The blue watermellon escrita por L Watermellon


Capítulo 2
Cap 1-O Pior ano da minha vida começa


Notas iniciais do capítulo

Hhehe...Esse um pouquinho mais longo...Espero que gostem!



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Ano: 2013. Eu tinha acabado de me mudar-de novo, afinal meu pai trabalha na Marinha e é transferido constantemente. Meus pais nunca pareciam satisfeitos com lugar algum. Sempre era muito barulhento, sempre havia briga com os vizinhos. Eu só queria paz, e pouco me importava se morava em casa,apartamento, palafita... Tanto fazia. Se eu tivesse meus livros e meu fone de ouvido, tudo ficaria bem.
O lado bom de uma nova mudança... Dessa vez eu teria meu próprio quarto. Era um saco ter que dividi-lo com minha irmã mais velha desde sempre era um pouco incômodo. Na verdade, muito incômodo, embora eu não costumasse dizer em voz alta. Todo mundo já tinha problemas demais, eu não iria ficar os irritando com minhas bobagens. Mas veja que legal, finalmente privacidade. Assim eu poderia chorar e ouvir música alta em paz.
Por que chorava? Bem, eu já tinha mencionado antes. Mudávamos muito. Tipo, todo ano um colégio novo. Uma vez, dois em um ano só! E pior, eu nunca parecia me encaixar. Era um inferno,e eu já estava cansada de tanto repetir as mesmas conversas, ouvir as mesmas perguntas... Daria no mesmo, se não fosse pelo ano passado.
Meu pai tinha decidido não mudar mais, nem precisava já que ia se aposentar em breve... Mas eu já estava cansada de tanto mudar de colégio. Era o primeiro ano do ensino médio, e tinha conquistado amizades perfeitas no colégio do ano passado, São Félix. Eu era feliz ali. E o melhor, era apenas pra alunos do ensino médio. Finalmente um lugar com tantos novatos quanto eu, embora alguns já se conhecessem. Minha mãe tinha jurado que dessa vez eu poderia passar os três anos do ensino médio.
Jurou! Me perguntava se só pra mim era difícil quebrar uma promessa. Parecia bobo e eu não compartilhava com ninguém,mas era isso que mais me magoava. A quebra da promessa. Dessa vez pelo menos havia um motivo. Minha irmã Adelina, se envolvido com "más companhias". Feito besteira. Eu não pensava nisso porque não era da minha conta. Cada um é responsável pelas próprias escolhas. E minha mãe achou que deveria afastá-las dessas pessoas, e foi o que ela fez. Mas não precisava ter me arrastado junto.
Pelo menos poderia manter contatos com meus melhores amigos, Otavio e Melena. Tínhamos o costume de mandar mensagens,ligarmos e nos falarmos por redes sociais, mas meio que não era suficiente. Eu já conheci muita gente, mas eles dois eram os únicos que consegui manter apesar da distância... Com os outros eu até tentava, mas quando alguém se ausenta muito- mesmo contra a vontade, como é no meu caso- as pessoas deixam de sentir falta. Queria muito mantê-los, pelo menos eles.
Enfim, meu peúltimo ano no colégio. Daqui a dois anos, faculdade, se eu conseguir passar numa faculdade pública. E eu nem sabia o que queria ser. E ainda por cima teria que passar um ano inteiro num colégio onde provavelmente todos se conheciam a anos, e eu seria uma intrusa. E ficaria excluída. De novo.
Talvez eu estivesse um pouco pessimista. Enfim.
Segunda-feira, primeiro dia de aula. Lá estava eu, entrando numa sala onde havia mais de 30 alun0s, todos em suas devidas panelinhas. Será que eu era a única novata?
Ah, não. Eu queria dar meia volta e pegar um ônibus de volta pro São Félix; odeio ser o centro das atenções. As pessoas iriam chegar e me encher de perguntas, os garotos iam soltar cantadas baratas, as garotas iam me odiar por ganhar tanta atenção dos garotos... Ah, seria tão ruim passar um ano inteiro isolada de vida social?
