Era noite e Ron estava na cozinha com um copo de água na mesa a sua frente, as luzes apagadas e sua mente borbulhando pelos acontecimentos recentes. Ele não havia visto Hermione mais, ela dormira com algumas poções e Molly havia lhe dito que esperasse até o outro dia para vê-la. Gina ficaria cuidando dela, já que estava no mesmo quarto. Todos já dormiam, mas o sono estava longe dele, perdido em algum cômodo da casa, ou até mesmo junto da namorada, onde ele queria estar.

Enfim, após muita relutância ele acabou desabando ali mesmo em cima da mesa.

—Ronald, filho, o que está fazendo aqui?

—Mamãe, o que? Ah, me desculpe, acho que dormi aqui.- Ele sorriu torto. Molly passou a mão em seus cabelos.

—Vá deitar, quando ela acordar eu lhe chamo, tudo bem?

—Os pais dela?

—Dormindo, não poderia deixá-los irem embora ontem.

—Já foi vê-la hoje mamãe?- Molly respirou fundo.

—Ela vai ficar bem, querido.- Lhe deu três tapinhas no ombro, que não convenceram o rapaz. Ele abaixou a cabeça.- Já que não vai pro quarto, quer comer alguma coisa?- Ele concordou com a cabeça.

Ficaram em silêncio, Molly colocou um prato com torradas, geleia e um copo de leite para o filho que não quis nem comer o jantar na outra noite. Ele comeu devagar.

—Mamãe, ela acordou e…- Gina parou ao ver o irmão a olhando. Molly fez sinal para ela continuar.- Está perguntando pelo Ron.

Ele olhou para sua mãe como se pedisse permissão para subir.

—Vá.- ela lhe respondeu sorrindo com carinho.

Subiu as escadas de dois em dois degraus. Chegou ao quarto de Gina e bateu à porta antes de entrar. Ela sorriu fraco ao vê-lo. Já ele abriu um sorriso lindo ao vê-la.

Ele se aproximou devagar abaixando se ao lado dela, segurando sua mão.

—Como se sente?

—Cansada e com sede.

—Sede?- Ele olhou para os lados procurando água, encontrou em cima do criado de Gina.

Pegou um pouco, ajudou Hermione se sentar e lhe entregou o copo.

—Obrigada.

—Não me agradeça.- Ele balançou a cabeça em negativo e a abaixou em seguida.

—Olhe para mim Ron.- Ele levantou os olhos.- Você me salvou, por que fica se culpando?

—Porque a culpa é minha Hermione, é toda minha, ele te machucou e eu não pude fazer nada, estava de mãos atadas.

—Exatamente Ron, você não podia fazer nada, e fez de mais, poderia ter feito algo muito ruim só para me proteger.

Ron não disse anda, apenas colou seus lábios delicadamente nos dela. Encostou sua testa na dela e ficou sentindo sua respiração, saber que ela estava viva o mantinha vivo também.

Passado três dias, Hermione já se levantara da cama e seus pais resolveram que voltariam para casa.

Ron só ficou um pouco mais tranquilo pois todos os comensais haviam sido capturados e estavam em Askaban, agora definitivamente.

Era terça-feira e Ron esperava Kingsley chegar para uma conversa que segundo o ruivo era de muita importância e urgência.

—Ronald Weasley.- O ministro o cumprimentou e fez um gesto para que ele entrasse em sua sala.

—Bom dia Ministro.

—Então, disse que era importante.

—Ministro, quero deixar meu cargo de Auror. Sei o que está pensando e realmente tudo o que passei, e os últimos acontecimentos mexeram comigo ministro, eu não posso continuar.- Ele estava triste mais decidido e Kingsley percebeu.

—Ronald, estou muito surpreso com esse seu pedido, você é o braço direito de Harry, e é um dos meus melhores aurores. Porém acredito que esse trabalho é arriscado e você só quer proteger quem ama, isso é muito nobre. Pois bem, posso então lhe oferecer ou outro cargo se desejar.

—Agradeço muito senhor, mas já ajudava Jorge na loja e pretendo retomar a atividade.

—Ótimo Ronald, boa sorte.- Ele estendeu a mão para Ron.

—Obrigado ministro, tenha um bom dia.

—Bom dia meu rapaz.

Na mesma noite Ron contou a novidade para a família, Harry e Hermione na hora do jantar.

Ron se surpreendeu com o apoio de todos e Jorge ressaltou que estava mesmo precisando de alguém para administrar a loja que crescia cada vez mais.

O começo de novembro chegou trazendo um vento gélido e dois casamentos. Foi simples, mas lindo como todos onde se tem uma família unida e feliz como os Weasley.

O natal veio então recheado de surpresas boas e adiantadas como disse Molly. Angelina estava grávida e possivelmente já estava antes de se casar, já Audrey estava com poucas semanas de gestação.

Maio adiantou-se e chegou trazendo uma grande surpresa para Hermione. Ela aparatou no beco diagonal e correu para as Gemialidades. Abriu aporta com um enorme sorriso e encontrou Jorge mostrando as novidades para um grupo de crianças.

—Ron está no escritório.- Ele indicou a porta para a cunhada.

—Obrigada Jorge.

