Konoha Silenciosa rpx escrita por andrehnt123


Capítulo 6
Capitulo 6 - Shikamaru, abismo




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O metrô aparentava estar estava vazio.

Eu posso estar enganado, talvez não seja a estação certa. Não ha muitas paradas para o metro, três ou quatro no máximo. Konoha tinha crescido bastante e sua população aumentado nos últimos anos. O metro ainda era algo novo para a vila, apenas a vila oculta da nuvem possuía tal luxo antes deles. Hunf, me pergunto o porquê da chamarmos de vila, mas quem sou eu para contestar anos de tradição.

Olhando bem, esse lugar não esta em bom estado. De forma alguma. Nunca visitei o metrô, nunca tive a necessidade. Gostava de ir a pé. Afinal, pelo que ouvi, o metrô era um local agitado e barulhento. Então onde estou? Cadê esse movimento que tanto falavam? Não, tenho certeza que se é o lugar certo. Já havia deixado Temari nas escadas uma vez. Mas essa se que era a estação certa? Talvez só fique andando aqui e não ache nada. No entanto, essa era a mais próxima do hospital, não acredito que alguém quisesse andar vários quilômetros só para entregar uma carta boba de hospital. Pensando bem aquilo não era uma carta qualquer-

...?!

O que era aquilo? Alguém esta aqui em baixo comigo. Tenho certeza que ouvi algo.

Corro para a direção onde ele jurava ter ouvido um som. Um banheiro... Aquele não podia se o lugar certo. A luz estava acessa e o banheiro iluminado, mas o cheiro de detritos era forte e quase foi o suficiente para me expulsar de lá. O lado de fora podia ser desagradável, mas não se comparava com aquilo. Acho que se alguém precisasse usar o banheiro não ia escolher esse como opção. Ele nunca tinha descido ali, talvez eu tenha deixado uma outra porta para traz-

Isso é... um suspiro?

Andei com cuidado. Afinal para estar em um local como esses a pessoa provavelmente não queria ser encontrada. O barulho havia vindo de um dos boxes, abri a primeira, a segunda e por fim a terceira cabine. Só restava uma, com certeza alguém estava la. Podia sentir meus dedos tremerem. Afinal eu precisava mesmo procurar saber sobre a vida de Neji? Quer dizer, acho que ele tem direito a sua privacidade-

A porta se abriu e esbarra com força contra meu rosto, não tinha duvidas, foi proposital. Vacilo para trás mas não caio, apenas escuto.

–Saia de perto de mim... Saia de perto de mim...

–...?

–Se chegar perto eu te mato, eu juro...

–Kiba?

–Shi-Shikamaru?!

Me aproximei para ver se era mesmo o Kiba. Quando olho, me deparo com Kiba encolhido no canto, sentado com um ferimento que parecia sangrar bastante um pouco acima do abdômen. Ele parecia pressionar com força, isso poderia salvar sua vida, mas em troca, uma dor que quase o fazia desejar a estar morto tomava conta... Quase...

–Você esta bem? O que aconteceu?

A dor nos olhos de Kiba parecia ser transmitida para mim. Shikamaru não era médico mais entendia bem a gravidade da situação. Ele mal mantinha a respiração, aquela área era perigosa para machucados, um deslize ou outro o pulmão ou o fígado poderiam ser atingidos. O ferimento podia ser ainda pior do que aparentava.

–Um cara...*suspirava*... um cara me atacou. Eu não pude ver quem era. Mas aposto que ainda esta atrás de mim. Eu corri para aqui, pensei que o escuro fosse me ajudar a me esconder. Não havia ninguém para ajudar nas ruas... *suspiro*... Shikamaru por favor, não me deixe, me ajude...

Aquele não parecia um bom lugar para se esconder. Mas ferido do jeito que estava, duvido que tivesse forças para fugir. Talvez o ferimento abrisse ainda mais se tentasse.

–Nã-não se preocupe Kiba, não vou deixar você para traz, apenas espere um momento. Vou precisar fechar esse ferimento antes que você possa andar.

