Fragmentos de Lembranças escrita por Yume Celestia


Capítulo 4
Invisível


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vai você que resolveu ler este capítulo? O capítulo de hoje descreve bastante a relação de Eric e Caroline, e também sobre alguns problemas que Eric acabou adquirindo com a depressão. Espero que gostem, bom leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/520073/chapter/4

– Como assim meu nome não está na matricula do colégio? - Perguntei espantado. A figura autoritária da diretora assombrava o espaço de sua sala. Ela usava uma camisa social branca, e saia cinza. Seu cabelo preto como a noite estava preso em um coque apertado no topo de sua cabeça. Sua pele caucasiana estava incrivelmente limpa, sem cremes, ou maquiagens, estava natural, em seu rosto apenas seu óculos de grau com armações vermelhas.

– Não está. Ao que parece você saiu do colégio a meses. - A diretora explicava enquanto analisava os papéis em suas mãos.

– O que? Isso é algum tipo de brincadeira? Hoje é dia primeiro de abril e eu fui escolhido como vítima?

– Eric, isso não é brincadeira. - A diretora tirou seus óculos e levantou-se de seu cadeira.

– Iremos ligar para sua tia para resolvermos isso. - Ela entregou o telefone em minhas mãos, encarando-me com aquele seus olhos negros, tais como seu cabelo.

Bastou duas chamadas para ela atender.

– Alô? - A voz doce e calma de Tia Luíza penetrava meu ouvido.

– Tia Luíza?

– Eric? O que aconteceu? - Ela perguntava já desesperada.

– Bom é que houve algum problema com meu nome aqui no colégio. Parece que fui transferido e a diretora quer que venha até aqui para resolver o ocorrido. - Expliquei.

– Como assim transferido?

– É isso que estamos querendo entender.

– Já estou indo. - Ela disse desligando o telefone em minha cara logo em seguida. O colégio não ficava muito longe de casa, eu sabia que ela não iria demorar. A diretora não deixou eu voltar para a classe enquanto o problema não fosse resolvido. Estava perdendo a aula da qual eu mais tinha dificuldade: Matemática. Eu não estava nem aí, eu deveria?

Exatos dez minutos depois, tia Luíza chegou. Eu nunca á vi daquele jeito, ela estava nervosa. Ela costuma ser tão calma e adorável com todos.

– Como assim Eric foi transferido? Ele estuda nesse colégio desde a primeira série. - Ela gritava furiosa, seu rosto estava vermelho.

– Não sabemos o porque, mas o nome dele está riscado. E parece que foi retirado da lista a meses. - A diretora explicava calmamente, parecendo não ligar para o fato de ter uma moça furiosa em sua sala.

Estávamos apenas nos três na sala. A diretora permanecia sentada atrás de sua mesa, que por sua vez estava repleta de papéis, grampeadores, e pastas. Enquanto eu e tia Luíza estávamos sentados em cadeiras que nos deixava frente a ela.

– Mas ele não se transferiu. Devem estar confundido ele com outro Eric.

– Não há outro Eric Portinatt no colégio, nem ao menos na cidade.

– Então corrijam o problema depressa. - As duas discutiam enquanto eu observava tudo calado.

– Precisamos de uma nova matrícula. A senhora terá que matrícula-lo novamente, caso contrário, ele não poderá assistir as aulas. - Ela entregou a tia Luíza um papel de inscrição. Tia Luíza arrancou os papéis das mãos da diretora com força, sem demonstrar respeito. Estava furiosa pois sabia que o erro foi do colégio. Sem ter outra opção, ela fez a inscrição novamente.

– Eric, vamos colocar o seu nome novamente na chamada. Portanto você não precisa participar das aulas hoje. Pode ir para casa com sua tia. - A diretora disse ao nos levantarmos das cadeiras.

– Tudo bem. - Eu disse saindo da sala. Ótimo pra mim, meu fim de semana foi prolongado. Tia Luíza resmungou bastante por causa do ocorrido.

– Querido, eu tenho que ir trabalhar. Vou sair daqui e ir direto para o trabalho, tudo bem para você? - Ela dizia enquanto revirava sua bolsa procurando por algo.

