William escrita por Winterfell


Capítulo 11
Depressed


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, não tem perdão... Mas desculpem a demora, eu havia perdido a vontade de escrever/ler/desenhar, sem motivo aparente e não queria lhes entregar algo meia boca, sintam-se honrados u.u



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A porta do banheiro estava trancada.

Encarava-meno espelho, mesmo vestindo um terno "chique", minha aparência era um pouco desleixada, meus cabelos estavam selvagens demais para serem contidos e minhas olheiras e cara de sono deduravam as noites que passava sem conseguir dormir. Respirei fundo e desci o olhar até minhas mãos sobre a pia, segurava uma lâmina de barbear sobre a pele do pulso esquerdo.

Só bastava um movimento e tudo acabaria ali, minha mão tremia descontrolavelmente, respirei fundo novamente, pressionei a lâmina sobre a pele, podia sentir ela prestes a partir.

"Leo"

Meu nome foi sussurrado quase tão baixo quanto o som do vento, baixo demais para ser escutado, mas eu escutei. Era a voz dele. Não consegui me conter, lágrimas começaram a escorrer involuntariamente, soltei a lâmina a fazendo cair na pia e parar no ralo. Limpava as lágrimas desesperadamente quando escuto três batidas na porta.

– Filho, você ta bem? - Era minha mãe, depois daquele dia ela ficara super protetora de mais - Já ta na hora

– Já vou - Respondi imediatamente para não preocupa-la enquanto secava as ultimas lágrimas que desciam sobre meu rosto, pego a lâmina dentro da pia e a jogo na privada dando descarga em seguida. Saio do banheiro ajeitando a gola do paletó - Pronto.

–-//--

Parei diante a porta da capela, minha mãe parou logo em minha frente e se virou para mim com um pequeno sorriso de solidariedade, respirei fundo e voltei a andar. A porta estava aberta e de fora conseguia ver varias e varias pessoas, mesmo tendo tantas pessoas o silêncio reinava quase que completamente exceto por alguns múrmuros vindo de todos os lados. Caminhava no espaço vazio que formava um estranho corredor até o caixão.

Sentia meu peito doer a cada passo, podia sentir o olhares das pessoas enquanto passava, muitos deviam saber quem eu sou, muitos podiam não aceitar quem eu sou. Mas continuei a andar, eu estava me aproximando cada vez mais, os pequenos três metros pareciam quilomêtros. Enfim paro de andar e me deparo com o caixão de madeira pintada de preto.

A metade de cima do caixão estava aberta, ele estava lá. Com os olhos fechados, vestindo um terno preto com uma flor branca no bolso do peito, seus cabelos estavam perfeitamente arrumados e a maquiagem quase que cobria perfeitamente todos os vestígios do acidente. Ele parecia estar apenas dormindo, uma pequena parte de mim esperava que ele simplesmente abria os olhos e acorda-se, como no primeiro dia que ele dormiu em casa, mas eu sabia que nunca mais veria aqueles olhos novamente.

Senti as lágrimas começarem a escorrer "Ele nunca mais vai acordar" esse pensamento rodeava minha cabeça várias e várias vezes. Senti minhas pernas falharem, mas antes mesmo de começar a cair, fui abraçado por minha mãe. Ela me dera um abraço forte e caloroso, enquanto chorava como uma criança, meus pequenos berros eram abafados por minha cabeça em seu peito, e assim ficamos até eu conseguir me acalmar.

O tempo passou e eu estava sentado em uma das varias cadeiras espalhadas para o local, encarava o caixão de Will, sem ao menos sibilar uma palavra. Foi então que Harry, pai de Will, se posicionou ao lado do seu falecido filho com o papel em mãos, mesmo tendo a decência de me convidar para o velório, ainda guardava um rancor por ele, mas ele realmente parecia estar abatido.

O mais velho começara o discurso, mas meus ouvidos não pareciam estar funcionando direito, apenas ouvia palavras abafadas que eram facilmente dissolvidas no ar e levadas pelo vento. O ele se calou e saiu de la, dando aluns passos em minha direção, ele se abaixou e me olhou direto nos olhos.

