Sábado, 1º de janeiro, uma semana depois, um dia antes da volta a Hogwarts.

     Era manhã, Julia acordou assustada, como sempre acordava fazia uma semana, sempre tendo diferentes pesadelos com seu amigo, Scorpius.

     Ela desceu para tomar café e viu que a cozinha da Toca estava quase vazia, a maioria estava muito cansada por ter ficado acordada até tarde ontem na festa de final de ano.

     -Bom dia, Sr. Weasley. –Disse Julia referindo-se a Rony

     -Bom dia Sonserina! –Todos estavam com a mania de chamá-la assim, cortesia de Teddy Lupin. –O que esta fazendo acordada tão sedo?

     -Tive outro pesadelo. –Julia pegou um copo d’água e bebeu de um gole. –Mas e o senhor?

     -Eu também... Tive um pesadelo com o Malfoyzinho e Rosa. Um pesadelo bem horrível.

     -Sabe, eu até entendo que vocês não gostem dos Malfoy pelo que fizeram no passado, mas não vejo motivos para não gostarem do Corp, ele é super legal, é claro que ele e Rosa as vezes são totalmente contrários, mas é só as vezes, no resto do tempo são super fofos.

     Aquela expressão fez Rony rir, ele se lembrou de ter ouvido sua filha lhe falar a mesma coisa sobre Alvo e Julia. “Que sorte, esses quatro parecem se dar tão bem que as vezes nem parece que são filhos de quem são. Talvez devêssemos dar uma chance a eles. Acho que eu não deveria ser tão duro com Rosa, se me lembro, papai e mamãe, nunca interferiram em quem eu namorava...” Pensava distraído Rony.

***

     Alvo acordou de manhã e viu que estava sozinho no quarto, que significava que se até Tiago já havia levantado, ele estava bem atrasado.

     Tocou de roupa e viu que a Toca estava vazia, o que era realmente estranho.

     -Vô, cadê todo mundo? –Perguntou ele, quando chegou à sala e viu seu avô lendo o Pasquim.

     -Seus pais voltaram para casa, com Lilian e Tiago, Rony e Hermione, foram para casa com Hugo, sua prima e a sua namorada estão lá fora, as duas estavam esperando você acordar para irem ao Beco Diagonal.

     Alvo saiu para os jardins e viu as duas em cima de uma arvore rindo.

     -Posso saber do que estão rindo?

     -Não! –Disseram as duas juntas.

     -Ok, então vocês estavam me esperando para irmos ao Beco. Posso saber pra que?

     -Preciso de tinta e novas penas. –Falou Julia pulando da arvore.

     -Preciso encontrar meu namorado. –Disse Rosa também pulando da arvore.

     -Falando em namorado... Bom dia. –E Julia começou a beijar Alvo que retribuiu.

     -Ótimo... Vou pegar minha bolsa para sairmos. –Falou Rosa revirando os olhos. Foi indo para o quarto.

     Rosa entrou no quarto que estava dividindo com Julia e ficou procurando sua bolsa. Ela não conseguia encontrar de jeito nenhum a nova bolsa, que sua mão havia lhe dado de natal, era uma bolsa de contas que era aparentemente pequena, mas dentro tinha espaço para dezenas de livros e ainda caberiam mais milhares de outras coisas.

     Estava olhando em cima da cama de Julia quando viu uma carta com as iniciais SM, Scorpius Malfoy. Ela achou que fosse uma se suas cartas, abriu e começou a ler.

     “Desculpe tê-la deixado daquele jeito na noite de natal, eu não poderia contar para mais ninguém além de você. Descobri pouco mais sobre aquilo, agora aqui todos estão me olhando diferente, como se eu estivesse com uma doença fatal e meus dias estivessem acabando.

     Se eu estou preocupado? É claro, não é Julia. Mas eu não posso virar para os meus pais e falar: Mas então pai, além de comensais da morte e de mim o que mais aquela carta que eu “sem querer” ouvi vocês discutindo, falava?

     Se eu souber de mais alguma coisa eu te conto. Mas te imploro, não conta nada pra ninguém, especialmente para a Rosa.

                                                          Te adoro, S. Malfoy.”

     “Meu coração parou, comensais da morte? Como ele não me contou? Como a Julia não me contou?” A mente de Rosa girava, uma lagrima irritada correu seu rosto. Rosa – que tinha achado sua bolsa atrás da porta do quarto – desceu correndo as escadas, encontrou Alvo e Julia conversando na sala.

     -Podemos ir? –Perguntou Alvo.

     -Como você não me contou?

     -Contei o que?

     -Isso. –Rosa jogou a carta amassada em cima da amiga.

     Julia ficou paralisada, Rosa deveria ser a ultima pessoa a saber daquilo.

     -Rosa, você... não...

     -O que é? –Perguntou Alvo.

     -Scorpius vai virar um comensal da morte e a Julia esta ajudando ele a manter segredo. –Gritou enquanto mais lagrimas corriam por seu rosto.

     Enquanto isso Molly e Arthur Weasley que ouviram vieram saber o que estava acontecendo.

     -Nós ainda não sabemos de nada! Ele não te contou por que sabia que você reagiria assim!

     -Mas e eu Ju? –Perguntou Alvo.

     -Eu não sei Al... Mas agora que vocês sabem ele vai ficar chateado comigo.

     -Você acha que ele ficar chateado com você é mais importante que o meu namorado virar um comensal da morte?! –Gritava Rosa.

     -Por Merlin Rosa! Para de gritar isso! Scorpius e Julia devem ter um motivo para esconder de nós. Talvez seja por que eu sou filho de Harry Potter e você de Rony Weasley, ou talvez por que eles não confiem em nós. –Disse Alvo, com uma cara muito chateada.

     Julia não aguentou, seu namorado e sua melhor amiga gritando com ela, dizendo que ela não confiava neles, só por querer ajudar um amigo, era de mais. Assim como Rosa, Julia começou aficar com lagrimas nos olhos.

     -Eu só fiz o que Corp pediu, se vão me julgar só por isso... Eu vou embora daqui.

     -O que? Ju, mas... –Era tarde de mais, Julia já tinha entrado na lareira e desaparecido em chamas verdes.

     Depois daquilo, além do choro de Rosa, nada mais se ouviu por um bom tempo. Até que Gina apareceu e Alvo teve que contar a historia toda.

     Ele se sentia a cada minuto menor e mais culpado. Queria desaparecer, ou voltar no tempo e desfazer aquilo tudo, infelizmente sua capa de invisibilidade estava em Hogwarts e todos os vira-tempos haviam sido destruídos na batalha no ministério da magia*.

     Depois de contar a historia para sua mãe, que contou a Harry, a Toca voltou a ficar cheia, mas com apenas pessoas da família, elas não paravam de fazer perguntas, Alvo respondia a todas, mas sua cabaça estava em outro lugar.

     Felizmente Julia havia levado a carta, infelizmente seus avós haviam escutado a gritaria.

     Era só falar em comensais da morte que tudo virava um caos, Al estava começando a entender por que Scorpius pediu para Julia guardar segredo.