Um novo The Big Four escrita por Dedinhos Magicos


Capítulo 11
Porque tem que ser tão difícil?


Notas iniciais do capítulo

Fico até com vergonha de falar "olá".
Demorei pkas, eu sei... MAS, semana de prova né gente? Vamo dar um tempo pra os dedinho aqui ok?
Sem mais delongas... o cp
bjinhos!



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Quinta-feira

Como eu disse, não consegui dormir. Passei a noite toda adormecendo e acordando, a cada cinco minutos. Pesadelos.

Sem mais aguentar aquilo, levantei de uma vez. A cozinha não ficava aberta a noite, mas sempre tinha um refrigerador do lado de fora, para quem quiser algo. O que era meu caso. Visando isso, fui para lá.

Depois de beber meu copo d’agua, pensei em voltar para o dormitório, mas não sei se devia. Uma hora dessas, eu bem que poderia tentar encontrar o Itan, não sei qual vai ser a próxima vez que vamos nos ver, e precisamos conversar sobre... O TB4.

Caminhando pelos corredores, indo pelo caminho mais longo só para passar em frente ao jardim auxiliar, procurando uma melodia qualquer... Me decepciono! Nada! Não acho, nem escuto nem vejo, nada!

“Talvez devesse mesmo voltar ao dormitório” penso, parada no fim do corredor, olhando o jardim. Até que sinto alguém atrás de mim, não tenho tempo de me virar, essa pessoa me agarra! Sinto sua respiração fraca no meu pescoço, sinto um arrepio inacreditável! Um bilhão de coisas passam pela minha cabeça, quem era? O que queria? Como me achou e o que vai fazer em seguida?

Antes de eu pensar em mais nada, essa pessoa interrompe-me.

– Não está com medo de mim, está? Be-te. – é um homem! Sua voz era firme, doce, e... Espera! Eu conheço essa voz!

– I-Itan... – minha voz sai quase como um sussurro.

Posso sentir seu rosto roçar no meu, ele estava sorrindo. E eu? Eu estava apenas assustada! Como? Por que? Esperava isso do Deny! Mas... do Itan?!

Antes de mais nada, ele me vira. Estamos frente a frente, minhas mãos em seu peito, suas mãos na minha cintura, nossos narizes próximos... próximos até demais. Eu tento! Mas não consigo parar de olhar fundo nas piscinas azuis que ele carrega nos olhos.

Itan escorrega sua mão, lentamente, até meu rosto, e mais uma vez segura meu maxilar (nesse hábito horrível que tem que ser mudado!). Outra vez meu corpo entra em discussão, meu estomago grita, minha cabeça gira, ele se aproxima, meu coração entra em colapso! E então... eu acordo.

(Nota da autora: eu queria ver a cara de vocês agora! *Lê ~ bolando de rir*)

Sento na cama num pulo. Nunca estive tão assustada com um sonho! Olho a hora no despertador: 06:55AM. Esfrego os olhos, levanto sem muita vontade, vou até meu armário, pego meu uniforme, e parto para o banheiro. Daí, a mesma história de sempre: quando eu bato a porta, o despertador toca, e vocês já sabem do resto.

As meninas levantaram, ficaram prontas, fomos para a cantina, encontramos os meninos, conversamos com eles, fomos para as aulas, nos perdemos. E mesmo depois de tudo isso, não consigo tirar esse maldito sonho da cabeça! E algo me diz que tudo vai piorar quando vê-lo de novo. Por isso, melhor prevenir!

No intervalo das primeiras três aulas eu me perdi das meninas. O intervalo era pequeno, só dava tempo de conversar um pouco, e fazer a troca de livros. Então, sem ninguém para conversar, fui direto para o meu armário, troquei os livros e aproveitei para voltar a ler o meu. Andando sem rumo com a cara enfiada no livro só podia dar em desastre! Sem querer (óbvio) esbarrei em alguém (de novo) e ambos fomos ao chão.

– Nossa, a gente tem que parar de fazer isso! – disse ele passando a mão na cabeça.

– Concordo plenamente – falei entre risos – desculpa de novo, Jack.

Ele levantou e me ajudou a fazer o mesmo.

– Então... cadê o Soluço? – perguntei.