– Sem problemas. - Eu disse aceitando.

Ela seguiu seu caminho, e eu o meu. Ela a direita e eu a esquerda. Antes de voltar para casa, passei em um barzinho de esquina, quase acabado. Comprei cigarro. Era uma proeza, mas eu o fazia. Eu fumava em dias difíceis de aguentar. Eu posso parecer um pouco dramático, mas perder a única coisa da qual se importa não é um mar de rosas, está longe de ser. O bar não era frequentado por ninguém próximo a mim, ou a Caroline, ou tia Luíza. Comprar cigarros ali não era um risco.

Corri para casa, não literalmente. Larguei a mochila em um canto qualquer, peguei o esqueiro na cozinha e fui até a varanda, onde acendi um cigarro. Dobrei o corpo e apoiei meus braços na grade que me impedia de cair. Eu soltava a fumaça pela boca enquanto observava o sol pálido ainda escondido atrás das nuvens. Encontrei no cigarro uma escapatória para meus problemas, o que acabou se tornando outro problema. Acabei viciando por um tempo em drogas licitas. Saia do psicólogo e ia direto para longe de casa somente para fumar sem que ninguém descobrisse. Comprava balas com cheiro forte para disfarçar o hálito e voltava para casa com se nada tivesse acontecido. Eu me sentia culpado por isso. Tia Luíza deu o melhor de si para que eu conseguisse superar e eu acabo adquirindo outro problema. O vicio já não era mais vicio. Eu parei de fumar cigarros porque de alguma forma encontrei conforto em outro lugar. Mas como já disse, eu voltava a esse maldito problema quando o dia estava muito difícil.

Era metade do segundo cigarro, quando o relicário que eu usava se fez presente diante de meus olhos devido a pose que eu me encontrava. Eu o toquei e de repente me veio a cabeça o dia em que descobri o que era aquilo que eu segurava entre os dedos.

[flashback]

– Mamãe, o que é aquilo na boca daquele homem? - Perguntei curioso ao vê-lo fazer fumaça com a própria boca. Era um homem de aparentemente quarenta e poucos anos, os cabelos brancos estavam começando a aparecer. Ele usava um paletó azul escuro e estava com seu corpo apoiado em uma parede;

– Aquilo, meu bem, é algo que você deve ficar longe. Aquilo prejudica a saúde e te deixa com a aparência horrível.

– E porque aquele homem está com aquilo se prejudica? - Eu era, como qualquer criança daquela idade, um mar de perguntas infinitas. Queria saber sempre mais e mais.

– Porque ele é tolo. Você promete que vai ficar longe daquilo, meu pequeno? - Ela agachou igualando seu olhos ao meu e estendeu seu mindinho.

– Prometo, mamãe. - Eu cruzei meu mindinho com o dela, selando minha promessa.

[flashback off]

Aquilo era uma tortura. Eu não conseguia me controlar. Rapidamente tirei o cigarro de minha boca e o joguei fora, e fiz o mesmo com o maço. Estava me prejudicando mais do que já estava. A verdade era que eu estava infeliz e precisava de alguma coisa que me fizesse esquecer os problemas, que me fizesse esquecer que eu estava destinado a ser um idiota depressivo. Fui até a cozinha e tomei duas xícaras de café para tirar o cheiro de cigarro da boca. Voltei para a varanda com um spray perfumado e o espalhei pelo ar. Não poderia restar uma prova sequer de que alguém andou fumando naquela casa. Conclui que não havia mais cheiro de cigarro, e fui para o quarto. Coloquei os fones no último volume, e acabei adormecendo.

– “Eric, acorda” - Uma voz conhecida ecoava em meus ouvidos. Eu me recusava a abrir os olhos até que senti algo me cutucando. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que vi foi Caroline que estava próxima de meu rosto.

– Eric, acorda. - Ela dizia novamente, mas desta vez a voz parecia mais alta. Levantei o corpo da cama e dei algumas piscadelas, meus olhos estavam pesados.

– O que foi? - Perguntei sonolento.

– O que aconteceu? - Ela perguntava curiosa. O que aconteceu? A frase martelava em minha cabeça. Tentei assimilar sua frase com os últimos acontecimentos e…

– Ahh, o que aconteceu no colégio? - Conclui.

