– Tony eu estou bem – Natasha disse rindo um pouco.

A algumas semanas Natasha não estava se sentindo bem, enjôos, dores de cabeça e no abdômen, ela tentou ignorar e fingir que nada estava acontecendo, por não querer se passar de fraca e por não querer preocupar nem um dos seus colegas de quarto. Mas ela não conseguiu manter o ato por muito tempo, não demorou muito para que Bruce percebesse que algo estava errado.

Mas Natasha não se deixou levar e se recusava a fazer exames e deixar Bruce cuidar dela. Entre tanto a meia hora atrás o incomodo se tornou insuportável e Natasha desmaiou, Bruce e Nadia fizeram alguns testes enquanto Natasha permanecia desmaiada. Natasha acordou em sua cama cercada por Clint sentado na sua frente e Tony que tinha trazido ela para o quarto a pedido de Bruce.

Apesar de dizer que estava se sentindo bem Tony não pareceu convencido e começou a passar a mão na testa dela e em seu rosto para ter certeza que ela ainda não estava com febre. Natasha começou a rir e tentava afastá-lo dela.

– Bem? Não você não esta bem, talvez melhor seja uma palavra adequada.

– Ta bem – Natasha sorriu – Eu estou melhor

– Tem idéia de como você assustou agente? –Clint perguntou tristemente.

– Desculpa – Ela abriu um sorriso tímido.

A porta foi aberta e Bruce entrou no quarto, seus ombros estavam caídos e a cabeça estava baixa, ele entrou lentamente e caminhou até os três.

– Posso falar com Nat a sós por alguns minutos? – Ele pediu

Tony e Clint o observaram e desmancharam seus sorrisos, parecia ser alguma coisa séria pela expressão de Bruce, e o modo como ele falou, parecia que ele não queria ter que fazer aquilo. Então os dois apenas se olharam e decidiram se retirar. Tony tocou a cabeça de Natasha antes de sair e Clint apertou sua mão num gesto reconfortante.

Ela sorriu vendo seus amigos se afastarem e então olhou para seu esposo que estava olhando para porta esperando os rapazes saírem, depois de ver que a porta fechou Bruce se virou hesitante para Natasha suspirando pesadamente enquanto o fazia, ele permaneceu parado e não ousou mexer um músculo.

Natasha riu, ela jogou as cobertas que estavam cobrindo seu corpo e caminhou calmamente até Bruce

– Nossa, pediu pra eles saírem deve ser sério

Ela sorriu pra si mesma, mas percebeu a expressão seria do rosto do doutor.

– Bruce? – Natasha sussurrou como um pedido

– Seus resultados sanguíneos revelaram um alto nível de radiação gama

Bruce falou olhando para baixo, Natasha, que estava com os braços cruzados no peito, soltou uma pequena risada

– Onde eu poderia ter contraído radiação gama?

Natasha observou como Bruce levantou os olhos lentamente para encontrar os dela, ela viu a dor e o pedido de desculpa em seu olhar. Seu sorriso desapareceu quanto ela percebeu, ela entrou um choque e tudo em seu corpo parece congelar no lugar, Bruce começou a falar:

– A intoxicação está sendo lenta já que a exposição não foi direta, mas rápida o suficiente para seu anticorpos não serem fortes o suficiente para combater, e com base nos resultados a intoxicação começou a aproximadamente ano.

Ele disse tudo olhando para ela, esperando que ela ficasse com raiva e ameaçasse batê-lo, mas ela apenas ficou parada olhando as vezes para baixo e as vezes para cima durante o discurso dele.

– Então todas as vezes que dormimos juntos nos últimos 10 meses, você tem me dado uma dose de envenenamento por radiação?

– Nat

Ele chamou estendendo o braço para tocá-la e dando um passo para frente, ela reagiu dando um passo para trás, ela pode ver que o movimento o machucou muito, mas ela não conseguiu pensar nele naquele momento, ela sugou o ar fortemente e começou a andar para trás em direção a sua cama.

De todas as formas de Natasha já se imaginou partir desse mundo, esse foi o ultimo em sua mente, esse era o melhor momento da sua vida, tinha seus amigos, seu esposo e sua filha e assim em poucas palavras tudo desmorona, ela nunca se sentiu tão desprotegida e vulnerável.

Passou algumas horas e Natasha ainda estava em seu quarto olhando para a parede deitada na cama sozinha, ela ouviu a porta se abrir e alguém caminhou para dentro e rastejou por baixo da coberta deitando junto com ela. Natasha se virou encontrando sua filha e passou o braço ao redor dela puxando seu corpo mais para perto dela

Elas não falaram, nem uma lagrima foi derrubada, apenas continuaram a observar a parede enquanto se abraçavam, logo as duas estavam dormindo silenciosamente.