– Olha, eu não nasci grudado com ele, ok?!

– Ei! Olha a grosseria! – o repreendi – que bicho te mordeu?

– Desculpa Bete – ele pôs a mão na nuca e suspirou – é que... o Soluço me deixou para ficar com ela, e eu não sei mais o que fazer! Sempre quis que eles ficassem juntos... Mas não achei que ficaria sozinho! E além do mais...

– Não! – o interrompi - Pera um pouco! Volta a fita...! O Soluço tá saindo com QUEM?

– Não sabia? – disse Punze saindo de sei lá onde e me dando um susto terrível.

– Punze! O que falamos sobre sair do nada? – falei sem pensar, ela deu uma risada fraca.

– Desculpa – sorriu amarela.

– Mas então! Sabia de que? – perguntei.

– O “casalzinho encrenca” acaba de desencalhar – completou Jack.

Meus olhos brilharam! Meu trabalho de cupido tinha dado resultado?! Estava prestes a pular de alegria, mas a Punze foi mais rápida.

– Ai! Também não é assim Jack! – entristeci – o Soluço e a Merida só foram estudar!

– Isso é o que eles dizem! – disse Jack com um ar de “sabidão” – até parece que você não viu eles ontem! Só pararam de se olhar quando... você brigou com a Bete por minha causa – ele segurou o riso.

– Não foi por sua causa! – gritou Punze por impulso – eu só... Não queria outra Merida na turma! Uma já é suficiente!

– Tá gente! Já chega! – falei – o mais importante agora é achar os dois, não é só Merida que precisa de ajuda na matéria! Vamos. - Sem dar mais um “piu”, fomos para a biblioteca.

Bom, um “casal encrenca” já estava mais que meio cominho andado, agora só faltava o outro! E pelo visto não ia ser tão difícil, ao longo do caminho observei que Jack de vez em quando olhava para Punze, e pelo episódio na pista de dança na festa do Deny... Eu não tinha muito o que fazer.

Chegamos perto da biblioteca, e nem deu tempo de entrar nela! Logo que vimos a grande porta de madeira, Soluço passou pela mesma, batendo-a com força e passando por nós como se não existíssemos. Jack ia atrás dele, mas eu o segurei pelo peito.

– Deixa que eu vou – falei – vocês cuidam da Merida.

Sai correndo atrás de Soluço, que parecia ir para o jardim principal. No final do corredor eu parei, tinha congelado. As lembranças do sonho não me deixavam em paz! As mãos de Itan na minha cintura, seus cabelos loiros com fios brancos pela luz da lua... Deixo escapar um suspiro. Sacudo a cabeça com rapidez, tentando afastar tais lembranças.

Corro atrás de Soluço, que agora estava sentado na... Ah, qual é? Por que todo mundo adora essa macieira?! Ele olhava para a copa da arvore, como quem olha para o nada. Estava triste, desolado, melancólico... chateado. Mais uma vez, não hesito em ir atrás do mesmo, sentei ao seu lado, olhei para onde ele olhava e suspirei.

– Oi bete – disse ele, como da outra vez. Um sorriso um pouco forçado, mas verdadeiro, brotou dele.

– Quer me contar o que aconteceu? – perguntei – o que a Merida fez?

– A culpa não foi dela – ele respondeu e suspirou. Fechou os olhos, e fez cara de quem nuca queria ter nascido – nem nunca foi. A culpa sempre foi minha, o culpado sempre fui eu – me assustei com a suas palavras, mas ele não deixou que eu assumisse a fala – fui eu quem me apaixonei, fui e quem achei que daria certo, eu...

– Não – interrompi – a culpa nunca foi sua. A gente não manda no coração, não escolhe por quem se apaixona. Todo mundo já gostou, ou até amou, quem não devia! Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Lisbela e o prisioneiro...

– Eu entendi... – ele sorriu – mas Romeu e Julieta morreram, Tristão e Isolda também, e...

– Tá, já chega! Você sabe o que eu quis dizer! – rimos – tem certeza que deve parar por aqui? Desistir dela assim? – ele parou por um instante.

