Afrodite trajava um vestido longo na cor de vinho, sua boca levemente rosada e seus olhar bem marcado, fazia com que qualquer Deus, semi-Deus ou mortal se curvasse diante de sua beleza, os pés calçados por uma sandália de salto preta, com tiras amarradas nas pernas, mesmo cobertas por seu vestido, a Deusa suspirou temendo que seu noivo nem comparecesse ao jantar.

Dionísio tomava um gole longo de seu vinho e suspirava ao olhar Afrodite de longe, ele sempre nutriu sentimentos por ela, nunca ousou contar sobre eles, a noite que passou conversando com ela, rindo e se divertindo ficou marcada para sempre em sua memória, ele jamais ousaria contar a ela, mas ele sofreu quando soube que sua querida Deusa iria se casar com Ares. Ele andou em passos lentos até ela, com um sorriso terno abraçou-a de leve e beijou-lhe o topo da cabeça, ela sorriu para ele fazendo seu coração se encher de alegria. Ele jamais enfrentaria Ares, mesmo que fosse por seu amor, ele sempre soube que Ares a amava, tanto ou mais que ele, mas sabia que o Deus era bruto e nunca ousaria assumir seu amor.

– Fico feliz que esteja aqui, Dio- Afrodite disse sorrindo, passando a mão no braço do Deus.

– Sempre foste como um irmão para mim, fico mais aliviada em tê-lo ao meu lado nesse dia, mesmo sendo meu noivado com Ares- ela deu um sorriso torto, suas palavras feriram o coração de Dionísio, mas ele não demonstrou, ele queria vê-la feliz e sabia ou melhor tinha fé que Ares iria fazer isso por ela. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa sentiu um olhar furioso sobre suas costas, ele ainda estava levemente abraçado na Deusa e logo percebeu que Ares estava ali, olhando-os fixamente e pode sentir que seu olhar era de raiva e ciúmes. Dionísio lentamente afastou-se de Afrodite e lhe disse:

– Dite, acredite na tua felicidade, acredite em teu poder, o amor nasce. – Logo se afastou da Deusa e pegou uma taça de vinho e se retirou.

O olhar de Ares timidamente se cruzou no de Afrodite, a Deusa desviou o olhar e ficou levemente corada, ela andou para o lado de Héstia, mas Hera a segurou e lhe sussurrou:

–Ares chegou, vá para o lado dele. – Afrodite engoliu seco e começou a andar para o lado de Ares que estava parado próximo a mesa, ela percebeu o quanto ele estava arrumado, vestindo um terno preto, as botas de combate deram lugar ao sapato social, preto e bem lustrado, seu cabelo estava bem penteado, fazendo ela perceber o quanto gostava do seu cabelo levemente arrepiado, ela riu baixinho ao perceber isso. Sua barba estava feita, ela não gostou disso.

Ela chegou ao lado dele e lhe tocou o braço, fazendo os dois sentirem algo semelhante a um choque, Ares se virou bruscamente e fitou ela.

– Você está mais linda ainda. – Disse ele de forma tímida.

Afrodite deu um sorriso e parou na frente dele, ela não conseguia pensar em nada para lhe dizer, mas nunca havia percebido que ele era um homem incrível, ela nunca conversava com ele, prestava sempre a atenção no que lhe contavam dele, um bruto, um sanguinário, ele não sabe o que é amor. Ela percebeu que nunca na vida havia trocado mais do que palavras cordiais para com Ares. Ela ficou na ponta dos pés e lhe sussurrou algo.

– Vamos nos sentar lá fora? - Seu hálito doce fez Ares respirar fundo, sua voz angelical fez ele fechar os olhos e esquecer da multidão que cercava-os, ele abriu os olhos como se estivesse acordando em uma manhã de natal, a data que Ares mais amava, depois do dia que Afrodite chegou ao Olimpo.

Ele nem respondeu, tocou a mão da Deusa e a conduziu para fora do salão, caminhavam sobre uma trilha de pedras brancas, ele segurava sua mão como quem segurava um tesouro, ela um toque macio e delicado. Ela sentia as mãos calejadas do Deus de tanto manejar a espada. Depois de longos minutos sentaram-se em um grande banco que estava sendo iluminado por algumas pequenas tochas. Demorou um pouco para Ares quebrar o silêncio, a Deusa olhava para a grama verde do lugar, apertava seus lábios um contra o outro várias vezes.

– Bela festa... - Falou rapidamente, ele pensava tantas coisas para falar, mas na hora não conseguia, o dia que Ela lhe visitou em seu templo havia sido fantástico, mesmo por pouco tempo, Afrodite nunca lhe visitou, nunca nem se quer havia falado com ele. Agora estavam destinados a se casar e ele estava feliz com isso.

– Sim, sua mãe sabe fazer belas festas de noivados e casamentos. – Ela levantou a cabeça lentamente e seus olhos finalmente encontram os olhos de seu noivo, ela sentiu a intensidade do olhar, nunca imaginou que iria sentir-se tão atraída por um olhar, ela poderia ficar horas contemplando Ares, mas não queria admitir, mas não sabia o motivo. Ela era Deusa do Amor, ela era o Amor, talvez fosse egoísta demais para admitir que amava algo além dela.

Ares ousou mais, passou a mão pelo rosto dela, deu um enorme sorriso ao vê-la fechar os olhos ao sentir o toque dele. Ele respirou fundo e lhe disse:

– Se que você não está feliz com esse casamento, Afrodite. Eu não lhe culpo, mas eu preciso lhe dizer algo que guardo comigo desde que você... – Sua fala por cortada pelos gritos de Hermes que estava à procura dos dois.

– Por Zeus, seus malucos. Hera está revirando o salão atrás de vocês. Vão logo. – Hermes nem percebeu o momento deles, tinha mais medo de Hera do que de Ares, ele sabia que Hera não aceitaria nada dar errado em nenhum casamento, ainda mais do de seu filho com sua eterna rival em beleza.