Uma doce ironia. escrita por Alice Fitzwillian


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eles dois.Perfeito e Trágico.

OH!Como seriam lindos juntos!Aquele casal que as pessoas olham na rua e dizem:”Ai, que bonitinho”.Ou ainda, se andassem de mãos dadas, as pessoas sorririam e desejariam o que há entre eles.Mas, a vida é cruel.Está sempre mostrando que existe uma força, lei ou seja lá o que nos impõe que a perfeição não é, de fato, a coisa principal em que nós humanos somos bons.

Eles se conheceram por acaso.Oh, mas tão por acaso!Veja bem a situação:Ela estava em uma parada de coletivo.Sim, debaixo de um sol infernal, com uma calça jeans colada e uma blusa de tecido fininho, em cor amarela.Ele estava bem ao lado, mas ela nem percebeu sua presença.Ele lia um jornal local, distraído e indignado sobre o fato da cidade estar horrível e a sua democracia fajuta não fazer nada sobre.Absurdo, é claro!O coletivo então chegou,ela entrou, ele também.Inconscientemente, sentaram-se lado à lado.

O silêncio entre eles dominou por algum tempo.Como o movimento dificultava a leitura, ele guardou o jornal.Ao redor, as pessoas falavam, gritavam, o ambulante vendia algo e eles...Alheios.Ambos pensando em seus destinos ao fim daquela viajem.Era o primeiro dia dela na faculdade.Letras.Sua paixão irrevogável.Coisa de anos já, amava e era rotineira sua paixão pelas palavras.Gostava muito de escrever, ler.Tinha um fervor enorme por aprender outros idiomas, era uma pena que não tivera oportunidade.Dedicar-se-ia muito se tivesse a chance de praticar outra língua.

Ela teve uma pequena dúvida acerca do itinerário.Tímida, puxou sua camisa e cor cinza duas vezes, levemente, como uma criança que pede um favor à mãe.Ele desviou os olhos do celular, que checava antes de ser interrompido.

Seus olhares encontraram-se.E nossa...Foi indescritível.Ele era mesmo bonito,E bastante solícito, pois à respondeu educado.E ela era uma moça muito...Meiga, talvez fosse a palavra.O fato era que essa confusão momentânea o havia encantado.E ele não pode deixar de sorrir ao constatar que seu olhar curioso havia tirado-a do foco e causado-lhe um pouco de vergonha.A ponto dela perguntar pra ele, se tinha algo errado em seu rosto.Ele riu mais um pouco e ela ficou ainda mais confusa, mas sabiamente decidiu ignorar.Isto excitou sua curiosidade.

Em um ato de bondade em meio à tanta correria que maltratava e desgastava sua paciência, eis que o destino dá uma colher de surpresa e o referido moço vai pra outro lugar.Anda e faz algumas atividades rápidas.Ela vai pra faculdade.

Ela o olha surpresa quando ele entra pela porta da sala, todo atordoado também.Eles se olham, riem e se aproximam pra conversar.Já se amam, em toda a profundidade de seu ser ele já está encantado com ela.A conversa flui tão naturalmente, eles já se amam, mas não sabem.

Eles encontram-se todos os dias, descobrem que tem muitas coisas incomuns.Ele gostava de rock, ela também.A melhor música do mundo, eles concordavam.Ele já tinha lido muito de literatura brasileira, ela dizia que casaria muito fácil com Machado de Assis por ele ter escrito “Dom Casmurro”.Ele ficou com ciúme de Machado de Assis.Ele ouvia todos os gritos histéricos e ataques inoportunos dela quando descobria alguma coisa interessante ou ficava muito feliz com algo.Ela amava a paixão com que ele descrevia cada um de seus vídeo-games, embora não entendesse uma palavra do seu vocabulário de “gamer”.

Eles envelheceram e amadurecem um tempo juntos.Quatro anos.Secretamente ela a quis pra si com todas as forças porque não existia mulher mais perfeita do que ela.Ela o desejava tanto quando.

Quando tudo ia se ajeitar pra passarem o resto da vida junto, eis o balde água fria que os banhou, esfriou suas expectativas e lavou seus planos para o futuro...”Preciso ir embora”.Era pra estudar ela sabia.Seu cérebro sabia, sua mente podia compreender.Mas ela não.Ela se recusava.Como, acostumar-se à uma vida medíocre e comum quando eles viveram um paraíso juntos, durante todo esse tempo?Pra quem já esteve na nobreza, a pobreza era um infortúnio desagradável e inaceitável.E pra quem já teve todo o amor que podia querer, viver sem aquele muito carinho era frustrante.E doloroso.

Foram-se seis anos longe.Ele voltou.E o amor...Desgastou-se.Acabou.Ele voltara casado.Uma portuguesa loira, com um sotaque charmoso e sorriso amigável.E as suas tardes de risos felizes e discussões sobre livros e filmes prediletos ficariam apenas na memória.Pra lembrar que “Nada é bom de um modo infinito”(Émile Durkeim).

E isso é bom.Que graça teria se fosse pra sempre?Não seriam os mesmos prazeres ou dores.Seriam amores vagos e plenos.Aliás, que coisa mais sem graça seria a rigidez do tempo!Nada de aumentar frequência cardíaca.STOP.Pararemos aqui e não continuaremos.Nos amando, pra sempre.Quem suportaria?Ô vida chata hein?!Qual a graça?Bom é o que acaba, que nos faz ansiar, palpitar e vibrar.E antes que você pergunte, sim.Ele e ela não ficaram juntos.Está achando ruim?Saia na rua e encontre o amor da sua vida!Vai lá, caça ele em cada homem ou mulher que apareça na esquina!Sinto informar, mas depois do último suspiro de vida, nem da morte a gente tem mais certeza, você não tem mais consciência do mundo então não perca seu tempo tentando encontrar sua alma gêmea.Sinceramente, não tem tarefa mais inútil.Rapazes e moças...Não existe pra sempre e o final feliz é pra poucos.


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Notas finais do capítulo

Pedras ou doces?Comentrios, por favor!
Desde j, obrigada!



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