– Eu já não tenho certeza de nada – respondeu cabisbaixo – o que acha que devo fazer? – ele me olhou com cara de “cachorrinho que caiu do caminhão”, e eu ri por dentro com isso.

– Você sabe que sou totalmente contra de você correr atrás da Merida o tempo todo – esclareci mais uma vez, ele balançou a cabeça, acho que tentando pensar em outra saída – mas também sabe que não quero que desista dela – ele novamente fez cara de quem nunca queria ter nascido – vocês foram feitos um para o outro, Soluço! Nunca deixe nada nem ninguém dizer o contrário!

– Perece loucura pensar que somos feitos... – ele não conseguiu terminar o resto de frase – brigamos o tempo todo! Não lembro de uma única vez que estive em paz com a Merida um dia inteiro!

– Tá – concordei, sem saída – mas já parou para pensar porque sempre voltam? Porque acabam se reconciliando?

Ele ficou sem palavras. Realmente não tinha o que responder, nós dois sabíamos que eu estava certa, não tinha o que discutir!

Eu me levantei em quanto ele observava o ato. Olhei novamente para baixo, como sinal de despedida.

– Acha que devo falar com ela? – perguntou ele.

– Acho que não deve ficar parado!

Eu saí do jardim, fui até a biblioteca, precisava falar com a Merida!

Infelizmente, ela não estava lá. MAS, também infelizmente, o Itan estava lá. Eu dei um pulo! Por um momento tinha esquecido do sonho, e do nada tudo volta!

Itan leu minha expressão facial, e achou estranha. Mas quem não acharia? Eu parecia uma louca, olhando para ele como se fosse um monstro. Ainda assustado comigo, ele olhou para os lados, para atrás, e quando voltou seu olhar para o meu não pode aquentar o sorriso.

– O que foi? – perguntou – você parece que viu um fantasma.

– Fantasma não, tá mais para assombração – falei baixo, mais para mim do que para ele.

– O que disse? – ele realmente não tinha ouvido?

– Nada! – sorri amarela – o que faz aqui?

– Bom, eu acho que ninguém quer tirar zero no teste da semana que vem – respondeu ele com um tom de ironia. “Que pergunta em Beterraba?!” pensei.

– Pois é, besteira minha perguntar isso. Desculpa.

– Tudo bem – riu fraco – mas e você? Não tem cara de quem veio estudar.

– Merida! – lembrei – eu estava procurando a Merida. Você a viu?

– Na verdade, ela estava saindo quando cheguei. Ela estava com Rapunzel e Jack, mas Jack foi procurar o Soluço pelo que entendi. Já Rapunzel queria conversar com Merida num lugar mais calmo.

– Valeu Itan, não sabe como me ajudou! – eu já ia sair correndo, mas lembrei. Me virei devagar e sorri sem graça, respirei fundo e comecei a falar – eu... acho que preciso falar com você sobre um negócio sério. Mas não é hora nem lugar então... no fim de semana... liga pra mim, vamos marcar de sair – pisquei o olho sem graça, e, agora sim, saí correndo!

Não sei se o que fiz foi certo, mas com tudo que estava acontecendo, tudo parecia errado!

“Lugar mais calmo” lembrei das palavras de Itan, não estão no jardim porque acabei de sair de lá, talvez no jardim auxiliar, ou no dormitório. Resolvi ir no dormitório primeiro, estava mais perto e mais provável. Antes mesmo de chegar ao dormitório, pude ouvir os gritos de Merida.

Não consigo acreditar! – gritava ela – será possível que só eu trabalho para fazer esse relacionamento dar certo?

Nesse momento, eu abro a porta. Olho Merida de cima a baixo, estava enojada! Como uma pessoa dessas pode dizer isso?

– Você é louca...? – falei, elas olharam para mim – ou só de faz?

– Nem um dos dois – Merida deu de ombros – o que eu disse é verdade! E eu acho que todo mundo aqui concorda com...

– Você é inacreditável! – interrompi – acha que o mundo gira em torno de você não mesmo? Se soubesse como o Soluço se esforça para fazer com que esse relacionamento dê certo... Merida, ele se humilhou para mim! E tenho certeza que não fui a única! Ele enfrentou o pai, coisa que nunca faria se dependesse dele! Está, nesse momento, tendo uma crise existencial no jardim. Tudo por sua causa! – eu já estava gritando com ela – e pensar que você poderia ter mudado – terminei a discussão com chave de ouro, e saí, batendo a porta com força.