– Isso. O que aconteceu? - Ela me olhava fixamente, preocupada.

– Meu nome não estava na chamada, e nem na lista de matriculados. A diretora Sophia disse que meu nome foi retirado a meses.

– Como assim retirado a meses?

– Pois é. Ninguém entendeu o que aconteceu. Tia Luíza fez a matricula novamente e eu acho que posso voltar amanha normalmente.

– Ah, você não perdeu nada. - Ela fez um gesto com a mão.

– Acredite, eu sei.

– Aliás, perdeu sim. Aquela garota nova, ela é um Einstein. Ela resolveu uma equação impossível.

– De onde ela veio?

– Sei lá, ela não falou com ninguém. Ficou todas as aulas com aquele olhar frio dela.

– Ela é bonita. - Eu disse recordando de seus cabelos ruivos balançando enquanto caminhava até o assento.

– Também achei, ela parece uma boneca de porcelana. Mas é tão pequena. - Ela encarava o além balançando a cabeça positivamente. - Enfim, vamos comer algo? estou com fome. - Ela voltou a olhar para mim.

Bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Foi o que encontramos no balcão da cozinha. Sinceramente, não sei porque Luíza é professora se ela dá uma ótima confeiteira.

– Ele tá intacto. - Caroline disse ao ver o bolo inteiro. - Você não comeu nem um pedaço?

– Não, eu cheguei em casa e fui direto dormir. - Eu falava falhado. Qualquer coisa me deixava desconfiado.

– É, percebi. Sua bolsa está largada ali na sala. - Ela disse retirando uma faca do faqueiro e cortando um pedaço do bolo.

– Quer um pedaço também? - Ela dizia levando o bolo até sua boca.

– Aham. - Ela cortou outro pedaço e entregou em minhas mãos. Sem mais ter o que fazer na cozinha, fomos para a sala. Brigamos pelo controle da TV. Infelizmente, ela ganhou. Fui obrigado a assistir um programa sobre moda. Aquela não foi a primeira vez, desde que passei a morar com Caroline, eu já assisti obrigatoriamente muitos programas sobre moda, aprendi muita coisa aliás. E não me orgulho disso. Mas desta vez eu nem prestava atenção, estava ocupado de mais com aqueles longos cabelos ruivos balançando e aquele jeito da garota nova. Eu sentia que já tinha visto ela em algum lugar. A cena se repetia constantemente em minha mente. Eu martelava a cabeça pensando em um lugar onde vi ela. E mais uma vez seus cabelos balançando me vinham a cabeça até que lembrei. Ontem quando íamos ao Moonlicous, eu vi uma garota em um carro preto, estava com os olhos inchados e despenteada, a figura que vi no dia anterior era completamente diferente da que vi hoje.

– Eric? Eric? - A voz de Caroline parecia ecoar novamente. Voltei ao presente.

– Hãn? Oi? O que foi?

– O que foi? Você está aí encarando o além já faz meia hora. - Ela franziu o cenho.

– Ah, isso não foi nada. Estava apenas lembrando de algo. - Encolhi as pernas e as coloquei no sofá.

– Tem certeza que é só isso? - Ela me encarou.

– Absoluta. - E voltou ao seu programa de moda.

Acordei cedo o suficiente na manhã seguinte. Tomei um banho morno e escolhi com paciência uma roupa. Peguei as lentes de contato de sua caixa, e com bastante cuidado as coloquei em meus olhos. Usava dois graus em cada olho, o que se tornou mais um motivo para eu ser o “garoto esquisito” usar óculos de grau não era nada legal. Era cedo o suficiente para não ter ninguém acordado, nem ao menos Luíza, que acabara de acordar, assim como Caroline. Enquanto as duas se despertavam, eu preparava um café-da-manhã do jeito Eric: ovos com bacon, café e torradas. Nada de chá ou frutas.

– Bom dia, querido. Está preparando o café? - Uma voz entusiasmada disse. O que acabou me assustando. Eu virei a cabeça e a apontei em seu direção, era Tia Luíza.

