Eu me contorci na cama, minha perna esquerda doía e compensando minha visão embaçada, minha mente me castigava com imagens de meus amigos...amigos não, companheiros, caídos no chão, tingidos de vermelho, adoecendo.

Não sei se me importava de verdade, mas minha mãe sempre me consolava, então eu tinha de fingir que estava triste com a situação. Me virei e me agarrei ao travesseiro. Eu amava minha mãe mas...como se não bastasse ter acabado de voltar de uma guerra, ela havia prometido Katheryne Hill em casamento à mim. Como se fosse capaz mesmo, eu, Vincent Sinner me casando.

Eles diziam que Katheryne, era uma moça muito compreensiva, mas eu sabia que eles só se interessavam em mais uma aliança política.Sim, eles estão usando o casamento de seu único filho, para fazer negócios.Eu nem sequer seria feliz com essa mulher, tenho certeza, não nasci para casar.

Ser o próximo à ser Rei estava o.k. eu até que entendia, nós somos a família real do Reino Hydra, então por mim tudo bem. Mas agora, me casar? Soltei um suspiro e a porta da escura enfermaria se abriu, alguém puxou o véu que cobria minha cama, vi o delicado rosto de minha mãe e por um segundo, tudo pareceu estar certo.

Ela vestia um belo vestido azul de mangas compridas com boca de sino. Envolvendo sua cintura, estava uma fita de tecido branco, amarrado com um laço à suas costas. Seu cabelo castanho estava preso num coque com mechas caindo à frente de seus brilhantes olhos azuis. Ela abriu um sorriso para mim e beijou minha testa, quando ela fazia isso, eu sabia que era para abafar o assunto seguinte. Ela limpou a garganta e brevemente disse:

–Tem alguém que quero que conheça. Logo, imaginei que conheceria Katheryne, mas não, ao seu lado apareceu um garoto, de mais ou menos 16 anos, a minha idade. Ele vestia um uniforme da guarda do castelo. Minha mãe pediu licensa e se retirou do quarto, nos deixando à sós. O garoto me olhou, e rapidamente se apresentou:

– Sir Vincent, sou Miguel Oliver, serei seu guarda pessoal e criado durante seu período de cama.

Soltei um suspiro, felizmente não teria que conviver tanto tempo com ele. Eu não era bom com amizades, pelo menos dessa vez não era uma mulher, era constrangedor ter uma pessoa do sexo oposto me vestindo.

Assenti, acenando a cabeça. Ele me lançou um sorriso e eu desviei o olhar. Nunca ninguém me tratara com tanta intimidade assim, tirando a minha família. Esse pensamento me fez corar. Então a voz de Miguel me trouxe de volta:

–A Rainha Mellody disse que sua perna esquerda estava dolorida.- Eu concordei e ele se remexeu na cadeira, parecendo desconfortável.- Ela sugeriu que eu começasse meu trabalho com uma...massagem.

Epa, epa! Sem chances! Tipo, nunca! Mas eu sabia o que acontecia quando os criados desrespeitavam as ordens de minha mãe, então concordei:

–Okay então.-Eu ficaria muito feliz se eu tivesse um espelho para garantir que não estava tão vermelho quanto pensava.- Quando será a sessão?

–Ela pediu que fosse agora.-ele disse de cabeça baixa.

Okay, o que minha mãe estava querendo? Eu não permitia nem à ela tanta intimidade! Imagine à um desconhecido. Infelizmente, fui obrigado a aceitar. Ele se levantou, pegou um creme e sem nem fraquejar, disse algo que me fez explodir de vergonha:

–Legal, tira a calça –Eu arregalei os olhos, o que o fez dar uma tímida risada.

–I-Isso é mesmo nescessário? Tipo, nem tá doendo tanto e...- Ele colocou seu indicador em minha boca, como que protestando contra o que eu iria falar.

–Bem, eu não tava muito afim de fazer isso de qualquer jeito.

Ele se levantou e lavou as mãos com creme na pia. Eu estava virado para o outro lado, e de canto de olho, o observava. Seu olhar cruzou o meu, e rápidamente eu desviei, não queria fazer contato visual com ninguém nesse momento, eu devia estar vermelho como um pimentão, então me lembrei do espelho que minha mãe colocara em cima da escrivaninha mais cedo e o alcancei.

Quando o virei para mim veio o choque, meu rosto estada marcado por milhares de arranhões e meu cabelo despenteado estava sujo, assim como minha face. Eu não fizera a mínima ideia dos estragos da guerra até agora, pode parecer meio estranho afinal, mas a Família Real se preocupa muito com a aparência, pasmo, eu soltei um suspiro aterrorizado:

–Eu estou...Horrível!

Senti o movimento do outro lado da cama e rapidamente percebi que era Oliver, se entrometendo alí. Com calma ele riu, tirou uma mecha de meu cabelo castanho do meu olho e cochichou:

–Você acha horrível?-Ele soltou uma risadinha adorável e irritante ao mesmo tempo.- Eu gostei.

–Continua-