Eu ainda não acredito que acreditei que Merida poderia mudar!

Eu ainda não acredito que acreditei que Soluço poderia amar isso!

Eu ainda não acredito que EU acreditei que os dois eram perfeitos juntos!

É loucura pensar que achei MESMO que ela poderia fazer bem a ele. Como alguém tão egoísta, mesquinha, hipócrita e idiota ao ponto de ser mal agradecida poderia fazer bem a alguém? Impossível!

Merida não ia ficar parada não dormitório, abriu a porta com raiva, fazendo-a bater na parede causando um estrondo! Mas para minha surpresa, ela não deu um “piu”. Ela apenas estava parada, ali, com cara de aterrorizada. “Como se fosse a primeira vez que ela leva uma dura minha” debochei em pensamento. Ainda sem falar, Merida se aproxima devagar, sua expressão de assustada estava começando a me dar medo! Merida só para de se aproximar, quando vê que já ultrapassou meu campo.

– E-Eu... não sou assim... – ela finalmente fala, com uma foz baixa, quase um sussurro. Sua voz estava fraca, e sem muita certeza do que dizia, flertando o chão – eu... eu sou? – ela olhou para mim. Não foi uma pergunta retorica.

– Eu quero o seu bem e o do Soluço, e também a felicidade de ambos – falei sem rumo – de preferência juntos, e você sabe. Mas, mesmo você fazendo bem ao Soluço, você causa o mal... e se for preciso separar para que a felicidade seja obtida... eu não vou hesitar em fazer o certo!

– Prometeu ficar comigo... – sua voz já não tinha só medo, agora, também tinha preocupação, dor, duvida, e até raiva, mas não tinha deixado de ser um sussurro.

– E não vou quebrar a promessa! – apesar de ter exclamado, eu ainda estava calma, com ternura na voz – e por isso vou te dar opções: OU você esquece o Soluço de uma vez, e vive sua vida com tranquilidade, deixando ele livre para fazer o mesmo; OU você muda.

Ela me olhou mais incrédula que o normal, seus olhos arregalados eram estupidamente assustadores, sua expressão me perseguia, como quem diz “por favor, me diz que está brincando”.

– Quer... quer que eu mude?

– Não é para mudar, é só... ser menos... bom, você! – sorri amarelo, com um tom de ironia. Dei um passo à frente – não precisa parar de ser a Merida – minha voz era calma e confortante – só precisa parar de ser tão durona! Ninguém vai te julgar por amar, não!

Ela não me respondeu, apenas ficou ali, parada, olhando agora para o chão. Eu não me dei o trabalho de esperar uma reposta, saí da vista de Merida. Procurando um lugar mais calmo, lembrei do jardim auxiliar, então caminhei para o mesmo.

Quando cheguei, não dei de cara com ninguém (por mais estranho que pareça) isso foi anormal, mas tudo bem. Geralmente, as pessoas que não quero ver, adivinham para onde eu vou, mas dessa vez não! Fiquei até surpresa.

Me sentei em um banco qualquer, botei a cabeça para trás, e encarei o céu. Não estava Sol, estava um pouco nublado, mas dava ideia de que não ia chover tão cedo. Fiquei ali por um tempo, mesmo depois do toque para o almoço, permaneci por mais um tempo. Mas minha barriga não deixaria eu ficar lá nem mais um minuto. Na esperança de deixa-la feliz, segui para a cantina.

Fiz minha bandeja, mas não sentei na mesa com a turma, escolhi uma mesa no fundo, longe de olhares, estava mais do que não hora de reservar um tempo para mim...

Remexi a comida no prato como garfo, belisquei algumas coisas, mas não estava com cabeça para comer.

Na verdade, não sei nem porque estou apreensiva! O caso é deles! Eles vão se resolver sozinhos como sempre fazem, e se não resolverem, melhor para ambos...! Não é?

O sinal de recolher não me deixou pensar mais, minha barriga reclamava, mas não conseguiria comer mais nada. Deixei a bandeja cheia no lugar, e sai da cantina, e fui para as aulas.

