Se você está lendo isso, é porque você não tem nada pra fazer, ou provavelmente é um de nós.. Um de nós.. Bem, nós somos diferentes, você vai perceber.

Meu nome é Anna, tenho 12 anos. Moro com minha mãe e meu gatode estimação em um apartamento em Nova York. Já faz um tempo que as coisas só vem piorando pra mim. Esse ano entrei em um novo colégio, detestei a ideia, por ele ser famoso como muito rígido. Minha mãe disse que era melhor pra mim, e apesar de eu ter sido obrigada por mim mesma a não acreditar nisso, fui sem reclamar, pois sabia que não estava lá porque minha mãe queria, mas porque eu havia sido expulsa da minha antiga escola. Lembro dos professores falando "Ela não para de ouvir música e fica desenhando na carteira a aula inteira"fiquei surpresa da minha mãe não ter me matado naquela hora...

Eu não consigo prestar atenção nas aulas. O que eu ouço na escola entra por um ouvido e sai pelo outro, mesmo que eu queira aprender alguma coisa. Ah, e esse não é meu único defeito. Eu tenho dislexia. Minha mãe fala que não, mas quando eu vou ler alguma coisa, as letras se embaralham.

Eu não sou normal. Não mesmo. Também não tenho muitos amigos na escola, bem, e pra falar a verdade, só tenho um. O nome dele é Jame, e nunca me disse sua idade, mas eu acho que ele deve ter uns 15 anos, apesar de estar comigo, no sétimo ano. Ele é muito tímido, é um bom amigo. Mais um detalhe sobre ele, ele é deficiente. Jame usa um par de muletas e anda meio tropeçando. Somos eu e ele, diferentes, no meio de dezenas de garotos e garotas normais. Sinceramente, não me sinto tão mau por isso, o que é mais difícil pra mim, é o fato de que eu apenas vi meu pai quando era um bebê.

Tudo começou a mudar um mês antes das férias de verão. Eu amo as férias de verão, são os únicos dias que eu posso ficar em casa, com minha mãe e meu gato, fazendo todas as coisas que eu gosto. Mas dessa vez foi diferente. Um mês antes das aulas acabarem, a coordenadora da escola me chamou para conversar. Sabia que ia ser expulsa, denovo. Entrei na sala dela e sentei na cadeira, em frente sua mesa, e olhei para ela. Percebi que algo estava errado. De repente, a escola estava toda vazia. Apenas eu, e ela, naquela sala arrepiante. Então olhei para os olhos dela, percebi que estavam amarelados com tons de verde, se misturando. Agora, tinha certeza de que algo estava errado. Me levantei calmamente da cadeira, peguei minha mochila e fui saindo, como quem não queria nada, quando a porta se fechou num estrondo, bem na minha frente. Me virei lentamente e dei de cara, com a coordenadora, que agora estava com os olhos completamente amarelos, num tom forte e brilhante. Suas pernas, haviam se tornado garras marrons, e uma enorme cauda com espinhos na ponta começou a aparecer nela. Seus braços, também haviam se tornado garras, e seus dentes ficaram afiados e amarelados. Então ela me disse com uma voz rouca e aguda, como de uma bruxa:

__ Ou você luta com, ou você não luta!

__ Lutar oque, godzilla, sai pra lá!

Eu respondi, mas logo percebi que não devia ter dito aquilo. Ela me segurou pela minha mochila, que já estava nas minhas costas e me levou até a janela, ameaçando me jogar de lá, já que estávamos no quarto andar.

__ Ei! Espera! Lutar oque? Eu não sei de nada!- eu gritei

__ Você me entendeu garota! - ela respondeu com a mesma voz aguda e rouca, enquanto me jogava do outro lado da sua sala. - Ou luta com, ou morrerá!

Eu caí no chão derrubando as estantes de livros pedagógicos e o resto desses lixos escolares. Me levantei, e me surpreendi com o professor de latim abrindo a porta e entrando com tudo. Ele começou a falar umas palavras do Grego Antigo para o monstro, que repetia as mesmas palavras para ele. Eu não tinha a mínima noção do que estava acontecendo. Outro dia, vi ele conversando com Jame em uma sala, na hora do intervalo. Tenho certeza que ouvi eles falarem alguma coisa séria ao meu respeito, mas deixei pra lá.

Agora, estava tendo uma luta, de uma berração jamais vista, contra um professor de latim cadeirante. Mas não era uma luta normal, era uma luta verbal, com verbos que eu tentava entender, e por incrível quepareça, alguns eu conseguia. Fiquei observando aquilo, assustada, até que meu professor, o sr. Brunner, tirou uma espada de baixo da cadeira de rodas e jogou pra mim, dizendo:

__ Mate-a! Logo você vai entender!

Levantei a espada e corri na direção do monstro, que tentou desviar, mas o espaço era pequeno demais isso, e na sua movimentação, a lâmina atingiu seu pescoço reduzindo ela a um pó dourado. Coloquei a espada no chão e olhei pro meu professor. Eu estava com os olhos arregalados, e continuei em silêncio, apenas olhando pra ele, que disse bem baixinho:

__ Já era hora disso acontecer... - olhou pra mim e disse em um tom que eu poderia escutar melhor - Vá pra casa. Depois você vai entender tudo.