–Tem... Uma cabine aqui perto...*suspirava* Onde você comprava as passagens. É obrigatório ter equipamento medico nesses locais públicos. Com certeza la tem um pouco de gaze ou algo que ajude.

–Certo espere aqui

Vi Kiba segurar firme uma parte de reboco que havia na cabine, provavelmente lutaria ate o fim se a pessoa voltasse. Não se preocupe Kiba, estou aqui por você... Corri mais rápido que pude até aonde Kiba havia me indicado. Como ele havia dito, a cabine parecia ser de uma recepcionista. Apenas um pequeno buraco conectava o vidro que se colocava entre a atendente e os clientes. O suficiente para a passagem.

A luz estava acessa, fraca e piscava em alguns momentos. Isso somado com o fato da porta estar aberta provavelmente indicava que alguém tinha visitado aquele lugar. He, não pude deixar de soltar um riso, talvez eu estivesse dando uma de detetive por tempo demais. Afinal aquilo tudo podia ter sido deixado assim faz tempo. O que estou fazendo?! Kiba precisa de ajuda! Abri todas as gavetas joguei os papeis pra todo o lado. Ate finalmente encontrar uma pequena caixa branca, ao abrir sorri. De fato havia gaze, fita adesiva... Tudo que precisava. Logo poderiam sair. Eles...

Shikamaru passa a olhar admirado um pequeno envelope que se encontrava. Dentro de um de vários pequenos cubículos feitos de madeira atrás do balcão. Um único envelope amarelo em um lugar onde tudo parecia sem cor chamava bastante atenção. Ele segurou o envelope em suas mãos e o olhou por alguns segundos... Kiba! Droga!

Coloquei o envelope no bolso e corri como podia enquanto segurava a caixa. Estou perto Kiba aguente firme. A atrás e a minha frente. Nada podia ser visto por uma grande distancia ali. Uma ou duas lâmpadas no caminho estavam acessas. Formavam sombras retorcidas devido o aspecto devastado do local. A porta do banheiro pode ser avistada. Uma fraca luz acima da porta a indicava para mim

Empurrei a porta com força.

–Kiba! Eu cheguei!

Uma figura estava agachada com um dos joelhos apoiado no chão, virado para o local onde supostamente Kiba devia esta. A figura usava roupas brancas a figura era...

–Neji?

Ele se levanta e me encara. Seus olhos aparentavam como sempre um semblante sombrio. Olhou para mim sem saber ao certo o que dizer. A caixa caiu de minhas mãos. Eu podia ver, havia bem mais sangue do que quando ele deixou seu amigo sozinho, dessa vez o sangue simplesmente vazava para fora do box. E algo que parecia ser um pedaço de carne se encontrava no canto. Dei alguns passos para trás em pavor daquela cena pude ver antes de Neji soltar a porta... Kiba, estava morto.

–Não corra Shikamaru...

Felizmente não pude obedecer. Meus pés se moviam sozinho, mais uma vez naquela escuridão corri com todas as forças. Ate passar por uma cabine telefônica próxima com o que parecia ser apenas mais um corpo rodeado em sangue.

NÃO

Era a única palavra que eu conseguia balbuciar enquanto dei uma rápida olhada para trás para saber se eu me enganara. De quem era aquele corpo não pude dizer, não conseguia dizer. Uma luz, diferente das demais, o sol entrava fracamente pelo corredor. Mas adiante. Viro na sua direção e me deparo com escadas que me levariam para cima, me levariam para fora.

Corro ate desajeitadamente cair. Não iria me impedir, coloco as mãos no chão, estou em pé mais uma vez. Corro ate aquela imensidão branca. Estou fora, mas não me sentia seguro, após mais um momento correndo Entro em uma pequena loja e sento sem fôlego atrás do balcão. Murmuro para mim mesmo... Neji... Por que...

Haviam se passado alguns minutos e não havia sinal de que Neji iria encontrá-lo, Shikamaru contemplava mais uma vez o silêncio. Porque isso tinha que esta acontecendo, Neji...Ele foi um de seus melhores amigos. Temari, meu anjo... Poderei eu dizer “eu te amo” uma ultima vês? As coisas não voltariam a ser as mesmas, não mais, aquilo definiu para sempre o abismo que crescia entre os dois.