– Ahh, é você. - Eu sorri. - Estou sim. - Virei os ovos que eu fritava. Fiz questão de preparar mais dois. Enquanto isso, Tia Luíza coava o café. Ela deve ter esquecido que ela mesmo proibiu café naquela casa. Ou estava simplesmente de bom-humor e resolveu ignorar aquele fato?

Caroline entrou na cozinha logo em seguida. Ela usava um jeans escuro, uma camisa branca e por cima uma jaqueta de couro preta, e calçava um salto alto também preto.

– Bom dia família querida. - Ela disse empolgada. Fez uma entrada triunfal. Rapidamente sentou-se á mesa.

– Bom dia. - Tia Luíza e eu falamos juntos em sincronia.

– Cheiro de bacon. Mãe, você está se sentindo bem? - Caroline ironizava enquanto sugava o cheiro de bacon que pregnou na cozinha.

– Eric que preparou o café esta manhã, Car. E estou bem sim. - Tia Luíza respondeu. Acho que ela não entendeu o que Caroline realmente quis dizer.

– Ué. Eric preparou o café? O que aconteceu? - O tom de sarcasmo se mostrava claro.

– Nada. Simplesmente resolvi preparar o café-da-manhã hoje, algum problema prima querida? - Brinquei também.

– Estou impressionada. - Ela dizia enquanto eu servia os pratos com ovos e bacon. Sentei á mesa logo em seguida. Esperei que as duas provassem antes, queria ver suas expressões ao provar. Caroline foi a primeira a provar, e pela cara que fez, estava bom. Já, tia Luíza não se agradou muito. Apesar de preparar muitos bolos, tortas, pudins e outras maravilhas da culinária, ela era uma pessoa saudável e optava por comer verde quase sempre. Ela mal tocou no bacon, comeu apenas os ovos.

Desta vez, com tempo de sobra para caminhar com calma, saímos de casa sem pressa. Cortávamos caminho pela pequena praça onde encontrávamos crianças felizes brincando por lá tão cedo. O sol não estava forte, mas sua aparição fazia com que as árvores formassem sombras no chão forrado por folhas caídas. Enquanto caminhávamos, Caroline recebeu uma ligação. Ao perceber que seu celular vibrava, ela rapidamente o tirou da bolsa, olhou para a tela e sem mais nem menos atendeu. Sua voz ao atender soava doce e charmosa. Deduzi que quem ligava tão cedo era Josh. Os dois conversaram praticamente o caminho todo, até se encontrarem no colégio.

Antes que eu pudesse pisar na sala de aula, a diretora Sophia me parou dizendo que o problema do dia anterior foi resolvido. Caroline estava com Josh, que apesar de ser mais velho, era de uma classe inferior. Eu detestava quando ela estava com outra companhia que não fosse a minha, por puro egoismo. Eu só tinha ela, mas ela tinha muitos. Mas eu não iria cobrar atenção ou coisa do tipo.

E meus pés voltaram a pisar aquela classe. Atrai o olhar de todos. Caminhei rapidamente enquanto retirava do bolso o celular e os fones. Isolado em um canto no fundo, última mesa. Era o meu lugar de costume. Com os fones no ouvido, deitei a cabeça em meus braços que se cruzavam em cima da mesa. Senti alguns minutos depois alguém me cutucar. Imaginei que fosse Caroline ou algum professor querendo minha atenção focada na aula, quando levantei a cabeça me surpreendi com o que vi, pois não era quem eu imaginava.

– Você deixou sua carteira cair quando tirou os fones do bolso. - A garota nova esticou suas delicadas mãos que seguravam minha carteira. E o mais surpreendente de tudo, ela usava uma camisa da minha banda favorita: The Shiver. Eu não acreditava naquilo que meus olhos tinham acabado de ver. Aquela banda era completamente desconhecida, como alguém como ela poderia gostar? Não pude disfarçar o quanto fiquei surpreso, nervoso e envergonhado ao mesmo tempo.

– O-obrigado. - Disse pegando a carteira de suas mãos.

– Disponha. - Ela disse sorrindo lindamente, exibindo seu dentes perfeitamente alinhados e brancos. Voltou para seu lugar, que não ficava muito distante do meu. Ao olhar para frente, percebi que todos olhavam, conclui então que todos assistiram aquela cena inesperada.