Nadia abriu seus olhos, ainda estava escuro e ela ainda estava na cama de sua mãe com seu braço enrolado em sua cintura. Ela saiu do aperto de Natasha calmamente e começou a sair do quarto, ela percebeu que Bruce não tinha entrado e só tem um lugar onde ele poderia estar.

Ela caminhou até o laboratório da torre e percebeu que estava certa, Bruce estava na mesa escrevendo furiosamente em seu caderno, alternando ente olhar para o computador, para o caderno e para o microscópio, Nadia caminhou até ele e parou a sua frente do outro lado da mesa.

– Você precisa dormir – Ela disse cruzando os braços

– Eu preciso achar uma solução

– Não está pensando direito – Nadia afirmou

– Não você não esta pensando direito – Disse tirando os óculos jogando eles na mesa e se levantado bruscamente – Droga – Ele se virou e ficou de costas para Nadia – Sua mãe está doente Nadia, se eu fiz as contas certas ela tem menos de 4 dias e é tudo culpa minha.

Ele começou a jogar todas a coisas no chão e a bater na mesa, Nadia apenas ficou parada olhando para ele, muitas pessoas teriam saído correndo com medo de que o Hulk se libertasse, mas Nadia não era uma dessas pessoas, ela jamais deixaria Bruce ficar sozinho num momento como aquele.

– Achei que vocês usavam preservativos

– Usávamos por um tempo, mas nem eu nem sua mãe temos doenças transmissíveis e como sua mãe não pode mais engravidar, só se tornou dispensável, e agora eu estraguei tudo

Bruce falou enquanto se virava para encontrar sua enteada mais uma vez, Nadia permaneceu em seu lugar com os braços ainda cruzados sobre o peito, ela não parecia atingida com nada disso, Bruce pensou apesar de ter certeza que por dentro Nadia estava tão assustado e irritado quanto ele.

E Nadia, ela via a luta interior, via a dor que ele estava tentando esconder, ele tentava ser forte por ela e por Natasha, mas seu corpo o traia ele estava obviamente tenso.

– Eu sei o que você esta sentindo – Ela quase sussurrou

– Não você não sabe, a pessoa eu mais amo nesse mundo esta morrendo é a tudo culpa minha, e eu não posso ajudá-la, por que ninguém nunca sobreviveu a uma exposição a raio gama, exceto

Os dois se olharam, claro, Bruce nunca pensou sobre isso. Toda a sua vida com uma dupla personalidade ele sempre viu Hulk como um castigo, nunca realmente pensou no que levou a sua criação, Bruce tentou copiar o soro do super soldado usado em Steve e não teve nem uma sorte.

Mas e se foi mais do que isso.

– Você – Nadia terminou sua frase – Como?

– Brian – Bruce falou para si mesmo.

Brian Banner pai de Bruce, ele era um cientista e trabalhava com radiação gama como Bruce. Bruce e Nadia começaram a juntar as peças, se alguma vez Brian teve uma pequena exposição a radiação, não o suficiente para matá-lo e sim para modificar seu DNA, quando ele gerou Bruce e o mesmo teria nascido com o DNA modificado.

Ou seja seus anticorpos já seriam modificados.

– Eu sempre achei que Hulk tinha me salvado, mas talvez

– Ele foi apenas uma conseqüência – Nadia terminou

– Eu sou imune – Ele sussurrou – Não precisamos de uma vacina

– Precisamos de um soro – Nadia terminou novamente sua frase.

E então o trabalho começou, os testes eram demorados e lentos, apesar de saberem como fazer era complicado fazer tudo certo, eles não teriam muitas oportunidades. Primeiramente Bruce tirou o seu sangue, no começo ele ficou com medo de que o Hulk visse o gesto como algo ameaçador, mas conseguiu fazê-lo mesmo assim já que o Hulk estava estranhamente calmo nesse dia.

Bruce conseguia ouvir em sua mente coisas do tipo “Hulk machucou Natasha” e “Hulk perigoso”, Bruce achou que seu alter-ego estava se sentindo culpado pelo estado de Natasha. A partir disso Hulk permitiu que ele se examinasse pelo bem de Natasha.

Depois de retirar seu sangue o mesmo foi colocado em uma centrífuga até que a parte liquida do sangue denominada plasma foi separada, ele pegou esse composto, aonde estavam os anticorpos, e levou para a purificação transformando em soro. O primeiro teste no sangue de Natasha, apenas com os anticorpos não funcionaram, e lá se foi um dia inteiro.

Mas nem Bruce, nem Natasha decidiram, no dia seguinte eles tentaram mais uma vez com os anticorpos e um remédio que Bruce tinha inventado que tinha se tornado útil da eliminação de uma pequena porcentagem de radiação gama, mas também não deu certo e nisso já tinham ido 2 dias.