– Você quer falar algo? - Encaro seus olhos por alguns instantes em silêncio, ele não parecia ser o mesmo homem de antes, a perda tinha mudado algo nele, algo me dizia que tinha mudado para melhor. Como resposta balanço a cabeça para cima e para baixo, dando um "sim" meio escondido.

Levanto-me lentamente, dando uma pequeno olhar de "Esta tudo bem" para minha mãe e me posiciono onde Harry estava a poucos momentos atrás. Dou uma pequena olhada para Will em seguida olho em volta, todos olhavam para mim, foi então que vejo Anna, Kevin e Julia, o trio estava atrás de minha mãe e onde eu estava sentado, me pergunto se eles haviam acabado de chegar ou se estavam lá a muito tempo.

– Sou Leonardo, o namorado - Falo o meu nome em seguida meu "titulo" - Vou ser honesto, me desculpe se for rude. Não ligo para a opniões de vocês sobre minha sexualidade ou a de Will, o que importava, é que nos amavamos - Olhava nos olhos de cada um dos presentes - E posso afirmar, que eu vou ser um dos que mais sentirão saudades dele, do seu sorriso, dos seus olhos, do seu "bom dia", do seu beijo... - Sentia meu olho lacrimejar, mas nenhuma gota caía, já havia chorado tanto assim? - Perder Will... É foi meu pior pesadelo, e agora ele se tornou realidade.

Sento-me novamente, agora sentindo mãos em meus ombros, olhei para trás para olhar quem era, mesmo sabendo que era um dos três. Era Anna, que sorria caridosamente para mim, junto a seu irmão e Julia, que agora eram namorados declarados. Retribuo um leve sorriso para os três e me viro para o caixão, onde dois homens mais o pai de Will, se preparavam para ergue-lo, agora fechado.

Em silêncio, todos que estavam sentados, se levantaram e seguiram o caixão lentamente até o cemitério do lado de fora, fazendo algumas paradas rápidas, que na qual não entendi muito bem. O buraco estava nos esperando, cavado em um poliedro em formato de paralelepipedo quase que perfeitamente, lentamente assistimos o caixão descer até o fundo. Aos poucos todos foram jogando um punhado de terra no corpo, primeiro os parentes mais próximos, que no caso era o seu pai, depois fui convidado a jogar o próximo, em seguida o resto da família, amigos do Will e por fim amigos/conhecidos da família.

Algum tempo se passou, todos haviam ido embora, tinha pedido a minha mãe para ficar um pouco sozinho com o Will, não havia porque ela não deixar. Estava ajoelhado diante o tumulo recém tampado, várias flores haviam colocadas sobre a terra, era bonito de mais para ser algo tão triste. Abraçava meus próprios braços em silêncio, tentado me lembrar dos bons momentos que passei com ele, mas tudo que via em minha mente fora seus últimos segundos de vida, ainda podia sentir a chuva caindo em mim.

Em questão de segundos, sinto dois braços me abraçando por trás enquanto a pessoa apoiava sua cabeça em meu ombro, arregalo os olhos quando vejo os cabelos negros e me separo da pessoa, a empurrando para longe e recuando um pouco. Depois do choque, encaro a pessoa em pé na minha frente. Ele era alto, seus cabelos e olhos eram tão negros quanto o terno que vestia, sua pele era pálida e carregava um pequeno alargador na orelha direita, sua expressão era de alguém cansado, mas tinha um pequeno sorriso em seu rosto, ele era um dos homens que carregara o caixão, vendo direito, aparentava ter uns 22 anos, no máximo.

– Você parecia precisar de um abraço - Sua voz saíra grossa, porem suave e o sorriso em sua face não havia se dissipado.

Apenas o encarei sem nenhuma expressão proposital, me levantei devagar, com ele ali havia perdido a vontade de ficar. Antes que eu pudesse ir, ele se aproximou, me forçando a parar, ele era uns cinco centímetros maior que eu. Parei o e o encarei, me obrigando a levantar um pouco o rosto.