Enquanto pensava sua mão esquerda deslizava incansavelmente por minha perna. Senti um estranho relevo. Coloquei a mão em seu bolso. E vi o envelope amarelo. Sim... Eu já o tinha esquecido. Shikamaru não se interessava mais pelo que pudesse ter ali. Apenas queria voltar para sua vida norma. Com seus amigos, todos eles...Neji...

Abriu delicadamente o envelope como se tivesse todo tempo do mundo. Desdobrou um papel e o leu.

Senhor H,

Sinto dizer que o tratamento parece ser ineficaz com forma apressada com que estamos lidando. Eu sei que você quer o melhor para ele então porque não o deixa aqui mais tempo? Agradeço que tenha tido uma pequena mudança de opinião. Ficarei feliz em poder tratá-lo por pelo menos 3 dias como prometi.

Dia 1

Ele já se habituou ao ambiente. Mostramos o que poderia ficar no o tempo que desejasse. Que ele não ficaria preso como você imaginou. A maior parte das sessões esta ocorrendo no quarto. Queremos habituá-lo com a ideia de que ficar aqui pode ser agradável.

Dia 2

Eu sabia! Grandes, grandes progressos!

Pelo que aparenta o seu sofrimento se iniciou de fato com a morte do pai. Perder o pai pode ser uma experiência traumatizante, especialmente quando se é tão jovem. Acredito no entanto que algo bem pior possa estar incomodando-o.

Dia 3

Trago péssimas noticias. Ele se mostrou completamente instável essa manhã. Quebrou quase tudo pela frente. Atacou um dos enfermeiros. Tivemos que sedá-lo.

Ele acordou, era mesmo ele? Juro que nunca vi algo como aquilo. Seus olhos me olhavam com um brilho misterioso, geralmente ler suas emoções era um tanto difícil, mas eu sabia que no fundo daqueles olhos não existia nada além da pura maldade.

Ele me encarou por muito tempo antes de começar a falar. Ele disse que após a morte do pai a sua mãe passou a beber e a espancá-lo. Pelo que parece, isso ocorria quase todos os dias.

Era um dia como qualquer outro ele disse. Ele havia chegado em casa quando encontrou sua mãe com uma corda no pescoço. O que mais me assusta foi o que ele disse em seguida. Parece que ele simplesmente sentou no chão ficou vendo aquela cena por pelo menos 10 horas antes que alguém percebesse que havia algo errado e entrarem na casa. Sei que o senhor estava ciente do suicídio, mas acho que lhe escapou tais informações.

Não sei se chamo de bipolar ou dupla personalidade. Mas é o que ele apresenta. Após tanto sofrimento de uma só vez ele parece ter criado uma barreira para aquilo. Sua mente havia se dividido em duas.

Parte dela se ligava aos momentos carinhosos que tivera com os pais. A outra no entanto, se ligou ao sofrimento que o fez passar. Geralmente em casos clínicos como aquele onde há um agressor, parte da mente do agredido se torna um reflexo do agressor. Munido apenas dos maus momentos que passou, o reflexo formado era assustador, violento e imprevisível.

Após algumas horas sedado ele acordou normalmente e de maneira educada me falou que já estava na hora de ir. Penso se aquele com quem eu falava era o garoto que havia entrado por nossas portas ou o manipulador que eu tinha conhecido horas atrás.

Creio que como combinado eu deva liberá-lo, mas eu lhe suplico. Não me faça fazer isso. Compreendo seu medo de que a permanência aqui possa agravar ainda mais seu estado. Mas precisa entender! Em casos clínicos como esse, infelizmente, o estado mental que tememos tende a ser o dominante.


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Notas finais do capítulo

Fiquei feliz ao ver novos acompanhadores..
É um tanto desanimador encarar o preconceito que muitos leitores tem ao se deparar com esse tipo de fic. Com tantas postagens de fics românticas ou de comédia da claramente para ver que o publico para fics com misterio é mais restrito. Portanto obrigado por todos aqueles que postaram e que acompanham a historia
Se puder, poste um review. Ou como sempre digo:
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rsrs