No quarto dia, ninguém se dispôs a sair do lado da Natasha, que estava deitada, mais uma vez desmaiada, em sua cama. Todos os vingadores, exceto Bruce e Nadia, e Pepper estavam no quarto, esperando alguma reação, Natasha começou a se mexer lentamente e todos acharam que ela iria acordar, mas então tudo nela começou a se mexer bruscamente. Ela estava tendo uma convulsão

Pepper correu até ela e tentou mantê-la na cama, Tony ligou imediatamente para Bruce no laboratório.

– Bruce ela estava pior, está com convulsão, o que fazemos.

– Vai lá falar com eles – Bruce disse a Nadia.

A menina acenou com a cabeça e pegou o celular se virando e indo para o mais fundo do laboratório e explicou o que eles deveriam fazer, primeiramente colocar algo em baixo de sua cabeça por que as pancadas seriam forte e virar ela de lado, para que ela não se engasgue com a saliva.

Tony repassou as informações e Steve fez o que foi pedido. Pepper então vendo o que estava acontecendo começou a derramamr pequenas lagrimas.

– Não há nada que podemos fazer para parar? – Pepper falou

– Nadia? – Tony pediu, sabendo que ela tinha ouvido

– Não – Ela disse tristemente.

– Nadia eu consegui – Foi ouvido do outro lado do telefone.

Nadia desligou a ligação na cara de Tony e correu para Bruce que estava segurando um frasco em sua mão, Nadia ficou curiosa para saber como ele tinha conseguido, mas não tinha tempo para pensar nisso.

– Precisamos que um sangue compatível com a da sua mãe

– O meu – Ela disse levantando a manga e pegando uma seringa

– Vou pegar um analgésico – Bruce começou a falar

– Não temos tempo.

E com essa ultima frase Nadia enfiou a agulha em seu braço, Bruce se assustado com a facilidade que ela tinha conseguido acertar sua veia, mas a adrenalina faz você fazer coisas que ninguém imaginaria. Nadia entregou seu sangue para ele e ele começou novamente a trabalhar.

No quarto, Pepper ainda estava em lagrimas e Steve, apesar de limpa-las rapidamente, também deixou escapar algumas, Tony estava encostado na parede ao lado da porta observando Natasha que tinha se acalmado um pouco, mas que as vezes ainda pulava na cama, dada as convulsões. Clint estava andando de um lado para o outro sem parar.

Logo a porta abriu bruscamente e Bruce entrou segurando uma seringa com um liquido incolor, ele deu a seringa para Nadia e correu para Natasha, levantando um pouco o corpo dela. Nadia segurou o cabo pequeno que saia do braço de Natasha, eles tinham colocado ali para ser mais fácil a extração do sangue e a aplicação do soro. Nadia espetou a seringa no cabo e jogou o liquido para dentro de Natasha.

Quase que imediatamente, Natasha voltou a ter convulsão, Tony, Steve, Clint e Pepper se assustaram achando que significava que não tinha dado certo, mas Nadia e Bruce sabiam que aquilo era provavelmente a radiação resistindo aos anticorpos e então Natasha caiu na cama e tudo ficou em silencio.

Nadia viu como a cor da pele de sua mãe começou a voltar ao normal, ela e Bruce olharam para o monitor e viram os resultados da tentativa, os outro ficaram olhando para Bruce e Nadia com expectativas e soltaram um suspiro de alivio quando viram um sorriso se formar nos lábios de Nadia.

– Deu certo – Ela exclamou alegremente.

Todos saíram do quarto para deixar Natasha descansar de verdade. Quando a Russa acordou ela sentiu uma dor de cabeça grande, mas também se sentiu revigorada e forte, olhou em volta e viu que estava em seu quarto deitada na cama e a sua frente de pé olhando ela fixamente estava Bruce com um olhar preocupado.

Natasha tirou as cobertas de si e ficou de pé caminhando até Bruce, quando chegou até ele, ele se virou calmamente para encontrar seus olhos.

– Eu sinto muito – Ele começou a falar

– Shh – Natasha cobriu a sua boca com um dedo – Não precisa se desculpar

– Se algo tivesse acontecido com você, eu não sei o que

Natasha o calou com um beijo, e eles ficaram assim por alguns minutos, lábios colados um no outro, línguas lutando pelo poder, mãos explorando cada parte acessível de seus corpos, qualquer coisa que provava que eles estavam vivos e juntos, e eles provavelmente continuariam assim por um bom tempo, se não fosse a voz de alguém que veio da porta

– Mamãe? – Nadia entrou silenciosamente.

– Nadia – Natasha abriu os braços

Nadia se jogou neles sem pensar duas vezes, Bruce foi por trás de Nadia e passou o braço entre as duas.

Eles iam ficar bem.