Quando as aulas estavam acabando, lembrei dos clubes. Hoje sei que o único clube é o de química, mas eu ainda não sabia como funcionava. Perambulei pelos corredores, torcendo para encontrar alguém, e infelizmente encontrei!

– Se você soubesse o quanto eu estou animado para o nosso sábado à noite, se livraria dessa cara de quem comeu e não gostou – disse o ruivo encostado na parede, eu apenas o olhava sem emoção.

– Com certeza não era você quem eu queria ver! MAS... – suspirei – vai servir. Quer me fazer um favor, e me guiar até a sala do clube de química? – fui sarcástica, mas acho que ele não percebeu.

– Tudo para ficar perto de você – ele piscou o olho, andou um pouco mais para frente, e com o braço direito na barriga e o esquerdo estendido, ele fez uma reverência – My lady.

Eu ri mais dele do que da situação, mas ri mesmo assim! Apenas comecei a andar e o ultrapassei, ele deu uma corridinha leve, e ficou ao meu lado em quanto caminhávamos.

– Por que me evita tanto? – perguntou ele, me olhando com curiosidade. Parecia mais calmo e leve do que de costume.

– “A primeira impressão é a que fica” – o velho ditado foi a única coisa que eu disse em resposta.

– Sei – ele abaixou a cabeça – ah! Vira aqui – me guiou no corredor – mas você bem podia considerar que eu estava bêbado – continuou.

– Poderia – concordei – mas você não mudou depois disso. A bebida não é uma desculpa válida.

– Chegamos... – sua voz era pensativa, eu olhei para a porta, pus as mãos para atrás das costas, virei para o Deny, e esperei ele dar a última palavra – então... Se eu mudar eu tenho uma chance?! – ele abriu um sorriso largo, esperando por um “sim”, mas não foi bem isso que ele ouviu.

– Eu não disse isso.

Dei meia-volta e adentrei na sala rápido. Lá dentro, a sala estava vazia, apenas o professor mexendo em algo na sua mesa. A sala estava organizada em um círculo de mesas com cadeiras, onde a do professor ficava na frente do quadro negro e de frente para o resto da sala.

– Olá! – disse o professor animado, quase pulando de alegria – temos a nossa primeira... – ele rodou os olhos pela sala – e pelo visto a única – ele ficou meio cabisbaixo, mas o sorriso não sumia.

– Ainda está cedo professor – o confortei – as pessoas se atrasam para essas coisas – sorri.

O professor parecia mais um nerd universitário, jovem, magro, alto, cabelo boi-lambeu, óculos fundo de garrafa, e essas coisas. Carismático e animado, esse deve ser um estagiário da escola.

Ele pegou um jaleco branco, como o dele, e me entregou.

– Ponha isso – falou – tem luvas de borracha no bolso direito – peguei as luvas e rapidamente coloquei – vem cá, deixa eu te mostrar uma coisa – eu nem percebi, mas ele já estava na mesa do professor. Me aproximei devagar – toma – falou, e me deu um óculos de proteção, eu coloquei – olha.

Ele pegou dois tubos de ensaio, colocou um monte de coisa diferente em cada um, não estavam rotulados, mas ele parecia saber o que estava fazendo.

– Esta é uma reação química básica – começou a falar – muita gente não gosta de química por ter matemática, e por ser complicado lembrar de tudo – ele pegou os dois tubos, um com liquido branco e o outro com liquido transparente, e segurou na altura do rosto – mas no fundo... – ele despejou o transparente no branco – elas não sabem o que estão perdendo – o liquido no tubo mudou de cor, e foi mudando, mudando até parar em uma cor: rosa*. Olhei sorrindo maravilhada para o tubo – é isso que vamos aprender – ele sorriu.

– Sala certa? – perguntou uma cabeça encolhida do outro lado da porta.

– Soluço! – gritei alto e agudo, correndo para o encontro do moreno (agora dentro da sala), por puro impulso o abracei forte, ele arregalou os olhos, mas logo retribuiu o abraço.

– Eu perdi alguma coisa? Parece que não me vê a séculos – falou ele confuso, a final, é a primeira vez que me comporto assim. Na verdade... Não sei nem por quê me comportei assim.

