Não me peça pra voltar escrita por Laura Castro


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, e por favor comeeeentem.
Fiquei muito feliz em ver que tem pessoas acompanhando, mas, ficaria ainda mais feliz em ver alguns comentários, sabe, pra ver se a história ta legal, se precisa mudar algo, ou me dar alguma dica.
Beijos e Aproveitem.



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Como tantas coisas podem acontecer em tão pouco tempo?

Como um acontecimento pode mudar toda a sua vida?

Um dia se passou. Passei a noite e o dia bebendo e assistindo a programação na tv e acordei com um barulho chato que reconheci como meu celular. Meu estado estava lástimavel. Ressaca com dor de cabeça, e nem vou falar de como deve estar minha aparência e não estou com nenhum animo de me levantar. No meu celular havia cinco ligações de Cloe e duas de Dave.

Dave.

Ah como eu queria que tudo fosse um sonho. Um pesadelo.

Eu, Emma nunca me imaginei em uma situação assim. Claro quando era mais nova, com meus vividos 16 anos sofri, mas nada comparado ao que estou sentindo nesse exato momento. Bem, isso tudo pode ser uma experiência de humildade e esclarecimento se eu não me sentisse tão amargurada, zangada e traída. Afinal, eu sou só a Emma não uma monge Tibetana.

Nem alguma Madre Teresa qualquer.

Não consegui assistir as programações românticas da tv sem cair aos prantos. Estava passando uma cena de declarações de amor, onde o carinha do filme vai atrás da noiva que não quis mais se casar com ele (E a noiva está certa, na verdade pra que noivar?), por causa de algumas armações do padre que iria fazer o casamento, então ela decide ir para lua de mel com sua família e deixa-lo, ele vai atrás e ela o aceita de volta, e assim o filme acaba com o clichê e piegas final feliz. Filmes e suspiros.

Assistindo o filme em lágrimas, me lembrei de como costumava me sentir em relação a Dave e me perguntar o que o levou a me trair.

No começo com Dave era tudo tão romântico, tão bonito. Fico até em envergonhada por dizer que andava nas nuvens e por me sentir como se tivesse o conhecido durante toda a minha vida. Agravando, eu acha que ninguém me entendia como ele. Perdendo o restante de credibilidade eu achava que tinha encontrado minha outra metade, como a metade da laranja, a tampa da minha panela, essas coisas você sabe. Para não ficar muito ruim, ele não me fazia sentir como a última mulher do mundo, ou como a mais sexy, ou mais meiga e linda do mundo. Mas eu me sentia inteira com ele. Sua risada era deliciosa, e ele era bom de cama ( Bom. Nada tipo inavador. Comigo).

Ele era sempre carinhoso e cuidadoso, como na vez em que sai com Alisson para uma balada e Dave teve que nos buscar porque " Nos embebedamos como adolescentes de 17 anos " (palavras de Cloe) e cuidou de mim. Eu falei que era as três da manhã? e que ele levantaria as oito da mesma manhã para ir trabalhar? Estava esquecendo de contar que ele segurou o meu cabelo quando eu estava vomitando, praticamente abraçada a privada. Logo depois me deu um banho em que me lembro vagamente que tentei agarra-lo e me colocou para dormir sendo abraçada por seus braços. Agora vocês me perguntam: Emma, se ele era tão carinhoso assim, porque ele te traiu? É ai que eu paro, penso e choro. Eu não consigo entender o porque.

– E agora? - murmuro para mim mesma.

Como vai ser? Eu tinha toda uma vida, toda uma perspectiva de vida envolvendo Dave.

Eu sou uma mulher independente, tenho meu trabalho, meu apartamento, meu carro e pago minhas contas, que antes dividia com Dave, mas íamos nos casar e você acaba ficando um pouco que dependente do carinho, afeto e amor do parceiro.

Meu celular toca de novo e decido atender, quem sabe é Dave? E ele implore meu perdão e diga que está arrependido e que eu sou a mulher da vida dele.

Ilusões Davis, apenas ilusões.

