos o plano. Certo Harry?

– O plano é perfeito, Mione.

Hermione agradeceu, com um ar de 'eu já sabia' na voz. Sim, o plano era realmente bom. Sair do castelo quando todos estivessem dormindo, e então, voltar no tempo para salvar o pai de Harry. É que simplesmente não dava para aceitar o Snape como pai. Por mais que ele quisesse seu bem, sempre parecia a Harry que ele estava esperando algo para dar um castigo a ele.

– Weasley, Granger, Potter. Será que é pedir demais para que vocês façam silêncio durante a aula? Se vocês acham que isso não é importante, podem se retirar da minha sala.

– Perdão, professora. - desculpou-se Hermione, com a voz baixa.

– Apesar do pedido de desculpas, Srta. Granger, não vou deixar de descontar pontos da Grifinória. 5 pontos a menos. Agora, por favor, comecem a treinar o feitiço.

McGonagall era sempre imparcial. Aqueles pontos foram merecidos, mas quem se importa? "A partir de amanhã, terei meu pai de volta." Pouco importavam 5 pontos a menos para a Grifinória. Mesmo assim, começaram a treinar o feitiço.

Eles tinham que fazer aquilo naquela noite. O ano letivo estava acabando, eles não teriam chance de se reencontrar de novo para isso. Harry estava tão ansioso, que o dia passou voando para ele. Quando chegou a hora do jantar, eles desceram para o Salão Comunal como um dia normal. Comeram rápido, subiram para o quarto antes dos outros, e deixaram tudo pronto. Foram para a cama.

Tudo foi como no plano de Hermione. Quando estavam todos dormindo, os três levantaram-se na penumbra da noite, pé ante pé; e com a capa da invisibilidade, saíram do Salão Comunal da Grifinória sem problemas. Com o Mapa do Maroto, conseguiram sair do castelo e chegar até Hogsmeade por meio de passagens. Ao chegarem lá, Hermione começou a girar o vira-tempo.

Estava frio de noite, apesar de ter a capa da invisibilidade cobrindo-os. Hermione estava concentrada, e Rony um pouco tenso. Harry apertou o braço da amiga, deu as mãos para o amigo, e fechou os olhos. Os amigos não sabiam, mas com eles ali, ele se sentia mais seguro e confiante.

Hermione terminou de girar. Harry fechou os olhos. E sentiu o tempo passar.

Quero dizer, voltar.

***

Quando Harry abriu os olhos, era de manhã. Hermione disse, com a voz um pouco fraca:

– Estão todos bem? Ron?

– Eu estou, e você?

– Bem também. Harry?

– Estou ótimo.

Os três se dirigiram para Godric's Hollow, a fim de descobrir que dia era, e já se preparar para salvar Tiago. Chegando lá, descobriram que era justamente o dia em que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado iria atacar os pais de Harry, como Hermione tinha calculado.

– Perfeito! - exclamou Hermione, e toda animada, disse para os garotos, com um brilho no olhar - Já tenho o plano.

– Nossa Mione. Você mal chega, e já sabe o que fazer. - É incrível mesmo, foi o que Rony pensou, mas não chegou a proferir tais palavras. Com um sorriso no rosto, Hermione pediu algum lugar para que pudessem se sentar, e ela pudesse explicar o plano.

Harry conduziu os dois amigos para o bar que ficou trabalhando da outra vez que voltou no tempo. Era um lugar aconchegante, e eles teriam tempo e privacidade para discutir o plano. Ninguém incomodava ninguém.

Chegando no bar, Hermione pediu três cervejas amanteigadas, e começou a contar o plano.

– Harry, pra começar, você não pode ver seu pai, e vice-versa. Certo? O mesmo vale para Voldemort, ele só poderá ver você, mas como não vai saber quem você é...