– Desculpa – me soltei, e sorri sem graça – acho... que me senti culpada por...você e... M-Merida – abaixei a cabeça, mas ele a levantou com o dedo indicador, e sorriu.

– A culpa não é sua – falou – mas não devia ter saído daquele jeito – brincou, nos dois rimos.

– Hey! – chamou o professor – vocês acham melhor começar agora, ou esperar que mais alguém chegue? – (obs: a sala ainda estava vazia).

– Espera mais um pouquinho – falamos juntos e rimos disso em seguida.

A aula foi normal, com certo tempo algumas pessoas chegaram, mas de conhecidos só o soluço mesmo, sentamos juntos e fizemos experiências juntos, fiquei tentada a perguntar sobre Merida, mas achei melhor não, no tempo certo ele falaria. Batata! Quando saímos da sala, ele tocou no assunto.

– Bete – ele me chamou – você falou com a Merida, não foi?

– Devia imaginar que você já sabia disso... – abaixei a cabeça de leve – ela falou algo com você?

– Na verdade... não vi ela depois disso.

– Acha que fez certo em fugir?

– Eu não fu... – ele parou de andar, e eu fiz o mesmo, mas ainda fiquei um pouco para frente – eu fugi? – ele me olhou com aquele cara que só sabe fazer quando briga com a Merida, e eu tive o máximo de cuidando quando consenti com a cabeça. Ele desviou os olhos para o chão.

Depois de um certo tempo assim, eu cansei, dei lentos passos até o Soluço, e ele não se mexeu. Dei o último passo devagar, esperando um movimento que não aconteceu, levantei o seu queixo devagar com meus quatros dedos, e quando ele finalmente olhou pra mim eu sorri, abri os braços, e ele entendeu de imediato, abraçando mais forte do que eu esperava, mas foi bom...

– Eu... não tenho certeza da palavra de Merida – falei como quem não queria nada, sem desfazer o abraço – mas... eu acho que essa vai ser a última vez que os dois vão pensar em desistir – demos sorrisos involuntários, e ele desfez o abraço.

– Sempre me perguntei o que tinha de errado comigo... – ele disse sorrido – agora eu sei que era a sua ausência – pôs uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, e eu corei, segurei sua mão, e sorri.

– Vamos – falei – perdemos uns três minutos de intervalo nessa brincadeira – rimos, e seguimos para algum lugar.

Caminhando sem rumo nos corredores, Soluço aproveitou para me mostrar as salas dos clubes, assim sabe, só para eu não ter que ficar perguntando. Perambulando pelos corredores, aconteceu uma coisa! Adivinha! Pois é, eu me perdi do Soluço! Como? Eu sei lá! Esse menino parece o Mestre dos Magos! Esbarrei em um homem alto de olhos claros e cabelos cor-de-vinho, deixando vários papeis espalhados pelo chão.

– Mil desculpas – falei, abaixando para pegar os papeis, e ele fez o mesmo.

– Está tudo bem – levantamos com os papeis em mãos – não se deve andar por aí lendo – ele sorriu, um sorriso encantador.

– Se eu disser que não é a primeira vez que escuto isso, você não vai acreditar – falei baixo, mais para mim do que para ele, mas acho que ele ouviu assim mesmo.

Por puro impulso, olhei o que tinha no papel (sei lá, vai que era uma prova).

– Partituras – falei sorrindo involuntariamente.

– Pois é – ele riu, esticou a mão e eu entreguei os papeis – faz parte da turma de música?

– Professor de música? – falei, de queixo caído, apontando para ele. Ele caiu na risada.

– Achou que fosse aluno? – falou entre risos.

– É! Quero dizer... você é jovem e... bonito – corei na última parte, ele riu disso também.

– O que você toca? – perguntou ele. Cara ele não tira esse sorriso lindo da cara!

– Piano – sorri – e todos seus derivados.

– Derivados tipo...?

– Ah, piano elétrico, teclado, teclado sintetizador, essas coisas. E você? Quer dizer... você é o professor, deve saber tocar tudo, mas... assim, qual seu favorito?