Era apenas Cloe, Dave ligou para ela falando do que tinha acontecido e ela queria saber se estou bem, e se não vou fazer nada que comprometa a minha vida ou á vida de alguém (claro que não vou fazer nada contra a minha vida, mas a de Dave e aquela mulher já é outra conversa. Colocar laxante na comida deles ia ser bem divertido. Mas nada que precise de contar a Cloe.).

Iludida, parece que me transformei em uma iludida, meu Deus.

Porque Dave iria me ligar? Para implorar meu perdão? Ver se eu estou bem? Vou ter que aprender a conviver com o fato de que ele não se importa. Pois vai dar dois dias e ele me ligou apenas duas vezes.

Parece que agora ele não se preocupa mais. Oras que tolice. É claro que não se preocupa mais, como sou tola, ele tem Lidia para se preocupar agora.

Lembrar de nossos momentos juntos, e pensar que não temos mais nada me causa uma dor que eu não sabia que podia sentir, estou tão zangada, tão triste, nervosa e sem rumo. Nas várias ocasiões em que tive dúvidas e incertezas, Dave sempre esteve por perto para me ajudar e me apoiar como um porto seguro e pensar que não tenho mais meu apoio, me deixa ainda mais perdida.

Desliguei a tv e fui para o meu quarto, mas na entrada para meu quarto eu parei. Parei e olhei para o meu reflexo no espelho que me reflete dos pés a cabeça. Não quero ter que contar isso, não quero mesmo, mas é preciso.

Eu me assustei com o meu reflexo.

Vergonhoso eu sei, eu estou assustadora. Minha maquiagem (ou o que já foi "minha maquiagem") está agora um borrão preto em torno dos meu olhos inchados e vermelhos.

Isso está ficando realmente muito vergonhoso.

Meu cabelo está em um estado lastimável, está um verdadeiro ninho de rato e se eu passar os dedos entre meus dedos não sairá mais. Estou até ficando com medo da minha imagem. Meu rosto está na forma de lua cheia de tão inchado. Se algum produtor dos seriados de zumbi me vissem iriam me convidar para fazer alguma participação.

Isso não é tudo queridos leitores, eu porque não informei o estado da minha roupa... Mas para dar mais veracidade vou precisar comentar sobre ela, e dando só uma dica: está um horror.

Me tornei uma moradora de rua e não sabia.

Deeeeeeus!

Minha roupa, que um dia eu chamaria de: uma jovem e promissora publicitária agora está mais para: Uma jovem e nada promissora moradora de rua. Minha camisa social que um dia foi em um tom azul bebê agora está um um tom de sujeira bebê, sem alguns botões e minha saia lápis está rasgada, acreditem eu não sei como rasguei ela.

Super, hiper, mega e ultra vergonhoso. Acreditem, eu estou pasma comigo mesma. Como cheguei a isso? Como vou sobreviver ao resto dos dias, se continuar assim, irei morrer de solidão e serei comida pelos vermes à espera do cachorro do vizinho me achar.

Seria engraçado se não fosse tão trágico.

Vocês devem estar me achando alto piedosa e dramática, mas é tudo tão confuso, frustrante e essa situação é muito desagradável, e se vocês tivessem no meu lugar e sozinhos, eu sei que vocês me entenderiam.

Me olhando no espelho, me virei e observei meu corpo, mas logo meu olhar subiu e observei meu cabelo, agora um pouco desembaraçado, preto, altura dos seios e repicados. Desde sempre meu cabelo foi assim, e só houveram mudanças na franja. Uma mudança seria ótima, cortar e tingir seria um passo em frente que eu terei que dar e como trocas de corpos ainda não existem, e eu realmente gosto do meu rosto para fazer mil e umas cirurgias plásticas e então o melhor jeito é fazer algo em meu cabelo, quando eu estiver preparada para ir para as ruas.