– Alex, primo do Will - Cumprimentou estendendo a sua mão esquerda para mim, imediatamente pensei na história de William no Verdade ou Consequência, mordi meu lábio inferior sentindo nojo do homem em minha frente e comecei a andar novamente, esbarrando meu ombro enquanto o ultrapassava. - Olha... - Ele se pôs a andar ao meu lado, apenas o ignorei e continuei seguindo em frente - Eu sei o que ele provavelmente te contou, mas... É passado, eu estava bêbado... - Aparentemente ele cansou de arrumar uma desculpa... ou de andar, pois em um segundo ele me empurrara contra uma arvore, suas mãos estavam apoiadas no tronco da arvore, uma em cada lado de minha cabeça, restringindo meus movimentos. - Eu também o perdi, okay? Eu também senti a morte dele!

Não sabia o que falar, seu tom de voz aumentou, mas duvido que havia mais alguém para escutar. Mas o que realmente me afetou, foi ele ter começado a chorar, tinha sido tão repentino e inesperado, eu estava surpreso com o garoto.

– Eu sinto muito - Essas foram as únicas palavras que consegui dizer, soara mais seco que eu queria, muito rude.

Nos encaramos de novo por mais alguns segundos, ele havia parado de chorar, foi então que reparei, ele se aproximava de mim, não, seu rosto se aproximava do meu. Apenas fechei os olhos. Senti seus lábios tocarem aos meus, lentamente os abri dando uma permissão involuntária para sua língua, mas não demorou muito para eu voltar a mim, mordi seu lábio instantaneamente e o empurrei.

Comecei a correr enquanto Alex gritava com uma mão na boca, tentou agarrar meu pulso com a outra, mas com um pouco de força me soltei facilmente. Corri sem olhar para trás, corri para a saída onde minha mãe me esperava dentro do carro, ela me perguntou alguma coisa, não me lembro sobre o que era, só lembro de ter respondido com um resmungo.

–-//--

O quarto estava terrivelmente vazio sem ele, suas coisas ainda estavam espalhadas por ai... Algumas roupas deixadas no guarda-roupa que estava com as portas abertas, um pé do seu tênis favorito, enquanto o outro devia estar debaixo da cama, o livro do Hobbit de capa dura em cima da mesinha, no qual ele me forçara a começar a ler. Sorria um pouco enquanto me lembrava das memorias que estavam guardadas naquele quarto.

Aproximei-me da mesa, passando a mão por ela sentindo a textura da madeira em meus dedos, até parar com a mão sobre um caderno de desenhos, os desenhos dele. Me sentei na cama com os cadernos em mãos. Folheei cada pagina, dezenas e dezenas de vezes, seus desenhos não eram perfeitos, eram lindos. Foi então que reparei em uma folha solta no final do caderno, era "o" desenho.

"- Me de um motivo para ficar alegre e eu desenharei algo alegre."

O desenho era bem detalhado, em cores e em sombreado. Estávamos nós dois, deitados cama, com as cobertas até os ombros, um de frente para o outro, as mãos com os dedos entrelaçados na frente dos rostos, ambas as bocas encostando em cada extremidade das mãos, ele estava com os olhos fechados e parecia sereno e eu estava o encarando enquanto dava um pequeno sorriso, que me parecia malicioso.

Senti as lágrimas caírem novamente, mas dessa vez eu sorria. Sorria com uma pequena felicidade, ela não iria durar muito e eu sabia disso, queria aproveita-la. Abracei a foto, a apertando contra o meu peito enquanto fechava os olhos, formando seu rosto em minha mente.

– Eu te amo - Sussurro para o vento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que tenha valido a pena esperar até agora
Bom, esse não é o ultimo capitulo, ainda terá um epilogo, mas não se preocupem não vou demorar, estou pensando nele desde o primeiro capitulo dessa fic

(Obs.: Caso tenha deixado alguém deprimido... Perdão ;-;)



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