– Sem dúvida tenho uma queda pelo violino, mas acho que paixão mesmo... só pelo contrabaixo acústico – (sem palavras *--*).

– A gente bem que poderia fazer um improviso...

– É – ele pereceu empolgado – pena que não dá agora... tenho uma reunião com a diretora – sorriu sem graça.

– Tudo bem, nos vemos na aula amanhã!

– Ok, até – ele acenou e saiu andando, sorri involuntário novamente.

O observei andar pelos corredores, atrapalhado, confuso, entrando na direita e depois voltando para o corredor da esquerda. Quando ele sumiu nos corredores, me voltei para meu caminho, e voltei a caminhar pelo corredor.

Um violão... baixo, divertido, e cantando uma música conhecida, tocava pelo corredor. Segui a música até chegar aquele que a toca. Finalmente achei, na sala de música. Olhei pelo vidro no canto da porta, e se eu falar... vocês não vão acreditar em quem eu vi.

Abri a porta devagar, sorrindo involuntariamente, e recebendo um sorriso de resposta. A música que ele tocava, eu reconheci de longe... era a mesma, a mesma que ele tocava na flauta naquele dia.

Itan não se levantou do banco que estava, apenas se voltou para mim com o violão ainda em mãos, com um sorriso de uma orelha a outra.

Acho que recomeçou a música do começo, com seu som ecoando pela sala.

Tradução da musica

(Música)

Passarinho

Traga esse pássaro para dentro, com sua perna quebrada
Poderíamos curar isso, ela disse
Venha para dentro deitar um pouco comigo
E se cairmos no sono, não seria a pior coisa
Mas quando eu acordar e sua maquiagem estiver no meu ombro
E me diga se eu deitar, você ficaria agora?
Me deixe te abraçar, ohh

Mas se eu te beijar, sua boca você vai ler esta verdade?
Querida como eu sinto sua falta, morangos tem o mesmo sabor dos lábios
E isso ainda não está completo, não devemos molhar nossos pés
Porque leva ao arrependimento mergulhar tão rápido
E eu vou dever tudo a você, oh, meu passarinho – ele se levantou.

Meu passarinho

Se dermos uma caminhada, no orvalho da manhã
Podemos nos deitar, então estou próximo à você
Entre para tomar um chazinho caseiro
E se você cair no sono, pelo menos estará ao meu lado
E se eu acordar, diga está tarde amor volte a dormir
Estou coberto por natureza e estou seguro agora
Debaixo desta árvore de carvalho, com você ao meu lado

Mas se eu te beijar, sua boca você vai ler esta verdade?
Querida, como eu sinto sua falta, morangos tem o mesmo sabor dos lábios
E isso não está completo ainda, não devemos molhar nossos pés
Porque leva ao arrependimento, mergulhar tão rápido
E eu vou dever tudo a você, oh, meu passarinho

Meu passarinho
Meu passarinho
Meu passarinho
E de toda as coisas que tenho certeza
Eu não estou tão certo do seu amor
Você me fez gritar
Mas então eu fiz você chorar, quando eu deixei que passarinho
Com sua perna quebrada para morrer

Mas se eu te beijar, sua boca você vai ler esta verdade?
Querida como eu sinto sua falta
Morangos tem o mesmo sabor dos lábios
E isso ainda não está completo, não devemos molhar nossos pés
Porque leva ao arrependimento mergulhar tão rápido.
E eu vou dever tudo a você, oh, meu passarinho

Meu passarinho, whoa oh oh oh whoaa
Meu passarinho
Meu passarinho
Você é meu passarinho

Meu passarinho... – ele colocou uma mão em meu maxilar, como sempre. Um hábito que não tenho mais certeza se quero que mude...

Ele (como esperado) se aproximou...

Em um estrondo escandaloso, a porta da sala bateu. Escancaradamente aberta, olhos de fúria nos encaravam.

– S-Soluço... – sussurrei por impulso.

Jamais vira o Soluço assim! Quer dizer... o mais próximo disso, foi quando o Deny tentou me beijar, mas... parece que ele está mais furioso que antes...


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Notas finais do capítulo

Eu sei... Ficou longo né?
Mas tudo bem, vou tentar mais na próxima.
Comentem!!!
Beijinhios!



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