Realidade. De uns tempos pra cá venho me perguntando o que essa palavra significa. Absolutamente o que é real pra mim não é real pra você, a não ser que você seja como eu!

Bem, se você acha que sou apenas uma garota normal com uma vida normal e problemas normais, acho que você vive em um mundo muito “real”, mas eu não lhe culpo, até porque meu mundo era igual ao seu até eu terminar aquele livro. Foi onde meu mundo real se tornou irreal.

Era um dia normal como qualquer outro. O sol brilhava intensamente no céu e os pássaros cantavam sua bela melodia. Até que o cenário mudou completamente, nuvens cobriram o sol e deixaram o céu completamente cinza. Havia acabado de chegar ao colégio e, pelo jeito, tinha escapado de uma bela chuva, porém isso era estranho, o tempo havia mudado de uma hora para a outra (Entendam. Aqui no Brasil esse não é um fato comum).

Tinha acordado totalmente atrasada, não tive tempo nem de pentear os cabelos, e faltavam apenas 10 minutos para o início da aula. Corri para o banheiro para tentar me deixar o mais normal possível. Em frente ao espelho percebi o quanto estava horrível: meus olhos verdes-mar estavam rodeados por profundas olheiras, resultado de uma noite acordada; tirando o capuz que cobria minha cabeça e metade do meu rosto pude perceber o quanto meus cabelos estavam desgrenhados e minha pele bronzeada estava cada vez mais pálida, resultado da minha antipatia pelo sol. Penteei meus longos cachos castanhos e os prendi em um rabo de cavalo e passei um pouco de pó para tentar esconder as olheiras. Ajeitei meu all star azul sobre meu jeans preto,tirei as migalhas que estvam em minha camiseta branca do Imagine Dragonse levantei um pouco as mangas do meu casaco azul marinho, deixando a mostra minha tatuagem de tridente no pulso.

Olhei profundamente meu reflexo no espelho, focalizei meus olhos e disse para mim mesma:

- Eu sou Duda Swan e hoje o dia vai ser diferente para mim!

O rosto de minha mãe invadiu minha mente. Fazia apenas 1 mês que ela havia morrido naquele acidente de carro e todas aquelas lembranças voltaram como um fantasma em minha mente. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e, tentando afastar esse pensamento, fechei os olhos. Eu não queria, não podia chorar, não podia viver assim! Porém uma voz grossa e estridente falou em minha mente: “Sua vida está prestes a mudar radicalmente, minha filha!”. Abri os olhos atordoada e olhei ao redor, mas ninguém estava ali. Ok, isso foi completamente bizarro. Peguei minha mochila e baixei as mangas do casaco rapidamente, cobrindo novamente a tatuagem. Saí correndo do banheiro e, como sou muito desastrada, acabei esbarrando em um garoto que passava no corredor. Nós ficamos intactos, porém os livros que ele segurava despencaram e se espalharam pelo chão. Abaixei-me rapidamente e apanhei os livros.

- Me desculpe, é que...

- Olhe por onde anda, sua desastrada! – Ele falava em inglês, porém consegui entende-lo (já fiz curso de inglês).

Paciência não é uma das minhas virtudes e já ia rebater sua fala quando vi meu relógio. Faltavam apenas 2 minutos para começar a aula. Entreguei seus livros, sem nem ao menos olhá-lo, e saí às pressas. Porém, antes de subir as escadas, parei por instante e dei uma olhada no garoto. Ele estava se distanciando e só consegui observar seus cabelos negros voando em contraste com sua jaqueta de aviador.

“Um minuto aí, ele é muito parecido com um pers... nããããõ, não pode ser! Eduarda, você anda lendo muitos livros, viu.” Saí dos meus devaneios e corri em direção a sala, ainda pensando naquele garoto misterioso.