Um grupo de garotos, pelo jeito deles os "nerds" da sala, lançavam olhares discretos na minha direção. Eu entrara e procurava um lugar pra sentar. Talvez eu devesse ir pra perto dos nerds...
–Legais seus bottoms- ouvi uma voz de garota atrás de mim. Uma garota baixa, usando óculos preto, brincos enormes de argola, cabelo preto preso em um coque desarrumado, pele morena e olhos castanhos mexia nos bottoms que eu prendi na minha mochila azul. Tinha um bottom do Nirvana, um do Johnny Depp em Sombras da Noite, um da Noiva Cadáver, um de Fairy Tail e outro de Mirai Nikki- meus animes favoritos.
–Valeu- sorri timidamente.
–Nota-se que você tem bom gosto- comentou ela.
Sorri mais ainda- Eu sei.
Ela arregalou os olhos diante da minha falta de modéstia-mas sério, eu sei que tenho bom gosto, por que fingir que não?-, mas logo sorriu.
–Meu nome é Calista-ela fez uma careta- Mas me chame de Calli. Por favor. Meu nome é extremamente tosco.
–Sou Annabelle- tentava conter a timidez. É um saco.
–Onde você vai sentar?-ela indagou. Lancei um olhar pro lugar vago ao lado de um dos nerds, um garoto que usava um óculos rachados nas bordas e lia um mangá. Mesmo sentado ele parecia alto. Calli fez uma careta- Por Deus, não. Não sente ali. Eles são nerds.
–Eu sou nerd, Calli-eu a olhei.
–Mas há salvação pra você. Você curte rock- ela me puxou pelo pulso e sentamos atrás, ao lado de um garoto alto que desenhava algo no caderno. Ele era bonitinho, usava boné por cima do cabelo loiro bagunçado e tinha olhos castanho claros.
–E aí... George, certo?- ela sentou ao lado dele-Por que veio pra esse colégio terrível?
Ele pareceu assustado ao ouvi-la falando com ele.
–Ah... Minha mãe é professora do primário... Ela foi transferida pra cá- ele deu um meio sorriso. Nota-se que ele também é um pouco tímido.
–Está gostando daqui?-pelo tom Calli sugeria que não gostava nada dali.
Ele deu de ombros- Por enquanto tudo certo...
–Não liguem pro meu irmão-uma garota loira sentada na frente de Geroge disse, simpática- Sou Silvana, irmã gêmea de George.
–Quem é o mais velho?-indagou Calli.
George se ajeitou na cadeira,meio desconfortável-Gêmeos. Nascemos ao mesmo tempo.
–Não-corrigi falando pela primeira vez na conversa-Não dá pra nascerem ao mesmo tempo. Um veio primeiro, mesmo que só com alguns minutos.
Ele resmungou e Silvana riu-Eu cheguei primeiro. Por isso George não gosta de comentar.
Calli riu-Legal. Parabéns, seu novo apelido é caçulinha.
Silvana riu e eu sorri. Ao longo das aulas notei que Calli era divertida, o tipo de pessoa que se quer por perto, e era bem zoeira. Fez George ficar vermelho de tanto chamá-lo de caçulinha. Ela gostava de dar apelidos pra todo mundo... Eu era Novata- foi assim que ela me apresentou a seus amigos de aparência emo, eram do primeiro ano mas ela parecia conhecê-los bem. Geroge era caçulinha. Ela chamava o professor de português de Slender, tanto que até hoje não sei o nome dele.Ela conhecia todo mundo na sala,aliás na escola inteira... Ela disse que estudava ali desde o jardim de infância. Parecia cansada do colégio, das mesmas pessoas, por isso veio até mim tão rapidamente. Novata. Sempre era definida assim, ano após ano. Pensava em como era irônico eu querer conhecer alguém desde a infância como ela, e como ela queria conhecer gente nova todo ano, como eu. As pessoas realmente não sabem valorizar o que têm.


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Notas finais do capítulo

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