O professor de artes chegou logo em seguida. Seu falatório chato sobre Pablo Picasso, Leonardo da Vinci, Van Gogh, Sanzio e outros pintores famosos de séculos passados me deixava cada vez mais sonolento. Eu só queria voltar para casa, deitar em minha cama e dormir. Acabei me arrependendo de ter levantado tão cedo. Era incrível, não importa o que ele falava, meu cérebro dava um jeito de ignorar, era como se na aula dele eu tivesse uma espécie de controle que deixasse ele mudo. Eu fingia que prestava atenção, mas minha mente estava em uma dimensão completamente diferente. Estava na dimensão onde meus pais ainda eram vivos, e eu era feliz.

O meu dia não poderia ficar mais estranho. Enquanto eu me permitia olhar para a garota nova, eu a flagrava olhando para mim. Porque ela me olhava? Tinha algo estranho em minha roupa? Meu cabelo estava bagunçado? Tinha uma aranha acima de minha cabeça? Porque? Porque alguém como ela olharia para mim quando se tem outros garotos a altura dela para olhar? E, por mais que eu tentasse me convencer de que ela estava olhando outra coisa e que era apenas impressão de que essa coisa era eu, uma certeza me dominava. Ela sorria para mim, sorria lindamente. Foi aí que o alguém determinado que ainda existia dentro de mim resolveu fazer algo. Resolveu falar com ela. Algo de mim dizia que eu deveria falar com ela. Quem sabe não virássemos grandes amigos?

Era a última aula, biologia. Esperei que o sinal tocasse. Eu estava determinado e de certa forma confiante. Eu contava os minutos para que aquela aula terminasse logo, antes que minha confiança fosse embora. Mas parecia que o tempo havia congelado, e que aqueles cinquenta minutos de aulas viraram cinquenta eternidades. Até que ele resolveu tocar, e como de costume, todos juntaram suas coisas rapidamente, como se a sala fosse desabar ou algo do tipo, inclusive ela. Ela colocou suas coisa na mochila, e saiu sem olhar para trás. Ainda decidido a falar com ela, eu segui seus passos. Seus andar estava acelerado, e eu dobrava a velocidade tentando acompanhar. Quando finalmente consegui alcança-la, antes que eu pudesse dizer algo, um enorme homem de cabelos negros abriu a porta de um carro para ela, em seguida entrou no carro, para ser mais exato, no banco do motorista. Eu apenas observei a cena, sem poder fazer algo.

– Eric, o que aconteceu? - Uma voz me alcançou. Virei para a pessoa que falava e não tive surpresa, aquela voz eu reconheceria de longe. - Você saiu correndo da sala, você não é do tipo que sai desesperado. - Era Caroline. Ela dizia com falta de folego, com uma de suas mão na cintura.

– Nada, eu só.. nada, Car. - Eu disse desistindo.

– Nada? E porque saiu correndo? Não vai me contar? - Ela me olhava com aquele seus grandes olhos azuis e brilhantes, fazendo chantagem emocional apenas com seu olhar.

– Nada, de verdade. Eu só tentei alcançar a garota nova, queria falar com ela, mas ela foi mais rápida.

– E cadê ela? - Ela olhava de canto em canto tentando acha-la.

– Ela entrou em um carro agora pouco.

– Carro? Será que ela mora longe assim? Aliás, onde será que ela mora?

– Não sei. É mais uma das mil coisas que vai ficar por conta da minha imaginação. - Suspirei decepcionado.

– Por conta da sua imaginação? Então quer dizer que você andou pensando nela? - Ela fez aquele olhar penetrante que dizia “estou de olho”

– É que.. - E, pela primeira vez, fui salvo pelo Josh, que chegou no exato momento em que eu iria dar uma explicação a Caroline.

– Oi, amor. - Ele à beijou na bochecha.

– Oi, amor. - Ela respondeu.

E assim, em me sentia uma vela invisível. Os dois ignoravam completamente minha existência, como qualquer casal apaixonado. Iria ser difícil para mim dividir minha única companhia com outra pessoa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até segunda que vem.
xoxo, YC.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fragmentos de Lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.