Depois de mais ligações de Cloe e muita choradeira das duas partes, pois para Cloe "Dave era um ótimo rapaz e nunca o imaginou tendo esses tipo de atitude", e ela ter certeza que eu estava bem e ter deixado claro que queria me ver desligamos. As vezes Cloe parece minha mãe, Katherine, muito preocupada. Ela realmente é a cópia da Dona Katherine, (que odeia ser chamada de dona ou senhora, ela surta) loira, cabelos encaracolados, olhos azuis e baixinha. Eu puxei ao meu pai, John, meus cabelos, pretos e lisos e sou alta igual a ele, mas não só na aparência puxei a ele. Diferente de Cloe e mamãe, elétricas e ansiosas, papai e eu somos calmos, relaxados e tranquilos.

Mamãe e papai decidiram tirar férias e ir para Las Vegas, pelas palavra de mamãe e concordância de papai, então eles fizeram um longo discurso explicando o porque da viagem quando perguntamos porque a cidade do pecado

–Já estamos velhos meninas, cuidamos de vocês e levamos vocês para lugares tranquilos e seguros, agora queremos curtir e nos aventurar. - mamãe disse e papai concordou com um aceno de cabeça e se levantou encarando Cloe e eu

–Sim, porque estamos velhos, idosos, precisamos de aventura, mas não quero minhas meninas na cidade do pecado. - falou papai de pé para Cloe e eu sentada como se fossemos crianças.

Então eles viajaram para Vegas, mas como eles disseram na ligação

–Isso aqui é demais 'pra minha cabeça, perdi muito dinheiro nesses casinos. - palavras de papai.

Eles então decidiram mudar o destino da viagem e foram para Paris, a cidade do amor. Mudaram o destino da viagem mais duas vezes e agora estão curtindo as maravilhosas praias da Grécia.

Decidi voltar a dormir.

Acordei sobressaltada no meio da noite assustada com o lugar onde estava, as quatro da manhã de segunda feira. Vejo que estou em meu antigo apartamento. Não estou no apartamento que dividirá com Dave.

Seria loucura ainda o amar? Dúvidas se estalaram em minha mente.

Eu abandonei Dave o deixando sozinho ? - Não não, Lidia deve estar lá. - minha razão zombou;

Se Dave realmente se arrepende, então porque ele me ligou apenas duas vezes? - Porque ele realmente não se arrepende e muito menos se importa.

E essa era a verdade.

Não é mais uma dúvida, eu amo Dave - vulgo cretino, mas à dúvida em questão é: Eu devo escutar ele ? Acreditar que se arrepende? A ultima pergunta entre milhares mais não menos importante Seria loucura o amar depois de tudo?

Frustração se instalou em mim assim como o frio, me acostumei a sempre dormir com a cabeça no peito de Dave, e as pernas ao seu redor, sempre com o seu braço ao meu redor, me trazendo segurança e agora, sozinha em minha cama em meu antigo apartamento, com lenções que não são os meus lenções egípcios, sentindo falta do aconchegante calor humano de Dave e o principal; Sem Dave ao meu lado meu coração já despedaçado só doeu mais.

Acordar assustada com o lugar onde estou, ou procurar Dave ao meu lado parece o meu mais novo costume e isso é um saco. Me levanto para ver o horário e me assusto ao ver que é meio dia de segunda feira e que terei que ligar para meu serviço, mas decido que farei isso mais tarde, e volto ao conforto da minha cama.

Imagens não saí da minha cabeça, em minha mente passa um filme de Dave e Lidia e tudo que eu vejo na tv só piora. Vendo os casais românticos na tv interagirem, vem na minha mente como Dave e aquela mulher devem estar. Como eles estavam quando os peguei no flagra. As posições nada ortodoxa.

Sempre gostei de sexo, desde que perdi a virgindade (se tiver tempo eu lhes conto essa agradável história com o titulo de "as peripécias de Emma Davis") e sempre gostei do inovador, e posições diferentes, ou hm.. digamos que pervertidas, mas não tenho nada contra o papai e mamãe na verdade eu até gosto. Mas minha relação com Dave, não tinha inovação, era sempre o tradicional, posso contar nos dedos as vezes que fiquei no controle, ou as vezes que mudamos de posições, eu sei constrangedor, mas ver Dave com aquela mulherzinha daquele jeito foi... estou até sem palavras. Foi constrangedor, vergonhoso, e humilhante.