Ela entrou e Ron abriu um largo sorriso ao ver a namorada. Levantou-se e ela correu para seus braços.

—Mione o que…?

—Consegui Ron, a Lei do Elfos foi aprovada, eu estou tão feliz!

—Parabéns Mione.- Ron ia beijá-la mas Jorge entrou na sala perguntando o porquê da comemoração. Ela lhe contou.

—Parabéns Mionezinha.

—Obrigada Jorge, e onde está Angelina?

—Está lá em cima, com a barriga crescendo ela teve que parar de jogar e fica a maior parte do tempo em casa e um pouquinho aqui na loja ajudando.

—Manda um beijo para ela e para Fred II.- Hermione achou lindo a homenagem que Jorge faria ao irmão.

—Pode deixar que eu dou sim.- Jorge beijou o rosto de Hermione e saiu.

—Ron eu só vim te contar a novidade e te chamar para jantar em casa hoje.

—Claro, que horas?

—As 20:00, está bom?

—Ótimo, te vejo mais tarde então.- Ele beijou a morena.

—Até mais, beijos.- Ela disse saindo da sala e deixando um Ron com cara de bobo.

Já a noite, em casa a campainha tocou e Hermione correu para atender a porta.

—Entre.- Ela se afastou para que ele passasse.- Está muito bonito com essa camisa.

—Ideia da Gina, como sempre, mas você está muito mais bonita.

—Obrigada, mamãe já está quase terminando, venha vamos sentar na sala, papai está assistindo a um jogo você pode gostar, é quase como quadribol.- Hermione falava sem parar e com um enorme sorriso no rosto, devido sua felicidade com relação ao seu trabalho.

Eles jantaram e ficaram vendo televisão. Sr. e Sra. Granger adoravam Ron e pediram que ele dormisse ali pois já estava tarde.

—Quer ver algum filme trouxa? Eu tenho vários.- Hermione perguntou depois que seus pais haviam subido. Ele concordou com a cabeça. Ela pegou um caixa grande em baixo da estante e colocou no colo.

Lá havia todo tipo de filme, terror, comédia, romance, e até fitas caseiras de quando Hermione era criança.

—Ah, eu não acredito que meu pai ainda guarda essas fitas.- Resmungou Hermione.

—São sobre o que?

Hermione lhe entregou uma das fitas onde se lia “Festa de aniversário de 5 anos da Mione.”

—Sério? Vamos ver essa.- Falou Ron espantado.

—O que? Ron não, eu era tão pequena.

—Quero te ver, por favor, quero ver essa fita.

—Tudo bem então.- Ela pegou a fita da mão dele e colocou no aparelho, enquanto ele lia o título das demais.

Hermione voltou para o lado de Ron. Ela encostou a cabeça no ombro dele e eles riam das imagens, e dos comentários sobre a decoração e sobre os convidados.

—Aqueles ali são meus avós, eu quase não me lembro mais deles, mamãe me afastou um pouco da família depois que eu comecei a demonstrar sinais de magia.

—E você não pensa em vê-los agora?

—Meu avô morreu, logo depois desse aniversário, eu fui ao funeral, mas lá eu fiz todas as pétalas das flores flutuarem e uma tia da minha mãe achou que eu era estranha e levou minha avó para morar com ela. Não deixou que nós mantivéssemos contato porque disse que meus pais eram culpados e estranhos também.- ela sorriu fracamente levantando a cabeça para olhá-lo.

—É uma pena, não sabem que perderam de conviver com uma sabe tudo tão maravilhosa na família.

—Até parece Ron.- Ela sorriu constrangida com o elogio.

—Eu quero te beijar agora.

Ela o olhou espantada com aquela frase, piscou algumas vezes pensando no que falar. Nervosa, só conseguiu formular uma frase um pouco idiota para Hermione Granger.

—Isso seria ótimo.

Os lábios se encontraram e o beijo mais parecia uma carícia de tão lento e suave. As mãos dela buscaram os ombros do ruivo e as mãos dele buscaram a cintura da morena.

Sem perceber Ron levantou Hermione e a colocou em seu colo quando os beijos ficaram mais intensos e ela começou a acariciar os cabelos ruivos dele.

Os beijos no pescoço de Hermione estavam a levando para algum lugar longe de sua razão. Suas mãos foram automaticamente para os botões da camisa xadrez azul de Ron e quando estava no penúltimo sentiu que as mãos dele seguraram seus pulsos. Ela parecia ter acabado de acordar. Afastou-se e voltou a se sentar no sofá ao lado dele.

—Desculpa.- Sussurrou constrangida.

—Quer saber? Não se desculpe. Já estamos bem grandinhos não acha?

Ron tinha razão, já haviam dormido tantas vezes juntos e ele não tentara nada, já deveria confiar nele e parar de ignorar aquele assunto.

—Tem razão, mas acho que poderíamos esperar um pouco mais, eu quero dizer, eu te amo, mas pra ser sincera eu sempre pensei eu uma hora especial e não sei se é agora, entende?

—Sim, eu acho. Eu quero que saiba uma coisa Mione, eu vou te esperar.

—Obrigada Ron.- Hermione se jogou novamente nos braços do namorado.