Hermione foi explicando o plano, e depois de algumas mudanças não muito relevantes, o plano estava pronto, e o tempo já tinha passado. Rony pediu mais uma rodada de cerveja amanteigada, e eles ficaram discutindo o plano durante o dia. Até que Harry notou uma coisa. Uma porta se abrindo.

Era a porta da cozinha. Quem ia sair era ele. E em um segundo, Harry se lembrou da frase que Hermione lhe dissera quando estavam salvando Sirius.

"Coisas horríveis aconteceram com bruxos que mexeram com o tempo. Não podemos ser vistos."

E no segundo seguinte, Harry puxava seus amigos para debaixo da mesa, tapando suas bocas e impedindo de que a pergunta "O que ta acontecendo?" fosse feita pelos dois. O Harry da outra vez (foi assim que o Harry começou a se chamar) passou reto, sem perceber a agitação debaixo da mesa deles. Foi por pouco.

Harry esperava que Hermione fosse levantar gritando com ele, porém a amiga era muito esperta. Viu o Harry da outra vez passando, e já entendeu tudo. No entanto, Rony tinha o pensamento um pouco mais atrasado. Quando se sentaram de novo, Harry teve que explicar a ele o porquê de terem se escondido.

– Pelo menos avise, da próxima vez - resmungou Rony.

– Isso foi muito arriscado Harry. É melhor sairmos daqui.

E saíram. Pagaram as cervejas, e ficaram andando sem rumo pelo vilarejo no até anoitecer. Então, quando a lua apareceu no céu, cada um foi para seu lugar. Daqui algumas horas, eles teriam que pôr o plano em ação.

***

Fazia frio. Harry tremia, mas não saberia dizer se era por causa do frio, ou de medo. Esperava que fosse por causa do frio.

Naquela noite, Harry não podia sentir medo. Teria que enfrentar Você-Sabe-Quem cara a cara. Ele já tinha encarado seu inimigo outras vezes, mas não diretamente. No primeiro ano, foi Quirrel; no segundo ano, o basilisco. Ele estava por trás de tudo isso, mas nunca tivera que enfrentá-lo.

Estava só no terceiro ano da escola. Harry esperava ter feitiços suficientes para atrasar Lord Voldemort. Atrasar apenas, pois Harry já sabia que não daria para impedi-lo totalmente, como já tinha pensado antes, estava apenas no terceiro ano.

Enquanto pensava na vida (e pensando na possibilidade de talvez não tê-la mais) e sentia o frio invadindo suas roupas, sua cicatriz começou a arder. E a cada segundo, a cicatriz ardia mais, e Voldemort se aproximava mais. Harry desceu da árvore meio tonto por causa da dor, mas não podia vacilar.

Harry ouviu a porta da casa se fechando por trás dele. Harry saiu da sombra depois deste som, e deixou que Voldemort o enxergasse. Este, ao vê-lo, deu uma risada alta, que gelou Harry até a espinha.

– Como vai Tiago?!

Harry sorriu. O plano de Hermione estava funcionando.

– Avada Kedavra!

Tudo aconteceu muito rápido. Harry não sabia que reação ter. Ele iria morrer. Agora. Existia por acaso algum feitiço que revertesse Avada Kedavra? Mesmo se tivesse, ele não seria capaz de fazer. Daria tempo de desviar? Achava que não. Espera, desviar? Desviar o feitiço? Conheço um...

– Expelliarmus!

O feitiço da morte de Voldemort desviou. Voltou-se contra o feiticeiro. E matou-o.

Voldemort estava morto. Caido, ali na frente de Harry.

O que... Eu fiz... Morreu?

Harry não podia pensar. A porta estava se abrindo. Voltou para as sombras da árvore, e quando olhou para cima viu...

Ele mesmo. O Harry da outra vez, olhando para baixo, com um olhar aterrorizado. Lembrou-se da outra vez: ficou esperando na árvore, para só depois ir ajudar a mãe.

– Você... Sou eu??

E ao ouvir essa frase, Harry entendeu que tudo tinha dado merda.