Como se eu não fosse uma mulher boa o sufiente, É como se eu não fosse gostosa o suficiente para ele, e que em cinco anos que ficamos juntos ele nunca se sentiu satisfeito. Sinto como se nesses cincos anos juntos, nossa relação que antigamente eu achava que era baseada na confiança não tinha confiança nenhuma de Dave para mim.

E posso estar parecendo uma pervertida louca por sexo, mas é a situação em que me encontro, e a cena em que vi dois ou três dias atrás.

E Lidia, aquela sonsa fingida.

Aquela mulher, ela sempre fora tão boazinha e gentil, um pouco infantil, mas sempre simpática. Mulherzinha cínica, se fez de amiga.

Sempre fui uma pessoa muito agradável e fácil de se fazer amizade, muitas vezes Cloe e Alisson falaram que eu era ingênua e agora vejo que estavam certas eu mesma coloquei a cobra para dentro de casa, se arrependimento matasse eu, Emma Davis não estaria viva.

Levo um susto quando escuto batidas na porta, saindo de meus pensamentos me levanto rapidamente e como não sou nada desastrada (Olá ironia, você de volta?) tropeço no meu sapato jogado e por pouco não dou um beijinho no chão, me recupero rápido e vou em rumo a sala para abrir a porta.

Eu joguei pedra na cruz!

Isso só pode ser castigo. Será que é porque eu não dei dinheiro aos moradores de rua? Ou porque toda vez que encontrava a Senhora Wilson no elevador do prédio de Dave eu chamava á velha de velha chata e gagá porque ela começava a falar que eu tinha que tomar tendencia na vida, ou pode ser porque eu ri de quando um menininho caiu em um chafariz,(foi um acidente eu não quis derruba-lo, quando consegui parar de rir eu ajudei a levantar), tantos pecados. Ou pode ser só a vida que gosta de brincar com minha cara. Deve ser divertido brincar com a cara da Emma, estou ficando louquinha, pois agora estou até pensando em terceira pessoa.

Minha loucura passageira enfim, tudo, é porque abrindo a porta encontro Ethan, irmão caçula de Dave.

O que porcaria o irmão de Dave está fazendo em minha casa? Ainda mais Ethan, que não profere mais de uma frase com seis palavras perto de mim, (sim, eu contei quantas palavras o cara fala) o cara não me suporta.

Reformulando a pergunta: O que diabos Ethan está fazendo na porta da minha casa, segurando um lindo e meigo filhote de cachorro com um lacinho vermelho, com um sorriso constrangido no rosto;

Eu poderia ter perguntado quem é antes de abrir a porta, evitaria constrangimento futuro e conversa fiada. Acho que estou ficando desagradável. Jesus! O que está acontecendo comigo?

Quando vi Ethan, na minha porta fiquei tão pasma observando seu rosto, emoldurado de cabelos lisos de um castanho claro tão brilhante que dá inveja à algumas mulheres - diferente de Dave que tem cabelos encaracolados os cabelos de Ethan são lisos e desarrumados - os olhos verdes brilhantes - diferente de Dave que são olhos castanhos esverdeados, Ethan tem olhos verdes como a grama - e um leve sorriso constragido nos lábios finos, fiquei tão perdida observando seu rosto e á diferença de seu rosto com o de seu irmão, que de primeira vista, não vi que em seus braços tinha um filhote de Golden Retriever caramelo com os olhos pidões, que fiquei sem reação até perceber a falta de educação que eu estava tendo e que se dona Kate visse isso, tenho certeza que levaria uma bronca.

– Bom dia Ethan - falei abrindo mais a porta e lhe dando espaço para entrar - Entre.

Não imaginei que ao fazer isso, a bola de neve que é meus problemas, confusões e dúvidas iria crescer ainda mais.


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